Translate

13 de abril de 2024

Exciter - Jai Club - São Paulo/SP

Foto: Paula Cavalcante

 

Exciter - Jai Club - São Paulo/SP - 06 de abril de 2024


Por Roberio Lima

Fotos: Paula Cavalcante


Para que seja feito um relato honesto sobre o ocorrido nas dependências do Jai Club no último dia 06 de abril, é preciso voltarmos, pelo menos, quarenta anos no tempo – mais precisamente para 1983. Foi nesse ano que Dan Beehler, Allan Johnson e John Ricci, conceberam uma das principais pérolas do ‘speed metal’. Falo do seminal álbum 'Heavy Metal Maniac', um dos discos mais influentes do estilo, e que tem seus quarenta anos de existência celebrados com uma longa turnê que já passou por vários países, e que finalmente chegou ao Brasil para três datas concorridíssimas nas cidades de Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e São Paulo (SP). Não é de hoje que o Exciter é adorado pelos headbangers brasileiros, e não por acaso, já estiveram no país em outras oportunidades, sendo a mais emblemática no ano de 1986, quando fizeram uma turnê com o Venom (esse que é até hoje um dos acontecimentos mais marcantes da história de shows de heavy metal já realizados no Brasil). Dessa vez, os canadenses anunciaram os americanos do BAT – ‘Power trio’ formado por integrantes do Municipal Waste, como banda de abertura no giro sul-americano. 

Ainda com o pescoço dolorido, e com espirito em êxtase - nas próximas linhas, compartilharei com o raríssimo leitor alguns momentos do que rolou em mais uma celebração ao `heavy/speed metal´! 

“Sold out!” - A expressão em inglês, estampou os cartazes do show de São Paulo, situação que inevitavelmente frustrou muitos que não conseguiram comprar ingressos, e que em contrapartida intensificou a adrenalina dos que garantiram o acesso para o evento.  O sábado a tarde nas imediações do metrô Ana Rosa se transformou em um desfile de coletes recheados de ‘patches’, tênis cano alto, calcas jeans apertadas e camisetas de bandas clássicas (com destaque para a predominância das camisas do Exciter!). 

Pontualmente as 17h30, a primeira banda escalada para abrir o evento subiu ao palco. O Inferno Nuclear, formado no estado do Pará, e totalmente reformulado, conta hoje com Leandro Kronnos (baixo), Marcos Luz (bateria) e Leonardo Garcia (guitarra), e que traz nos vocais o ‘frontman’  Wellington Freitas – único integrante da formação original. Os caras mandaram ver com um setlist curto, mas muito eficiente! Tendo como base o primeiro disco 'Diante de um Holocausto' (2021), sons como “Evitamos a vida, Provocamos a morte”,  “Anarquia” e “Unidos pelo Underground”, foram os destaques de uma apresentação coesa e na raça, como só as bandas nacionais conseguem nos proporcionar. 

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante


O Hellway Train, foi a próxima banda a assumir o pequeno espaço no palco destinado as bandas de abertura. Com uma sonoridade voltada para o metal tradicional, e com o recém lançado debut 'Borderline' (2024), não fizeram feio diante de uma audiência que já se fazia presente em bom número. O destaque ficou por conta de Marc Hellway, responsável pelos vocais e pela atuação performática, se utilizando de apetrechos inusitados e com uma voz poderosa, fez a alegria dos `headbangers` mais ortodoxos.   Mais uma daquelas formações que enaltecem o underground! 

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante


O BAT é uma daqueles casos em que o time já assume a partida com o jogo ganho. A formação conta com Ryan Waste (baixo e vocal), Nick Poulos (guitarra) - (ambos são guitarristas do Municipal Waste) e Chris Marshall (bateria). O som cru e agressivo dos caras, tem como principais ingredientes o punk e o metal, regado por uma camada de sujeira proveniente dos porões mais fétidos do submundo metálico. O novo disco intitulado 'Under the Crooked Claw' tem previsão de lançamento no Brasil para maio desse ano em uma parceria Shinigami Records/Nuclear Blast. 

Com a casa praticamente lotada, e o publico ensandecido, o trio colocou fogo no recinto com um setlist matador! “Ritual  Fool” foi senha para que pescoços e corpos se desprendessem das almas penadas que se debatiam em uma verdadeira catarse.  Do disco novo figuraram no repertório “Rite For Exorcism” e “Streetbanger” – o que já é mais que suficiente para sabermos que essa “bolachinha” não irá decepcionar os puristas. Sem tempo para muitas firulas , o que prevaleceu foi a crueza e rispidez sonora que se materializaram de forma arrebatadoras nas já clássicas “Wild Fever” e no ‘gran finale’ com “BAT”. O show foi tão impressionante, que a certa altura Allan Johnson e Daniel Dekay do Exciter, se aproximaram do palco para conferir de perto o desempenho dos amigos. Estou certo que o retorno do BAT por esses lados não vai demorar para acontecer. O estrago já foi feito, e dessa forma, só nos restou aguardar para mais doses de caos! 

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante


O relógio mostrava que estávamos próximos das 21h, horário programado para que o momento mais esperado da noite finalmente acontecesse. Os últimos ajustes foram feitos nos equipamentos, e o publico  não se conteve quando Dan Beehler checou pessoalmente seus instrumentos (bateria e microfone), para alguns minutos depois despejar sobre a audiência uma avalanche de clássicos. 

Já adianto que o set foi concentrado nos quatro primeiros discos da banda, o que corresponde ao suprassumo do que foi produzido pelos canadenses no decorrer desses quarenta e poucos anos de história. Quando o início de “Stand Up and Fight” começou a rolar nos auto falantes, foi impossível conter a emoção.  A massa humana que tomou os espaços do Jai Club, não aguentou o baque, e logo que “Heavy Metal Maniac” foi apresentada por Beehler e Cia., o refrão como era de se esperar, foi cantado em uníssono! Da formação responsável pela obra prima definitiva do Speed Metal, só não esteve presente John Ricci, que deixou a banda em 2018, e foi substituído pelo carismático e talentoso Daniel Dekay. Depois da dobradinha avassaladora de abertura, “Breakdown the Walls” do álbum “Unveiling the Wicked” (1986) fez a ponte para que mais um clássico do disco  H.M.M. fosse apresentado ao público. E tome “Iron Dogs” na cabeça!! 

Entre uma música e outra, os músicos cuidavam da hidratação, pois a temperatura só aumentava naquela altura dos acontecimentos. Dan Beehler derramava cerveja na goela na mesma velocidade em que as músicas eram apresentadas, e vez ou outra compartilhava uma latinha com alguns sobreviventes que se espremiam em frente ao palco. Após um breve solo de guitarra - tempo suficiente para que Beehler e Allan Johnson recuperassem o fôlego, e na sequencia revisitassem o álbum 'Long Live the Loud' (1985) com “Beyond the Gates Of Doom” , e mandassem em seguida “Violence and Force” do álbum de mesmo nome, lançado no ano de 1984. No final das contas, tudo que é bom dura pouco, ou dura menos do que gostaríamos. O encerramento se deu com “Iron Fist” do Motörhead, e dessa vez foi Ryan Waste, que naquele momento acompanhava da lateral do palco a apresentação do canadenses, não se conteve e se juntou aos músicos para fazer os backing vocals no clássico de Lemmy Kilmister. Por fim, Ryan e  Daniel Dekay deram o famoso ‘Stage Diving’ no meio do público para fechar com êxito a noite que beirou a perfeição em todos os aspectos. 

Músicos, produção e público foram os responsáveis pelo sucesso absoluto da noite que não sairá da memória daqueles que estiveram no Jai Club – todos que ali estiveram, são indiscutivelmente heavy metal maníacos! 

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante


Setlist Exciter:

Stand Up and Fight

Heavy Metal Maniac

Breakdown the Walls

Iron Dogs

Evil Sinner

Feel the Knife

Die in the Night

Living Evil

Pounding Metal

Guitar Solo

Beyond the Gates of Doom

Violence & Force

Long Live the Loud

Iron Fist (Motörhead cover)


Agradecimentos à LP Metal Press e Xaninho pelo credenciamento e Jai Club pela atenção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário