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20 de novembro de 2023

Glenn Hughes - Vip Station - São Paulo/SP

Foto: eyeofodin.photo


Glenn Hughes - Vip Station - São Paulo/SP - 11 de novembro de 2023


Por Alexandre Veronesi

Fotos: eyeofodin.photo


Onde você, caro leitor, imagina-se aos 72 anos? Curtindo a tranquilidade de uma aposentadoria, talvez? Em uma enfadonha partida de dominó na pracinha mais próxima? Certamente não este senhor de nome Glenn Michael Hughes. O músico britânico, que já integrou lendárias formações como Deep Purple e Black Sabbath, além de Trapeze, The Dead Daisies, Black Country Communion e outras, permanece excursionando ao redor do globo, incendiando os palcos nos quais pisa noite após noite. 11 de Novembro foi a data em que "The Voice Of Rock" retornou à São Paulo após mais de 5 anos de ausência, desta vez trazendo o seu show comemorativo de meio século do mega clássico "Burn" - que apagará as velinhas no dia 15 de Fevereiro de 2024 - trabalho responsável por projetar de vez seu nome para o cenário mundial.

O evento aconteceu no Vip Station, casa de médio porte localizada na Zona Sul da capital, e contou com duas atrações brasileiras na abertura. Iniciando os trabalhos, tivemos o Hammerhead Blues, grupo paulistano de Hard Rock setentista composto por Otavio Cintra (voz e baixo), Luiz Cardim (guitarra) e Willian Paiva (bateria). Por aproximadamente 30 minutos, o power trio mostrou uma performance eletrizante, despejando seu som pesado e psicodélico com vigor, apuro técnico, e uma presença de palco de fazer inveja em muita banda grande por aí. O enxuto repertório foi majoritariamente calcado no vindouro novo álbum, "After The Storm", ainda sem data oficial de lançamento, tendo contudo 5 singles já disponibilizados no formato digital.

Após rápida troca de palco, veio o segundo ato de abertura, Red Water. Lucas de Castro (vocal), Hermes de Castro (guitarra), Bruno Shimabukuro (guitarra), Paulo Alcantarilla (baixo) e Igor Sacconi (bateria) seguem uma linha sônica similar aos seus antecessores de palco, porém mais puxada para a escola "Zeppeliana", com boas doses de experimentação e longos floreios instrumentais. Muito embora vá de encontro ao meu gosto particular, tenho de ser justo e dizer que a banda entregou tudo aquilo que foi proposto, em uma apresentação animada e cheia de carisma, que agradou à maior parte do público presente.

Foto: eyeofodin.photo


Relógio marcando 22h15, e chegava enfim o grande momento da noite. Acompanhado pelos incríveis Søren Andersen (guitarra), Ash Sheehan (bateria) e Bob Fridzema (teclado), Mr. Glenn Hughes aportou em um Vip Station lotado e ensandecido, ao som de nada menos do que "Stormbringer", faixa-título de seu segundo trabalho com o Purple. Logo na sequência, uma dobradinha mortal extraída do álbum homenageado: "Might Just Take Your Life" e "Sail Away", petardos estes executados em meio a muitos sorrisos e caretas do frontman para com a plateia - temos que admitir, o homem esbanja magnetismo e simpatia!

Tal qual era corriqueiro nos anos 70, várias músicas foram apresentadas em versões estendidas (prática esta que, confesso, não sou um grande apreciador, entretanto, de maneira alguma tirou o brilho do espetáculo). A maior demonstração disso foi em "You Fool No One", que, após um cômico discurso de Hughes sobre o festival "California Jam" de 1974 - no qual Ritchie Blackmore jogou gasolina e pôs fogo no palco, sem avisar aos seus companheiros de banda - teve, em meio a sua reprodução, um solo de bateria demasiadamente longo, além de passagens certeiras das canções "High Ball Shooter" e "The Mule". O repertório então seguiu com a indispensável "Mistreated", que o frontman afirmou adorar cantar nos shows; e uma bela homenagem aos saudosos Tommy Bolin e Jon Lord, respectivamente, por meio de "Gettin' Tighter" e "You Keep On Moving", sons do maravilhoso (e injustiçado) "Come Taste The Band", de 1975.

Desnecessário dizer, mas a voz de Glenn se mantém intacta - mesmo sob o peso da idade - e não obstante certos exageros na utilização dos agudos, a performance do cantor é praticamente perfeita. Isso sem mencionar, é claro, a sua grande qualidade como baixista, sempre seguro e preciso na função.

Foto: eyeofodin.photo


Desde o dia anterior ao evento, eram ventilados rumores sobre uma possível participação especial de Chad Smith, baterista do Red Hot Chili Peppers, e parceiro de longa data de Hughes, tendo atuado em seus últimos 5 discos solo. A confirmação veio no bis, quando o instrumentista estadunidense, ovacionado, se juntou ao grupo para a execução das apoteóticas "Highway Star" e "Burn". Incrível notar que, mesmo sem ensaio algum, Smith tocou com grande pujança e precisão cirúrgica, como se tais clássicos tivessem sido gravados pelo próprio - bem, não é necessário ser um fã de RHCP para saber que o cara é muito diferenciado.

E foi neste clima totalmente alto-astral que se findou o show de quase 2 horas do lendário Glenn Hughes. Resta agora apenas a esperança de que o frontman não demore mais meia década para nos agraciar novamente com a sua ilustre presença.

Foto: eyeofodin.photo

Foto: eyeofodin.photo


SETLIST:

01 - Stormbringer

02 - Might Just Take Your Life

03 - Sail Away

04 - You Fool No One / High Ball Shooter / solo de bateria / The Mule / You Fool No One

05 - Mistreated

06 - Gettin' Tighter

07 - You Keep On Moving

08 - Highway Star (Chad Smith na bateria)

09 - Burn (Chad Smith na bateria)



Agradecimento à Solid Music Entertainment pelo credenciamento e Vip Station pela atenção.

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