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12 de outubro de 2022

Pentagram - Hangar 110 - São Paulo - SP


Foto: Roberio Lima


Pentagram - Hangar 110  - São Paulo - SP - 11 de setembro de 2022


Por Roberio Lima

Fotos: Roberio Lima


Eis aqui uma situação que parece mais ser fruto de um sonho, do que da realidade propriamente dita. Confesso que quando me deparei com o anúncio da vinda do Pentagram ao Brasil (a data do show em São Paulo estava agendada inicialmente para 13/09/2020 e o Fabrique Club era o local escolhido naquele momento - mas com o avanço do número de mortes em decorrência da COVID-19, teve que ser postergado), recebi a notícia com certo ceticismo, afinal – Bobby Liebling – único integrante original e fundador da banda, pode ser considerado um verdadeiro sobrevivente, pois sua vida foi marcado pelos excessos, e é difícil acreditar que o mesmo personagem que aparece nas cenas iniciais do documentário “Last Days Here (2011)”, pudesse estar em cima de um palco anos depois do referido registro, e ainda com tamanha vitalidade. 

Um domingo frio (sempre ele!), foi o dia escolhido para a grande celebração que se materializaria naquele dia. E ao chegar nas imediações do Hangar 110, já havia uma enorme fila que aguardava a liberação do acesso ao recinto – isso sem contar os muitos outros que já se abasteciam de cerveja e outros destilados para aproveitar a noite,  que prometia ser muito quente!

Com o acesso liberado, tratei de pegar minha credencial e correr para a frente do palco, pois sabia que dali a pouco tempo, não seria mais possível obter essa regalia. Enquanto aguardávamos o início das apresentações - nos telões do Hangar 110, rolava um show do Motörhead – gravado no festival Wacken Open Air, para aquecer os corações e lembranças de uma legião de fãs saudosos de Lemmy e sua trupe. Vale ressaltar aqui a divindade e onipresença do mítico frontman do “cabeça de motor” -  e falo isso raríssimo leitor, pois em meu review anterior, a lendária banda inglesa e seu icônico frontman, também foram lembrados com enorme destaque na ocasião.   

Foto: Roberio Lima


Pouco depois das 20h, era o momento de conferir o que os paulistanos do Grindhouse Hotel tinham à oferecer. Na verdade, foi possível perceber que a banda não era tão conhecida do público presente, e tiveram a árdua missão de conquistar os mais puristas que ali estavam. Com uma introdução pesadíssima e a adrenalina a flor da pele, os caras do GHH, dominaram o jogo do início ao fim, e tendo como base o  material de seu debut – “Built in Obsolescence”(2019) – lançado pelo selo Abraxas, apresentaram faixas como  “Centaurus”, “Chosen One” e “You Stink Mthrfckr” – além disso, apresentaram uma versão para “Fortunate Son” da clássica banda americana; – Creedence Clearwater Revival. Vale registrar também, que ainda houve  tempo para apresentarem uma música que figurará em futuros lançamentos da banda, e diga-se de passagem, foi bem aceita pelo público presente. Os músicos sabiam o quanto era importante aquele momento, e deram tudo de si para que a apresentação fosse simplesmente única. Eu confesso que mesmo já tendo testemunhado algumas apresentações do quarteto paulista, fiquei surpreso com tamanha entrega e energia dedicada naquele momento. Saíram ovacionados, e a repercussão da apresentação dos caras se converteu em uma grande movimentação na barraquinha de merchandising – definitivamente esse será um dia que os músicos da banda  guardarão com muito carinho em suas lembranças. 

Com as cortinas novamente fechadas, e enquanto o palco era preparado para a atração principal, a expectativa crescia substancialmente. A casa de show já chegava perto de sua lotação máxima, e naquele momento, muitos já indagavam o que o “véio” apresentaria em poucos instantes. A euforia reprimida até então, se transformou em uma agitação absurda, assim que as cortinas foram reabertas. Com o público entoando o nome da banda, Matt Goldsborough (guitarra), Greg Turley (baixo) e “Minnesota Pete Campbell (bateria), assumiram o palco, e logo em seguida o que ainda restava de civilidade, veio abaixo com a entrada de Bobby Liebling. E o início se deu com “Run My Course”, do clássico álbum de estreia “Relentless”. Meus amigos, estamos falando de uma banda com cinquenta anos de existência, e que jamais havia tocado no Brasil até então. Por isso, muitos que mantiveram a esperança de ver o Pentagram em palcos brasileiros,  não  se fizeram de rogados e empunharam alguns vinis da banda em baixo do braço, para que o lendário frontman pudesse “abençoar” as bolachas. E o show transcorria em altíssimo nível de empolgação, tanto que em um determinado momento, um espectador mais afoito, subiu ao palco e deu um ‘Stage dive - digno de shows daquelas bandas de hardcore americanas. Enquanto isso, Bobby, conduzia os trabalhos com a experiência e carisma que lhe são peculiares. Com muitos clássicos sendo executados um atrás do outro, foi fácil para que Bobby e cia, saíssem ovacionados do palco, para que logo em seguida retornassem para fechar o evento que já poderia ser considerado histórico se terminasse naquele momento, mas “fecharam a fatura” com as clássicas “Last Day Here” e “Forever My Queen”. 

Nem preciso dizer que esse show já está entre os melhores que já cobri nessa minha jornada errática. Vendo Bobby Liebling esbanjar vitalidade - no auge de seus quase setenta anos - e com suas ‘caras e bocas’, me senti estimulado – pelo menos por alguns instantes – a repensar a vida de forma menos trágica e angustiante. Long Live to Bobby Liebling and Pentagram! 

Foto: Roberio Lima


Setlist Pentagram: 

Run My Course 

Starlady

Ask No More 

The Ghoul

Review Your Choices 

Be Forewarned

Sign Of The Wolf (Pentagram) 

When the Screams Come 

Petrified 

Dying World

Devil’s Playground 

Relentless 


Encore: 

Last Day Here 

Forever My Queen 


Um agradecimento especial à Tedesco Comunicação e Midia pelo credenciamento e Hangar 110 por toda atenção e suporte.

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