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14 de abril de 2025

Coroner, Torture Squad e Genocidio - Santo Rock Bar - Santo André/SP


Foto: Alexandre Veronesi 

Coroner, Torture Squad e Genocidio - Santo Rock Bar - Santo André/SP - 30 de março de 2025


Por: Alexandre Veronesi

Fotos: Alexandre Veronesi 


O Thrash Metal é, sem sombra de dúvidas, um dos subgêneros mais reverenciados pelos 'metalheads' ao redor de todo o globo, agregando uma verdadeira legião de fãs e seguidores devotos. Não obstante sua crueza e ferocidade intrínsecas, com o passar dos anos - mais especificamente, à partir da segunda metade da década de 80 - o estilo foi ganhando contornos de sofisticação, como é possível notar com clareza na sonoridade dos estadunidenses do Forbidden, ou mesmo no Annihilator, lendária formação do Canadá - apenas para citar alguns exemplos. Um dos principais representantes dessa vertente mais técnica do Thrash é o Coroner, banda oriunda de Zurique, na Suíça, que iniciou as atividades no longínquo ano de 1983, colocou no mundo, em um curto período de tempo, pérolas atemporais como "R.I.P." (1987), "Punishment For Decadence" (1988), "No More Color" (1989) e "Mental Vortex" (1991), e que acaba de realizar a sua segunda passagem pelo Brasil com uma única e exclusiva apresentação, ocorrida em 30 de Março no Santo Rock Bar, tradicional casa de shows localizada em Santo André, na região do ABC Paulista.


Cumprindo irrestritamente o cronograma, às 18h o Genocidio tomou o palco a fim de dar o pontapé inicial ao evento. Referência no cenário extremo nacional desde os anos 90, o grupo possui hoje em seu line-up, ao lado dos veteraníssimos Murillo Leite (vocal e guitarra) e Wanderley Perna (baixo), Wellington Simões e Herbert Loureiro - nos postos de guitarrista e baterista, respectivamente - que desempenharam, com grande competência, um setlist de pouco mais de meia-hora, condensando hits da longeva carreira da banda, como "Synthetic Screams", "Pilgrim", "Uproar", "Kill Brazil" e "The Grave", com bons temas do mais recente trabalho de estúdio, "Fort Conviction" (2024), tal qual sua faixa-título, "Aside", e também a densa "The Sole Kingdom Of My Own". Durante boa parte do show, a segunda guitarra esteve em um volume excessivamente elevado, mas a despeito disso, a experiência sonora, de maneira geral, foi bastante satisfatória. Para o 'gran finale', o quarteto reservou uma versão matadora de "Countess Bathory", clássico do Venom - cuja regravação do Genocidio, datada de 1993, entrou recentemente na coletânea de covers "Ancestors" (2021) - que fez empolgar o ainda reduzido público presente.


Setlist:

01 - Fort Conviction

02 - Aside

03 - Synthetic Screams

04 - Pilgrim

05 - Uproar

06 - Kill Brazil

07 - The Sole Kingdom Of My Own

08 - The Clan

09 - The Grave

10 - Countess Bathory [Venom]

Foto: Alexandre Veronesi 

Foto: Alexandre Veronesi 


Às 19h, contando com a casa já bem mais cheia, entrou em cena o Torture Squad, logo de cara chutando a porta violentamente com "Murder Of A God", som extraído do segundo LP, "Asylum Of Shadows" (1999). Neste ano de 2025, a formação May "Undead" Puertas (vocal), Rene Simionato (guitarra), Castor (baixo) e Amílcar Christófaro (bateria) completa uma década de união, fato que transparece nitidamente em sua performance 'on stage', na qual demonstra um absoluto e invejável entrosamento, além é claro, da absurda qualidade técnica dos integrantes, e com isso posto, o resultado não teria como ser mais visceral.

O repertório, embora sucinto (por conta do tempo programado, naturalmente), foi muito bem selecionado e fez jus à ocasião, enfatizando o catálogo pregresso da banda, mais 'old school', o que pôde ser constatado através de verdadeiras marretadas como "Area 51", "Horror And Torture", "The Unholy Spell" e "Raise Your Horns", além de "Buried Alive" - representante isolada do álbum mais recente, "Devilish" (2023) - e "Pull The Trigger", do "Esquadrão de Tortura", aclamado registro de 2013.

Castor, em dado momento, dedicou a apresentação à Cristiano Fusco, ex-guitarrista da banda que faleceu em Janeiro do ano vigente. E ainda no campo das homenagens, logo antes da execução do hino derradeiro "Chaos Corporation", Amílcar tomou o microfone para um rápido e emocionado discurso, onde externalizou toda a honra e felicidade por estar dividindo o palco com uma de suas maiores influências - corroborando a fala, uma antiga camiseta do Coroner pertencente ao baterista esteve fixada no bumbo direito durante todo o set.


Setlist:

01 - Murder Of A God

02 - Area 51

03 - Buried Alive

04 - Horror And Torture

05 - The Unholy Spell

06 - Pull The Trigger

07 - Raise Your Horns

08 - Chaos Corporation

Foto: Alexandre Veronesi 

Foto: Alexandre Veronesi 


Cerca de 30 minutos após a demolição sônica promovida pelo Torture Squad, chegava finalmente o momento que todos aguardavam. Sem muita cerimônia, subiram ao palco Ron Royce (vocal e baixo), Tommy T. Baron (guitarra), Diego Rapacchietti (bateria) e Daniel Stössel (músico contratado que, desde o retorno em 2010, reproduz os teclados, samples e backing vocals ao vivo), e então, praticamente 10 anos passados da primeira visita, o Coroner estava novamente entre nós.

O microfone de Royce mostrou-se um tanto quanto baixo no início, mas tal falha foi devidamente corrigida ao decorrer do show. Manifestando um irrepreensível apuro técnico (como é de praxe), em pouco menos de 1h30 o grupo destilou hits de toda a sua discografia, com certa ênfase no petulante "Grin", de 1993 - creio que o astuto leitor tenha reparado que este que vos escreve não é exatamente um grande entusiasta da bolacha referida - mais a inédita (e ótima) "Sacrificial Lamb", faixa integrante do vindouro novo álbum, que tem previsão de lançamento para Outubro deste ano, de acordo com o frontman.

"Golden Cashmere Sleeper, Part 1", canção relativamente obscura da banda - presente apenas na coletânea homônima, de 1995 - abriu os trabalhos, sendo prontamente sucedida por "Internal Conflicts", a descomunal "Divine Step (Conspectu Mortis)" e "Serpent Moves". Pouco papo e muita música, do jeitinho que o povo gosta. Não faltaram também petardos do calibre de "Semtex Revolution", "Tunnel Of Pain", "Status: Still Thinking", "Metamorphosis" (precedida por um breve e pujante solo de Rapacchietti), a arrasa-quarteirão "Masked Jackal", e "Grin (Nails Hurt)", causando grande euforia na pista do Santo Rock, especialmente entre os mais fervorosos fãs do grupo.

Um fato curioso, que chamou a minha atenção de forma altamente positiva, foi que Royce, ao realizar aquela tradicional apresentação dos músicos, fez também questão de anunciar os profissionais da equipe técnica, um a um, pelos seus respectivos nomes, colocando-os assim, automaticamente, como parte fundamental da engrenagem. Uma atitude digna de aplausos, que particularmente não me recordo de ter visto antes. Ponto para o Coroner!

Enfim, para o encore (popularmente conhecido como 'bis'), os suíços trouxeram uma pesada releitura de "Purple Haze", som icônico do The Jimi Hendrix Experience, e na sequência as últimas joias da noite, que não poderiam ser outras além de "Reborn Through Hate" e "Die By My Hand", responsáveis por quase redefinir o significado da expressão 'final apoteótico'.

Foto: Alexandre Veronesi 


Setlist:

01 - Golden Cashmere Sleeper, Part 1

02 - Internal Conflicts

03 - Divine Step (Conspectu Mortis)

04 - Serpent Moves

05 - Sacrificial Lamb

06 - Semtex Revolution

07 - Tunnel Of Pain

08 - Status: Still Thinking

09 - Metamorphosis

10 - Masked Jackal

11 - Grin (Nails Hurt)

12 - Purple Haze [The Jimi Hendrix Experience]

13 - Reborn Through Hate

14 - Die By My Hand


Agradecimento a Dark Dimensions e JZ Press pelo credenciamento e Santo Rock Bar pela atenção

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