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20 de março de 2025

Vapors of Morphine - Cine Joia - São Paulo/SP

Foto: Roberio Lima 


Vapors of Morphine - Cine Joia - São Paulo/SP - 14 de fevereiro de 2025


Por: Roberio Lima

Fotos Roberio Lima


Manter-se relevante é o principal desafio de muitas formações que tiveram seu auge em algum momento da história da musica. No entanto, sabemos que essa não é uma tarefa fácil, e através dessa longa jornada, já testemunhamos muitas tentativas frustradas nesse sentido. O que podemos afirmar no final das contas, é que esse não é o caso do Vapors Of Morphine, pois o culto em torno do legado construído por Dana Colley e Mark Sandman, é até hoje, motivo de peregrinação entre seus fiéis seguidores. O “Vapors” foi incorporado ao nome da banda depois que Mark Sandman (baixo e vocal), nos deixou de forma trágica e prematura ainda nos anos noventa - desde então, coube a Dana Colley conduzir com maestria a inestimável obra produzida durante a passagem meteórica do Morphine por esse plano. 

No Brasil a banda tem uma base de fãs bastante significativa, e finalmente o trio formado pelo já mencionado Dana Colley (saxofone e voz), Tom Arey (Bateria) e Jeremy Lyons (baixo, guitarra e voz), visitou mais uma vez o país! O Cine Joia, abriu espaço para que o Vapors Of Morphine, fizesse sua mágica em cima do palco. Os sorocabanos do Wry tiveram a incumbência de aquecer o publico presente, como veremos a seguir. 

Com um bom público devidamente acomodado no interior da casa, já se criava uma expectativa considerável com relação ao início do evento. Em mais uma iniciativa acertada por parte dos organizadores, o horário da apresentação do Wry foi antecipada, em relação a programação oficial - o que ajudou muito aos que dependeriam do transporte público para retornarem ás suas casas. Os músicos do Wry, já são figuras tarimbadas no circuito alternativo nacional, e conduziram os trabalhos com segurança e destreza. Sua discografia concisa, proporcionou uma experiência bastante positiva para os que chegaram cedo a casa de show. Mario Bross (guitarra e vocal), estava visivelmente empolgado com a oportunidade de tocar no mesmo palco em que o V.O.M. tocaria dali a alguns instantes. Bastante comunicativo e carismático, emendou um setlist que agradou a audiência. Entre os  destaques, sons como “Morreu a Esperança” do álbum “Noites Infinitas” (lançado em 2020), e “Sem Medo de Mudar” do disco “Aurora” (2022). O show do Wry teve a troca de energia que se espera entre público e banda. Essa apresentação certamente ficará marcado na biografia do Wry, e pela empolgação dos músicos, já está entre os melhores momentos da história da banda! 


O momento mais esperado da noite se iniciou de forma discreta, quando os próprios músicos do “Vapors” subiram ao palco carregando seus instrumentos e ajustaram os últimos detalhes para o início do show. Sem alarde, foram interagindo de forma espontânea com o ambiente, pois em se tratando da música produzida pelo trio, esse ritual é imprescindível para que as energias estejam devidamente alinhadas. 

Com o Cine Joia muito perto de sua lotação máxima, eis que a magistral “Have a Lucky Day” abre oficialmente a apresentação do trio. Essa canção seria só o ponto de partida para um desfile de clássicos, como o raríssimo leitor poderá conferir no setlist ilustrado nas próximas linhas. Na sequência; “Good” e “The Other Side” -  mais dois sons do álbum Good (lançado em 1992). Com esse início arrebatador, os músicos já tinham o total domínio do público - prova disso  é que todos cantavam e dançavam como se houvesse algo sagrado regendo tudo aquilo. Chega a ser impressionante como a junção de um baixo com apenas duas cordas, sax e bateria, possam conceber uma sonoridade tão única! As referencias do jazz, musica africana e do rock, tiveram o efeito de uma ‘viagem’ para a audiência. 

Apesar do legado do Morphine ser o mote principal da existência do “Vapors”, os caras continuam produzindo material inédito, e dois sons da fase pós Morphine figuraram no setlist; são elas “Drop Out Mambo” e Renouveau/Daman N’ diaye” que fazem parte dos discos “Fear & Fantasy” (2021) e “A New Low” (2016) respectivamente. Esse “intervalo” só serviu para inflamar ainda mais o publico, e “Let’s Take a Trip Together”  do aclamado “Cure for Pain” (1993), recolocou as coisas nos eixos. Do disco “Yes” (1995), figuraram no set “Honey White”, “Radar” e “Sharks”. E do álbum póstumo “The Night” (2000), tocaram “Souvenir”. O encerraram a noite se deu com “French Fries With Pepper” do único disco que ainda não havia sido representado no setlist – “Like Swimming “ (1997).

É preciso falarmos aqui dos efeitos visuais projetados no palco, pois Cine Joia tem um dos espaços mais legais nesse sentido, e talvez isso se explique por já ter sido um cinema em outros tempos.  No final das contas, o show se tornou uma grande festa onde o principal motivo para estar ali , era celebrar a obra e a história do Morphine. Motivo melhor que esse eu sinceramente desconheço! 

Foto: Roberio Lima 


Setlist Vapors Of Morphine:    

Have a Lucky Day

Good

The Other Side

I’m Free Now

Drop Out Mambo

Renouveau / Daman N’Diaye

Mary Won’t You Call My Name?

A Head With Wings

Let’s Take a Trip Together

Sharks

Lasidan

Blue Dream

All Wrong

Honey White

Thursday

Cure for Pain

Radar

Souvenir


Encore:

Buena

French Fries With Pepper


Agradecimento a Tedesco Comunicação e Midia pelo  credenciamento e Cine Joia pela atenção 

Um comentário:

  1. Mais uma cobertura digna de admiração. Não só pela perfeição dos detalhes; o que nós faz sentir como se lá estivéssemos, mas também pela elegância no uso das palavras.

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