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Por Giovanna Marques (correspondente Big Rock na Finlândia)
Fotos gentilmente cedidas por Sigryd Bagon @sbagon_photography)
@henrijuvonen / @tekegraphy / @lucasekblade
No dia 8/8/2025 aconteceu o primeiro dia da terceira edição do Hellsinki Metal Festival (HMF), o festival de Metal realizado na tradicional arena de hóquei no gelo de Helsinki.
Embora esteja em sua terceira edição, o festival já se consolidou como um dos maiores nomes da cena Metal Nórdica, graças à sua ousadia em trazer headliners absolutamente lendários. Neste ano, o festival contou com nada menos que nomes como King Diamond, Venom, Candlemass e Michael Schenker.
A equipe do Big Rock 'n' Roll não poderia ficar de fora de tamanha magnitude, e por isso fomos conferir mais uma vez essa lenda do Metal em forma de festival. (Para quem ainda não leu, clique aqui para conferir a resenha da edição de 2024 do festival.)
Sábado, dia 09/08, e já saímos preparados para um dia maravilhoso de calor na capital finlandesa. No palco principal, Lähiöbotox abriu o dia de apresentações. A incrível banda de Helsinki faz uma mistura interessantíssima de rap, riffs super pesados, hardcore e crossover thrash. Se você não conhece, vale a pena dar uma olhada, eu particularmente adoro!
Infelizmente não foi possível assistir à apresentação na íntegra, mas por uma boa razão: fomos aceitos para fazer parte de um tour mega especial organizado pelo promoter e pelos organizadores do festival e dedicados aos profissionais de imprensa. Começamos o tour, liberado por Toni Törrönen, indo em direção à famosa sauna do evento: Bodom Sauna & Bar. O bar, localizado na cidade de Espoo, é gerenciado por membros originais do Children of Bodom e exibe uma coleção incrível e exclusiva de materiais de turnês do COB pelo mundo, além de guitarras de Alexi Laiho, set lists e álbuns publicados. O Bodom Sauna & Bar possui uma área exclusiva no HMF que conta com uma mini exposição de itens incríveis da banda. Era possível ver pôsteres de turnês e presentes de fãs (desde ursinhos de pelúcia, bandeira da Argentina até peças íntimas jogadas no palco). Em seguida, fomos conhecer diversos locais, entre eles: backstage, palco 2, a área onde as bandas possuem seus camarins e a área RIP (VIP), onde o tour terminou com drinks e pipoca. O tour também contou com a participação de Heta Hyttinen, Jere Saajoranta e Maria Uusitalo. Foi sem duvida uma grande felicidade poder fazer parte dessa tão esperada tour e conhecer locais tão especiais.
Durante o tour, tivemos a oportunidade de ver do backstage e fotografar a banda Party Cannon fazendo sua apresentação no palco 3. A banda escocesa de Slam Death Metal combina muitas coisas bizarras no palco, onde era possível ver máscaras de todos os tipos, integrantes da equipe da banda subindo no palco segurando cartazes e usando fantasias, um pênis gigante feito de papelão e muito papel colorido. A banda agitou os presentes e fez não só um show de metal, mas um entretenimento completo.
Em seguida, fomos para o Palco 1 para assistir à lenda do grindcore, Napalm Death. A banda inglesa, que dispensa apresentações, fez uma show digno de lenda: clássicos no setlist, porrada na orelha, mensagens sociopolíticas e até um cover de Dead Kennedys. Era possível ver o coro do público cantando junto no refrão “Nazi Punks Fuck Off!”. O vocalista, Mark “Barney” Greenway, explicou a origem de algumas letras e fez um lindo discurso agradecendo ao HMF por ser um festival tão inclusivo, onde todos são bem-vindos independentemente de cor, gênero, orientação sexual ou nacionalidade. Muita atitude!
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| Foto: Sigryd Bagon @sbagon_photography |
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| Foto: Sigryd Bagon @sbagon_photography |
Uma passadinha rápida para ver os suecos do Alfahanne no palco 3 e dar uma descansada de 10 minutos (já que o palco 03 coberto possui inúmeras cadeiras para sentar e assistir às bandas) mostrou um som que eu mesma não esperava: a banda mistura temas sombrios da humanidade com black metal, Punk, Goth Rock e uma pegada bem rock n' roll. A banda autoentitula seu gênero de: “Alfapocalyptic Rock”, fazendo jus ao seu som.
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Em seguida, fomos em direção ao palco 2 para assistir aos noruegueses do Enslaved. Formada em 1991, a banda simplesmente não tem que provar nada mais a ninguém e provou isso. Antes mesmo da entrada dos músicos no palco já havia um grande número de fãs à espera das lendas do metal extremo. Apesar de serem sempre lembrados como Black Metal, o Enslaved faz um som que remete às terras nórdicas de um jeito sem igual, mesclando Viking, Black e até mesmo Prog Metal. O set list mesclou novos e antigos clássicos, mas o mais incrível da apresentacao foi a sensação de se estar no meio do inverno em uma floresta nórdica, com sons guturais e acústicos que trazem à tona toda a mitologia nórdica, mesmo estando no meio de um festival de verão! Incrível!
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| Foto: Sigryd Bagon @sbagon_photography |
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| Foto: Sigryd Bagon @sbagon_photography |
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| Foto: Sigryd Bagon @sbagon_photography |
Continuando no mesmo palco, a lenda do Hard Rock mundial, Michael Schenker, chegou e fez bonito, como sempre. Para os que não estão a par da carreira e do tamanho da lenda: Michael Schenker iniciou sua carreira como um garoto prodígio, juntando-se à lenda alemã Scorpions com apenas 16 anos e sendo guitarrista full time da banda em seu álbum de lançamento “Lonesome Crow”. Logo após o lançamento, Schenker deixou o Scorpions (e foi substituído por ninguém menos que Uli Jon Roth) para se juntar ao UFO em 1973, ajudando a criar e moldar o som icônico do hard rock britânico dessa e das futuras décadas. O UFO é tão gigante que influenciou praticamente todas as bandas de rock e metal que vieram em seguida, tendo o Iron Maiden falado publicamente em diversas entrevistas o quanto a influência do UFO foi importante para a criação do som deles. Fato tão conhecido que na sua última turnê, Run For Your Lives World Tour 2025, o Iron Maiden entra no palco ao som de “Doctor Doctor”! Outro fato curioso: na turnê desse ano de comemoração de 30 anos de lançamento do The X Factor, Blaze Bayley também entra no palco ao som de “Doctor, Doctor”! Fatos interessantes que dão somente uma pequena dimensão da lenda que Michael Schenker é. Voltamos ao show do HMF: pura lenda. Michael Schenker trouxe ao HMF a turnê “My Years With UFO”, onde toca somente músicas da sua carreira no UFO. O show foi simplesmente brilhante.
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| Foto: Sigryd Bagon @sbagon_photography |
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| Foto: Sigryd Bagon @sbagon_photography |
Além da sua banda já incrível formada por Bodo Schopf na bateria, Barend Courbois no baixo e Steve Mann nos teclados e guitarra base, essa turnê contou ainda com o famoso Erik Grönwall nos vocais e violão. De todos os quatro shows que vi na minha vida com do Schenker, esse foi, sem dúvids, o que teve o melhor entrosamento entre os músicos alem de ser nitidamente visível no rosto de Schenker sua empolgação com a turnê. Enquanto Erik fazia o papel de frontman, agitando e engajando o público a participar do show, Schenker se concentrava no que fazia melhor: suas notas e groove, reconhecíveis de longe na sua flying V. É incrível como que, mesmo aos 70 anos, Schenker não perdeu a fluidez e energia, e a cada show que passa, Schenker se assemelha a um bom vinho: quanto mais passam os anos, melhor fica seu som! Em sua performance, na minha opinião, icônica, de “Love to Love”, Schenker pareceu entrar em um transe em que as notas simplesmente saíam de sua flying V como uma doce viagem aos anos 70, porém com a maravilha da tecnologia de 2025. Foi algo que é simplesmente impossível de colocar em palavras: o flow que se seguiu foi tão lindo e fazia jus a cara de empolgação da lenda com a apresentação. O transe continuou por todo o show e solos não previstos tornaram a apresentação ainda mais épica. O que, para os die hard fans como eu, foi como uma viagem mágica, por outro lado não foi possível completar o set list, ficando de fora a clássica “Too Hot to Handle” pelo tempo de apresentação ter sido estourado. Fato que ficará na memória de todos os fãs que esperavam por tanto tempo para ver essa turnê, e que não só não deixou a desejar como surpreendeu positivamente de formas infinitas a apresentação dessa lenda. A notícia boa para os fãs é que vem mais Michael Schenker nas terras finlandesas: seu show em Helsinki foi confirmado para a primavera de 2026 e os ingressos já estão à venda!
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| Foto: Sigryd Bagon @sbagon_photography |
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| Foto: Sigryd Bagon @sbagon_photography |
Parada momentânea para recarregar depois de uma apresentação tão icônica, era hora de irmos em direção ao palco principal para assistirmos à lenda viva do hard/metal core, Hatebreed. Formada em 1994 em Connecticut, EUA, o Hatebreed possui um som que conta com influências óbvias como o hardcore e punk e heavy metal e estilos não tão óbvios como o groove metal e thrash metal, e além de ter muitos anos de estrada e de possuir uma indicação ao Grammy, alem de muita polêmica. A apresentação no HMF foi insana, com o público indo ao delírio com um mosh gigante, efeito pirotécnico e bolas gigantes voando pelo público. O show também contou com homenagem ao Ozzy e sua importância para o metal mundial. A banda referência do metalcore fez um efeito impressionante no público; durante o evento, não vi tanta animação por parte do público quanto presenciei no show do Hatebreed!
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| Foto: Sigryd Bagon @sbagon_photography |
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| Foto: Sigryd Bagon @sbagon_photography |
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| Foto: Sigryd Bagon @sbagon_photography |
De volta ao palco 2, chegou a hora dos suecos do Marduk fazerem sua apresentação. O Marduk tambem dispensa apresentações aos fãs de metal extremo, e vale sempre a pena lembrar da sua importância no black metal mundial: a banda é conhecida pela sua influência e consistência no metal extremo, além de ser uma das bandas do gênero com um dos maiores tempos de estrada, estando na ativa desde sua criação em 1990. Uma apresentação que ocorreu sem grandes eventos, simplesmente o bom e velho black metal.
E finalmente chegou a hora do Headliner da noite: VENOM! Os britânicos, reconhecidos como os pioneiros do metal extremo, entram no palco em meio a um verdadeiro clima infernal: Luzes vermelhas, fumaça, pentagramas, distorções de guitarra e volume no talo, parecia que Satan realmente se fazia presente. A banda mostrou o porquê de serem verdadeiras lendas: um show com uma energia gritante, cada música um soco no estômago e aquela vontade incontrolável de bater a cabeça: Os deuses Rock n' Roll se faziam presentes! A apresentação foi simplesmente brilhante e, apesar da banda não lançar nenhum material novo desde 2018, Venom mostrou que tinha mais energia que qualquer artista novinho no palco. O set list foi um deleite para todos os fãs, contendo todos os clássicos esperados, além de material dos seus últimos três lançamentos. Não vou negar que, como grande fã de Sabbath, a melhor parte da noite veio com a homenagem a Ozzy e um lindo medley de músicas do Sabbath: “Children of the Grave / Symptom of the Universe / Paranoid” tocadas pelo Venom! Para mim foi, sem dúvida, o ápice da noite. A voz ”Lemmyniana” de Cronos e as guitarras quase impecáveis de Rage, combinadas com o groove poderoso de Dante, fez com que o tributo fosse, sem dúvida, um dos melhores já vistos ao vivo. Fechando a noite, as clássicas “Witching Hour” e “In League With Satan” fizeram a apresentação se encerrar de forma mais que memorável.
O Hellsinki Metal Festival mostrou mais uma vez toda sua força em forma de festival e se consolida como um dos pontos imperdíveis de festivais de verão do norte da Europa!
Os ingressos para o HMF 2026 já estão à venda e as primeiras bandas já foram anunciadas: corre lá (hellsinkimetalfestival.fi/en/read-more/hellsinki-metal-festival-2026-first-artist-announcement) e dá uma olhada, pois com certeza será mais uma vez um evento imperdível!
O Big agradece imensamente a toda produção do Hellsinki Metal Festival, em especial à Ginger Vine Management, pelo credenciamento.
















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