Páginas

30 de novembro de 2025

Em sua terceira passagem pelo Brasil, James realiza um show com potência musical e grande conexão com o público

Foto: João Zitti 


James – Audio - São Paulo/SP - 13 de novembro de 2025


Por João Zitti (@joaozitti.work)

Fotos: João Zitti (@joaozitti.work)


Ícones da música alternativa, a banda britânica James realizou no mês de novembro sua terceira passagem pelo Brasil, em mais de 40 anos de existência e pouco mais de um ano após sua apresentação no Rock in Rio de 2024. Em turnê pela América Latina, o grupo dedicou dois dos cinco shows para o solo nacional, sendo Curitiba (12 de novembro) e São Paulo (13 de novembro) as cidades escolhidas. 

A apresentação (segunda e última no país) ocorreu na Audio, localizada na Barra Funda e em frente ao parque da Água Branca. Na noite, o grupo enfrentou o grande desafio de bater de frente com o show conjunto do Cavalera Conspiracy e de Massive Attack, que ocorreu ao mesmo tempo no Espaço Unimed (praticamente do lado da casa de shows). Surpreendentemente, isso não afetou em nada na presença de público, que lotou os dois andares do local. Marcada para as 21h, o show enfrentou um atraso de mais de 20 minutos, o que foi sentido por parte do público (que reclamou pontualmente sobre a situação), mas justificado pelo trânsito caótico do dia. Inclusive, uma parte considerável dos fãs chegou atrasada, então a demora no início da apresentação não pesou tanto no saldo final, sendo rapidamente esquecida quando o grupo subiu ao palco. 

Se tivesse que dividir a performance, separaria ela em três partes. A primeira, o início, foi excelente: a euforia foi o sentimento que definiu a atmosfera do local, com a execução de algumas canções muito conhecidas pelos fãs, como “She’s a Star”, “Waltzing Alone” e “Say Something”. O vocalista Tim Booth, inclusive, desceu do palco para ficar colado com os fãs na grade, cantando diretamente para o público e criando momentos que, certamente, foram marcantes para a plateia. Isso tudo foi ainda mais intensificado pelo grande carisma do cantor, que esbanjou simpatia e fez questão de, desviando dos vários celulares, olhar no fundo dos olhos de cada um que estava no local prestigiando a apresentação. 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 


A segunda parte, porém, trouxe uma queda como um todo: o grupo, conhecidamente experimental, optou por tocar algumas músicas menos conhecidas e, de um modo geral, mais longas. Tecnicamente falando, não há do que reclamar, visto tamanha complexidade musical e infinidade de camadas instrumentais nas faixas, com algumas das canções chegando a se tornarem quase que paisagens sonoras. Isso se tornou ainda mais impressionante pelo fato de terem sido executadas totalmente ao vivo, o que mostrou a enorme sincronia entre os membros do grupo (que são muitos, diga-se de passagem). Porém, técnica não é sinônimo de entretenimento, e isso ficou bem claro durante esse trecho, em que grande parte da plateia ficou mais morna. 

O terceiro ato, em contrapartida, levantou e muito o ânimo da casa. A banda, sabiamente, optou por tocar a grande maioria de seus sucessos na reta final do show, dividindo os vocais com o vivíssimo coro do público em canções como, por exemplo, “Sit Down” (argumentavelmente o maior hit da banda), um momento mágico na noite e que, por si só, teria sido um excelente encerramento para a apresentação. No bis, o grupo inglês optou por executar as músicas “Getting Away With It (All Messed Up)”, um dos pontos altos da noite para grande parte do público (inclusive para mim), e “Laid”, do disco de mesmo nome, arrancando aplausos emocionados dos fãs. Nessa reta final, o guitarrista do grupo decidiu dedicar “Getting Away With It (All Messed Up)” ao Brasil como um todo, e expressou sua vontade de, em um próximo retorno ao país, tocar em um estádio-arena. Ainda que não tenha tanta certeza em relação a esse aumento de proporções, o grupo certamente merecia um lugar maior para se apresentar, como, por exemplo, um Tokio Marine Hall, mas vamos ver o que o futuro reserva. James manifestou sua vontade de retornar ao país em breve, e a ideia certamente foi abraçada pelos fãs da banda, que certamente agradeceriam uma quarta passagem pelo país. 

Com quase 20 músicas no total, a banda James se apresentou com um setlist irregular, mas que mesmo assim foi superado por uma técnica musical excepcional, a presença de hits icônicos e um carisma gigantesco, se conectando com o público com sinceridade e maestria.  

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 


SETLIST:

01. She’s a Star 

02. Waltzing Alone 

03. Say Something 

04. Way Over Your Head 

05. Attention 

06. Five-O 

07. Shadow of a Giant 

08. Born of Frustration 

09. Come Home 

10. Stay 

11. P.S. 

12. Out to Get You 

13. Heads 

14. Beautiful Beaches 

15. Sit Down 

16. Sound 

17. Tomorrow 

18. Getting Away With It (All Messed Up) 

19. Laid 


Agradecimento à Catto Comunicação pelo credenciamento e atenção 

Nenhum comentário:

Postar um comentário