Big Rock N' Roll - Pensou em rock, pensou Big Rock!: The Vintage Caravan - Legends Music & Bar

Foto: Roberio Lima

The Vintage Caravan - Legends Music & Bar - São Paulo/SP - 13 de agosto de 2023

Por Roberio Lima

Fotos: Roberio Lima

Inevitável pensarmos em Islândia e não associarmos o país automaticamente a cantora Bjork. Talvez minha ignorância geográfica e cultural sejam os limitadores dessa percepção, mas sinceramente não encaro isso como algo negativo. No final das contas o mais interessante é romper essas barreiras, e apreciar as novas descobertas. Aliás, o Vintage Caravan, é uma ótima oportunidade de conhecer sonoridades provenientes do ‘pais gelado’ além das fronteiras do universo ‘Bjorkiano’. Power trio que tem como principal tempero em seu som - o rock classudo produzido no final dos anos sessenta e setenta, e essa onda tem feito a cabeça de mais e mais adeptos abaixo da linha do Equador, e já não é de agora! A prova dessa afirmação tem como base as diversas cobertura de outras formações que bebem da mesma fonte, e que passaram por essas bandas com enorme êxito. Para ficar em poucos exemplos, vejam nossos reviews sobre as passagens de Kadavar, Graveyard, Earthless e Rádio Moscow e tirem suas próprias conclusões. Vale registrar que essa é a segunda passagem do Vintage Caravan por esses lados (a primeira visita ocorreu no ano de 2016), e dessa vez, a banda teve datas confirmadas em cinco cidades, sendo a data de São Paulo, a última do giro pelo pais.

A abertura da casa estava prevista para as 17h, mas o acesso só foi liberado ao público as 18h, fato esse que não pode ser encarado como um problema, pois a espera na fila ainda proporciona a possibilidade de interação e boas conversas, em tempos onde as redes sociais são o “grande provedor de socialização” entre as pessoas.

Foto: Roberio Lima

Já devidamente acomodados no espaço interno do Legends, o público tratou de cuidar da “hidratação” e aguardar o início das ‘apresentações’ – o termo se dá no plural, pois tivemos a abertura da Tantum – formação proveniente do estado de Minas Gerais, mais precisamente da cidade de Belo Horizonte. Imaginem a misturar Alex Harvey Band, Coven, Acid, Kool & The Gang e Tina Turner, em um mesmo recipiente? Provavelmente teremos algo próximo da proposta apresentada pela Tantum. O som é muito interessante e o destaque inevitavelmente fica a cargo da frontgirl Chervona, que se divide entre vocais, flauta, teclado, e é dona de uma performance muito convincente. Importante frisar que o caráter cênico da apresentação está aliado a letras consistentes, e com a profundidade necessária para dar sustentação a proposta dos mineiros. Os destaques do set ficaram por conta de “Wicked Spirit” que me remeteu imediatamente aos canadenses Rush, e “Speed (Addicted)” que tem uma mensagem contundente. Ao término da apresentação, o quarteto sai do palco ovacionado, e deixou uma ótima impressão aos que testemunharam a estreia nos palcos de São Paulo.

Foto: Roberio Lima

Já havia um público expressivo ao término da apresentação da Tantum, e era visível a ansiedade para o início do show principal. Logo que começou a preparação do palco e equipamentos, Óskar Logi Ágústsson (guitarra e voz), Alexander Örn Númanson (baixo, backing vocal) e Stefán Ari Stefánsson (bateria), sobem ao palco para agilizar a regulagem e afinação dos instrumentos, e já era perceptível ali que os caras estavam cheios de adrenalina para o inicio da apresentação. Logo que finalizaram os ajustes, passaram-se alguns minutos, e o trio assumiu definitivamente o pequeno palco do Legends, como se estivessem nos palcos de grandes festivais da Europa. E que maravilha de abertura!

Com o último trabalho de estúdio na manga, “Monuments” - lançado em 2021, teve duas de suas faixas na dobradinha inicial; - “Whispers” e “Crystallized”, foram as responsáveis incendiar o ânimo dos que ali estavam. Os músicos a todo momento, interagiam com a audiência, e não deixavam de fazer brincadeiras entre eles, promovendo situações bastante descontraídas. “Forgotten” – mais uma faixa do “Monuments”, foi oferecida aos que gostam de dançar, e na sequência, “Reset” do álbum “Gateways” – lançado em 2018, foi recebida com muita empolgação. Impossível não afirmar que o set até ali foi conduzido de forma impecável! Óskar era de longe o mais animado, e promovia intervenções arrebatadora com seu instrumento surrado pelos anos de estrada, mas que simboliza o espírito da banda.O final veio com “On the Run”, seguida por “Expand Your Mind”. Como de costume os músicos deixaram o palco, para logo em seguida, retornarem para o número final - que se materializou com “Midnight Meditation”.

Foto: Roberio Lima

Uma baita apresentação que ficará na memória dos que compareceram ao Legends (me desculpem pelo clássico clichê, mas acredito que é o mais adequado para encerrar esse texto de forma digna). O que nos resta agora é esperar por mais eventos como esse, pois é um dos melhores remédios para combater o tédio de um domingo frio de garoa fina. Fico por aqui ansioso pelos próximos!