Confira:
Em março deste ano, entre os dias 7 e 18, a banda Cruzas embarca em uma verdadeira cruzada para divulgar seu som pelo sul do Brasil. O quarteto argentino cruza a fronteira e percorre, de carro, mais de 1,3 mil quilômetros para apresentar uma sequência de shows em Porto Alegre e cidades próximas. A feita marca a primeira gira internacional do conjunto que tem 15 anos e uma trajetória de respeito pelo circuito independente argentino, principalmente em palcos de Buenos Aires e arredores.
A bagagem vem recheada com peso. Não apenas o do som que caracteriza o grupo (um rockão de inclinações setentistas com cruzamento de doom metal e de blues), mas também dos exemplares em vinil do mais recente álbum, Volumen 5, que os hermanos querem apresentar por estas plagas durante a “Guillotina Tour — Brasil 2018”.
Em um dia de semana, após o tradicional ensaio, Tacho (voz), Ale (guitarra), Leo (bateria) e Wilson (baixo) responderam às perguntas da entrevista a seguir, feita para divulgar a turnê em solo gaúcho. A história do quarteto, as influências e o porquê de tocar na área metropolitana da capital da antiga província de São Pedro do Rio Grande do Sul são alguns dos assuntos abordados.
Por
favor, conte um pouco sobre a história da Cruzas: como se formou, a trajetória
de 15 anos, os momentos mais importantes da carreira…
Cruzas — Ale e Tacho formaram a Cruzas em 2003. No começo,
a banda tocou muito pela circuito underground da zona sul da grande Buenos
Aires. Em 2007, fizemos a primeira turnê nacional. Já entre 2008 e 2012,
gravamos três EPs que são parte de uma trilogia (Viaje al Exilio, En
búsqueda e De Una Vida). Também passamos pela costa atlântica da
Argentina. Em 2013, Wilson entrou para o baixo e gravamos o quarto EP, El
Zimple, já com maturidade sonora. Além disso, tocamos pela capital federal
e pelo interior da província.
Em 2016,
Leo assumiu a bateria e, em 2017, gravamos Volumen 5. Nesse mesmo ano
abrimos o festival B.A Rock e continuamos tocando pelos bairros de Buenos
Aires.
A banda é
a atividade principal dos integrantes? Caso não, como dividem o tempo entre
trabalhos ‘normais’, família e a dedicação à Cruzas?
Cruzas — Em geral, ensaiamos duas vezes por semana, depois
de nossos trampos. Tentamos dedicar o maior tempo disponível que temos para
tocar, ensaiar e organizar as coisas da banda.
Quais são
as influências de cada integrante? E quais dessas bandas podem ser consideradas
referências que ajudaram a moldar o som da Cruzas?
Cruzas — As influências individuais:
Cruzas — As influências individuais:
Tacho:
Pappo’s Blues, Judas Priest, AC/DC, Pink Floyd e Spinetta.
Wilson: Melvins, Black Flag, Mudhoney e Ramones.
Leo: Soundgarden, NY Dolls, Wu Tang Clan e Rolling Stones.
Ale: Black Sabbath, Earth, Pentagram e Cathedral.
Wilson: Melvins, Black Flag, Mudhoney e Ramones.
Leo: Soundgarden, NY Dolls, Wu Tang Clan e Rolling Stones.
Ale: Black Sabbath, Earth, Pentagram e Cathedral.
Os
membros da banda eram parte do mesmo cenário musical ou vieram de diferentes
estilos, de backgrounds distintos?
Cruzas — Nos conhecemos de galeras distintas e de nos
cruzarmos em shows e pela noite. Wilson toca em uma banda (Aire) que fez
diversos shows com a gente. Já o Leo a gente conheceu indo curtir algumas gigs.
Como se
definiu o som da banda? Desde o começo a ideia era fazer um rock pesado,
misturando metal — principalmente o doom — e acrescentando elementos do blues?
Cruzas — Desde o princípio queríamos fazer stoner rock. Era
2003, Ale e Tacho vinham curtindo thrash local. Mas o mambo psicodélico sempre
esteve presente. Atualmente, com a troca na formação nos atiramos mais para o
doom, o hardcore e as sonoridades mais alternativas.
No Brasil há uma onda de stoner e sons similares. E na Argentina, como está o cenário para esse tipo de música?
Cruzas — Existe uma cena bem grande, com muitas bandas e
lugares para tocar. Desde o fim dos anos 90 existem vários grupos desse estilo.
E ultimamente as novas gerações parecem ter essa influência.
Que
bandas conhecem e gostam aqui do Brasil? E do sul do país, tem algum artista
que curtam?
Cruzas — Do Brasil, tem Sepultura, Forgotten Boys, Os
Mutantes, Ratos de Porão, Hermeto Pascoal, Fuzzfaces e Muzzarelas. Do sul, a
Motor City Madness e a El Negro.
Parece
haver um cuidado com a produção dos discos da Cruzas. Vocês realmente pensam em
apresentar um trabalho bem feito? A intenção é mesmo primar por materiais com
qualidade, e não apenas gravações feitas de qualquer jeito?
Cruzas — No último disco, e com o impulso da nova formação,
tivemos essa possibilidade de gravar em um estúdio bom. Ficamos muito
satisfeitos com o resultado. Nos pareceu que era uma boa lançar o disco em
vinil. Antes, fizemos alguns EPs. O Volumen 5 é o primeiro álbum
completo.
O álbum
mais recente, Volumen 5, foi lançado em vinil. É o primeiro que vocês
disponibilizam nesse formato? Por que gostam desse tipo de mídia física? O
registro foi pago pela própria banda, de maneira independente, ou há algum selo
envolvido?
Cruzas — Sim, é o primeiro nesse formato e foi feito 100%
independente. As capas foram impressas em serigrafia, uma a uma (de um toral de
300). É uma mídia que sempre gostamos e, dessa vez, tivemos a possibilidade de
fazer exemplares. Até porque o som do disco novo está muito bom! O vinil tem
mais corpo, realça as frequências e é único formato físico que teremos
disponível.
O título Volumen
5 remete ao clássico Vol. 4, do Black Sabbath. Sendo o quarteto
inglês influência declarada da Cruzas, seria o nome do novo registro uma
espécie de homenagem aos ídolos?
Cruzas — Sim, todos gostamos de Black Sabbath e é uma
homenagem aos caras. Vol. 4 é um disco emblemático deles, mas não sei se
o nosso favorito. E, além disso, foi um jeito bacana de nomear nosso trampo,
pois, depois de quatro EPs, ele é o quinto disco. Então, Volumen 5.
Essa é a
primeira tour internacional da Cruzas. A opção pelo sul do Brasil foi pela
proximidade geográfica com a Argentina ou há outras razões?
Cruzas — Conhecemos os amigos da El Negro, pois dividimos
alguns shows na Argentina. Então, eles nos convidaram para ir tocar aí. Tacho
esteve de férias pela cidade e conheceu a movimentação roqueira de Porto
Alegre. Ele gostou bastante, pois a cidade é bem rock’n’roll.
Há planos
de fazer giras em outros estados do Brasil ou mesmo em outros países?
Cruzas — Sim, temos essa ideia. Certamente este ano
vamos tocar no Chile, México e Peru. Queremos apresentar o disco novo nesses
lugares. Esperamos poder conhecer outras regiões do Brasil! Estamos com muita
gana para mostrar o novo disco por aí.
Agradecimento: Homero Pivotto Jr. - Assessor de Imprensa
Foto: Hernan Parera
Nenhum comentário:
Postar um comentário