Destaques

Translate

1 de dezembro de 2025

Metallica rouba a cena no Grande Prêmio do Catar de F1

Foto: F1 / Instagram 


O Metallica causou grande entusiasmo no paddock com sua marcante presença no Grande Prêmio do Catar de F1.

Com o evento altamente aguardado atraindo um fim de semana repleto de celebridades, os membros do Rock & Roll Hall Of Fame estavam entre os grandes nomes que chegaram ao Circuito Internacional de Lusail para testemunhar o auge do automobilismo.

Foo Fighters lançam videoclipe animado para cover do clássico natalino de Chuck Berry, "Run Rudolph Run"

Foto: Reprodução / YouTube

Em 2020, o Foo Fighters lançou um cover do clássico natalino de Chuck Berry, "Run Rudolph Run", como um single original da Amazon, disponível na plataforma Amazon Music.

Cinco anos depois, Dave Grohl e sua banda compartilharam um videoclipe animado oficial para sua versão, uma canção natalina barulhenta e cheia de energia.

30 de novembro de 2025

Em sua terceira passagem pelo Brasil, James realiza um show com potência musical e grande conexão com o público

Foto: João Zitti 


James – Audio - São Paulo/SP - 13 de novembro de 2025


Por João Zitti (@joaozitti.work)

Fotos: João Zitti (@joaozitti.work)


Ícones da música alternativa, a banda britânica James realizou no mês de novembro sua terceira passagem pelo Brasil, em mais de 40 anos de existência e pouco mais de um ano após sua apresentação no Rock in Rio de 2024. Em turnê pela América Latina, o grupo dedicou dois dos cinco shows para o solo nacional, sendo Curitiba (12 de novembro) e São Paulo (13 de novembro) as cidades escolhidas. 

A apresentação (segunda e última no país) ocorreu na Audio, localizada na Barra Funda e em frente ao parque da Água Branca. Na noite, o grupo enfrentou o grande desafio de bater de frente com o show conjunto do Cavalera Conspiracy e de Massive Attack, que ocorreu ao mesmo tempo no Espaço Unimed (praticamente do lado da casa de shows). Surpreendentemente, isso não afetou em nada na presença de público, que lotou os dois andares do local. Marcada para as 21h, o show enfrentou um atraso de mais de 20 minutos, o que foi sentido por parte do público (que reclamou pontualmente sobre a situação), mas justificado pelo trânsito caótico do dia. Inclusive, uma parte considerável dos fãs chegou atrasada, então a demora no início da apresentação não pesou tanto no saldo final, sendo rapidamente esquecida quando o grupo subiu ao palco. 

Se tivesse que dividir a performance, separaria ela em três partes. A primeira, o início, foi excelente: a euforia foi o sentimento que definiu a atmosfera do local, com a execução de algumas canções muito conhecidas pelos fãs, como “She’s a Star”, “Waltzing Alone” e “Say Something”. O vocalista Tim Booth, inclusive, desceu do palco para ficar colado com os fãs na grade, cantando diretamente para o público e criando momentos que, certamente, foram marcantes para a plateia. Isso tudo foi ainda mais intensificado pelo grande carisma do cantor, que esbanjou simpatia e fez questão de, desviando dos vários celulares, olhar no fundo dos olhos de cada um que estava no local prestigiando a apresentação. 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 


A segunda parte, porém, trouxe uma queda como um todo: o grupo, conhecidamente experimental, optou por tocar algumas músicas menos conhecidas e, de um modo geral, mais longas. Tecnicamente falando, não há do que reclamar, visto tamanha complexidade musical e infinidade de camadas instrumentais nas faixas, com algumas das canções chegando a se tornarem quase que paisagens sonoras. Isso se tornou ainda mais impressionante pelo fato de terem sido executadas totalmente ao vivo, o que mostrou a enorme sincronia entre os membros do grupo (que são muitos, diga-se de passagem). Porém, técnica não é sinônimo de entretenimento, e isso ficou bem claro durante esse trecho, em que grande parte da plateia ficou mais morna. 

O terceiro ato, em contrapartida, levantou e muito o ânimo da casa. A banda, sabiamente, optou por tocar a grande maioria de seus sucessos na reta final do show, dividindo os vocais com o vivíssimo coro do público em canções como, por exemplo, “Sit Down” (argumentavelmente o maior hit da banda), um momento mágico na noite e que, por si só, teria sido um excelente encerramento para a apresentação. No bis, o grupo inglês optou por executar as músicas “Getting Away With It (All Messed Up)”, um dos pontos altos da noite para grande parte do público (inclusive para mim), e “Laid”, do disco de mesmo nome, arrancando aplausos emocionados dos fãs. Nessa reta final, o guitarrista do grupo decidiu dedicar “Getting Away With It (All Messed Up)” ao Brasil como um todo, e expressou sua vontade de, em um próximo retorno ao país, tocar em um estádio-arena. Ainda que não tenha tanta certeza em relação a esse aumento de proporções, o grupo certamente merecia um lugar maior para se apresentar, como, por exemplo, um Tokio Marine Hall, mas vamos ver o que o futuro reserva. James manifestou sua vontade de retornar ao país em breve, e a ideia certamente foi abraçada pelos fãs da banda, que certamente agradeceriam uma quarta passagem pelo país. 

Com quase 20 músicas no total, a banda James se apresentou com um setlist irregular, mas que mesmo assim foi superado por uma técnica musical excepcional, a presença de hits icônicos e um carisma gigantesco, se conectando com o público com sinceridade e maestria.  

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 


SETLIST:

01. She’s a Star 

02. Waltzing Alone 

03. Say Something 

04. Way Over Your Head 

05. Attention 

06. Five-O 

07. Shadow of a Giant 

08. Born of Frustration 

09. Come Home 

10. Stay 

11. P.S. 

12. Out to Get You 

13. Heads 

14. Beautiful Beaches 

15. Sit Down 

16. Sound 

17. Tomorrow 

18. Getting Away With It (All Messed Up) 

19. Laid 


Agradecimento à Catto Comunicação pelo credenciamento e atenção 

Marduk e Torches of Nero: a blitz sueca finaliza em São Paulo a turnê latino-americana em comemoração aos 35 anos de banda

Foto: Rafael Cunha Procópio 


Marduk - Manifesto Bar - São Paulo/SP - 02 de novembro de 2025


Por: Rafael Cunha Procópio

Fotos: Rafael Cunha Procópio (@rafaelcprocopio)


As luzes profanas do black metal descenderam no Novo Manifesto para coroar o primeiro fim de semana de novembro. Entre as tochas do imperador romano e a luz do deus supremo da Babilônia, o fiel público paulista do metal obscuro presenciou duas apresentações bem distintas entre si, mas que mostraram a vastidão do gênero entre blasfêmia, misantropia e belicosidade.

O trio gaúcho do Torches of Nero iniciou a noite com seu blasfemo ritual de máscaras, dividido em dois blocos, equilibrando o setlist com músicas inéditas – foco da primeira parte – e outras já divulgadas pela banda – que prevaleceram na segunda metade do show. Produtores de um black metal cru e bem calcado nas duas primeiras ondas, apesar de o som remeter mais claramente às bandas europeias continentais da década de noventa, o Torches of Nero não deixar de reverenciar os expoentes europeus e brasileiros da primeira onda, como os suíços Hellhammer e Celtic Frost, os ingleses Venom e os brasileiros Sarcófago, Vulcano e Holocausto.

Baal Seth Penitent (ou Santiago, para os mais chegados) conduziu o baile macabro com maestria, introduzindo a maior parte dos sons com breves discursos ácidos contrários à dogmática judaico-cristã. Interessante notar como nada do figurino parece ser mero acaso. No primeiro bloco, a máscara de Baal Seth personificou o deus Pã, possivelmente como meio de introduzir o novo som rústico da banda – tal qual teria feito o deus camponês na Grécia Antiga. O anticristianismo, mote principal da entidade Baal, estava presente em várias faixas dessa primeira parte, tais como Blessed be the lepers that Yeshua didn’t cure; The rat; Hosana Iscariot e Rotting corpse of Christ (and the whore impaled).

A máscara mais enigmática e despersonificada do segundo bloco entrou em maior sintonia com as usadas pelo baterista Antimater e baixista Blackpest – em minha opinião, a de maior destaque, um demônio despersonificado com crucifixos invertidos para ornamentar sua malignidade. Ainda calcado no tom crítico aos dogmas religiosos, os gaúchos tocaram Mokk – do seu primeiro EP, de mesmo nome –; Hate Mokking Abrahamaggedon e The Key of Denial. O show foi finalizado com a música The Sower of Darkness, composta em homenagem a Euronymous e com sonoridade claramente inspirada no Mayhem. Nessa noite, foi dedicada ao Venom e aos 43 anos do álbum Black Metal, completados no mesmo dia.

Após mais de uma hora de espera, chegou a vez de o público presenciar a máquina de guerra do Marduk. Similar à estratégia de guerra relâmpago alemã, a falta de um anúncio claro sobre a hora do show parecia testar os nervos dos presentes. Sem saber se os suecos tocariam às 21h, 21h30 ou 22h, a expectativa era quase palpável. Por fim, as primeiras bombas de abertura do clássico Panzer Division Marduk começaram a rolar nos PAs do Novo Manifesto às 21h35. Pelos próximos 30 minutos, o álbum foi tocado na íntegra, seguindo a ordem do tracklist original de 1999 de forma impiedosa.

Ainda que a voz visceral de Erik “Legion” Hagstedt seja insubstituível, o vocal mais grave de Daniel “Mortuus” Rostén tem o mérito de, ao vivo, transmitir com maior precisão a urgência e a belicosidade dos temas de guerra que se tornaram a marca registrada do Marduk ao longo das décadas e após os primórdios da banda tocando death metal e perpassando as temáticas anticristãs usuais nas origens do black metal. Os meus destaques pessoais de sua performance foram Baptism by Fire; Scorched Earth; 502 e Fistfucking God’s Planet. Por algum motivo oculto – seja o cansaço da extensa turnê, seja algum problema técnico de retorno do som que eu particularmente não captei –, o vocalista teve diversos arroubos de mau humor e descontou o descontentamento no pedestal do microfone, diversas vezes lançado ao chão ou na direção do (também músico) roadie da banda. Fica a nota de que similar desrespeito que não se justifica em qualquer caso.

Foto: Rafael Cunha Procópio 

Foto: Rafael Cunha Procópio 

Foto: Rafael Cunha Procópio 


A tríade instrumental da banda merece igual menção pela precisão, volume e peso na execução das músicas. A sintonia da dupla de Simons – Wizén no baixo e “Bloodhammer” Schilling na bateria –, que já estava presente na última passagem da banda em 2023, ficou ainda mais evidente dessa vez. Mesmo com o volume da bateria se sobrepondo um pouco aos demais instrumentos, o desbalanceamento não chegou a prejudicar a audição geral. O codinome “martelo de sangue” do baterista tem motivo de ser, porque, se as peles da bateria sangrassem às marteladas sofridas ao longo do set completo, certamente as baquetas sairiam tingidas do mais rubro vermelho. A técnica e desenvoltura em músicas como Panzer Division Marduk; Beast of Prey; Blooddawn e, claro, Blond Beast – que encerrou o show – impressionaram.

Presenciar o Morgan “Evil” Håkansson, fundador e mentor do Marduk, ao vivo é um espetáculo a parte. Apesar da postura mais contida do lado esquerdo do palco, o homem é uma máquina de riffs monumentais do mais escuro e perverso metal, tirando o exercício de resistência e estamina (talvez aí mais um motivo para a sua camiseta referenciando a Revolta de Varsóvia de 1944). As suas composições falam por si só, então ele sequer precisa dividir a atenção com o frontman. A velocidade das suas palhetadas hipnotiza e Morgan atua como o regente da invasão diabólica sob o irônico banner do deus babilônico da luz. Exemplo claro é a igual atenção que as linhas de guitarra receberam do público brasileiro ao mesmo tempo em que os presentes cantavam em uníssono os refrões de Christraping Black Metal e Fistfucking God’s Planet.

Passados alguns poucos minutos, a banda voltou ao palco para terminar a destruição sonora com um sobrevoo pelos 35 anos de carreira. O (também breve) segundo bloco contou com seis músicas, sendo duas da fase Mortuus no vocal. Those of the Unlight abriu os caminhos com um black metal mais cru e tradicional, sendo seguida por With Satan and Victorious Weapons, que conta com um exímio trabalho de guitarra de Morgan. A referência ao trabalho mais recente da banda veio na forma da cadenciada Shovel Beats Sceptre, uma soturna marcha fúnebre regida pelas seis cordas de Morgan e pelas cordas vocais de Daniel, tão implacável e inevitável quanto o chamado à morte.

Sendo ou não a faixa do disco Memento Mori a representante da Morte do tripé conceitual “Blood, Fire, Death” em substituição ao La Grande Danse Macabre – disco que originalmente fechou essa trilogia conceitual do Marduk –, fato é que o ícone do Sangue também se fez presente com Slay the Nazarene, fechando o círculo iniciado com o Fogo do disco Panzer Division Marduk. Já se encaminhando para o fim da apresentação, The Black... foi o único aceno ao primeiro disco da banda, uma música com toques de death metal, mas que ao vivo ganha uma roupagem mais soturna e próxima do black metal que a versão original de estúdio.

Foto: Rafael Cunha Procópio 

Foto: Rafael Cunha Procópio 

Foto: Rafael Cunha Procópio 

Foto: Rafael Cunha Procópio 


O coro gritado de “Marduk” precedeu a execução do hino moderno Blond Beast, com o seu ritmo guiado por guitarra e bateria capaz de injetar a energia final em todo um batalhão (ou seria legião?) de almas sem luz em marcha pelas planícies manchadas de terror, sangue e negror. Pena que esta foi, de fato, a faixa final do show. Com um misto de sabor agridoce e confusão da casa, equipe e público, as luzes apagadas perduraram por mais alguns minutos antes de finalmente serem acesas sem a execução da esperada Wolves. Apesar de ela sequer constar na versão impressa do setlist, ela era antecipada pelo público brasileiro, pois foi tocada nos demais shows dessa turnê latino-americana.

Voltando às palavras de abertura, é interessante notar como a performance dos suecos do Marduk, despida de que quaisquer adereços de palco e contando apenas com uma iluminação que durante a maior parte do show é bastante escura, se diferencia da ritualística performada pelos brasileiros do Torches of Nero. Cada um ao seu modo revela as distintas faces do metal negro, mostrando o quão amplo é o terreno tocado pela escuridão do black metal.


Agradecimento ao Manifesto Bar pelo credenciamento e atenção 

Cro-Mags - Burning House - São Paulo/SP

Foto: Roberio Lima 

Cro-Mags - Burning House - São Paulo/SP - 08 de outubro de 2025


Por: Roberio Lima

Fotos Roberio Lima


Antes de nos atermos aos fatos relacionados a última passagem do Cro-Mags por São Paulo, gostaria de registrar nesse espaço, como “descobri” a banda, e o quanto sua obra foi impactante desde então na vida desse que vos escreve. Já me adianto em dizer que não há nada demais nessa história, mas acredito que os mais de trinta anos transcorridos desde a minha tórrida adolescência, ainda produzem uma fagulha de jovialidade em uma existência que já flerta descaradamente com a iminência do ‘fim’.  

O Fúria Metal, exibido na extinta MTV, era meu programa favorito na década de noventa, e em uma das memoráveis edições apresentadas pelo VJ Gastão Moreira - onde sua curadoria de videoclipes era o grande barato da atração – uma banda em especial me chamou a atenção - e foi justamente o  Cro-Mags com “We Gotta Know” - do clássico álbum “The age Of Quarrel”, lançado no ano de 1986, e que na época, me causou assombro! As imagens e a violência sonora contida em menos de quatro minutos de duração daquele videoclipe, já foram suficientes para que a experiência ficasse impregnada no meu imaginário pelos anos seguintes. Desde então, ansiava pela possibilidade de conferir ao vivo o poder de fogo da banda, e eis que no ano de 2025 finalmente consegui realizar mais esse sonho! 

O local definido para receber o show de Harley Flanagan e seus comparsas, foi a Burning House, muito próxima da estação de trem Água Branca, e que tem recebido shows de diversas bandas internacionais nos últimos meses. Uma quantidade considerável de ingressos foi vendida com antecedência (estamos falando de uma quarta-feira à noite!), e mesmo com garoa e trânsito intenso na cidade, o público foi ocupando os espaços do Burning House de forma gradativa, pois o primeiro ato da noite, contaria com a aparição do Paura, banda que dispensa apresentações e que já é figura carimbada nesse tipo de evento. Para corroborar essa afirmação - de dois anos para cá, já testemunhei aparições dos caras, dividindo o palco com nomes como Madball, Gorilla Biscuits e Rise Of The North Stars - só para ficar nesses três nomes! Por isso, é desnecessário enfatizar o grau de importância dessa instituição do hardcore paulistano. Sem muitas delongas, pouco depois das 19h30m, abriram os trabalhos com a visceral “No Hard Feelings!? Fuck You!”. O público se mostrava acanhado naquele início de apresentação, fato prontamente percebido pelo experiente vocalista Fabio Prandini, que por sua vez, incitava os presentes a participarem do mosh. A faixa “Karmic Punishment” - música que abre o mais recente lançamento da banda, e que já se tornou presença obrigatória no setlist dos shows, deu sequência aos trabalhos, e ajudou a ambientar a audiência naquele momento. 

Foto: Roberio Lima 


A segunda metade da apresentação, estabeleceu um teor ainda mais agressivo para canções que eram apresentadas - fato que culminou em uma aparição furiosa de Felippe Max em “N.W.A. (Never Walk Alone)”. Aliás, Felippe, minutos antes de fazer sua participação no show da banda, engrossava a movimentação no mosh em frente ao palco. A apresentação já se encaminhava para o fim, mas ainda houve tempo para um cover de “Sailin´On” do Bad Brains , e culminou no encerramento com “History Bleeds” do álbum homônimo, lançado em 2010. O Paura, mais uma vez, deixou sua marca em uma apresentação intensa e brutal. Dessa forma, não há como negar a importância de seu legado para o hardcore nacional. 

Que continuem contribuindo com a cena e proporcionando entretenimento do mais alto nível para um coletivo sedento por agressão sonora! 


Setlist Paura: 

No hard Feelings!? Fuck You!

Karmic Punishment

Last Response 

Urban Dacay 

Reverse the Flow 

For Each Dead One / Scars Of Life 

Level of Maturity 

Time Heals No Wounds 

N.W.A. (Never Walk Alone) 

Sailin´On (Bad Brains cover) 

History Bleeds 

Foto: Roberio Lima 


O público já se fazia presente preenchendo todos os espaços do Burning House, pois dali a alguns instantes, o palco seria ocupado por um personagem lendário do hardcore mundial. A última vez que o Cro-Mags esteve no Brasil, onde se apresentou no extinto Clash Club, contava com os vocais de John Joseph, mas diante das disputas judiciais envolvendo os integrantes da formação clássica, eis que a encarnação mais recente da banda conta com Harley Flanagan nos vocais (e no baixo!), sendo esse o único integrante da formação original.  

Já estávamos próximos das 21h, quando Supla (sim, exatamente esse que você pensou!), subiu ao palco para anunciar a grande atração da noite. Naquele instante a audiência já estava extasiada com a iminência de mais uma aula de moshs e stage dives! Dessa forma, Harley Flanagan assume seu lugar no palco munido de um cigarro da “erva maldita”, e ao mesmo tempo em que deu um trago caprichado no “cigarrinho”, cumprimentou rapidamente os paulistanos, e já emendou a introdução mortal de “We Gotta Know” - Nem preciso descrever o alvoroço instaurado naquele espaço, e que momento meus amigos! Imediatamente fui transportado no tempo de volta aos meus quinze anos, mais precisamente para o período em que descrevi na abertura desse texto. 

Foto: Roberio Lima 


Quando o pandemônio se instaurou de vez, foi necessário que dois seguranças se posicionassem em frente ao palco para conter o frenesi que dominava o lugar. Muitos não entenderam que a atitude tinha como objetivo preservar a integridade física dos músicos e do público, mas ainda assim, houve indignação generalizada por aqueles que só queriam “dar um mergulho” do palco. Enquanto isso, Flanagan, soava em bicas ao mesmo tempo em que destilava as músicas do repertorio - que priorizou os dois primeiros trabalhos da Cro-Mags, sendo o já citado “The age Of Quarrel” e o segundo disco “Best Wishes”, lançado em 1989. Além do Flanagan, o Cro-Mags conta em sua atual formação com Dom DiBebedetto (guitarra), Christian Lawrence (bateria) e Dave Sharpe (guitarra).

Por fim, preciso dizer que o show foi exatamente o que se esperava, e em termos de diversão, estará entre os melhores na memória dos que compareceram ao evento. Definitivamente, ver e ouvir clássicos do quilate de “World Peace”, “Show You No Mercy” ou “Hard Times” - já valem qualquer eventual hematoma - que servirá no final das contas - como um souvenir de uma vivência destinada somente para alguns destemidos sobreviventes.  

Foto: Roberio Lima 

Foto: Roberio Lima 


Setlist Cro-Mags: 

We Gotta Know 

My Life 

Crush the Demoniac

Malfunction

Show You No Mercy

World Peace

Hard Times

The Only One

Down but Not Out

Apocalypse Now

Then and Now

These Streets 

No One’s Victim


Agradecimento a Tedesco Comunicação e Midia  pelo credenciamento e atenção