O
que seria do mainstream se não existisse o underground? A resposta muito
provavelmente seria uma só – nada! O certo é que a maioria das formações que
hoje arrastam multidões por onde passam, já ralaram muito para conquistar seu
lugar ao sol. Não precisamos ir muito longe, basta ler ou assistir
entrevistas onde músicos de muito prestígio, falam sobre as dificuldades do início
de carreira, quando na maioria das vezes, tocavam para cinco ou seis ‘gatos
pingados’. Se partirmos dessa perspectiva, o cenário underground brasileiro é
provavelmente um dos melhores exemplos para ilustrar esse cenário, na maioria
das vezes ingrato, e que tem como ‘motor de arranque’ a paixão e persistência
dos envolvidos.
Na luta incessante para manter esse cenário vivo, a Cospe Fogo
Gravações e a Loja 255, reuniram forças para escrever mais um capítulo dessa
história. Como sempre, oferecendo ao público o que há de melhor entre as bandas
que vem procurando seu espaço. Com pontualidade britânica, às 17hs, o Urutu
subiu ao pequeno palco do Jai Club para destilar seu veneno mortífero em forma
de metal oitentista. Thiago explora seus vocais mais limpos, enquanto Felipe
Nizuma produz riffs pegajosos daqueles que fazem sua cabeça sacudir sem a menor
cerimônia. Ouçam “Fronteira” e tentem discordar! Uma apresentação na medida
para os que chegaram cedo.
Com um pouco mais de público, o V.M.R. (Vanguarda
Metal Revolucionaria), que tem na figura de Mosh X seu porta voz, não fez uma
performance convencional. Nas palavras de seu próprio vocalista, a apresentação
dos caras é um ato comunista declarado. Com letras exaltando personagens como
Carlos Marighella, tivemos uma mescla de metal e manifesto em doses excessivas,
destaque para ‘Comunismophobia” e “Viver é Lutar”. Na sequencia tivemos a
Cerberus Attack, que é um daqueles casos que nos enche de orgulho e mostra que
o ‘corre’ vale muito a pena. Jhon França, Marcelo Maskote, Bruno Morais e
Marcelo Araujo vem apresentando um Thrash Metal ultra veloz, que está
conquistando cada vez mais adeptos.
Jhon carrega em seu colete de patches a
aura de todas as influências da banda, o que dá mais sustentação a sua
trajetória. “Welcome To Destruction” já não pode faltar em seus shows, que
também teve o tradicional tributo, dessa vez em forma de “Morte ao Rei” do
Ratos de Porão. Vale lembrar que os caras estão divulgando o álbum “From East
With Hate”, lançado em 2017 e que vem obtendo boa repercussão. Se ainda não
testemunhou a performance dos caras ao vivo, corrija esse erro rápido!
A
sequência do evento em minha opinião foi de impressionar...O Damn Youth veio
para mostrar que o Ceará também produz musica extrema, e das boas! Os rapazes despejaram
riffs e berros, ingredientes indispensáveis para engrossar o caldo a base de
caos.
O lançamento do ótimo “Breathing Insanity” está dando o que falar e não é
exagero dizer que ainda ouviremos muito a respeito dos cearenses da cidade de
Caucaia.
Pescoços já em frangalhos e ainda teríamos a última apresentação da
noite: O Cemitério – formada por ex-integrantes de bandas como Blasthrash,
Infected e Bywar os caras seguem por um caminho bastante interessante.
Hugo
Colon vocifera letras com temática de filmes de terror embasado por um Death
Metal pesadão que deixa o trabalho dos caras ainda mais interessante. As
musicas são um caso a parte, basta ouvir o “Dia de Satã”, “Tara Diabólica” ou
ainda a homenagem ao mestre de terror brasileiro: José Mojica Marins com “Oãxiac
Odèz” para ter uma ideia do que estou falando.
Um encerramento muito apropriado
para mais essa celebração do underground brazuca. Que não demore a vir o
próximo!
Por: Roberio Lima
Fotos: Roberio Lima
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