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Foto: Alexandre Veronesi |
Possessed - Burning House - SãoPaulo/SP - 19 de junho de 2025
Por Alexandre Veronesi
Fotos: Alexandre Veronesi
Em 1989, durante tentativa de assalto, um então ex-integrante de uma lendária banda californiana foi duplamente alvejado (com uma das balas atingindo ponto bem próximo ao peito), o que resultou em paraplegia parcial, e à partir daí seguiram-se anos sombrios, com inúmeros tormentos, provações, além de um declínio para o abuso de álcool e drogas. Felizmente, com o passar do tempo, o homem se reabilitou e retomou as rédeas de sua vida, incluindo neste processo a reforma do antigo grupo - que ocorreu em 2007 - para nunca mais parar. À essa altura, o sagaz leitor já pode, eventualmente, ter percebido que a fábula em questão é sobre Jeff Becerra, o frontman e líder do Possessed, banda pioneira do Death Metal mundial, que esteve mais uma vez no Brasil (passado somente um ano da última visita) para única apresentação, ocorrida em 19 de Junho na Burning House, nova e aconchegante casa de espetáculos localizada na região de Água Branca, Zona Oeste da capital paulista - o show ocorreria inicialmente na Vip Station, dia 22/06, porém precisou ser remanejado por motivos logísticos.
O primeiro ato do evento ficou a cargo do Throw Me To The Wolves, que subiu ao palco por volta das 18h30. Bastante atual, a banda foi fundada em São Paulo no ano de 2023, e a despeito da ainda baixa rodagem, conta em seu line-up com um time recheado de músicos experientes dentro do cenário tupiniquim: Diogo Nunes (vocal - Trend Kill Ghosts), Guilherme Calegari (guitarra - Venomous), Lucas Oliveira (guitarra), Rodrigo Gagliardi (baixo) e Maycon Avelino (bateria - Silent Cry e Hammurabi). Apostando no Death Metal melódico, com doses homeopáticas de Metalcore - muito bem executado, diga-se de passagem - o quinteto apresentou um show coeso e de extrema competência, tendo Diogo e Guilherme (os idealizadores do projeto) sempre na dianteira agitando o público, e 100% focado em canções de seu primeiro álbum, o recém-saído do forno "Days Of Retribution", tais quais a sua faixa-título, "Chaos", "Tartarus", "Fragments" e "Gates Of Oblivion", finalizando o set de pouco mais de 30 minutos com "Gaia", que foi o primeiríssimo single, responsável por introduzir o trabalho do grupo ao mundo. Sem dúvidas, vale à pena conhecer e ficar de olho nos próximos passos deste quinteto.
Setlist:
01 - Chaos
02 - Tartarus
03 - Days Of Retribution
04 - Fragments
05 - Awakening My Demons
06 - Gates Of Oblivion
07 - Gaia
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Foto: Alexandre Veronesi |
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Foto: Alexandre Veronesi |
Relógio marcando 20h15, e era enfim chegado o momento da aguardada atração principal. Sem mais demora, Jeff Becerra (vocal), Daniel Gonzalez (guitarra), Claudeous Creamer (guitarra), Robert Cardenas (baixo) e Chris Aguirre II (bateria) tomaram o palco da Burning House de assalto ao som de "The Eyes Of Horror", tema do EP homônimo de 1987, e dessa forma avassaladora, o Possessed estava entre nós. "Tribulation" foi a única representante do "Beyond The Gates" (1986) na noite, logo sucedida por "Demon", paulada disponibilizada em 2019 no ótimo full-lenght "Revelations Of Oblivion", o mais recente da banda até o presente momento.
Há exatos 40 anos, foi lançado o mega clássico "Seven Churches", considerado por muitos (este que vos fala incluso) o marco zero do Death Metal, e a expectativa era de que o disco fosse apresentado em sua totalidade durante a turnê. Bem, como promessa é dívida, ao soarem os primeiros acordes da inconfundível introdução de "The Exorcist" (extraída da trilha sonora do filme "O Exorcista", de 1973), o público já sabia o que estava por vir, e a casa por consequência veio abaixo. Seguindo rigorosamente a ordem original do registro, rolaram "Pentagram", "Burning In Hell" (canção que Becerra afirmou ter escrito quando tinha apenas 11 anos) e "Evil Warriors", dando lugar à magistral "Seven Churches", em um dos momentos mais catárticos da noite. A demolição sônica então prosseguiu com "Satan's Curse", "Holy Hell", "Twisted Minds", e como se isso não bastasse, o profano sacramento se concretizou por meio da dobradinha que encerra o play: "Fallen Angel", com sua introdução densa e macabra; e "Death Metal", simplesmente um dos maiores hinos do subgênero.
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Foto: Alexandre Veronesi |
Insaciável, a audiência ainda clamava por mais. Jeff e seus asseclas, é claro, não nos deixariam na mão, e rapidamente voltaram para o 'encore' com a recente "Graven", e então "Swing Of The Axe", tema tão cortante e visceral quanto sugere o seu título, que pôs fim a mais uma memorável passagem da banda pelo nosso humilde país.
Para além do espetáculo em si, tenho que mencionar o carinho e a atenção que Jeff Becerra dispensa aos seus fãs, não apenas durante o show, mas também no pós, afinal, o frontman permaneceu por um longo tempo na beirada do palco, atendendo a todos que buscassem por um autógrafo ou uma foto - OBS: eu demorei a sair do local, e ele ainda estava lá. O cara é, de fato, um exemplo a ser seguido!
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Foto: Alexandre Veronesi |
Setlist:
01 - The Eyes Of Horror
02 - Tribulation
03 - Demon
04 - The Exorcist
05 - Pentagram
06 - Burning In Hell
07 - Evil Warriors
08 - Seven Churches
09 - Satan's Curse
10 - Holy Hell
11 - Twisted Minds
12 - Fallen Angel
13 - Death Metal
14 - Graven
15 - Swing Of The Axe
Agradecimentos à Dark Dimensions, JZ Press e Burning House pelo credenciamento e a atenção.