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27 de maio de 2024

Rhapsody of Fire cativa fãs em retorno ao Brasil após 12 anos

Foto: Paula Cavalcante



Rhapsody of Fire - Carioca Club - São Paulo/SP - 09/05/2024


Por Tiago Pereira

Fotos: Paula Cavalcante


A banda italiana de Power Metal Sinfônico Rhapsody of Fire retornou a São Paulo após 12 anos, no último dia 09, no Carioca Club, em São Paulo, esbanjando todo o carisma possível e realizando as mais diversas interações com seus fãs. A apresentação fez parte da turnê “Glory For the Enchanted Lands”, que passou por outras cidades da América Latina como El Conde (México), Bogotá (Colômbia), Santiago (Chile) e Buenos Aires (Argentina). A banda de abertura foi a Skalyface e a realização do evento foi da Dark Dimensions Produtora.

O setlist de 16 faixas abordou grande parte do repertório do Rhapsody of Fire e concentrou os maiores sucessos na reta final da noite. Fora a sonoridade adequada, o vocalista Giacomo Voli se destacou pelas constantes interações com os fãs ao longo da aguardada apresentação, organizando coros, palmas, gritos, saltos, um momento de mosh e até mesmo usando de fãs da primeira fila para traduzir palavrões do inglês para a língua portuguesa. Em todos os casos, o retorno foi massivo e ajudou a gerar o entrosamento entre a banda italiana e o público presente.


Pré-show:

De início, a casa de eventos ficou vazia durante grande parte da apresentação de abertura. A pequena concentração de fãs na pista não foi suficiente para que eu me aproximasse da grade, assim como facilitou para que as atendentes do bar se disponibilizassem para vender as bebidas e lanches disponíveis no local – um mecanismo de serviço que, inclusive, facilitou e muito para quem não quer se deslocar e perder o lugar.

Apesar da baixa concentração de pessoas no local, o show de abertura começou mais cedo, proporcionando assim um intervalo de tempo maior para a troca de equipamentos das bandas. 


Skalyface:

A banda paulistana de Heavy Metal iniciou o show às 19h50, momento em que as cortinas se abriram e quatro dos cinco membros já estavam posicionados no palco: Rafael de Abreu (bateria), William “Cupim” (baixo e backing vocal), Fernando Anjos (guitarra e backing vocal) e Diogo Novello (guitarra). Após os primeiros segundos da primeira faixa das oito tocadas na noite, “Dark Angel”, Marlon Bueno (vocal) entrou no palco chamando a galera presente no Carioca Club. Apesar do semblante tímido do início, os membros logo se soltaram, principalmente durante e após o solo da dupla de guitarristas. Esta faixa, inclusive, é a abertura e o single do EP de mesmo nome, lançado em 2022.

Em “Sailing with Gods”, a extroversão da banda logo veio com as interações entre Novello e Cupim. Marlon pediu, na reta final da faixa, para que o público repetisse o verso que leva o nome da faixa, porém sem muita receptividade e, após o motivacional do vocalista, o retorno foi mais evidente.

O show prosseguiu com Marlon apresentando a banda e conceito. Logo na sequência, o vocalista introduziu “Lord of the Night” como uma “música sobre o Senhor das Trevas”. Nela, o refrão de Marlon se destacou, assim como Fernando Anjos e Diogo Novello executaram solos de alta qualidade – Anjos, inclusive, de forma mais rápida naquele momento. 

Em seguida, o Skalyface tocou “Time of Miss You”, faixa dedicada às perdas de pessoas durante a vida. E no início mais lento, uma pessoa acendeu o flash de seu celular, recebendo um forte agradecimento de Marlon Bueno. Já na virada para um ritmo mais pesado, Novello se destacou com mais um solo de guitarra bem executado.

Marlon Bueno chamou a quinta faixa, “Screaming in Silence”, após reverenciar o compositor dela, Cupim. O frontman contou a breve história sobre ela, alegando que a banda achou ser uma música sobre o amor, no começo, mas que logo caiu a ficha de que o baixista “é um psicopata”. Esta faixa apresentou um pequeno problema - muito provavelmente envolvendo o instrumental de teclado -, mas que foi rapidamente resolvido e que permitiu o reinício correto. As interações de Marlon com os membros da banda, ao dançar ou simplesmente olhar para cada membro, além do solo de guitarra de Fernando Anjos, supriram a situação e trouxeram o público junto para fortes palmas no final da faixa.

O Skalyface deu prosseguimento ao show com a apresentação dos membros e ao chamar o vocalista Raphael Dantas, que compõe a banda de Power Metal Ego Absence. Juntos, Marlon e Raphael cantaram o cover de “The Evil That Men Do”, do Iron Maiden, e a faixa “Spear of Destiny”. Não somente o cover trouxe um gás novo para o público, que muito bem acompanhou nas vozes, como foi alicerce para que Marlon contasse o contexto de importância que Raphael Dantas tem para a fundação da banda, em 2020.

O Skalyface fechou a apresentação com “Burn Your Mask”, faixa que também finaliza o EP “Dark Angel”. O começo com sirenes deu o ar de peso da faixa que, aos poucos, se acelera. Raphael Dantas reapareceu de surpresa para complementar a reta final da música e o público, já em quantidade maior que no início do show, repetiu a palavra “Burn” conforme as orientações de Marlon. 

Num geral, o Skalyface mostrou uma ótima qualidade sonora e capacidade de contornar situações imprevistas em palco. Além disso, o quinteto tem potencial para ir além, conforme venham novas faixas. É um grupo para ficar de olho no cenário nacional e o incentivo às apresentações e a um público ouvinte são e serão essenciais para esta evolução.


Setlist Skalyface:

1. Dark Angel

2. Sailing with Gods

3. Lord of the Night

4. Time of Miss You

5. Screaming in Silence

6. The Evil That Men Do (cover de Iron Maiden e com participação de Raphael Dantas)

7. Spear of Destiny (participação de Raphael Dantas)

8. Burn Your Masks (Raphael Dantas retorna no final da faixa)

Foto: Paula Cavalcante


Pré-Rhapsody of Fire:

Após o fim do show do Skalyface e as fotos de encerramento, o rápido movimento dos roadies das duas bandas da noite foi visto até o fechamento das cortinas. Após isso, os grandes clássicos do Heavy Metal internacional foram o meio de entretenimento que antecedeu a atração principal, somados aos testes de instrumentos e som.

Às 21h01, as luzes se apagaram e o som parou para que a espera de 12 anos esvaísse.


Rhapsody of Fire e um show cativante:

A narração de Christopher Lee (1922 – 2015) deu a letra do que seria a faixa inicial. Bastou o seguinte trecho para que o público soubesse que a faixa seria “The Dark Secret”

“It Was a good time for all creatures of the earth, but fate decreed that the dark prophecy of a demon knight could bring a tragic end of this peace scarring their lives forever”.

Do restante da narração, vieram os membros da formação atual do Rhapsody of Fire: Paolo Marchesich (bateria), Alessandro Sala (baixo), Roberto De Micheli (guitarra), e Alex Staropoli (teclado), único membro que está na banda desde o início. Com o início de “Unholy Warcry”, que formou com a introdução a dobradinha do álbum “Symphony of Enchanted Lands II (The Dark Secret)” (2004), o vocalista Giacomo Voli entrou e fechou a formação, dando um falsete poderoso, além de puxar os primeiros gritos de “hey”, mostrando assim um “cartão de visitas” do que seria aquela noite no Carioca Club. Em outros momentos da faixa, Voli fez questão de aproximar o microfone de quem estava nas primeiras fileiras, visando captar um pouco do coro em meio à faixa.

A sequência da apresentação se deu com “I’ll Be Your Hero”, faixa que também é single do último álbum lançado, “Glory for Salvation” (2021). Roberto de Micheli teve destaque por conta de seus solos na faixa, incluindo o principal, tocado com a técnica de shred. Giacomo continuou sua saga de interações com o público ao andar por todo o extremo do palco, o mais próximo possível de quem estava na grade.

A primeira pausa de discurso veio logo após a segunda música, e o vocalista do Rhapsody of Fire fez uma brincadeira com a palavra ciao, que em italiano significa “oi”, mas que foi usado como uma brincadeira num falso sentido de despedida. Não era o que os fãs queriam, claro.

Rapidamente, a banda voltou a tocar. Dessa vez, a faixa foi “Chains of Destiny”, que também compõe o último álbum lançado pelo quinteto. O ritmo rápido logo foi acompanhado pelo público com o coro no tom do teclado do contido e concentrado Alex Staropoli. Roberto De Micheli executou outro grande solo na noite e Giacomo Voli, sem economias, estendeu o grito final da faixa a ponto de receber fortes aplausos e, também, ter que tirar sua jaqueta devido ao calor que alegou ter sentido na casa de eventos.

Com “The March of the Swordmaster” e sua introdução mais “medieval”, o Rhapsody of Fire voltou à era do álbum “Power of the Dragonflame” (2002). O refrão contagiante tirou grande parte do público do chão, por meio de pulos guiados por Giacomo Voli. E desta vez, a aproximação ao público veio por meio de Roberto De Micheli e do carismático Alessandro Sala, dupla que também interagiu muito durante a faixa. Os gritos de “Hey”, que voltaram em certo momento da música, foram a “cereja do bolo” para tirar um grande sorrido dos membros da linha de frente, no palco.

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante


“The Legend Goes On” trouxe o setlist de volta à era de músicas cantadas por Giacomo Voli. A faixa, parte do disco “The Eight Mountain” (2019), é mais acelerada e trouxe muito do potencial da bateria de Paolo Marchesich, principalmente em seu pedal duplo. O refrão de Giacomo também foi um destaque combinado ao baterista, além de seus pedidos de gritos ao público, somados ao balançar dos cabelos.

Voli foi enfático ao dizer que o público presente foi “fantástico”. No decorrer do diálogo, o vocalista do Rhapsody of Fire definiu o seu “tradutor”, um jovem que estava na parte central da primeira fileira da pista, para indicar como se pronuncia “fuck” na língua portuguesa. A palavra dita e confirmada pelos demais presentes entrou para o vocabulário de Giacomo, que repetiu por mais algumas vezes ao longo do show.

A sequência da apresentação veio com “March Against the Tyrant”, que também é do mesmo álbum da faixa anterior. Poderoso riff de guitarra de Roberto logo transitou para uma parte lenta, em que Giacomo de Voli cantou com mais calma e lirismo, além de organizar o ritmo das palmas dos fãs. E durante a parte mais rápida da faixa, foi possível ver o guitarrista da banda interagir com Alex Staropoli. O mesmo viu todo o Carioca Club balançar as mãos durante seu solo de guitarra, assim como o vocalista do quinteto fez outra grande finalização vocal, repetindo o termo “foda” ao final.

Já em “A New Saga Begins”, única música a representar o disco “Triumph of Agony” (2006), os presentes acompanharam Giacomo nos pulos coordenados, durante os refrões, numa faixa propícia a isso. A energia foi tamanha que o frontman do Rhapsody of Fire chegou a pedir mais vento gelado em direção ao palco. O calor momentâneo não foi empecilho para que ele pedisse a tradução da palavra c* para o mesmo jovem da grade, em outro momento engraçado da noite.

Nesse momento, o Rhapsody of Fire deu uma casquinha do que será o novo álbum da banda, previsto para lançar no dia 31 de maio. “Challenge the Wind”, faixa que leva o nome do álbum, foi a escolhida e trouxe a essência do Power Metal Sinfônico proposto pela banda. Em seguida, foi a vez de Giacomo apresentar membro a membro, com fortes retornos de ovações e palmas para cada um deles.

A pegada veloz da banda se manteve com “Rain of Fury”, que tem um ótimo início executado pelo teclado de Alex Staropoli. O público, claro, fez questão de fazer os coros quando necessário e Giacomo, após o segundo refrão, fez questão de “ajudar” o baterista Paolo Marchesich ao parar os pratos do topo, no ritmo da faixa. Fora isso, Roberto executou outro ótimo solo em sua guitarra.

Giacomo Voli ainda aproveitou outra pausa para aprender outro termo em meio a palavrão, mas desta vez com outro fã da primeira fileira: “do car****”. Em seguida, fez questão de relembrar a importância de Christopher Lee em sua participação no sexto álbum da banda, quando ainda era apenas Rhapsody. A faixa “The Magic of the Wizard’s Dream”, então, veio como um tributo ao falecido ator e quebrou a sequência agitada de faixas da banda. Flashes e mãos para o alto vieram de todos os lados da pista e do mezanino, fortalecendo o momento e o tributo e, na finalização, o vocalista do Rhapsody of Fire fez questão de mandar um beijo para os céus, direcionando a Christopher.

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante


Os elogios para o público de São Paulo antecederam o poderoso riff da clássica “Dawn of Victory”, que trouxe de volta o ritmo agitado ao público. A faixa, que leva o nome do álbum de 2000, fechou esta parte do show e elevou o coro dos fãs, numa altura ainda não vista naquela noite.

O rápido descanso da banda, em meio a um palco vazio, encerrou com o som ambientado a suspense que, logo em seguida, deu margem para o retorno dos membros do Rhapsody of Fire e para o início de “Reign of Terror”. A faixa contou com gritos mais estridentes de Giacomo Voli, além de uma velocidade absurda da bateria de Paolo Marchesich. O refrão em latim também trouxe uma pegada imponente à faixa. Roberto De Micheli, inclusive, voltou com uma bela guitarra branca, na qual executou outro grande solo na reta final da faixa.

Giacomo Voli, ao final da faixa anterior, voltou a brincar com a palavra “ciao” e afirmou que havia mais três músicas a apresentar. E claro, o público já clamava por faixas mais clássicas e que são essenciais para a popularização do Rhapsody of Fire. A primeira foi “Wisdom of the Kings”, primeira do clássico álbum “Symphony of Enchanted Lands” e faixa na qual Giacomo chegou a cantar parte dela sentado, como se estivesse a contar uma história em frente a uma fogueira – e sim, o fogo seria o público, pela forma como estavam felizes e como ainda se agitariam mais com a reta final. 

Antes das faixas finais, uma fã saiu do meio da pista para a grade, pois tinha algo a falar para Giacomo. E foi justamente uma declaração em nome de todos os fãs, indicando que é muito fã do Rhapsody of Fire e que quer vê-los novamente no Brasil. Sob ovações, a fã recebeu os agradecimentos e também viu Alex pedindo uma pequena pausa para que os ajustes na bateria de Paolo fossem realizados. 

Com tudo ajeitado, as duas “cerejas do bolo” da noite vieram para o público. A primeira foi a clássica “Land of Immortals”, do primeiro e icônico álbum “Legendary Tales” (1997). Nela, além do início marcante da guitarra e do teclado, a execução vocal de Giacomo foi incrível e agregou muito à faixa. 

A finalização da faixa anterior, com um evidente falsete, foi prelúdio para o último som da noite. E para ele, Giacomo Voli, além dos calorosos agradecimentos aos presentes, fez questão de relembrar a tragédia no Rio Grande do Sul e prestou um pequeno tributo. Por fim, ele organizou a última interação da noite: um mosh pit na parte frontal da pista. Até aquele momento, não deu para perceber se houve algum outro em outros espaços da pista. No entanto, foi na última faixa que o bate-cabeça foi oficialmente instaurado pelo frontman do Rhapsody of Fire. 

A música em questão, claro, foi “Emerald Sword”, também do álbum “Symphony of Enchanted Lands”, para delírio dos fãs. O coro mais alto da noite veio por meio deste som – principalmente no refrão -, somado a um bate-cabeça frenético em uma roda que aumentou ao longo da faixa. E a combinação musical de todos os membros deu ar para a faixa e para cada instrumento, o que tornou aquele momento final algo único para um retorno ao Brasil após 12 anos.

Enquanto “Act VII: The Angels' Dark Revelation” tocou como um encerramento fora do setlist, os membros do Rhapsody of Fire fizeram questão de demonstrar seus agradecimentos, tirar fotos e posar pela última vez. O mais incrível foi o momento em que Alex Staropoli, Roberto De Micheli e Alessandro Sala autografaram a foto da banda que um fã da grade segurou e pediu após o término das fotos. Foi uma atenção que pouco vi em coberturas de outros shows que realizei no mesmo local e que claramente tornaram a noite daquele fã ainda mais encantadora.

E para o público em geral, tanto os que compareceram quanto os que não puderam ir, a torcida é para que o Rhapsody of Fire possa vir com mais frequência ao Brasil. A banda tem um álbum novo a caminho e este pode se tornar um fator essencial para um retorno em breve, para shows tão marcantes quanto o que foi o deste retorno ao país.

Fotos: Paula Cavalcante



Setlist Rhapsody of Fire:

1. The Dark Secret

2. Unholy Warcry

3. I'll Be Your Hero

4. Chains of Destiny

5. The March of the Swordmaster

6. The Legend Goes On

7. MMarch Against the Tyrant

8. A New Saga Begins

9. Challeng the Wind

10. Rain of Fury

11. The Magic of the Wizard's Dream (dedicatória para Christopher Lee)

12. Dawn of Victory


Encore:

13. Reign of Terror

14. Wisdom of the Kings

15. Land of Immortals

16. Emerald Sword (dedicada às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul)

Final - Act VII: The Angels' Dark Revelation



Agradecimentos à JZ Press e Dark Dimensions pelo credenciamento e Carioca Club pela atenção.

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