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31 de outubro de 2023

Amenra - Vip Station - São Paulo/SP

Foto: Roberio Lima



Amenra - Vip Station - São Paulo/SP - 20 de outubro de 2023


Por Roberio Lima

Fotos: Roberio Lima


Foi um dia de enorme expectativa para esse que vos escreve raríssimo leitor. O Amenra finalmente retornaria ao Brasil para mais um ‘culto ao ódio’, após ter proporcionado uma experiência devastadora para os que tiveram a sorte de comparecer ao Fabrique Club em sua última passagem pelo país no ano de 2020. Já descrevi nesse mesmo espaço aquela experiência, e confesso que até hoje não me recuperei totalmente daquele ‘espasmo sonoro’!  Inicialmente a banda se apresentaria no mesmo Fabrique Club, mas após um remanejamento de agenda na turnê, o Vip Station foi o local escolhido para que as sonoridades mais macabras pudessem vir a luz, dando vazão aos sentimentos mais profundos da existência humana. Exagero?! Não sei ao certo, mas somente dessa forma seria possível descrever mais essa experiência absolutamente irretocável. Vamos a ela! 

Para início de conversa é importante deixar claro que o evento se deu em duas partes. E a primeira parte ficou a cargo das bandas de abertura, onde tivemos as aparições do Falsa Luz de Belo Horizonte, os paulistas do Desalmado e o Hexis – Copenhagen (Dinamarca). Ainda com o público se acomodando timidamente no recinto, o Falsa Luz teve a incumbência de dar início aos trabalhos. Com um som permeado de enxofre e vindos diretamente das profundezas do inferno, deram o recado através de sons como “Fel Terrível”, “Limite do Insuportável” e “Sangue, Fogo e Morte”, aliás as canções mencionadas dão a exata medida do que foi a apresentação do quarteto. Com o palco sem nenhuma iluminação mecânica, e tendo como referência somente dois candelabros com a iluminação precária de velas brancas, deram os contornos ideias ao cenário macabro. Sonoridade crua, direta e sem qualquer firula. Ótimo número de abertura! 


Setlist Falsa Luz: 

Fel Terrível 

Espirito Ruim 

Limite do Insuportável 

Nada no meio

Sangue, Fogo e Morte 

Não me Importo 

O Abismo olha de volta 


O Desalmado assumiu o palco pouco tempo depois, e findado os ajustes necessários no equipamento, mandaram ver com “Become Hatred” – sendo o trabalho mais recente da banda e que também possui um vídeo clip disponibilizado ao público em 2022 nas principais plataformas de vídeo. Um ponto importante à destacar, foi a presença de João Limeira que substituiu Ricardo Nutzmann na bateria. O substituto estava bastante empolgado com a oportunidade, e fez questão de demonstrar a felicidade de compartilhar o palco com seus amigos. As “pedradas” foram apresentadas como já é de praxe para uma banda com a experiência do Desalmado no cenário grindcore – violência desmedida com a única finalidade de danificar os tímpanos da audiência - ávida por sonoridades mais intensas. O massacre teve sequência com petardos do calibre de “Save Us From Ourselves”, “Hollow” e findou com “Privilege Walls”, que Caio Augusttus (vocal), anunciou como o golpe de misericórdia da apresentação. A formação se completa com Estevam Romero (guitarra), Marcelo Liam (guitarra) e Bruno Teixeira (baixo), além do já citado João Limeira (bateria). No fim das contas, foi mais uma daquelas apresentações na raça, e com o sangue habitual nas vistas. Afinal, a arte brutal emanada por esses batalhadores que estão prestes a comemorar vinte anos de existência da banda, não poderia ser expressada de outra maneira. Vida longa ao Disa! 


Setlist Desalmado: 

Become Hatred 

Massa Mental Devolution 

Unity

Glória 

Save Us From Ourselves 

Across the Land 

Hollow 

Bridges To a New Dawn 

Privilege Walls 

Foto: Roberio Lima


Os dinamarqueses do Hexis ficaram com a responsabilidade de anteceder a atração principal, e isso provavelmente foi um fator de bastante tensão para os músicos da banda. Pois era perceptível o nervosismo dos caras desde os ajustes de equipamentos e preparação do palco. Com tudo pronto para o início da apresentação, Filip Andersen (vocal) tomou a frente do palco para dilacerar seu vocal doentio e performance ensandecida, externando a mistura peculiar de hardcore e Black metal em doses cavalares de podridão... “Memento”, “Letum” e “Accipis” foi a trinca inicial, e sem qualquer aparato mais elaborado de palco, foram conduzindo um show denso e vigoroso.   Talvez por não ser tão conhecido do público brasileiro, não houve uma interação considerável por parte da audiência, mas essa apresentação serviu para “marcar o território” e apresentar aos brasileiros o poder de fogo do Hexis, a formação que conta com Luca Amele (baixo), Kristian Evangelists (bateria) e Max (guitarra) ainda se apresentaria eu outras cidades brasileira e encerraria o giro em mais uma apresentação na cidade de São Paulo no Fenda315. 


Setlist Hexis: 

Intro 

Memento 

Letum 

Accipis 

Vulnera 

Amissus

Fallaciae

Captivus 

Nunquam 

Exhaurire

Divinitas 


Findada a apresentação do Hexis, chegava o momento da segunda parte do evento,  ao qual me referi no início desse texto. Aliás, já na preparação do palco, era perceptível que algo especial aconteceria dali a alguns instantes. O Vip Station já estava tomado por um bom público, que não lotou a casa, mas que fez jus a relevância do combo belga. Após uma completa reformulação do palco, eis que os músicos , sem muito alarde, tomam suas posições para o início do que ficaria marcado como o ‘culto ao ódio’, a ‘celebração da dor’, ou simplesmente a contemplação da tristeza em toda sua plenitude. Com o setlist previamente fixado em algumas partes do palco, o publico que estava na grade (me incluo nessa!) já sabia o que seria apresentado naquela noite. O fato é que o culto se iniciou sem prévio aviso, e as canções foram sendo executadas de forma irrepreensível. 

Foto: Roberio Lima

Colin Van Eeckhout (vocal), Mathieu Vandekerckhove (guitarra), Lennart Bossu (guitarra), Tim de Gieter (baixo e vocal) e Björn Lebon (bateria), produziram mais um momento memorável para a audiência brasileira em sua segunda passagem pelo país. A execução de clássicos como “Am Kreuz” e “Solitary Reign” foram só dois exemplos da magnitude e do poder de arrebatamento das almas penadas que transitaram no Vip Station. O Amenra não promoveu apenas um show, seria muito simplista essa definição. Todos a estética que envolve a banda tem contornos bem particulares, que vão desde as imagens projetadas no telão, até o fato de Colin Van cantar de costas para o público e de não haver nenhuma interação direta com o publico, como é comum entre público e artistas. Essa estética corrobora algo que transcende o esquema do entretenimento puro e simples, definitivamente o que se viu naquele palco foi algo divino! O Amenra passou também por Colômbia, Chile e Argentina e o final do giro se deu exatamente no Brasil. Que não demorem a voltar, pois caso contrário, nossas almas permanecerão jorrando sangue. Ave Amenra! 


Setlist Amenra: 

The Pain It Is Shapeless 

Plus Prè de Toi (Close to You) 

Razoreater

De Evenmens

Terziele 

Nowena | 9.10 

Am Kreuz 

A Solitary Reign 

Diaken 


Agradecimento à LP Metal Press e Xaninho Produções pelo credenciamento e Vip Station pela atenção.

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