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6 de fevereiro de 2020

Roland Grapow / Confessori / Viper em Limeira, São Paulo


Foto: Jair Cursiol Filho 

Parti para o Bar da Montanha (Limeira/SP) bastante ansioso no último domingo, dia 2 de fevereiro. O motivo da ansiedade era o meu primeiro show do Viper em 7 anos e o primeiro que veria de uma banda de Andre Matos depois dos acontecimentos do ano passado. Se você leu meu artigo “Aquele clipe de More” (http://www.bigrockandroll.com/2019/06/andre-matos-aquele-clipe-de-more.html ), sabe ao menos um pouco o quanto este show era importante pra mim. Da banda que gravou o DVD “To Live Again”, o Viper continua com Felipe Machado nas guitarras, Guilherme Martin na bateria e Pit Passarell na sua formação, este último agora sem tocar baixo e apenas cantando algumas músicas. Penso que por causa do físico, que parece fragilizado. 
As novidades ficam em torno da não-tão-novidade assim voz de Leandro Caçoilo (que está no Viper já há alguns anos, mas apenas agora no final de 2019 teve sua voz em uma gravação oficial, a nova versão do clássico To Live Again), o tecladista Fábio Ribeiro (Shaman, ex-Angra, ex-Andre Matos Solo), o baixista Bruno ‘Judas’ Ladislau (ex-Andre Matos Solo) e o retorno de Val Santos às guitarras. Este último foi baterista da banda por um curto espaço de tempo em 1989 e guitarrista da banda no álbum All My Life (2007). Ou seja, tá tudo em família. 

Foto: Jair Cursiol Filho 

O Viper era o primeiro ato do dia, embora na minha cabeça tenha história e importância suficiente para merecer ser o ato a fechar a noite. De todo modo, devo dizer que foi (para mim) o mais emocionante. Ver aqueles quatro amigos de infância (Pit, Felipe, Val e Guilherme) no palco celebrando a arte do Andre Matos com dois outros grandes nomes que fizeram parte da história do ex-vocalista me fez chorar por pelo menos as 4 primeiras músicas, todas muito bem cantadas por Caçoilo.
Aí foi a vez de Pit Passarell (o verdadeiro compositor dos clássicos do Viper) subir ao palco e mandar três petardos da sua fase como vocal da banda. Spreading Soul e Evolution do clássico Evolution e a música-título do álbum Comma Rage. Aliás, este que não dá pra ouvir nas  plataformas de streaming (assim como o já citado All My Life). É tocante ver a preocupação de Felipe Machado com o amigo.

Foto: Jair Cursiol Filho 

Caçoilo volta para o palco para Prelude to Oblivion, uma faixa com letra positiva e que todo mundo deveria prestar atenção. Moonlight, única composição do maestro para o Viper, é uma daquelas músicas que é extremamente característica da voz de Andre. Daquelas que eu preferia que outros cantores nem tentassem. Devo dizer que em Limeira o Leandro fez bem melhor do que no recente EP ao vivo lançado nas plataformas digitais no final de janeiro.
Rebel Maniac por sua vez é a música mais chiclete do Viper (pergunte pra minha namorada, que não tira o “Everybody, everybody” da cabeça) e aqui traz um super dueto entre os dois vocalistas da banda. Impossível ficar parado.
Pra terminar o set, a imortal “Living for the Night” e lá fui eu chorar de novo.

Foto: Jair Cursiol Filho 

Meia hora para me recuperar e Ricardo Confessori (Massacration, Shaman, ex-Angra) sobe ao palco com sua banda solo, chamada apenas de Confessori. A banda contém os músicos Alax William (vocal), Fabio Carito (baixo), além de Affonso Junior (guitarra) e Thiago Oliveira (guitarra). A banda solo do baterista surgiu em 2016 depois de sua segunda saída do Angra e da segunda formação do Shaman acabar se tornando o Noturnall. O setlist foi inteiro focado nas fases em que Ricardo tocou com Andre Matos tanto no Angra quanto no Shaman, sem nenhuma música dos álbuns gravados com Edu Falaschi ou com Thiago Bianchi. Não sou grande fã da fase de Bianchi no Shaman, mas a banda de Confessori é a mais indicada hoje para tocar isso.
Nunca havia visto Alax cantando ao vivo e devo dizer que se saiu extremamente bem - melhor do que esperava até. O show é cheio de nostalgia, por óbvio, mas menos emocionante do que o do Viper.

Foto: Jair Cursiol Filho 

Mais uns 30 minutos e sobe no palco a atração internacional: o guitarrista alemão Roland Grapow (Masterplan, ex-Helloween), fechando sua turnê de seis shows pelo Brasil. O Masterplan começou os anos 2000 como uma das grandes promessas do power metal alemão, mas as constantes trocas de formação e discos pouco inspirados reduziram o alcance da banda, cujo último registro foi PumpKings, uma coletânea de regravações de músicas que seu líder gravou para o Helloween. O álbum, embora competente, atraiu críticas pelo momento do seu lançamento - junto com a tour de reunião do Helloween. É nesse trabalho de estúdio e muita coisa do primeiro disco do Masterplan que o show se baseia. Embora previsível e para um público menor do que as três bandas mereciam, Roland Grapow se mostrou extremamente feliz de estar em Limeira, tentando se comunicar o tempo todo com o público (e várias vezes não sendo muito bem compreendido). Riu, fez piada, se divertiu. Grapow até cantou, fez vocais em “A Tale that wasn’t right”, única do setlist a nunca ter recebido uma versão do Masterplan (e única não composta pelo guitarrista). Se as músicas do Helloween são as que fazem o público pirar, são as do Masterplan que fazem o guitarrista se divertir mais, com suas letras sempre positivas.

O show acabou, terminando uma noite de ótimo heavy metal em Limeira/SP, com Grapow prometendo um disco do Masterplan para o final de 2020 e retorno ao Brasil (com a banda) no início de 2021. É aguardar.

Viper
1. To Live Again
2. A Cry from the Edge
3. Knights of Destruction
4. At Least a Chance
5. Spreading Soul
6. Evolution
7. Comma Rage
8. Prelude to Oblivion
9. Moonlight
10. Rebel Maniac
11. Living for the Night

Confessori
1. Ancient Winds (Shaman)
2. Turn Away (Shaman)
3. For Tomorrow (Shaman)
4. Lisbon (Angra)
5. Time (Angra)
6. Nothing to Say (Angra)
7. Distant Thunder (Shaman)
8. Fairy Tale (Shaman)
9. Here I Am (Shaman)

Roland Grapow
1. Enlighten Me (Masterplan)
2. Spirit Never Die (Masterplan)
3. Mr. Ego (Helloween)
4. Kind hearted light (Masterplan)
5. The Time of the Oath (Helloween)
6. Keep Your Dream Alive (Masterplan)
7. Someone's Crying (Helloween)
8. Crystal Night (Masterplan)
9. Soulburn (Masterplan)
10. Still We Go (Helloween)
11. A Tale That Wasn't Right (Helloween)
12. Heroes (Masterplan)
13. The Chance (Helloween)
14. Crawling From Hell (Masterplan)

Por: Jair Cursiol Filho

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