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12 de novembro de 2023

Rise of The Northstar - Fabrique Club - São Paulo/SP

Foto: Roberio Lima


Rise of The Northstar - Fabrique Club - São Paulo/SP - 03 de novembro de 2023


Por Roberio Lima

Fotos: Roberio Lima



Logo que a vinda do Rise of The Northstar ao Brasil foi anunciada, se deu uma enorme euforia por parte de seus seguidores, vide a expressiva venda antecipada de ingressos,  que foi mudando de lote rapidamente desde o início das vendas. Para muitos que ainda não conheciam a banda; o quinteto francês foi formado em 2008, e praticam um som pesado e cheio de groove, que inevitavelmente nos remete aos baluartes do que ficou conhecido no Brasil como ‘Nu metal’. Mas por outro lado, seria injusto rotula-los apenas por esse estilo, pois é possível identificar outros elementos na sonoridade da banda, e que se complementa com toda a temática que envolve o visual dos caras, onde está contida referência direta da cultura oriental. O evento teve o Fabrique Club como local escolhido para a estreia dos franceses no Brasil. Além disso, as bandas escolhidas para a “abertura” (e nesse caso as aspas são absolutamente necessárias!), foram os Santistas do Bayside Kings e os paulista do Paura. Depois de todas essas informações “colocadas a mesa”, vale destacar que a  data escolhida não poderia ser mais adequada, afinal , o dia que sucedeu o feriado de ‘dia dos finados’, ficará marcado como o data em que até os corpos sem vida, reincorporaram suas almas para expurgar cada gota de suor e impurezas que o corpo produz. 

Não demorou muito, e assim que o acesso ao interior do Fabrique foi liberado, um numero expressivo de pessoas, já aguardavam ansiosos o início das festividades. A baixada santistas é um reduto cultural importante, onde a música em suas muitas vertentes tem papel de enorme destaque no cenário nacional. Impossível não mencionar o saudoso e inesquecível Mc Felipe Boladão ou o a banda  Vulcano – que são, cada um em seu estilo, referencias incontestáveis para artistas e bandas de varias gerações. O  Bayside Kings  é mais um nome que ecoa do submundo cultural praiano, e tem uma sólida base de adeptos também na capital paulista. Não por menos, tomaram o palco de forma acachapante, e ao iniciarem os primeiros acordes de “A Consequência da Verdade” o Fabrique veio abaixo com o publico ensandecido. Os ‘stage dives’ e as tradicionais rodas se tornaram inevitáveis em um ambiente que se tornaria a partir de então, caótico! Os caras simplesmente destruíram tudo com um som visceral, tendo como principal retaguarda um setlist impecável. “The Underdogs” foi precedida de latidos da audiência – uma interação já tradicional entre os seguidores mais assíduos. A todo momento o vocalista Milton Aguiar chamava para frente do palco os que assistiam de longe, com o intuito de intensificar ainda mais o clima insano. No entanto, precisamos ressaltar que estamos falando somente da primeira banda, e que muitas pedras ainda rolariam no interior do Fabrique Club. Próximo do fim do show, os caras relembraram o Charlie Brown Jr. (nome que fala por si só, e que foi uma das mais importantes formações do rock nacional) o trecho de “Zoio de Lula”, foi a introdução para o último som do set, que veio em forma de “Existência”. Show impecável, e memorável na mesma medida, o Bayside Kings matou a pau!! 

Foto: Roberio Lima


Bom, não houve muito tempo para juntar os cacos, e já era hora do Paura. Com o terreno mais que preparado pela atração anterior, os veteranos do hardcore paulista, não tiveram muita dificuldade para conquistar o publico. Rodas e aquelas “danças” que consistem em socos no ar e voadoras, se tornaram uma constante no mesmo momento em que os primeiros acordes de “Karmic Punishment” (música que dá título ao novo álbum, lançado em 2023) ecoaram pelos amplificadores! Fabio Prandini (vocal) deixava claro o posicionamento da banda entre uma canção e outra, e não preciso dizer que o discurso antifascista foi permanente durante a apresentação dos caras. Parece pouco, mas o discurso inclusivo em que o vocal enfatiza a importância da participação das minas, pretos, Lgbtqiapn+ abrilhantou ainda mais o rolê. E tome hardcore com aquela influência marota do que melhor foi produzido no hardcore mundial. Com quase trinta anos de estrada e conduzindo seu legado na raça.  Os discos clássicos também foram revistados como em “No Hard Fellings!? Fuck you!” e “Históry Bleeds” - do álbum homônimo, lançado em 2010. Inclusive o encerramento do show se deu exatamente com essa música. E digo com toda a sinceridade, que se o evento acabasse naquele momento, já seria histórico! No entanto, ainda teríamos a atração principal da noite... Vamos a ela! 

Foto: Roberio Lima

O show estava programado para as 22h, mas houve um pequeno atraso devido a preparação do palco e ajustes dos equipamentos, nada que interferisse na expectativa do público, que naquele momento era muito grande. Particularmente meu corpo já estava em situação precária, tamanha as dores generalizadas e a quantidade de suor que dominava minha estrutura corporal combalida. Com as tradicionais máscaras e a roupa de samurai, os músicos foram se posicionando no palco, logo após a breve introdução, que foi a senha para que Vithia (vocal, único integrante remanescente da formação original), inflamasse o publico com “The Anthem” e “Showdown” dois petardos do mais recente álbum lançado esse ano. O ar estava denso e difícil de respirar, a pista do Fabrique  estava escorregadia, tamanha a quantidade de fluídos corporais que se acumulavam no chão a todo o instante. A primeira e única apresentação no Brasil foi muito especial, e os músicos sabiam o quanto o publico aguardou por aquele momento. Por isso, não aliviaram um segundo sequer, enquanto os mais insanos (a grande maioria!), tirava forças, não sei onde para corresponder a toda agressividade emanada do palco. “Bosozoku” do álbum Welcame (2014) foi mais uma das pérolas apresentadas, e a essa altura a diversão era o que bastava para os sobreviventes daquele massacre. Enfatizando suas referências nipônicas “Samurai Spirit” foi mais uma das canções muito bem recebidas pelo público. 

“Rise” foi a penúltima cartada dos franceses, enquanto “Again and Again” foi o encerramento perfeito para uma noite que dificilmente será esquecida pelo que tiveram a sorte (e coragem!) de comparecer ao Fabrique Club. No mesmo dia, graças a indiferença das gestões municipal e estadual, a maioria dos paulistanos – principalmente os que residem nas regiões periféricas – ficaram sem energia, o que em muitos casos, perdurou por mais de três dias... Pelo menos para os que compareceram ao Fabrique, essa foi a oportunidade de passar por cima de uma realidade bastante difícil que temos a sina de carregar. Dito isso, faço uso de um trecho da canção do Mc IG (imortalizada pelo saudoso e inigualável Mc Kevin) para encerrar esse relato: “não deixe pra amanhã, porque amanhã pode ser tarde”. 

Foto: Roberio Lima

Foto: Roberio Lima


Setlist Bayside Kings:

A consequência da verdade

My Freedom

The Underdog

Get Up and Try Again

Power of Change

Ronin

Warship

(Des)Obedecer

Refuse to Sink

Miragem

O que você procura aqui

Sober

Todos os olho em mim

Still Strong

Entre a guerra e a paz

Resistance

Miles and Miles Away

Existência


Setlist Paura: 

Karmic Punishment 

Reverse

Urban Decay 

Truth

In the Desert

NWA

Last Response

Education

The City is Ours

No Hard Feelings !? Fuck you!

Retaliate

Privilege

History Bleeds 


Setlist Rise of The Northstar: 

Intro

(Voices – Akino Arai “Macross Plus Opening”)

The Anthem

Showdown

Third Strike

One Love

Here Comes The Boom

Welcame (Furyo State of Mind)

Bosozoku

Sound of Wolves

Samurai Spirit

Nekketsu

The Legacy of Shi

Demonstrating My Saiya Style

Rise

Encore:

Again and Again



Agradecimento à Tedesco Comunicação e Midia pelo credenciamento e Fabrique Club pela atenção.

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