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21 de dezembro de 2023

Clube do Vinil, da Universal Music Brasil, anuncia lançamento do vinil duplo de Amy Winehouse, 'Live at Glastonbury 2007'

Foto: Divulgação


De raro em raro uma personalidade explosiva reescreve a história da música popular. Foi o que ocorreu com a cantora londrina Amy Jade Winehouse (1983-2011), considerada a precursora da Nova Invasão da Música Britânica e responsável pela ressurreição da soul music nos anos 2000. O inédito em vinil “Live at Glastonbury 2007” exibe a devastadora performance da cantora no Pyramid Stage do festival que a consagraria em definitivo. Aos 24 anos, a bordo de um contralto poderoso, sombra negra sublinhando os olhos, roupa invariavelmente curta, um monumental penteado colmeia, Amy, literalmente, sacudiu o planeta.

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Seu segundo disco, “Back to black”, foi o mais vendido do mundo em 2007, com seis milhões de cópias. No Grammy Awards do ano seguinte, ela passou o rodo: cinco troféus, a mais premiada de seu país até então. Filha de um motorista de taxi e cantor amador, ela se inspirou na avó, Cynthia, que a criou após o divórcio dos pais e incentivou sua vocação.

Seu primeiro disco, “Frank”, de 2003, tinha um viés jazzístico e algumas músicas admitidas no show de Glanstombury. Uma delas, “Cherry”, uma bossa pop com Amy em tom coloquial. A outra é “Fuck me pumps”, de letra explícita, como promete o título. “Frank” vendeu três milhões de cópias (60 mil no Brasil, Disco de Ouro) e valeu a comparação com divas negras como Erika Badu, Macy Gray e até Billie Holiday.

Mas a virada viria com o seguinte “Back to black”, cujo repertório é a base da apoteótica apresentação de Glanstonbury.  As turbulências pessoais inspiraram o roteiro. Em especial, a separação do companheiro, Blake Fielder-Civil, responsável por sua imersão em drogas mais pesadas. A faixa- título, “Back to Black”, com Amy brandindo a voz amarfanhada, é de arrepiar. Embora sugira o duplo sentido de assinalar a volta da black music, a letra crava o fim do romance com o ex-namorado. A também confessional “You no I’m no good” (“eu chorei por você no chão da cozinha”) agita uma balada soul clássica, fisgada por sopros, como a desiludida “Love is a losing game” (“o amor é um jogo perdido/ que eu gostaria de nunca ter jogado”).

O repertório tem ainda dois covers, “Cupid” (1961), do papa soul Sam Cooke em levada reggae, e “Valerie” (2006) do grupo Zutons, apoiada em pontuação incisiva de baixo e suporte de teclados, onde Amy solta o vozeirão no final abrasivo do show, iniciado pela invocada autoral “Addicted”: “Diga a seu namorado/ para comprar sua própria erva e não usar a minha”. Em “Tears dry on their own”, a letra alfineta: “Eu tinha que ser a minha melhor amiga/ e não ficar louca por causa de caras idiotas”.

Piano doo-wop, citações de mestres soul como Ray Charles, a autoral “Rehab” com seu refrão poderoso (“Eles tentaram me fazer ir para a reabilitação/ mas eu disse não, não, não”) é o maior sucesso da cantora, e também seu libelo contra as forças que acabariam derrotando seu corpo. Embora a alma de sua arte permaneça cada vez mais viva.

por Tárik de Souza

Foto: Divulgação


Sobre o Clube do Vinil:

A Universal Music é detentora de um dos mais extensos catálogos da indústria fonográfica, incluindo os mais populares artistas e suas gravações realizadas nos últimos 100 anos. A curadoria do Clube do Vinil é feita por ninguém menos que o produtor, pesquisador e músico Charles Gavin (baterista dos Titãs) e os textos de todos os encartes dos álbuns são assinados pelo prestigiado crítico musical e jornalista Tárik de Souza, que relata detalhes e curiosidades sobre cada um dos discos.


Agradecimento: Universal Music Brasil

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