Translate

23 de março de 2024

Bikini Kill - Audio - São Paulo/SP

Foto: Mila Maluhy


Bikini Kill - Audio - São Paulo/SP - 14 de março de 2024


Por Roberio Lima

Fotos gentilmente cedidas por Mila Maluhy


Exatamente no mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, eis que o Brasil recebeu pela primeira vez a visita do Bikini Kill – grupo americano de punk rock, que tem como principal marca um  discurso feminista contundente - e que é um dos pilares do  movimento Riot Grrrl. Á frente dessa máquina de sonoridade rude e munida de uma retórica afiadíssima, está a  lendária Kathleen Hanna, que é indiscutivelmente uma das personagens mais emblemáticas de uma cena dominada por homens. 

A única data anunciada inicialmente em São Paulo, não foi o bastante para satisfazer a ansiedade de uma geração que esperou a improvável aparição do Bikini Kill por esses lados - principalmente pelo fato do grupo ter encerrado as atividades em 1997! Os ingressos se esgotaram em questão de horas,  e a produção rapidamente incluiu uma segunda data para o Áudio - local onde também ocorreu o primeiro show. No entanto, uma pergunta ecoava na mente vazia desse que vos escreve; - será que a euforia da primeira apresentação se estenderia para essa segunda noite? O raríssimo leitor poderá conferir a resposta nas próximas linhas!  

Foto: Mila Maluhy


Uma quarta-feira como outra qualquer, somada a uma rotina  de trabalho com trânsito caótico e todo o stress que se faz presente na vida dos que suplicam por mais um dia de existência.  Esse cenário por si só, já seria motivo para muitas seções de terapia e boas doses de antidepressivos. No entanto, é importante registrar que nem tudo estava perdido já que o Bikini Kill faria sua segunda apresentação na cidade. E querem saber? O publico mais uma vez não decepcionou! Infelizmente não consegui chegar a tempo para conferir as bandas Punho de Mahin e Weedra, mas  ainda pude acompanhar o final da apresentação das Mercenárias – que entregaram um show empolgante e que agradou em cheio as centenas de garotas que se aglomeravam no gargarejo em frente ao palco. Além disso, contaram com a participação mais que especial de Paula Rebellato (artista reconhecida  tanto por seu trabalho nas artes plásticas, quanto a frente do Rakta). Importante dizer que Sandra Coutinho é uma das grandes referências que o punk brasileiro produziu, e continua escrevendo capítulos relevantes da arte brasileira. Vida longa a essa guerreira! Rapidamente  a equipe técnica se mobilizou para preparar o palco para a atração principal da noite. Esse intervalo serviu para aquela boa e necessária ‘hidratação’. Enquanto isso, rolava nos alto-falantes do recinto uma discotecagem exclusivamente produzida por cantoras e bandas formada por mulheres. 

Poucos minutos depois das 22h, Kathleen Hanna,  Kathi Wilcox e  Tobi Vail ocuparam seus lugares no palco, sendo imediatamente ovacionadas pela audiência.  A guitarrista Sara Landau – que acompanha a banda na parte latina da turnê - também assumiu seu espaço no palco, e sem muitas firulas, mandaram ver com “Double Dare Yá” e seus pouco mais de 2 minutos de insanidade sonora. Arrisco em afirmar que, pelo menos setenta por cento da audiência, era constituída por mulheres de todas as idades. As rodas punk e toda aquela adrenalina que ocorre nesse tipo de evento foi protagonizado exclusivamente por ‘elas’! Jovens senhoras e adolescentes se debatiam na manifestação mais pura do empoderamento feminino. Enquanto isso os clássicos eram enfileirados para embalar a empolgação dos que aguardaram por mais de trinta anos para viver aquele momento único.  Kathleen Hanna interagia com o publico, e o clima era realmente de festa, inclusive quando trocaram de posições no palco, e Tobi Vail, deixou a bateria aos cuidados de Sara Landau para cantar  a dobradinha “Hamster Baby” e “Tell me So”. Aliás, com a tríade de álbuns formada pelos clássicos  “Revolution Girl Style Now!” (1991), “Pussy Whipped” (1993) e  “Reject all American” (1996) seria impossível apresentar um setlist que desagradasse o publico. A única coisa ruim no final das contas, foi ter a certeza que aquele momento chegaria ao fim, mas chegou em forma de “Rebel Girl” – clássico absoluto e indispensável em qualquer aparição da banda. 

Foto: Mila Maluhy

Foto: Mila Maluhy


Findado o espetáculo, corri para pegar o metrô, e já recomposto da adrenalina que se apoderou de mim, me veio á cabeça um trecho da clássica canção do grande Pepeu Gomes; - e mais que nunca, estou convicto de que “ser um homem feminino, não fere o meu lado masculino”. E sim, esse já está entre os melhores shows de 2024! 

Informativo na porta da Audio


Setlist Bikini Kill:

Double Dare Ya

Carnival

New Radio

Jigsaw Youth

Feels Blind

I Hate Danger

In Accordance to Natural Law

Demi Rep

Reject All American

Alien She

No Backrub

Sugar

Hamster Baby

Tell Me So

This Is Not a Test

Capri Pants

I Like Fucking

Rah! Rah! Replica

For Tammy Era

For Only

Distinct Complicity

Don’t Need You

Star Bellied Boy

Lil’ Red

Suck My Left One


Encore:

Rebel Girl


Agradecimentos à Agência LEMA e Associação Cultural Cecília pelo credenciamento e Audio pela atenção. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário