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Foto: Rogério Talarico |
Leprous - Vip Station - SãoPaulo/SP - 13 de março de 2025
Por: Alexandre Veronesi
Fotos: Rogério Talarico (@rogeriotalarico)
O grupo norueguês Leprous é hoje, indiscutivelmente, um dos maiores e mais respeitados nomes do Prog Metal global. Fundada em 2001 na pequena Notodden - comuna do condado Vestfold og Telemark - por Einar Solberg (voz e teclado) e Tor Oddmund Suhrke (guitarra), a banda transpassou suas quase duas décadas e meia injetando originalidade e inovações ao gênero, e de certa maneira, também reinventando-se a cada lançamento, o que culminou mais recentemente no arrebatador "Melodies Of Atonement", álbum disponibilizado ao público em Agosto de 2024, cujo teor artístico fez dividir as opiniões dos fãs, dadas as consideráveis incursões de elementos extraídos do Pop e eletrônico ao seu som atmosférico - que mesmo em menor escala, há muito se fazem presentes, é bom dizer. E foi com a turnê desse novo disco que o Leprous retornou ao Brasil para três apresentações, sendo a derradeira em 13 de Março, ocorrida no Vip Station, casa de shows localizada na Zona Norte da capital paulista.
Por volta das 20h30, as luzes se apagaram e uma breve introdução precedeu a entrada dos músicos no palco. Robin Ognedal (guitarra), Simen Daniel Børven (baixo), Baard Kolstad (bateria) e Harrison White (teclado), além é claro dos já citados Einar e Tor, deram início ao espetáculo com "Silently Walking Alone", faixa de abertura do último registro, sob uma parede sônica nítida e cristalina - ligeiramente baixa, é verdade, mas nada que tenha interferido no resultado final. O super aclamado "The Congregation" (2015) veio representado por "The Price", e com a entrega de "Illuminate" logo na sequência, o (relativamente) pequeno porém devoto público entrou em real estado de graça.
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Foto: Rogério Talarico |
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Foto: Rogério Talarico |
Dobradinha de "Melodies Of Atonement" com a linda "I Hear The Sirens" e "Like A Sunken Ship", então era chegado o momento da decisão. Como vem sendo recorrente nessa turnê, o carismático frontman pediu ao público para que escolhesse a próxima canção do set, sendo as opções "Passing" ou "Forced Entry", oriundas, respectivamente, dos 2 primeiros discos, "Tall Poppy Syndrome" (2009) e "Bilateral" (2011). Tal qual a esmagadora maioria das audiências latino-americanas, São Paulo se decidiu pela primeira - aqui temos o verdadeiro significado do 'tanto faz', não é verdade? Ambos são temas extraordinários, afinal - executada com inabalável apuro.
Embora o conjunto, como uma unidade, demonstre por todo o tempo a mais absoluta excelência, quem é familiarizado com a sonoridade do Leprous sabe bem que voz e bateria são os seus grandes trunfos individuais, e ao vivo isso se faz ainda mais evidente. O que o 'relógio humano' Baard comete atrás de seu kit pode e deve ser definido como descomunal, tamanha a habilidade e a desenvoltura com as quais o instrumentista realiza levadas quebradas e altamente complexas; quanto a Einar, seus vocais flutuantes são a essência e alma da banda, passeando livremente por graves, médios, e especialmente, agudos muito singulares, além dos vigorosos guturais que pontualmente surgem aqui e acolá.
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Foto: Rogério Talarico |
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Foto: Rogério Talarico |
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Foto: Rogério Talarico |
A apresentação teve continuidade com "Distant Bells", "Nighttime Disguise", "Unfree My Soul" e "Below", seguindo sempre em um constante 'crescendo', e envolta por aquela atmosfera etérea bastante característica do grupo, quase que hipnótica aos olhos e ouvidos dos felizes presentes. Outro momento especial da noite veio com "Faceless", na qual aproximadamente 15 fãs foram convidados ao palco para reforçar o coro final da música, cuja versão de estúdio contou com incríveis 170 vozes - não posso deixar de mencionar também que, após a execução, uma fã presenteou a banda com uma adorável capivara de pelúcia. Mais brasileiro do que isso, impossível!
"Castaway Angels", "From The Flame" e a catártica "Slave" encerraram o set regular, com os integrantes agradecendo e abandonando o palco, mas de forma a deixar claro que haveria um 'encore' (o popular 'bis'), portanto, poucos gritos de 'Leprous, Leprous, Leprous...' depois, e o quinteto já estava de volta mandando "Atonement", e agora sim, colocando um ponto final ao apoteótico show por meio de "The Sky Is Red", ou melhor, a sua segunda metade, um exemplar de Djent pesado, torto e fenomenal.
Mesmo com a casa estando longe de sua lotação máxima - o que não é nenhum demérito, visto que o Vip Station é um local de médio para grande porte - o conjunto performou, durante 1 hora e 50 minutos, com energia, precisão e garra notáveis, mostrando mais uma vez o porquê de ser tão querido e prestigiado dentro do cenário da música pesada atual.
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Foto: Rogério Talarico |
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Foto: Rogério Talarico |
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Foto: Rogério Talarico |
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Foto: Rogério Talarico |
Setlist:
01 - Silently Walking Alone
02 - The Price
03 - Illuminate
04 - I Hear The Sirens
05 - Like A Sunken Ship
06 - Passing
07 - Distant Bells
08 - Nighttime Disguise
09 - Unfree My Soul
10 - Below
11 - Faceless
12 - Castaway Angels
13 - From The Flame
14 - Slave
15 - Atonement
16 - The Sky Is Red [segunda parte]
Agradecimento a Estética Torta pelo credenciamento e Vip Station pela atenção