O Underground anda furioso

Fotos: Eddie Junior/Roadie Crew

Encruzapalooza - Hangar 110 - São Paulo/SP - 17 de novembro de 2023

Por Pedro Pellegrino / Rodrigo Noé de Souza - Mtb 0090611/SP

Fotos gentilmente cedidas por Eddie Junior/Roadie Crew

Semana passada a cidade de São Paulo teve sua semana extrema, não somente por causa do calor infernal, como também ocorreu diversos shows pela terra bandeirante. Realmente, a capital global da música nos presenteou com muitas apresentações, de todos os segmentos. E, nesse dia, 17 de novembro, praticamente feriado prolongado, o "Hangar 110" promoveu a sessão de descarrego, com a "Encruzapalooza Fest", com Gangrena Gasosa, Circus e Desalmado.

Por volta das 19h, os portões se abriram para o grande festival que iria ser realizado na tradicional casa perto do metrô "Armênia" em São Paulo. Como quinteto, o Desalmado castigou a todos com seu Death/Grind, ao tocar a introdução do single "Become Hatred", para nos deixar empolgados com o seu último álbum "Mass Mental Devolution".

Realmente, Caio (v), Bruno (bx), Estevam (g), Marcelo (g) e Alemão (bt) estão mais furiosos e diabólicos, extremamente técnicos. Entre seus destaques, estavam "Become Hatred" e "Esmague os Fascistas". Aproveitando a deixa, o Desalmado está finalizando o EP novo, com 4 porradas na cara. Conversamos com o guitarrista Marcelo, "Agora com duas guitarras, o som do Desalmado está cada vez mais brutal, vocês vão gostar!". Marcelo é gente fina, e com certeza vai aumentar o gás da rapaziada que está aí no underground há quase 20 anos. (Ano que vem completam duas décadas). Marcelo também comentou sobre a visita dos irmãos Duplantier do Gojira, no estúdio do Desalmado. Uma verdadeira honra pra eles, e para os fãs das duas bandas. "Após um show do Desalmado, a vontade de tatuar o nome da banda só aumenta" (Pedro).

Foto: Eddie Junior/Roadie Crew

Passada a primeira atração, era hora da segunda banda da noite: a carioca Circus. Tocando seu Hardcore melódico, ao mesmo tempo crossover, a banda não decepcionou, e fez abrir algumas rodas. Vieram de longe, mas estavam animados por tocar na mítica casa Hangar 110. O "Hangar" estava lotado, e o público sedento por boa música. Bernardo Tavares (vocal), Eduardo López (guitarra), Alex Heink (guitarra), Lucas Mendes (baixista) e Hugo R (bateria) fizeram um show seguro, com muita intensidade, inspirados em Dead Fish, e outras bandas punk/hardcore/hip Hop. A banda já tem um bom nome na música independente brasileira e vão ainda conquistar muitos fãs por essas estradas do Brasil.

Foto: Eddie Junior/Roadie Crew

Foto: Eddie Junior/Roadie Crew

Para fechar a noite, nada melhor que o Saravá Metal, do Gangrena Gasosa. Há tempos queríamos assistir um show dessa também banda carioca. Um show da trupe do Zé Pelintra, Omulú, Exu Caveira, Tranca Rua, Pompa Gira Maria Mulambo e Exu Tiriri.

São eles: Angelo Arede (vocalista), Davi Sterminiun (vocal), Minoru Murakami (guitarra), Diego Padilha (baixo) e Alex Porto (bateria) fizeram um show pra lá de apoteótico.

Com uma energia de quem correu 10 maratonas seguidas, a banda já começou com todos os cânticos de umbanda/candomblé/macumba, que transformaram o Hangar num enorme terreiro dos praticantes dessas religiões. Foi divertido. Angelo domina o povo como ninguém. Stage diving aconteciam direto, garotas com um sorriso no rosto cantavam com força as canções do Gangrena.

O som estava tinindo e muito potente, mesmo a guitarra do Exu Caveira dando muitos problemas. Sentando a mão na percussão, Paula Perez fez a explosão da sessão rítmica da banda.

O macumba- pit rolava solto, rodas e mais rodas. Um imbecil subia no palco toda hora e atrapalhava a performance do Angelo, até que uma hora o vocalista não aguentou e soltou essa: "mermão, você tá irritando todo mundo, jogando água na cara da galera, vamos na manha, senão vou ser obrigado a te colocar pra fora". Vai mexer com o Zé Pelintra, vai... A plateia aplaudiu. Foi divertido.

As melhores músicas ficaram para o final: "Eu não entendi Matrix", "Quem gosta de Iron Meiden também gosta de KLB", "Chuta que é Macumba", "Se Deus é 10, Satanás é 666".

Destacamos também "Kizila" logo no começo do show. São várias outras clássicas do repertório da única banda Saravá Metal do mundo.

Valeu aos responsáveis pelo primeiro "Encruzapalooza Fest" da história. Que seja o primeiro de vários.