Foto: Alexandre Veronesi
Neil Turbin - Jai Club - São Paulo/SP - 23 de abril de 2023
Por: Alexandre Veronesi
Fotos: Alexandre Veronesi
Um dos principais assuntos que circundaram o meio do Heavy Metal nos últimos meses foram os badalados festivais Monsters Of Rock e Summer Breeze, o que é perfeitamente justificável, considerando a abrangência e relevância dos mesmos. Todavia, não podemos jamais nos esquecer das origens, ou seja, do lugar onde tudo isso começou: o underground. No último dia 23 de Abril, um domingo, o Jai Club, pequena casa de shows localizada na Vila Mariana (capital paulista), recebeu NEIL TURBIN, a voz original do Anthrax, em sua primeira visita a terras tupiniquins, com abertura das bandas HAMMATHAZ, AZUL LIMÃO, SELVAGERIA, WARSICKNESS e VINGANÇA SUPREMA.
Às 16hs foi dado o pontapé inicial do evento, com a apresentação do VINGANÇA SUPREMA. O grupo, formado por Alason Roar (vocal), Leandro Wild (guitarra), Everton (guitarra), Rubão (baixo) e Luiz Andrade Vidal (bateria), pratica um Thrash/Speed Metal 100% calcado na velha escola do gênero, e cantado inteiramente em português. Quem chegou cedo ao local pôde conferir uma banda que toca com imensa fúria, onde todos os elementos trabalham em prol de uma sonoridade crua e orgânica, exatamente dentro do que é proposto, sem excessos ou exageros. O set, reduzido, contou com temas dos dois discos do quinteto - "Massacre Final" (2013) e "Mundo Apocalíptico" (2018) - como "Prepare-se para Matar", "Terror", "Tormento Real", "Insanidade Mental" e "Nascido para Matar". Foi, inegavelmente, um ótimo aquecimento para o que viria a seguir.
Setlist:
01 - Intro
02 - Prepare-se para Matar
03 - Terror
04 - Soldados do Metal
05 - Tormento Real
06 - Massacre
07 - Insanidade Mental
08 - Nascido para Matar
09 - Vingança Suprema
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| Foto: Alexandre Veronesi |
Em menor proporção, mas assim como o seu antecessor, o WARSICKNESS performou para um público ainda pequeno. Entretanto, vale ressaltar que este detalhe em nada prejudicou a enérgica apresentação de Diogo Moreschi (vocal), Carlão (guitarra), T.J. (guitarra), Pinguim (baixo) e Guilherme (bateria), que destilaram o seu intenso Thrash Metal tradicional por meio das canções "Do You Remember Your Death?", "Baptism By Beer", "Warsickness", "Black Army" e "Evil Christ". É bastante clara a influência dos alemães do Tankard para a banda - especialmente no que tange às letras - além de outros ícones como Exodus, Kreator e Vio-lence, mas não posso deixar de citar também que, aos meus ouvidos, os vocais de Diogo em muito se assemelham a Pedro "Poney Ret", vocalista do Violator (este foi um comentário positivo, apenas para o caso de ter deixado alguma dúvida). O encerramento do baile ficou por conta da pancada "Alcoholic Brain", canção bastante pedida e aclamada pelos fãs presentes.
Setlist:
01 - Do You Remember Your Death?
02 - Baptism By Beer
03 - Warsickness
04 - Black Army
05 - Evil Christ
06 - Alcoholic Brain
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Quando penso no underground nacional, uma das primeiras bandas que me vêm à cabeça é o SELVAGERIA. Agora em configuração de trio, o grupo formado por César "Capi" (guitarra), Tomás Toloza (baixo) e Danilo Toloza (bateria e vocal) iniciou a sua trajetória em 2005, executando um Heavy/Speed Metal cantado em português, com letras simples e de fácil assimilação - que remetem diretamente ao que era feito no Brasil durante os anos 80 - angariando assim, ao longo dos anos, uma legião de admiradores, e não à toa se mostrou uma das atrações mais celebradas do dia. "Metal Invasor", "Trovão de Aço", "A Maldição", "Na Lâmina da Foice", "Cinzas da Inquisição" e "Hino do Mal" foram alguns dos sons que colocaram o Jai Club abaixo, e a ausência de um frontman em pouco ou nada importou, pois o baterista Danilo segurou as linhas vocais com bastante competência - inclusive nos momentos agudos, que são uma das características primárias da banda. Mais um baita show desse verdadeiro patrimônio da cena Metal paulistana!
Setlist:
01 - Metal Invasor
02 - Trovão de Aço
03 - Selvageria
04 - A Maldição
05 - Na Lâmina da Foice
06 - Águias Assassinas
07 - Cinzas da Inquisição
08 - Cavaleiro da Morte
09 - Hino do Mal
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| Foto: Alexandre Veronesi |
Último nome a ser incluído no line-up do evento, o AZUL LIMÃO e seu pioneirismo dentro do nosso meio dispensam maiores apresentações. Fundado no longínquo ano de 1981, o grupo carioca enfrentou alguns problemas técnicos no palco, mas isso não impediu que a banda fizesse um show espetacular para o ensandecido público de São Paulo. Renato "Trevas" Stefani (vocal), Marcos Dantas (guitarra), André Delacroix (baterista), e o músico convidado Lucas Chuluc (baixo) - que substituiu Vinícius Mathias na ocasião - executaram um curto e vigoroso setlist, mesclando clássicos de sua carreira, como "Rotina", "Sangue Frio" e "Não Vou Mais Falar", com as recentes "Na Pressão", "Nunca Se Renda" e "Coração de Metal" (cover do lendário Stress). Com grande presença, o quarteto não demorou a ter a plateia nas mãos, muito por conta do carisma de Dantas, Delacroix e do hiperativo Trevas - há de se aplaudir também a performance de Chuluc, que mesmo com pouco tempo para preparo e sem um ensaio sequer, realizou o trabalho de forma altamente competente. O encerramento, apoteótico, não poderia ser outro: "Satã Clama Metal" e "Vingança", dois verdadeiros marcos na história do AZUL LIMÃO, responsáveis por extrair as energias derradeiras dos headbangers presentes.
Setlist:
01 - Na Pressão
02 - Rotina
03 - Sangue Frio
04 - Nunca Se Renda
05 - Não Vou Mais Falar
06 - Coração de Metal (Stress)
07 - Satã Clama Metal
08 - Vingança
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| Foto: Alexandre Veronesi |
O último ato de abertura foi realizado pelo HAMMATHAZ, banda de Metalcore/Melodic Death Metal oriunda de Sorocaba/SP. Mesmo sofrendo certa resistência por uma parcela do público, que era majoritariamente composto por fãs do Metal "old school", Fernando Xavier (vocal), Thales Statkevicius (guitarra), Rodrigo Marietto (guitarra), Anderson Andrade (baixo), e Rian (bateria) - este último no lugar de Lucas Santos, que encontra-se em licença-paternidade - não se deixaram intimidar, e entregaram um show seminal em todos os quesitos. O repertório foi baseado no até então único trabalho de estúdio do quinteto, o ótimo "The One" (2020), por meio de porradas como "New Blood", "So It Comes", "Dear Death" e "Bringing Hell", com a adição da inédita "False Gods", e um correto cover de "Roots Bloody Roots", do Sepultura. Ao longo do set, diversas pessoas que haviam de início torcido o nariz, timidamente se aproximavam do palco para apreciar o som, tamanha a qualidade composicional apresentada e o domínio do estilo proposto, com técnica e refinamento, isso sem contar a boa presença de palco dos integrantes. Vale a pena ficar de olho nos próximos passos deste promissor quinteto.
Setlist:
01 - New Blood
02 - False Gods
03 - So It Comes
04 - Roots Bloody Roots (Sepultura)
05 - Dear Death
06 - Farewell
07 - Bringing Hell
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| Foto: Alexandre Veronesi |
Era chegada então a hora da atração principal do evento. Perante uma casa absolutamente tomada, o vocalista norte-americano NEIL TURBIN surgiu ao lado de sua competente banda de apoio, composta por músicos brasileiros, que foram selecionados a dedo para esta mini-tour por nosso país: Jaeder Menossi (Interstellar Experience, ex-Javali) e Thales Statkevicius (Hammathaz) nas guitarras, Bill Martins (Hellish War) no baixo, e Rafael Gonçalves (Brave) no comando das baquetas. Esbanjando simpatia e uma voz ainda bastante potente - alcançando com facilidade as notas mais agudas, mesmo no alto de suas 59 primaveras - TURBIN cumpriu a promessa de apresentar o clássico "Fistful Of Metal", que irá completar 40 anos de existência em Janeiro próximo, na íntegra, aproveitando a oportunidade para alfinetar os seus ex-companheiros de banda em diversos momentos, através de frases como "a próxima música vocês nunca vão ouvir em um show do Anthrax", que arrancaram risos e aplausos dos presentes.
Como é natural neste formato de turnê, houveram alguns pequenos deslizes por parte dos instrumentistas, provenientes do curto período disponível para ensaios e adaptações, o que não é nenhum demérito, visto que de maneira geral, a performance do time recém-formado foi bem acima da média, e visivelmente agradou a esmagadora maioria, incluindo o "patrão", que fez questão de exaltar a qualidade de seus novos companheiros por mais de uma vez.
O setlist, que não seguiu a ordem original de faixas do álbum supracitado, trouxe também da antiga banda de TURBIN "Armed And Dangerous", "Raise Hell" e "Gung-Ho" - composições das quais o cantor participou ativamente - além de um punhado de sons de seu atual grupo, Deathriders, como as eficazes "Give 'Em Hell", "Crimson Warrior" e "Fight To The Death". Mas, obviamente, a estrela da noite era o "Fistful Of Metal", e por consequência, o que de fato levou o público ao êxtase foi a execução de petardos do calibre de "Death From Above", "Howling Furies", "Subjugator", "Soldiers Of Metal", "Panic", e já na reta final, a avassaladora dobradinha "Deathrider" e "Metal Thrashing Mad", que sem sombra de dúvidas foi o ápice do show. Faltando pouco para o relógio marcar 23:00, centenas de metalheads puderam enfim deixar o Jai Club de alma lavada e um sorriso no rosto.
Setlist:
01 - Give 'Em Hell (Deathriders)
02 - Death From Above (Anthrax)
03 - Crimson Warrior (Deathriders)
04 - I'm Eighteen (Alice Cooper)
05 - Across The River (Anthrax)
06 - Howling Furies (Anthrax)
07 - Anthrax (Anthrax)
08 - Riders Of The Apocalypse (Deathriders)
09 - Armed And Dangerous (Anthrax)
10 - Hellride (Deathriders)
11 - Subjugator (Anthrax)
12 - Soldiers Of Metal (Anthrax)
13 - Raise Hell (Anthrax)
14 - Fight To The Death (Deathriders)
15 - Panic (Anthrax)
16 - Deathrider (Anthrax)
17 - Metal Thrashing Mad (Anthrax)
18 - Gung-Ho (Anthrax)
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Por fim, só resta deixar o meu agradecimento à Susi e ao Eliton, da agência Som do Darma (responsáveis pela vinda de NEIL TURBIN ao Brasil), e também a toda a equipe da Caveira Velha Produções, que tornou este evento viável com o profissionalismo necessário.
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