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31 de outubro de 2017

U2 traz comemoração conceitual de 30 anos do álbum The Joshua Tree

Na noite de quarta-feira (25/10), sob ameaça de chuva na zona sul de São Paulo, uma multidão aguardava o último show da turnê comemorativa de 30 anos do icônico álbum The Joshua Tree, da banda irlandesa U2, no estádio do Morumbi.
A abertura começou com aproximadamente 25 minutos de atraso quando Noel Gallagher, ex-vocalista da banda de britpop Oasis, e sua banda atual Noel Gallagher’s High Flying Birds entraram no palco. O show durou 1h30 sem muita interação com o público, que, apesar de ter curtido o show, deixou razoavelmente claro que o motivo de estarem ali era outro. Das onze músicas tocadas, cinco foram covers da época do Oasis e, obviamente, "Wonderwall" foi uma das poucas que, de fato, comoveu a multidão. Apesar disso, o som estava limpo, as músicas foram boas e o setlist parecia interessante, porém a própria personalidade “reservada” de Noel não favoreceu grandes interações. O momento mais dinâmico foi quando Bono supostamente atravessou o palco vestindo uma fantasia de frango: “Esse era o Bono passando por aqui!”, disse Noel sem muitas brincadeiras. "Champagne Supernova" e "Don’t look back in anger" me valeram a apresentação.
Por volta das 20h30, o quarteto entrou em cena em um apêndice feito do palco principal até o meio da pista VIP, sem telões e com pouca iluminação, trazendo uma atmosfera meio densa e sombria, mas chegou lançando bombas:  "Sunday, Bloody Sunday" agitou o público de forma inimaginável, "New Year’s Day", "Bad" e "Pride" fecharam o bloco, deixando o público extasiado. Confesso que estava esperando ansiosamente por "Bad" e já recebi meu presente logo na terceira música; para completar o cenário perfeito, Bono, homenageando David Bowie, intercalou trechos de "Heroes", sucesso do camaleão do rock, à música. O telão, que era formado por mais de mil painéis em full HD e atravessava o estádio, começou a projetar trechos do famoso discurso de Martin Luther King ao som de "Pride".


Após esse primeiro bloco mais intimista, a banda deslocou-se para o palco principal, a árvore gigante que formava o painel do telão se acendeu em vermelho e e uma filmagem que parecia engolir o público mostrava uma estrada em movimento enquanto a banda tocava "Where the streets have no name". É importante ressaltar que o show do U2 foi muito conceitual e socialmente engajado, promovia o tempo inteiro um discurso de união entre as pessoas e povos, a união entre as mulheres o amor fraterno, porém sem ser panfletário ou cansativo. Muito pelo contrário! A arte gráfica, desenvolvida por uma brasileira, foi um choque, o qual não era apenas esteticamente bonito, mas intenso em seus significados. Somada às letras das músicas que compunham o setlist, o resultado final foi um boom conceitual sem intervalos que deixou o público (pelo menos eu e o Rodrigo - fotógrafo Big Rock - nos sentimos assim o tempo inteiro) atordoado (num ótimo sentido) e pensativo, por falta de palavras melhores.


A interação da banda com o público e o telão foram excepcionais! Desta vez, não houve aquela pegada de chamar fãs no palco que a gente conhece, foi bem mais interativo no sentido de fazer o público “pensar e refletir”. Foi uma espécie de “wake up call” (um alerta) sobre o que temos vivenciado coletivamente no planeta.
A homenagem a Chester Benington foi linda, mas talvez (talvez!) tenha passado despercebida do público por uma questão linguística mesmo… O bloco de homenagem às mulheres foi de chamar a atenção pela estética e pela valorização da mulher de uma maneira humana. Não como aquelas batidas homenagens vazias que geralmente recebemos no dia 8 de março, como “mudam nossa vida”, “princesas e rainhas”, mas como seres humanos fortes que conquistaram direitos importantes através de muita luta e dor, seres humanos indispensáveis para o planeta e que, juntas, podem e devem ir muito mais longe. Foi aí que, dentre várias homenageadas, Susana (não me recordo de seu sobrenome, infelizmente), a artista gráfica, foi homenageada. No telão, símbolos da luta feminina do mundo inteiro perpassavam as músicas, dentre elas Tarsila do Amaral, Taís Araújo e Maria da Penha. Os dois encores trouxeram porradas deliciosas: o primeiro contou com "Beatiful day", 'Elevation" e "Vertigo" e o segundo, com "You’re the best thing about me", "Ultraviolet", "One" e "I will follow".


Eu já tinha muita vontade de assistir um show do U2 e sabia que seria um ótimo show, contudo parece que a cada momento eu tomava uma surra de efeitos visuais e sonoros, de atitude e de provocação, de conscientização e de emoção. Parece que aquele todo me tomava de uma forma tão íntima e completa que, ora sentia necessidade de cantar até estourar os pulmões ou sentia as lágrimas caindo contra a minha vontade, tornando-se protagonistas das minhas emoções. Para mim, foi muito mais do que um “show foda, porque eu curto a banda e tocou vários sucessos”. Foi, pessoalmente, uma espécie de transe conceitual e estético.



Setlist Noel Gallagher’s High Flying Birds:

1.      Shoot a hole into the sun
2.      Everybody’s on the run
3.      Lock all the doors
4.      In the heat of the moment
5.      Riverman
6.      Champagne Supernova
7.      Holy Mountain
8.      Half the world away
9.      Little by little
10.  Wonderwall
11.  Don’t look back in anger
12.  AKA… What a life!


Setlist U2 - The Joshua Tree Tour:

1.      Sunday, bloody Sunday
2.      New Year’s day
3.      Bad (Heroes)
4.      Pride (in the name of love)
5.      Where the streets have no name
6.      I still haven’t found what I’m looking for
7.      With or without you
8.      Bullet the blue sky
9.      Running to stand still
10.  Red hill mining town
11.  In God’s country
12.  Trip through your wires
13.  One tree hill
14.  Exit
15.  Mother of the disappeared

Encore:

16.  Beautiful day
17.  Elevation
18.  Vertigo

Encore 2:

19.  You’re the best thing about me
20.  Ultraviolet (light my way)
21.  One
22.  I will follow



Por: Marcela Monteiro
Fotos gentilmente cedidas por: Cris Ferrari

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