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4 de fevereiro de 2021

De Papo Com...Korpiklaani



O repórter Big Rock Jair Cursiol Filho conversou com Kalle "Cane" Savijärvi, guitarrista da banda de folk metal da Finlândia Korpiklaani. O bate-papo teve, entre outros assuntos, novidades sobre o 11º álbum de estúdio 'Jylhä' que será lançado dia 5 de fevereiro, pela Nuclear Blast.

Confira!


Big Rock: Olá, meu nome é Jair Cursiol Filho e sou repórter do site brasileiro Big Rock’n’Roll, que é especializado em notícias de rock e heavy metal, coberturas de shows, resenhas e entrevistas.

Kalle "Cane" Savijärvi: Olá! Eu sou Cane, guitarrista do Korpiklaani.


Big Rock: O Korpiklaani está prestes a lançar seu 11º álbum de estúdio, Jylhä, em 5 de fevereiro. Não consegui encontrar uma tradução direta do título para inglês ou português. Eu li que ele “pode ser descrito como majestoso e também pode ser descrito como selvagem, robusto de uma forma forte e bonita”. Sendo uma banda que há muito tempo escreve letras principalmente em finlandês em vez do inglês mais comum no heavy metal, quanto o fato de muitos fãs da banda não terem ideia do que vocês estão cantando influencia sua composição?

Cane: Sim, eu sei. Jylhä é um daqueles adjetivos na língua finlandesa que não tem uma tradução direta. Essa descrição é a melhor que conseguimos fazer. A gente sempre tenta colocar algum tipo de explicação dos textos também em inglês no encarte do álbum só para dar uma ideia do que é o tema da música. Como uma banda, nós realmente não pensamos sobre o idioma. Por enquanto cantamos em finlandês, pois isso nos parece muito natural.

Foto: Reprodução


Big Rock: Ainda sobre composição, a banda Korpiklaani é bastante conhecida por suas letras inspiradas em bebidas. "Tequila", "Beer Beer", "Vodka" e "Jägermeister" são algumas das primeiras que vêm à mente na discografia da banda. No entanto, também existem assuntos muito sérios em Jylhä, um deles sendo os assassinatos em lago Bodom na década de 1960. Como equilibrar assuntos tão diferentes em um álbum? E como escrever sobre um assunto tão delicado sem alienar alguns de seus fãs (penso que especialmente na Finlândia)?

Cane: Você tem razão, somos bem conhecidos por essas, mas o quanto isso representa na nossa discografia? Talvez apenas 10%? Temos cantado bem mais sobre outros assuntos, como mitos e coisas relacionadas à natureza. É muito compreensível que essas canções de bebida ainda sejam as favoritas para muitas pessoas. Quando Tuomas Keskimäki, nosso letrista, começou a escrever textos para este álbum, ele estava lendo livros sobre antigas histórias de assassinato na Finlândia. Com Jonne [Järvelä, vocalista] ele pensou que essas histórias seriam uma boa inspiração e cairiam bem com as músicas mais pesadas que Jonne vinha fazendo. Os assassinatos do lago Bodom eram apenas um desses casos bem conhecidos sobre os quais ele leu.


Big Rock: Este será o primeiro álbum com o novo baterista Samuli Mikkonen. O que ele trouxe em termos de novas influências para o som da banda?

Cane: Samuli trouxe muitas ideias para esse álbum. Ele estava trabalhando com Jonne de perto em toda a pré-produção e sua opinião foi bastante ouvida neste álbum. Como ele é um baterista altamente qualificado, desta vez foi mais fácil fazer qualquer parte da bateria e não pensar no que pode ser tocado. Para a faixa de abertura "Verikoira" ele tinha a faixa de bateria pronta antes de qualquer coisa. Então, durante a demo, a bateria foi gravada primeiro e depois começou-se a pensar em riffs e melodias. Seu entusiasmo eleva o nível de energia da banda em geral, o que é muito bom de se notar.


Big Rock: Como dito anteriormente, Jylhä é o 11º álbum de estúdio do Korplikaani, que é muito mais do que muitas bandas jamais lançam em toda a sua história. O que leva uma banda com uma discografia tão longa a escrever mais músicas? Quanto vocês tem permissão para experimentar e quanto é impulsionado pelo que os fãs esperam do som da banda?

Cane: Escrever e fazer música é nosso estilo de vida. As ideias surgem naturalmente e, quando surgem, precisam ser gravadas e lançadas. Nunca pensamos no que as pessoas esperam. Se você começar a pensar coisas assim, perderá a originalidade de sua música. Posso dizer que somos livres para experimentar.


Big Rock: Um dos singles do álbum, Leväluhta, tem ritmo de reggae. Como isso aconteceu? Vocês são fãs de reggae?

Cane: Esse é um bom exemplo da experimentação de que estava falando. Ao seguir os termos da música, se a música precisa de algumas partes de reggae, então colocamos algumas. Eu não nos chamaria de fãs por causa de um verso, mas gostamos de diferentes tipos de estilos musicais e o reggae é um deles.


Foto: Reprodução
Confira performance no canal oficial do Wacken no YouTube: https://youtu.be/NrSB2OwYQSA


Big Rock: A última vez que vi o Korpiklaani ao vivo foi no Wacken em 2018 e esperava ver vocês novamente mais cedo, mas então a pandemia de COVID-19 aconteceu e, infelizmente, continua acontecendo. Isso afetou todas as bandas em todo o mundo diretamente, já que os shows de música estavam entre os primeiros eventos a serem cancelados e provavelmente serão um dos últimos tipos de eventos a serem permitidos de novo (pelo menos no estilo pré-pandêmico) . Como Korpiklaani está lidando com os efeitos da pandemia? E o quanto você acredita que isso afetará o mundo da música nos próximos anos?

Cane: Felizmente, todos nós estamos saudáveis e escapamos dos problemas maiores. Além disso, a vida cotidiana na Finlândia não tem sido tão restrita quanto em muitos outros países. Conseguimos gravar cinco videoclipes para todos os singles do próximo álbum, em vez de fazer uma turnê. A banda também está ensaiando o novo set ao vivo para ficar pronto quando os shows começarem novamente.


Big Rock: A banda tem planos de fazer uma turnê em 2021 para a promoção de Jylhä ou este é mais um ano perdido para a música ao vivo?

Cane: Claro que temos que planejar com antecedência, como se isso acabasse logo. Temos alguns festivais de verão confirmados e uma turnê de outono está se formando. Mas vamos ver o que acontece, esperando pelo melhor. [Nota do tradutor: verão e outono europeus, respectivamente inverno e primavera no Brasil].

Foto: Divulgação

Big Rock: Como esta é minha primeira entrevista com um membro do Korpiklaani, tenho que perguntar sobre as 14 versões de “Beer Beer” em diferentes idiomas que foram lançadas como bônus para Kulkija de 2018 e mais tarde como singles em 2019 e 2020. De onde veio essa ideia fantástica?

Cane: A versão original do Shaman está no idioma Sami e o Korpiklaani fez a versão em inglês, mas achamos que seria bom ter mais alguns. [Nota do tradutor: Cane se refere à banda finlandesa Shaman, predecessora da banda Korpiklaani, que lançou uma música chamada "Vuola lávlla", com o mesmo instrumental de "Beer Beer" e também fala sobre cerveja] Temos muitos amigos em todo o mundo em diferentes bandas, então começamos a perguntar quem gostaria de cantar a música em sua língua nativa. As coisas saíram do controle porque muitos queriam fazer isso. Então, acabamos com 14 versões dela. Queremos agradecer a todos que participaram e dizer que estamos orgulhosos de cada versão.


Big Rock: Para finalizar nossa entrevista, o Brasil está fortemente presente na música “Tequila”, mas na verdade eu tenho que perguntar sobre outra conexão brasileira: o predecessor do Korpiklaani, Shaman, lançou um álbum chamado Shamániac basicamente ao mesmo tempo que uma banda brasileira também chamada Shaman lançou seu álbum de estreia. É bastante conhecido no Brasil que a banda Shaman brasileira adicionou um segundo A ao seu nome (tornando-se Shaaman) para evitar confusões com o Shaman de Jonne Järvelä. Isso também é verdade para o fim do nome Shaman e início do Korpiklaani?

Cane: Sim, é verdade. Nossa gravadora, a Napalm Records na época, sugeriu a mudança de nome por causa daquela outra banda com o mesmo nome. Ficamos bem com isso e rapidamente criamos o nome em finlandês, Korpiklaani.


Korpiklaani na internet:

https://www.facebook.com/korpiklaani

korpiklaani.com

https://www.instagram.com/official_korpiklaani



Por: Jair Cursiol Filho

Agradecimento: Marcos Franke - Nuclear Blast

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