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29 de janeiro de 2018

Damn Youth: show de lançamento do CD em São Paulo


O que seria do mainstream se não existisse o underground? A resposta muito provavelmente seria uma só – nada! O certo é que a maioria das formações que hoje arrastam multidões por onde passam, já ralaram muito para conquistar seu lugar ao sol. Não precisamos ir muito longe, basta ler ou assistir entrevistas onde músicos de muito prestígio, falam sobre as dificuldades do início de carreira, quando na maioria das vezes, tocavam para cinco ou seis ‘gatos pingados’. Se partirmos dessa perspectiva, o cenário underground brasileiro é provavelmente um dos melhores exemplos para ilustrar esse cenário, na maioria das vezes ingrato, e que tem como ‘motor de arranque’ a paixão e persistência dos envolvidos. 


Na luta incessante para manter esse cenário vivo, a Cospe Fogo Gravações e a Loja 255, reuniram forças para escrever mais um capítulo dessa história. Como sempre, oferecendo ao público o que há de melhor entre as bandas que vem procurando seu espaço. Com pontualidade britânica, às 17hs, o Urutu subiu ao pequeno palco do Jai Club para destilar seu veneno mortífero em forma de metal oitentista. Thiago explora seus vocais mais limpos, enquanto Felipe Nizuma produz riffs pegajosos daqueles que fazem sua cabeça sacudir sem a menor cerimônia. Ouçam “Fronteira” e tentem discordar! Uma apresentação na medida para os que chegaram cedo. 


Com um pouco mais de público, o V.M.R. (Vanguarda Metal Revolucionaria), que tem na figura de Mosh X seu porta voz, não fez uma performance convencional. Nas palavras de seu próprio vocalista, a apresentação dos caras é um ato comunista declarado. Com letras exaltando personagens como Carlos Marighella, tivemos uma mescla de metal e manifesto em doses excessivas, destaque para ‘Comunismophobia” e “Viver é Lutar”. Na sequencia tivemos a Cerberus Attack, que é um daqueles casos que nos enche de orgulho e mostra que o ‘corre’ vale muito a pena. Jhon França, Marcelo Maskote, Bruno Morais e Marcelo Araujo vem apresentando um Thrash Metal ultra veloz, que está conquistando cada vez mais adeptos.


Jhon carrega em seu colete de patches a aura de todas as influências da banda, o que dá mais sustentação a sua trajetória. “Welcome To Destruction” já não pode faltar em seus shows, que também teve o tradicional tributo, dessa vez em forma de “Morte ao Rei” do Ratos de Porão. Vale lembrar que os caras estão divulgando o álbum “From East With Hate”, lançado em 2017 e que vem obtendo boa repercussão. Se ainda não testemunhou a performance dos caras ao vivo, corrija esse erro rápido! 


A sequência do evento em minha opinião foi de impressionar...O Damn Youth veio para mostrar que o Ceará também produz musica extrema, e das boas! Os rapazes despejaram riffs e berros, ingredientes indispensáveis para engrossar o caldo a base de caos. 
O lançamento do ótimo “Breathing Insanity” está dando o que falar e não é exagero dizer que ainda ouviremos muito a respeito dos cearenses da cidade de Caucaia. 


Pescoços já em frangalhos e ainda teríamos a última apresentação da noite: O Cemitério – formada por ex-integrantes de bandas como Blasthrash, Infected e Bywar os caras seguem por um caminho bastante interessante. 


Hugo Colon vocifera letras com temática de filmes de terror embasado por um Death Metal pesadão que deixa o trabalho dos caras ainda mais interessante. As musicas são um caso a parte, basta ouvir o “Dia de Satã”, “Tara Diabólica” ou ainda a homenagem ao mestre de terror brasileiro: José Mojica Marins com “Oãxiac Odèz” para ter uma ideia do que estou falando. 


Um encerramento muito apropriado para mais essa celebração do underground brazuca. Que não demore a vir o próximo!


Por: Roberio Lima
Fotos: Roberio Lima

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