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23 de agosto de 2022

Cavaleras - De Volta As Raízes

Foto: Pedro Pellegrino


Max & Iggor Cavalera - Audio Club - São Paulo - SP - 07 de agosto de 2022


Por Pedro Pellegrino

Fotos: Pedro Pellegrino


Um domingo frio, dia 7 de agosto, na Audio Club em São Paulo, aconteceu um evento de metal com as bandas: Sinaya, Krisiun e Cavalera Conspiracy. Ou melhor: Max e Iggor Cavalera e sua banda.

A reportagem já escreveu muitas vezes sobre os irmãos Cavalera, seja no Sepultura, Soulfly, Cavalera Conspiracy, e no projeto Max e Iggor fazendo releituras de álbuns clássicos do Sepultura. Em 2018 assistimos o show em homenagem aos discos  Beneath The Remains e Arise (vocês podem encontrar nos arquivos do Big, ou no livro lançado "Durante a Madrugada um Rock and Roll").

A cada show, a cada evento, os irmãos Cavalera estão cada vez melhores, com sangue nos zóio!

Antes, vamos falar sobre a banda que abriu os trabalhos desse festival: Sinaya. Mylena Monaco nos vocais, Helena Nagagata na guitarra, Amanda Melo (baixo) e Amanda Imamura (bateria). Considerada a primeira banda feminina de deathcore do mundo, o quarteto existe há 12 anos, com 1 EP e um álbum de estúdio, e muitos singles, a banda promete para esse ano um novo disco.

No show desse domingo, elas tocaram alguns novos sons. Já havia um ótimo público, e as minas da Sinaya fizeram um show com muita força, riffs marcantes, vocais psicopata e a bateria kamikaze da Amanda, que começou o show fazendo um solo, não é pra qualquer um, ou melhor, pra qualquer uma...

Tivemos a participação da May Undead do Torture Squad quase no final do show, e o público foi ao delírio com as duas cantoras guturalmente deixando todos com dor no pescoço de tanto bangear.


A próxima banda a se apresentar foram os irmãos de Ijuí, Rio Grande do Sul, Krisiun, com o som mais extremo do universo. A melhor banda de death metal do planeta. Não tem pra ninguém.  A banda está promovendo o seu mais novo trabalho: "Mortem Solis", o décimo segundo álbum do Krisiun. Não existe disco ruim do Krisiun. Assim como não existe show ruim do Krisiun.

A banda estava muito feliz por se apresentar junto com os irmãos Cavalera. Max Kolesne (bateria), Moyses Kolesne (guitarra) e Alex Camargo (baixo e voz) assim disse: "é uma grande honra a gente tocar com esses caras que lá no começo dos anos 80 nos fizeram montar uma banda... abriram as portas para muitas bandas".

Como sempre diz o Alex no começo dos shows do Krisiun: "O Krisiun está aqui!". Eu emendo: O Krisiun sempre vai estar aqui. O Krisiun é eterno!

Foto: Pedro Pellegrino


Quase às 21h30 em ponto (horário determinado do show dos Cavaleras), Mike Leon (baixo e backing vocals) foi o primeiro a subir ao palco, logo na sequência, Dino Cazares (guitarra), Iggor Cavalera (bateria) e Max Cavalera (guitarra e vocal).

O show foi em comemoração de 25 anos do disco "Roots". Roots mudou o metal.  Fundaram um novo estilo de metal: New Metal. Muitas bandas como Korn, Deftones, Slipknot, System of a Down se inspiraram nesse disco para seus trabalhos posteriores. Nessa época o Sepultura era a maior banda de metal do mundo, faziam frente ao Metallica e Pantera. Antes do Kurt Cobain morrer, o Nirvana tinha convidado o Sepultura para fazerem uma turnê juntos. Dave Grohl vive dizendo que o Sepultura é sua banda predileta. Na biografia de Max Cavalera, quem escreveu o prefácio foi o próprio Dave Grohl. Ele conta como o disco "Roots" estourou o seu sistema de som caríssimo na sua casa (risos). 

A Audio Club estava lotada, e ao primeiro acorde de "Roots Blood Roots" a casa veio abaixo, com todos pulando, foi demais!

O som estava tinindo, desde as primeiras bandas da noite, mas na banda principal (como sempre) o volume aumentou, e o coração ficou batendo mais forte com o grave.

A banda estava bem entrosada. Bom, Mike Leon, com a sua cara de assassino, toca há anos com Max Cavalera, seja no Soulfly e no Cavalera Conspiracy. Dino Cazares é a novidade. Primeira vez que toca com os irmãos Cavalera. Dino é um guitarrista experiente, fundou as bandas Fear Factory e Brujeria. Rolou até um trecho de "La Migra" a clássica canção do Brujeria. Mas dessa vez, Max fez uma versão em português. Ficou legal. O refrão era o mesmo com todos gritando "La Migra, La migra...".

Iggor Cavalera estava batendo forte no seu kit de batera, e vê-lo executar sons do Roots é incrível, fico imaginando como deve ter sido quando a "gringaiada" escutou essa obra prima do metal (com músicas que começavam com percussões de samba), por isso  foi aclamado no mundo inteiro o disco em questão.

Max Cavalera estava feliz pra caramba, dava pra ver em seu rosto, revisitar esse disco, deve passar um filme em sua mente.

Várias rodas foram formadas a pedido de Max Cavalera. Teve o "paredão da morte", "Walls of Death", foi insano.

Foto: Pedro Pellegrino


Um dos pontos altos do show foi a participação do Cipassé Xavante, da tribo Xavantes, foi ele o responsável por ter levado os irmãos Cavalera em 1996 na época do Sepultura a ficarem três dias entre os índios e gravarem algumas músicas com a tribo. 

O Cacique disse belas palavras sobre os irmãos, disse para nós protegermos a Amazônia, para que a população cuide da natureza, porque o governo que está na presidência não liga nem um pouco para isso (nessa hora o coro xingando o nosso presidente foi maravilhoso).

Após a banda executar quase todas as músicas do "Roots", chegara a hora de outros clássicos do Sepultura como "Refused/ Resist", "Territory", "Polícia"(Titãs) e Troops Of Doom (com Alex do Krisiun e o filho do Iggor Cavalera participando).

"Orgasmatron"(Motörhead) não poderia faltar também.

Foi mais um showzaço dos irmãos Cavalera. É bom estar vivo para ver isso. É bom vê-los terminar o show vestindo a camisa do Palmeiras (desculpa rivais rs). Nós ainda estamos na pandemia interminável, morreu muita gente, muita mesma, por isso somos sortudos de estar aqui presenciando um puta espetáculo como esse.

Obrigado, Max e Iggor. Vocês não sabem, mas já me salvaram várias vezes.

E como diz o slogan dessa turnê: "O futuro é indígena!".


Um agradecimento especial à Honorsounds pelo credenciamento e a Audio por toda atenção e suporte.

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