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Foto: Roberio Lima |
Converge - Cine Joia - São Paulo/SP - 10 de novembro de 2024
Por: Roberio Lima
Fotos Roberio Lima
Confesso que ao iniciar esse texto, já me vejo diante de um enorme dilema, pois não sei ao certo como transformar em palavras tudo que aconteceu no interior do Cine Joia no último dia 10 de novembro de 2024. Se a dificuldade em descrever os fatos ainda é uma realidade perturbadora para esse que vos escreve, pelo menos, consigo mencionar, por hora, os responsáveis por tamanha desolação provocada em minha mente. O Converge protagonizou a noite que ficará marcada pelas excessivas doses de dor e ódio, e por sua vez, a aparição do Mee, teve efeito anestésico sobre uma audiência absolutamente ensandecida. Afinal, não haveria outra forma de suportar o estrago materializado com a aparição dos rapazes de Massachusetts, e a absurda carga de adrenalina despejada naquele espaço, se não houvesse um ambiente apropriado e devidamente preparado para isso.
Estabelecido entre a Praça da Sé e bairro da Liberdade, o Cine Joia é um dos locais mais interessantes para shows e eventos de pequeno e médio porte. No entanto, seu entorno se transforma em um vazio quase absoluto quando a noite se faz presente na região central de São Paulo, evidenciando uma parte decadente, mas que ainda carrega através de sua arquitetura, a rica historia da cidade. O fato é que não posso postergar por mais tempo esse relato, e terei que extirpa-lo de forma abrupta de minha memória.
A longa espera finalmente terminaria naquela noite pacata de domingo, e depois de dois adiamentos (o primeiro ocorreu na pandemia do COVID-19, e o segundo, e mais recente, se deu por problemas de saúde com o guitarrista Kurt Ballou), teríamos a honra de testemunhar pela primeira vez no país uma das formações mais aguardadas do metal alternativo por esses lados. Mas antes - como já descrito nas linhas anteriores - o Mee, teve a incumbência de preparar o terreno. E é possível que esse nome seja associado por algum desavisado, com uma banda de aspecto “fofo” ou algo que o valha. No entanto, o quarteto oriundo de São Paulo – capital, tem feito muito barulho na cena underground, justamente por ter uma sonoridade densa e agressiva, e ainda por condensar em suas canções as principais influências de cada um dos músicos da banda. Portanto, podemos identificar elementos da musica industrial, metalcore e pitadas de gótico em suas canções, e isso dá, inevitavelmente, aquele ‘molho’ especial no repertório da banda. Pontualmente as 20h, os rapazes ocupam seus lugares no palco e o burburinho na plateia imediatamente foi ficando mais intenso. Braços e pernas iam girando no ar, diante de uma sinfonia angustiante e desesperadora. “Electric Blanket & Chicken” abriu de forma avassaladora a apresentação dos caras. Muitos que ali estavam, tinham total intimidade com o som da banda, e os músicos se sentiram muito a vontade para conduzir os trabalhos de forma segura e objetiva. Jê (vocal/guitarra), possui um presença de palco marcante, e seu visual andrógino, é o contraponto perfeito para marcar posição. “Depression” com seu andamento cadenciado, é uma viagem (pesadelo?) e tem até uma incursão de sax. As potentes “Koro Syndrome” e “Day Of Demolition”, fazem parte do álbum homônimo dos caras, e são incríveis!! A parte final do show se deu com “Saturated” do ótimo (e já clássico!) EP “The Unsustainable Burden “, lançado em 2019. Uma apresentação que serviu para consolidar ainda mais o nome do Mee como uma das principais referencias do underground nacional.
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Foto: Roberio Lima |
Setlist MEE:
Electric Blanket & Chicken
Bargain
Depression
Dobre
Pidgeon Standard
Koro Syndrome
Day of Demolition
Weight
Saturated
Logo após o fim da apresentação do Mee, era nítida a ansiedade do público, para ver de uma vez por todas, Jacon Banon soltando seus berros no palco. Foram os 30 minutos demorados naquela noite! E próximo das 21h30, os quatro senhores sobem a escada lateral do palco para que se desse início a desgraceira. Reconheço o excesso de adjetivações torpes, mas de outra forma, seria praticamente impossível descrever tudo que se deu dali em diante. O inicio arrasador com a brutal “Eagles Become Vultures” não poderia ter sido melhor, pois desencadeou um caos generalizado nas dependências do Cine Joia. “Dark Horse” manteve os ânimos exaltados, e os mais afoitos, mergulhavam do palco sem muita preocupação com os possíveis hematomas. O álbum mais icônico – “Jane Doe”; quarto álbum da banda, lançado em 2001, e que tem em sua capa uma das imagem mais reconhecidas por seus seguidores, figurou com “Hell to Pay”, “Bitter and Then Some” e “Concubine” para deleite dos mais fanáticos.
Espantado com a empolgação do público, Jacon Banon, compartilhou o microfone por mais de uma vez com os que estavam no gargarejo, para que cantassem(!) os clássicos da banda. O publico pediu incessantemente por “The Saddest Day”, obra prima responsável pelo encerramento do show e que contou com uma breve participação do Jê Landini do Mee.
Valeu a pena esperar, e o Converge definitivamente não decepcionou! Essa experiência sensorial, permanecerá de uma forma ou de outra na mente dos que estiveram no Cine Joia. E o som torto dos caras ecoará ainda por muito tempo por esses lados. A expectativa por um retorno ao país já em 2025, será um dos pedidos que farei ao Papai Noel!!
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Foto: Roberio Lima |
Setlist Converge:
Eagles Become Vultures
Dark Horse
Under Duress
Heartless
Axe to Fall
You Fail Me
All We Love We Leave Behind
Predatory Glow
Hell to Pay
Bitter and Then Some
Reap What You Sow
Cutter
Worms Will Feed/Rats Will Feast
I Can Tell You About Pain
Concubine
Bis:
The Saddest Day
Agradecimentos à Tedesco Comunicação e Midia pelo credenciamento e Cine Joia pela atenção.
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