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19 de dezembro de 2025

Capital Inicial reafirma-se como um dos maiores nomes do rock nacional na melhor celebração dos discos acústicos em 2025

Foto: João Zitti 

Capital Inicial – Espaço Unimed - São Paulo/SP - 14 de novembro de 2025


Por João Zitti (@joaozitti.work)

Fotos: João Zitti (@joaozitti.work)


Integrando a recente onda nostálgica em relação aos discos acústicos, o grupo Capital Inicial realizou durante o ano de 2025 a turnê “Acústico 25 Anos”, celebrando o seu icônico disco lançado no início do milênio. O trabalho fez parte do marcante movimento da música internacional entre os anos 90 e 2000 (capitaneado pelo MTV Unplugged), em que os principais artistas da época gravavam os maiores sucessos de suas carreiras, mas de uma maneira mais intimista, em cenários menores e com a redução de artifícios mais elaborados-megalomaníacos presentes nas grandes performances, buscando uma maior conexão com o público. Na reta final da turnê, o grupo decidiu se apresentar na capital paulistana em duas datas no mês de novembro (ambas com ingressos praticamente esgotados), e a Big Rock teve o prazer de marcar presença nessa celebração! 

A passagem do grupo por São Paulo aconteceu no Espaço Unimed, localizado em frente ao terminal da Barra Funda. A casa de shows já é uma velha conhecida da banda, cuja performance anterior na cidade havia sido no mesmo lugar, e se adequou muito bem a proposta das apresentações de ser mais intimista (o que seria relativamente difícil de acontecer em um Allianz Parque). A única diferença realmente relevante entre as duas datas foi a atração de abertura, com shows de Naimaculada e Yohan Kisser nos dias 14 e 15, respectivamente. 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 


A apresentação se iniciou pontualmente às 22h30, utilizando-se inicialmente de uma baixa iluminação para criar um momento mais intimista na canção “O Passageiro”, reproduzindo à risca a versão mais “silenciosa” do cover de Iggy Pop presente no disco acústico. Logo em seguida, o grupo seguiu para trazer o seu tão característico lado mais energético, entregando as músicas “O Mundo”, “Todas as Noites”, “Tudo Que Vai” e “Independência” em uma maravilhosa sequência. Como era de se esperar, o setlist da apresentação passou de maneira completa pelas faixas do álbum homenageado, com algumas alterações em relação a ordem de execução das canções, além da adição de outras músicas da carreira da banda. Em comparação a apresentação realizada pelo Ira! (que contou com cobertura completa aqui no portal), creio que essas adições funcionaram de uma maneira muito melhor no geral, especialmente pela maneira em que foram distribuídas no setlist (aqui de uma maneira mais intercalada, enquanto no caso do Ira! houve uma maior concentração no bloco final, o que senti que quebrou o ritmo da apresentação), e, também, pelas músicas que foram adicionadas, sendo no caso do Capital Inicial faixas mais conhecidas pelos fãs, como “Olhos Vermelhos” e “Não Olhe Pra Trás”, grandes sucessos da carreira da banda e que foram, inclusive, cantadas em um grande coro pelo público. 

Foto: João Zitti 


Musicalmente falando, elogiar o Capital Inicial é o famoso “chover no molhado”, e com razão: durante a apresentação, era nítida a sintonia entre todos os membros da banda, extremamente ensaiados e afinados, mas, acima de tudo, empolgados. Era muito clara a animação em todos os músicos enquanto eles tocavam e interagiam uns com os outros, mostrando que estavam verdadeiramente felizes de estar ali, animação essa que contagiou o público. Claro que essa alegria foi muito intensificada por Dinho Ouro Preto, que é indiscutivelmente um frontman nato. Se movimentando constantemente pelo palco, o vocalista ganha a plateia justamente pela sua conexão com os fãs, fazendo questão de olhar com sinceridade no fundo do olho de cada um dos presentes ali, quase que cantando diretamente para aquelas pessoas. E isso com uma afinação impecável, trazendo praticamente a mesma voz de 25 anos atrás para o presente, e com uma naturalidade tão grande que parece não exigir esforço nenhum para ele. Inclusive, ele protagonizando um momento no qual viu que alguns fãs estavam começando a passar mal na grade e, enquanto cantava, foi, pegou e entregou água diretamente para eles, isso tudo com a maior tranquilidade do mundo, quase como se nada tivesse acontecido, o que reforça tudo que eu comentei anteriormente. 

Um dos grandes diferenciais da passagem da banda por São Paulo foi, justamente, a presença dos músicos Zélia Duncan e Kiko Zambianchi em ambas as apresentações, o que reforçou ainda mais a preocupação da banda em replicar a experiência do seu disco acústico da maneira mais fiel e imersiva possível para os fãs. Zélia subiu ao palco para participar somente de uma canção: “Eu Vou Estar”, que foi a mesma que ela participou no trabalho original. Esse foi, certamente, um dos pontos altos da noite, principalmente pela sua entrega e felicidade de estar no palco, interagindo e abraçando constantemente Dinho enquanto se apresentava, agradecendo a banda pelo convite e, no final, parabenizando o grupo pela turnê. Kiko, que originalmente participava somente de “Primeiros Erros (Chove)”, tocou com a banda durante o show inteiro praticamente, o que impressionou devido a tremenda sincronia com os demais músicos. O músico já havia se apresentado juntamente da banda nos shows temáticos dessa turnê, mas a impressão mesmo era de que ele já era um membro vitalício da banda, o que reforçou o quão confortável ele estava durante toda a performance. 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 


Tecnicamente falando, o show foi excelente: com uma direção de arte um pouco mais discreta em comparação à do show de Humberto Gessinger (que também contou com cobertura completa aqui no site), o grande destaque na parte visual foi para a iluminação do show, com uma palheta de cores riquíssima e, acima de tudo, bela, reforçando e muito a vibrância e energia da performance. No som, a qualidade estava ótima, contrariando a experiência anterior e entregando uma grande nitidez em todo o espaço da casa de shows: seja na lateral encostado no palco, na lateral mais próximo ao bar, no meio da pista, e inclusive ao fundo próximo da tenda de merchandising (sim, esse teste realmente aconteceu), o volume e nitidez permaneceu presente, reforçando ainda mais a experiência coletiva e sintonia entre todos que estavam no show. Com um excelente setlist, grande sintonia entre os músicos e o público, e um carisma gigantesco, Capital Inicial entregou um show praticamente perfeito do início ao fim, se reafirmando como um dos maiores nomes do rock nacional e mostrando que ainda tem muito caminho pela frente. 



Agradecimento à Acess Midia e Espaço Unimed pelo credenciamento e atenção 

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