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Por: Jair Cursiol Filho - Repórter Big Rock N' Roll
O primeiro disco de Simone Simons fora de sua banda Epica está sendo lançcado nesta sexta-feira, 23 de agosto e se chama Vermilion. E apesar da bela capa estampar apenas o nome da vocalista holandesa, é, na verdade, um projeto em dupla. Ao lado dela está o guitarrista holandês Arjen Lucassen, mais conhecido pelo seu projeto Ayreon (o nome Ayreon é tão maior do que o de Arjen que na verdade é o nome do projeto e não do músico que é colocado como uma participação nos créditos de todas as faixas no Spotify, YouTube e afins).
A bolacha abre com a primeira música chamada Aeterna, que foi escolhida para ser o primeiro single. Posso estar dando crédito demais para Arjen, mas, após algumas ouvidas, são características dos vários projetos do músico holandês (como Supersonic Revolution ou Star One) que fazem a diferença nestas músicas entre o que Simone faz aqui e o que ela faz na sua banda principal.
A já citada Aeterna abre muito parecida com músicas de discos do Epica, com corais e passagens étnicas que poderiam muito bem caber em discos como Omega ou Consign to Oblivion. São os teclados e sintetizadores tão característicos de outras bandas de Arjen que movem essa música de algo que pareceria Epica para algo único - ao ponto de que, ao final dela, você já esqueceu que o início é étnico.
O disco segue para In Love We Rust, segundo single. Esta é uma balada bonita, mas que não fez muita coisa para este que escreve. Talvez caberia sem nenhuma modificação em um dos 8 discos de estúdio do Epica.
Cradle to the Grave tem participação de Aliisa White-Gluz (Arch Enemy) fazendo vocais guturais. Essa aqui é onde se vê mais a influência de Arjen no instrumental, que ajuda muito a separar esse dueto de qualquer um dos duetos entre a voz lírica de Simone e o gutural de seu companheiro costumeiro, Mark Jansen. Talvez seja essa similaridade que me fez gostar muito desta música e até querer que ela fosse um dos singles.
Nesse ponto do review, você deve estar se perguntando se todas as músicas são comparáveis ao Epica. Sim, são, todas elas. Confesso ter ficado um pouco em dúvida de qual público Simone está tentando atingir com este álbum. Explico: trabalhos solo de artistas já conhecidos por participarem de algum grupo tendem a cair em duas categorias:
-Ou o/a artista está iniciando uma carreira solo após deixar o grupo, e aí o trabalho solo não foge muito do estilo que caracterizou o sucesso em grupo (pegue as carreiras solos de Tarja Turunnen e Andre Matos, que são próximas de suas bandas anteriores em estilo);
-Ou o/a artista tem outros interesses além de sua banda principal e utiliza a trabalhos solo ou em dupla como um escape para produzir coisas diferentes (o projeto Outlanders de Tarja ou Virgo de Andre Matos são vastamente diferentes, saindo até do metal, enquanto o vocalista Fabio Lione do Angra já teve até uma carreira solo como DJ de eurobeat enquanto cantava no Rhapsody of Fire).
Este disco de Simone Simons parece cair na primeira categoria em termos de som, mesmo ela continuando no Epica. Parece que todas as experimentações e desvios são sempre balanceadas com uma preocupação de não alienar fãs de seus trabalhos anteriores. Isto não é uma crítica negativa, é apenas uma escolha criativa e artística que achei bastante curiosa.
Flight or Flight, quinta música, começa com um riff reminiscente de The Unforgiven do Metallica, antes de desviar completamente deste caminho após cerca de 2 minutos.
The Weight of My World é outra cujo instrumental se afasta do Epica, tendendo mais para o lado de Arjen, assim como foi Craddle to the Grave. A vantagem aqui é que apenas Simone canta, afastando-a ainda mais de comparações. Seria, com certeza, a minha escolhida para uma música de trabalho.
Vermillion Dreams, de onde o disco tira seu título, é a segunda balada do disco. Eu naturalmente sou uma pessoa que não gosta de "baladas metal" (Coldplay e Oasis são muito melhores nisso que qualquer banda de metal), então essa e In Love We Rust foram naturalmente as mais difíceis de escutar no álbum. Várias vezes me peguei querendo pular as duas, até lembrar que estava fazendo um review para ser publicado e voltei atrás.
Qual não foi a minha surpresa quando a pior música do disco foi seguida pela melhor? The Core certamente vai para as minhas favoritas do Spotify quando o disco estiver liberado! O riff principal junto com os vocais de Simone são maravilhosos e gostaria muito de poder deixar em um loop.
Dystopia desacelera para uma música mid-tempo cujo instrumental realmente poderia ser trilha sonora para um filme distópico, tema este que já permeia algumas das letra de músicas de Simone em trabalhos recentes.
O tema distópico continua R.E.D. (cujo significado é "Rise, Evolve, Dominate"), terceiro single, que lida com o surgimento da inteligência artificial. Aqui Simone desvia de referências ao Epica, nos entregando uma música moderna, que poderia estar em um dos discos recentes do Within Temptation, ou até ser um cruzamento de bandas metal industrial com a bela voz lírica da cantora.
Dark Night of the Soul fecha sendo a terceira balada do disco. Para mim, de longe, é a melhor das três balads. Explico: a voz de Simone é acompanhada por piano e cordas, sem a preocupação de colocar elementos de metal, como solos rápidos e guitarras distorcidas que geralmente casam pouco com músicas assim. É uma balada que dá para mostrar até para quem abomina metal.
Vermillion é, ao final, um bom disco que vai agradar fãs de Epica (como eu) por não ser diferente o suficiente da banda para afastá-los, mas tem elementos novos o suficiente para suportar uma hipotética futura carreira solo de Simone dentro do metal caso um dia ela decida por algo do tipo. Não acho, contudo, que vá atrair novos fãs para a holandesa (espero estar errado).
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Nota: 8 de 10.
Simone Simons - 'Vermillion'
Gravadora: Nuclear Blast Records
Data de lançamento: 23/08/2004
Tracklist:
1. Aeterna 6:02
2. In Love We Rust 4:46
3. Cradle To The Grave (feat. Alyssa White Gluz) 3:59
4. Fight or Flight 5:24
5. The Weight of my World 4:20
6. Vermillion Dreams 4:36
7. The Core 3:55
8. Dystopia 4:44
9. R.E.D 4:03
10. Dark Night Of The Soul 4:13
Ouça aqui:
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