Rhapsody apresenta turnê de despedida em São Paulo

Quando lançou seu debut `”Legendary Tales” (1997), o Rhapsody conquistou de cara uma enorme quantidade de fãs pelo mundo. No Brasil não foi diferente, e lembro que quando lançou o segundo álbum ”Symphony Of Enchanted Lands” (1998), não cansava de ouvir as canções que se tornaram clássicos na carreira da banda. Confesso que parei no segundo disco e não acompanhei os lançamentos posteriores (o que ficou mais difícil depois de mudarem o nome para Rhapsody Of Fire e da criação do Lucas Turilli´s Rhapsody). O fato é que vinte anos depois os integrantes originais decidem dizer adeus para dar segmento a outros projetos, o que culminou em uma grande turnê de despedida, a “20TH Anniversary Farewell Tour”.

A passagem dos italianos pelo Brasil em 2017 foi um enorme sucesso, e muitos fãs ficaram de fora. Para atender ao clamor dos brasileiros, a banda retorna ao país oito meses depois para uma única data em São Paulo. O Tom Brasil já havia sediado a primeira apresentação em 2017 e novamente foi o palco escolhido para esse show.

A banda convidada para abrir o evento foi o Soulspell, de Lençóis Paulistas, projeto idealizado pelo baterista Heleno Vale, e que possui um trabalho com enorme aceitação entre os admiradores de Opera Metal. A banda vem divulgando seu quarto álbum “A Second Big Bang” e, assim como nos álbuns anteriores, conta com convidados ilustres, entre eles - Fabio Lione e André Matos.

O fato é que não houve atraso para o inicio do show e no horário marcado, uma formação com nada menos que cinco vocalistas revezavam os vocais interpretando suas canções de forma épica. O público que chegou mais cedo, não se arrependeu e aplaudia com entusiasmo cada peça executada. Confesso que esse estilo é muito confuso para mim, overdose de agudos e solos de guitarra em uma velocidade descomunal já não faz minha cabeça há muito tempo, e a temática abordada não me convence. Mas o respeito prevalece e não posso deixar de registrar que os músicos cumpriram seu papel. Antes de falarmos da atração principal, vale registrar a organização e rapidez da equipe técnica em preparar o palco, pois sabemos que em muitos eventos a enrolação e o despreparo fica evidente.

Sem muita demora e com a introdução que abre o disco “Power Of The Dragonflame” - Fabio Lione, Luca Turilli, Alex Holzwarth, Patrice Guers e Dominique Leurquin iniciaram os trabalhos com “Down Of Victory” do álbum homônimo e diante de uma recepção calorosa, não deixaram o clima esfriar. Fabio Lione foi uma espécie de porta voz da banda e se comunicava a todo o tempo com a plateia, provavelmente para aperfeiçoar o seu português macarrônico, já que também é o responsável pelos vocais do Angra. Luca Turilli empunhava sua guitarra ‘a lá Tom Morello’, correndo de um lado a outro do palco e os demais músicos cumpriam seus papéis com destreza, mas sem esconder a empolgação de participarem daquele momento tão especial para banda e público. O setlist priorizou os cinco primeiros trabalhos e a banda fez um apanhado da carreira que não desapontou seus fãs. Talvez, na minha opinião, não fossem necessárias as apresentações solo de bateria, baixo e até uma performance de Fabio Lione, cantando “Com Te Partiro” do tenor italiano Andrea Bocelli, um exagero! Finalizada a apresentação foi possível perceber que o estilo dragões e espada ainda tem fôlego e pode render alguns anos de sobrevivência para esse segmento tão caricato do heavy metal.