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4 de outubro de 2019

O virgem de 29 anos: Weezer estreia em terras paulistanas e leva público fiel ao delírio

Foto: Flavio Santiago

Escrever as impressões sobre uma banda com a qual não há uma ligação emocional tem lá sua vantagem, com um risco menor de cometer arroubos guiados pela emoção. Ainda mais uma banda competente.    
Ícone do indie nerd dos anos 1990 e meados da última década, o Weezer tocou pela primeira vez em São Paulo no último dia 26. Originários da ensolarada Califórnia, eles encontraram uma noite fria, típica do começo de primavera. Mas é evidente que esse não foi um fator que levou pouco mais de duas mil pessoas a saírem de casa para assisti-los. 

Foto: Flavio Santiago

Num envelhecido ginásio do Ibirapuera com capacidade para 10 mil espectadores, o vazio ficou evidente. Os altíssimos preços cobrados nos ingressos (cerca de R$ 260), somados à crise pela qual passa o País nos últimos anos, fez com que o já minguado público da banda não conseguisse sequer preencher metade da capacidade do local. 
Para os aficionados, era como uma fenda no tempo. No caso os já saudosos (e prolíficos) anos 1990. Há quem diga que a banda estacionou há mais de uma década, repetindo a mesma fórmula que a alçou ao estrelato indie. Mas quem se importa?
Vamos ao show. Com pessoas ainda adentrando o recinto, os californianos começaram pontualmente às 21h30. E logo de cara já soltaram a poderosa "Buddy Holly", uma das faixas mais conhecidas do grupo. O púbico, composto na sua maioria por fãs devotos, cantava em uníssono. Esqueçam a famigerada versão feita pelos gaúchos do Bidê ou Balde, a original é infinitamente superior. 
A banda do simpático Rivers Cuomo ia lançando, progressivamente, petardos como "Undone", "My Name is Jonas" e "Hash Pipe" (outro hino cantado a plenos pulmões). E foi assim, até que começaram a chover covers. 

Foto: Flavio Santiago

Isso sempre me faz lembrar o show do Surto (a banda que “pirava o cabeção”) no Rock in Rio de 2001. A diferença, porém, é que eles eram uma banda medíocre, diferente do Weezer. Os norte-americanos executaram nada menos que CINCO covers: "Happy Together" (The Turtles), "Take on Me" (A-HA), "Africa" (Toto), "Paranoid" (Black Sabbath) e "Lithium" (Nirvana). Um exagero.
Muito atencioso e esforçado com a o público, inclusive com Cuomo falando diversas frases em português, o grupo poderia ter aproveitado este debut na Paulicéia para tocar mais músicas próprias. Os súditos certamente aprovariam.

E foi assim no bis. Com uma boa versão à capella de "Buddy Holly", ressaltando novamente a qualidade dos integrantes, e a matadora "Say It Ain’t Soul", fazendo o público ir ao delírio, como numa tarde gostosa de 1994.   


Por: Paulo Holland

Agradecimento pelo credenciamento: Simone Catto / Denise Catto - Catto Comunicação

Fotos gentilmente cedidas por: Flavio Santiago

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