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11 de setembro de 2025

Album Reviews: Alerta Vermelho - 'Zero' (2024)

 

Foto: Divulgação



Por: Mário R. Pescada - Colaborador Big Rock N' Roll


De Belo Horizonte, Alerta Vermelho arrasa na sua estreia com o ótimo EP “Zero”


O mineiro Alerta Vermelho foi formado em 2023 aqui em Belo Horizonte (coincidência que nos anos 90 tivemos uma banda com esse mesmo nome também de BH, só que de thrash metal) por três bateristas experientes da cena underground que trocaram de postos, assumindo baixo e guitarra.

22 de agosto de 2025

Album Reviews: Deftones - private music (2025)

Foto: Divulgação 


Por: João Zitti - Colaborador Big Rock N' Roll  


Com “private music”, Deftones entrega um excelente disco que abraça raízes, experimentações e que agradará suas diferentes gerações de fãs.


Após quase cinco anos de espera desde “Ohms”, Deftones finalmente está de volta! Para quem não conhece, Deftones é um dos principais nomes do Nu Metal, movimento musical surgido nos anos 90 e que misturava rock e metal com elementos de hip-hop. Liderado por Chino Moreno, a banda é detentora de hits como “Change (In The House Of Flies)” e “My Own Summer (Shove It)”, e é tida como uma das principais portas de entrada da nova geração no mundo do rock e do metal. O novo lançamento do grupo é o disco “private music”, que conta com pouco mais de 40 minutos de duração e 11 músicas em seu tracklist. Além disso, o álbum está sendo lançado no mesmo ano em que “Adrenaline” completa 30 anos, uma grande coincidência (ou não) do destino. A Big Rock teve o prazer de ser convidada pela Warner Music Brasil para a Listening Party exclusiva do novo álbum, em um evento exclusivo e que aconteceu em um dos principais pontos da cidade quando se fala de metal: a Galeria do Rock, mais especificamente no “The Cave”, que fica logo na entrada do andar subsolo do local. 

O disco inicia com a faixa “my mind is a mountain”, que não é uma grande novidade para os fãs do grupo, pois foi marcada por ser o primeiro single lançado do novo trabalho. Já de cara, ela é uma ótima introdução para o disco, com a utilização de riffs que combinam o peso e a velocidade para impactar o ouvinte e anunciar que Deftones, enfim, voltou. Além disso, a abordagem de Chino Moreno por preservar as suas linhas vocais mais arrastadas (no sentido positivo) reforça o intuito da banda de seguir com suas raízes nos seus trabalhos mais modernos, ainda que claramente buscando se modernizar. Falando de Chino: quem acompanhou a banda nos últimos tempos está ciente das mudanças vocais que o vocalista tem enfrentado, o que é perfeitamente normal de se acontecer. E nesse disco, o artista toma a inteligente decisão de criar músicas que se adequam aos seus vocais atuais, de forma a preservar a sua identidade e abraçar o presente e o futuro, dando preferência a entregar trabalhos de qualidade ao invés de se jogar em uma tentativa desesperada de mostrar que é o mesmo garoto de quase três décadas atrás. 

Seguimos, então, para “locked club”, faixa que apresenta vocais mais “recitados”, de certa forma, do que cantados em sua grande maioria. O peso, aqui, é trazido por uma afinação mais grave das guitarras (muito provavelmente de 7 cordas, algo feito anteriormente pela banda), que deixa de lado riffs mais complexos para dar lugar, então, para bends e notas ressoando por um maior intervalo de tempo. As linhas de guitarra mantém um padrão muito similar ao longo da canção como um todo, o que faz com que a bateria seja o grande destaque da música, que mistura batidas bem marcadas e agressivas com pratos em momentos estratégicos que reforçam a energia mais “etérea” desejada. A terceira música do álbum, “ecdysis”, apresenta um elemento inédito até então no disco, que é a utilização de batidas mais eletrônicas que remetem à ideia de algo mais industrial, não orgânico e padronizado. Ela, então, segue para um padrão já mais rítmico, reforçada pela excelente combinação das linhas de bateria e de baixo que lembram até mesmo o início de “Around The Fur”. A utilização desses elementos mais eletrônicos no início da canção fazem muito sentido, especialmente quando alinhados à letra da canção, que se propõe a falar de uma retomada do mundo por parte da natureza, com o aumento dos rios e o domínio das chamas como um símbolo da “praga” do ser humano e de suas ações com o meio-ambiente. 

O disco segue para “infinite source”, que é provavelmente uma das faixas mais fracas do disco. Creio que o grande problema aqui seja a presença de muitos elementos diferentes em um lugar só: a música tenta criar uma atmosfera mais etérea, com guitarras pesadas e, ao mesmo tempo, linhas com um timbre clean, com vocais que recitam a letra de uma maneira mais rítmica, mas ao mesmo tempo mais arrastada. Consequentemente, isso cria uma canção em que muitas coisas querem falar ao mesmo tempo, mas nenhuma consegue com um efetivo sucesso, se tornando uma canção que fica perdida no meio de todas as outras. 

Foto: Clemente Ruiz


A canção seguinte, “souvenir”, é a mais longa de todo o álbum: seis minutos e dez segundos, no total. Ao contrário da sua antecessora, ela consegue trazer muito bem todo o aspecto mais voltado pra uma transcendência da matéria, em um amor que ultrapassa o espaço e tempo em sua letra. O uso de efeitos na guitarra enquanto combinada por riffs de peso, especialmente no minuto 2 acompanhando a letra em “Keep warm here beside me, holding you tightly”, é a grande cereja do bolo na canção, que, assim como em “locked club”, busca criar riffs que não necessariamente são os mais complexos, mas definitivamente são os mais efetivos. A partir do minuto 4, são utilizados sintetizadores (ao que tudo indica) para transportar o ouvinte diretamente a esse mundo espacial que tanto se fala durante a canção, criando uma calmaria antes da explosão. 

E é exatamente isso que acontece em “cXz”, que traz uma sonoridade que é, definitivamente, a mais caótica até o momento no álbum, reforçada especialmente pelas linhas de guitarra e pelos efeitos utilizados por Chino em seus vocais, que transmitem uma sensação de quebra e rompimento da realidade. Isso tudo, claro, é muito alinhado com sua letra, que fala justamente de reconfigurações da realidade e distorções mentais. A mensagem é muito reforçada, também, pelo visualizer elaborado pelo grupo, que mostra diferentes imagens tentando se encaixar e voltar ao padrão, mas sem sucesso. 

Agora tendo entrado oficialmente na segunda metade do álbum, somos presenteados pela belíssima “i think about you all the time”, que lembra (e muito) outras canções mais melódicas da banda, como “Beauty School” e “Sextape”, do disco “Beauty School”. Isso acontece. especialmente, pela escolha de vocais mais melancólicos por parte do Chino e, também, pela utilização de timbres mais cleans em alguns momentos da canção, combinados por delays e, claro, interrupções por partes mais pesadas e com a típica sonoridade mais arrastada. Podemos decretar, oficialmente, que temos um novo hino da sofrência do Deftones, e que é uma excelente adição ao catálogo da banda. 

E seguindo a sequência de excelentes músicas, temos “milk of the madonna”, que foi o segundo e último single do álbum lançado pelo grupo. Em pouquíssimo tempo, ela consegue criar uma explosão sonora e energética surpreendente, acompanhando e desenhando as tragédias de uma chuva de sangue citada na letra com sucesso. Claro que colocar o nome de Madonna no título da canção tem muito haver com o fato de ser uma artista que possui ligações com um certo lado religioso e bíblico (especialmente no quesito polêmica), mas muito se deve, também, ao relacionamento que ambos os artistas possuem: foi a gravadora de Madonna que, lá nos anos 90, assinou um contrato com Deftones para a gravação e lançamento de seus discos, tendo sido aprovados pela própria artista em pessoa. Ela, inclusive, chegou a presentear Chino com um pôster nu dela com seu autógrafo em comemoração pelo contrato assinado. Muitos anos depois, o grupo finalmente resolveu retribuir a homenagem, escolhendo justamente uma das melhores músicas desse disco (e arrisco dizer de sua carreira) para isso. 

A nona música do álbum, “cut hands”, é uma viagem no tempo quase que instantânea para o Nu Metal dos anos 90, especialmente para seus dois primeiros discos “Adrenaline” e “Around the Fur”. O uso de scratches pontuais (especialmente na sua abertura) são justamente o causam esse efeito, acompanhado pelo estilo dos vocais utilizados por Chino, com screams agudos que ajudam nesse grande flashback. Aqui, é claramente priorizado o peso ao invés de uma construção mais etérea vista em outras canções, retomando toda uma sonoridade mais caótica e, especialmente, revoltada desse período e desse movimento musical. 

Foto: Divulgação 


Algo a ser parabenizado sobre esse disco é o excelente uso de transições extremamente limpas entre as faixas. Isso acontece em todo o álbum, mas é importante fazer esse comentário justo agora devido à impressionante transição entre “cut hands” e “~metal dreams”, que tanto na Listening Party quanto escutando o álbum posteriormente transmitiram a impressão de que as duas eram uma única música, de tão bem encaixadas que elas foram. Portanto, fica esse comentário pontual que, definitivamente, me pegou desprevenido positivamente.

Falemos, então, de “~metal dreams”: a canção volta a brincar com a criação de uma sonoridade mais etérea, mas ao mesmo tempo encaixando diversos elementos de estranhamento sonoro, como a utilização de notas dissonantes e quebras de timing durante toda a canção. 

Fechando o disco, temos a faixa “departing the body”, canção essa que parece ser uma grande retomada de tudo que escutamos ao longo do disco: o grupo mistura sonoridades mais eletrônicas e tecnológicas com uma certa introspecção a princípio, para, então, ser quebrada pela agressividade das guitarras em um ritmo que parece se arrastar por toda a canção. É quase como se nós trancendescemos a matéria para um espaço livre de tudo mas, ao mesmo tempo, extremamente tecnológico, e que em certos aspectos causa até mesmo uma sensação de aprisionamento ao invés de uma liberdade real, encerrando com chave de ouro as sonoridades e temáticas trabalhadas ao longo de todo o disco. 

Após quase cinco anos desde seu último trabalho, Deftones entrega em “private music” um disco com excelentes canções, como “ecdysis”, “i think about you all the time” e “milk of the madonna”, e que traz um balanço perfeito entre elementos experimentais e de suas raízes, abraçando o seu consolidado público do passado e abrindo os braços para receber as novas gerações do futuro. 


TRACKLIST COMPLETA:

1. my mind is a mountain

2. locked club

3. ecdysis

4. infinite source

5. souvenir

6. cXz

7. i think about you all the time

8. milk of the madonna

9. cut hands

10. ~metal dream

11. departing the body


Ouça aqui: https://deftones.lnk.to/PrivateMusic

21 de julho de 2025

Album Reviews: Midgard - Verdugos (2024)


Foto: Divulgação


Por: Alexandre Veronesi - Colaborador Big Rock N' Roll  


Na mitologia nórdica, Midgard é o nome atribuído ao reino dos humanos. A despeito disso, a banda bauruense homônima, fundada no já distante final da década de 90 (1999, mais especificamente), pouco ou nada explicita as suas hipotéticas influências provenientes da terra dos vikings, ao menos não em seu mais recente trabalho, o qual abordaremos aqui.

"Verdugos", que significa 'carrascos' e/ou 'algozes', é o título do segundo full-lenght do grupo, lançado em Novembro de 2024, após um salto de quase 20 anos do antecessor, "From Ashes..." (2005), e agora contando com um line-up majoritariamente reformulado: o conjunto hoje consiste em Paula Jabur (vocal), Marco F.L.Y. (vocal e baixo), Omar Rezende (guitarra e vocal), Julio "Tio Chico" (bateria) e Miño Manzan (teclado).

A sonoridade do Midgard é interessante e um tanto quanto complexa de se rotular. Muito embora o mote central parta do Heavy / Doom Metal, o quinteto ostenta um leque de influências diversas, que vão do Rock Psicodélico, Stoner, até mesmo ao Hard Rock - aplicadas por vezes em doses homeopáticas nas composições - além de que, ter três vocalistas na formação aumenta exponencialmente a capacidade em desenvolver novas camadas e nuances, e provas cabais disso são temas como "Another Day", "Last Sanctuary", "Pearls To The Pigs", "Midnight Rainbow" e " Nocturnal Storm", que têm a capacidade de transportar o ouvinte à outra realidade, uma verdadeira viagem sônica, com peso e bom gosto. "Crying At The Party" é mais um grande destaque, e de certa forma, uma exceção dentro do repertório (e grata surpresa), pois trata-se de um tema Glam Metal praticamente aos moldes tradicionais, muito enérgico, que carrega porém uma temática lírica melancólica. Com os seus 50 minutos de duração, o disco encerra-se por meio de "Wild Walkers", uma faixa densa e arrastada, sem dúvidas uma das mais legais do registro.

"Verdugos" foi gravado no estúdio Mr. Rec Vintage Audios, em Bauru/SP, com produção assinada por Amauri Muniz, sendo que mixagem e masterização ficaram a cargo de Caio Constanzo. A arte da capa, enigmática e recheada de signos atrelados diretamente ao título do trabalho, foi desenvolvida por Jean Michel, artista gráfico que já trabalhou com grandes nomes como Queensrÿche, Metal Church, Vixen e Lynch Mob.

Para finalizar, recomendo a todos que escutem esta bolachinha com extrema atenção e carinho, e àqueles que aprovarem a experiência, deixo aqui uma dica valiosa: a banda está às vésperas do lançamento de um novo EP, intitulado "Echo Fractum", previsto para 11 de Julho próximo, então, fiquem ligados!

Foto: Divulgação


Midgard - Verdugos

Data de lançamento: 02/11/2024

Gravadora / Selo: Som do Darma


Tracklist:

01 - Another Day

02 - Last Sanctuary

03 - Pearls To The Pigs

04 - Midnight Rainbow

05 - Psy-Code-Hellika

06 - Nocturnal Storm

07 - Crying At The Party

08 - Silent Song

09 - Wild Walkers


Formação:

Paula Jabur - vocal

Marco F.L.Y. - baixo e vocal

Omar Rezende - guitarra e vocal

Julio "Tio Chico" - bateria

Miño Manzan - teclado


9 de julho de 2025

Album Reviews: Maestrick - Espresso Della Vita: Lunare (2025)

Arte: Juh Leidl


Por: Alexandre Veronesi - Colaborador Big Rock N' Roll  


Sejamos honestos: o Brasil nunca foi exatamente uma referência em se tratando de Prog Metal. Muito embora hajam formações que apostem na mescla do subgênero com outros diversos, especialmente o Heavy e o Power - o próprio Angra é um bom exemplo disso - além de nomes que causaram alguma repercussão durante seu período de existência, como é o caso do MindFlow, este nicho específico ainda carece de maior representatividade por aqui. Bem, no que depender do Maestrick, tal cenário poderá mudar muito em breve.

Fundada em 2004 na cidade de São José do Rio Preto (interior de São Paulo), a banda estreou em estúdio com o EP "H.U.C." (2010), para já no ano seguinte soltar seu primeiro álbum cheio, o muito bem recebido "Unpuzzle!", e a verdadeira consagração dentro do âmbito nacional veio com "Espresso Della Vita: Solare", disco de 2018 que marcou a primeira etapa da história conceitual do grupo sobre a jornada da vida, representada na obra por meio de uma viagem de trem. Com nada menos do que uma pandemia no caminho, a aguardada segunda parte enfrentou atrasos e outros percalços, até que pôde ver a luz do dia em 02 de Maio de 2025, e eis que "Espresso Della Vita: Lunare" encontra-se finalmente entre nós, uma cortesia da renomada gravadora italiana Frontiers Records.

O line-up atual - e naturalmente, responsável por esta gravação - permanece contando com Fábio Caldeira (vocal, piano e teclado), Renato Montanha (baixo) e Heitor Matos (bateria), os membros originais do Maestrick, acrescido por Guilherme Henrique, músico que em 2019 assumiu as seis cordas da banda.

A introdução "A Very Weird Beginning" é basicamente uma narração com piano ao fundo, que rapidamente dá lugar a "Upside Down", com seu clima e pegada quase circenses - consigo facilmente imaginar Caldeira aqui portando uma cartola e terno colorido enquanto canta - detentora de um dos refrãos mais poderosos do registro. Na sequência, vem "Boo!", faixa bastante pesada que flerta com o Heavy Metal mais tradicional (da escola moderna), com destaque para as linhas de guitarra, além da boa participação de Tom S. Englund, frontman do Evergrey; "Ghost Casino", uma interessante representação de teatro musical, com vocais dinâmicos e um arranjo recheado de variações melódicas; e então, "Mad Witches", a primeira faixa de longa duração (9 minutos), detentora de um lindo início em piano e voz - com passagem similar ao meio - que logo ganha contornos dramáticos, diversas mudanças rítmicas, e possui um dos melhores solos do disco.


A audição segue com a balada "Sunflower Eyes", que particularmente considero a faixa mais 'insossa' do repertório, mas as coisas logo voltam aos trilhos em "The Root", canção Prog Metal raíz - com o perdão do trocadilho - que chega até a lembrar Dream Theater em alguns momentos, altamente pesada, climática e de refrão denso, e devo evidenciar também o ótimo duelo de guitarra e teclado que a abrilhanta. "Dance Of Hadassah" possui um tom enigmático e carrega a interpretação mais sublime de Caldeira, além da bela passagem executada pelo Coral Sharsheret, que é formado por mulheres judias, muitas delas sobreviventes do holocausto ou descendentes de sobreviventes.

Adentrando o quarto final temos "Agbara", uma quebradeira fortemente influenciada pela música regional nordestina, contando com incrível trabalho de groove por parte da cozinha rítmica de Montanha e Matos, algumas pontuais passagens em português e a sagaz adição de Jim Grey, vocalista da subestimada banda australiana Caligula's Horse; então, "Lunar Vortex" traz o lendário Roy Khan (Conception e ex-Kamelot), e a despeito da inclusão de efeitos eletrônicos de voz que considero bastante desnecessários, se revela mais uma boa canção. A próxima, "Ethereal", foi a primeira música de trabalho (lançada ainda em 2024), e é tranquilamente o som mais 'comercial' do álbum, estruturado de maneira bastante protocolar, mas não menos empolgante por isso, muito pelo contrário; e finalmente, "The Last Station (I A.M. Leaving)", um encerramento épico dividido em blocos quase perfeitos, e que cresce consideravelmente a cada ato apresentado, condensando em 18 minutos todo o excepcional trabalho de uma banda muito mais focada em riqueza de arranjos do que mero virtuosismo barato.

Em suma, "Espresso Della Vita: Lunare" é, no mínimo, tão especial e grandioso quanto o seu antecessor. Os 78 minutos que ostenta fluem com enorme organicidade, sem conter excessos ou 'gorduras', pois tudo está ali por uma razão, todas as nuances, detalhes, e dessa forma a engrenagem trabalha 100% em prol da arte. Sem sombra de dúvidas, um dos grandes lançamentos do ano!

Foto: Herick Mem


Maestrick - Espresso Della Vita: Lunare (2025)

Data de lançamento: 02/05/2025

Gravadora: Frontiers Records


Tracklist:

01 - A Very Weird Beginning

02 - Upside Down

03 - Boo!

04 - Ghost Casino

05 - Mad Witches

06 - Sunflower Eyes

07 - The Root

08 - Dance Of Hadassah

09 - Agbara

10 - Lunar Vortex

11 - Ethereal

12 - The Last Station (I A.M. Leaving)


Formação:

Fábio Caldeira - voz e piano

Guilherme Henrique - guitarra

Renato Montanha - baixo

Heitor Matos - bateria

3 de julho de 2025

Album Reviews: End Of Green - 'Twinfinity' (2025)

Foto: Divulgação



Por: Mário R. Pescada - Colaborador Big Rock N' Roll  


End Of Green reverencia seu passado e respeitosamente o supera em Twinfinity


Bandas regravarem discos ou mesmo fazerem excursões tocando na íntegra algum álbum considerado clássico já não é mais novidade e tem se tornado algo bem comum, na verdade. O End Of Green é mais um que entrou para essa lista após o lançamento de "Twinfinity" (2025).

Lá em 1996 o grupo alemão estreava com “Infinity”, um disco cheio de melancolia e com influências de stoner, grunge, gótico e rock alternativo. A banda chegou a se denominar depressed subcore, mas o rótulo não pegou. A sonoridade do álbum era crua, rústica mesmo (a banda nem costumava afinar seus instrumentos, disse o vocalista Michelle em uma entrevista). O que chegava aos nossos ouvidos era um som diferente, melancólico, uma mescla de Type O Negative com Soundgarden.

Oito discos depois e avançamos para 2025 quando o End Of Green resolve revistar seu passado lançando “Twinfinity" (2025), CD duplo que contém o original “Infinity” (1996) e sua regravação na íntegra (daí o “Twin” do título, uma brincadeira com a palavra “gêmeo”).

“Twinfinity" (2025) não é um “copia e cola” de “Infinity” (1996). As estruturas das músicas foram mantidas, mas foram dadas melhorias sutis aqui e ali. "Eu queria ficar próximo ao sentimento da gravação original e trazê-la cuidadosamente para o presente. Com um som melhor e, espero, uma banda melhor. Essas velhas músicas ainda são muito queridas para mim e eu queria gravá-las da maneira como sempre deveriam soar. É uma homenagem aos nossos primórdios.", disse o vocalista Michelle “Darkness”.

Muita coisa mudou desde 1996: os músicos se tornaram melhores em seus instrumentos, as técnicas de gravação evoluíram, os sentimentos sobre as músicas se transformaram. O melhor exemplo de tudo isso são as interpretações de Michelle hoje em cada faixa: sua voz está mais equilibrada, dosando mais os tons e com entonações diferentes conforme cada momento pede. Esse soube envelhecer bem.

Foto: Divulgação


E vamos ser honestos: a regravação fez muito bem as faixas originais. As músicas soam mais vivas, há efeitos que valorizam as ideias originais e a produção supera com folga a do passado. “Infinity”, por exemplo, ganhou uma versão estendida de quase três minutos que a deixou perfeita.

“Twinfinity" (2025) é um trabalho que reverenciou seu passado e respeitosamente o superou. O formato duplo foi uma boa sacada da banda/gravadora, pois, além de ser uma forma de poder comparar os discos, é uma oportunidade de os fãs adquirirem o disco original já fora de catálogo há uns bons anos.

Lançado no formato digipack duplo, “Twinfinity" (2025) chega ao Brasil pela parceria Shinigami Records com a Reaper Entertainment. Inclui encarte do tipo pôster (47 x 24 cm) com as letras, a capa original e no verso uma foto ampliada atual dos integrantes.



Formação:

Michelle “Darkness”: vocais, guitarra

Michael "Sad Sir" Setzer: guitarra

Oliver "Kerker" Merkle: guitarra

Andreas "Hundi" Hund: baixo

Mathias "Lusiffer" Siffermann: bateria 


Faixas:

+ CD 1 “Twinfinity” (2025, re-recorded)


01 Left My Way

02 Away

03 Seasons Of Black

04 Infinity

05 Tomorrow Not Today

06 Sleep

07 You

08 Nice Day To Die

09 No More Pleasure

 + CD 2 “Infinity” (1996)         

01 Left My Way

02 Away

03 Seasons Of Black

04 Infinity

05 Tomorrow Not Today

06 Sleep

07 You

08 Nice Day To Die

09 No More Pleasure


Nota: 8

2 de julho de 2025

Album Reviews: Black Pantera - 'Perpétuo' (2024)

Foto: Divulgação


Por: Rodrigo Noé de Souza - Mtb 0090611/SP


Com a mensagem contra toda a discriminação e preconceito, o Black Pantera lançou, no dia 24 de maio de 2024, o seu quarto petardo Perpétuo, pala gravadora Deck.

Assim como Ascenção (2022), o disco veio com dois pés no peito com Provérbios, com o refrão de gritar à plenos pulmões inflados de ódio, sendo que virou single.

Tradução homenageia a mãe de Charles e Chaene da Gama, Guiomar, mas também à todas as mães pretas que lutam diariamente para dar bem-estar e conforto aos seus filhos. E nessa música tem o trecho de Diário de um Detento, do Racionais MC's, numa melodia emocionante.

Candeia mostra a musicalidade afro, com batuques e vocais falados. Sem Anistia fala sobre o ataque à Democracia, ocorrido no dia 8 de Janeiro de 2023, em Brasília, numa tentativa de golpe de estado.

Mete Marcha tem o poema de Maya Angelou (1928 - 2014), Ainda Assim Eu Me Levanto (1978). F*d3u tem levada Funk e fala sobre a violência policial contra o povo preto e pobre.

O destaque também fica com Rodrigo Pancho socando a bateria sem dó nem piedade. Com certeza, o Black Pantera tocou na ferida mais dolorida da sociedade, que sofre com as injustiças e mazelas do cotidiano.

Foto: Marcos Hermes


Black Pantera - 'Perpétuo' 

Data de lançamento: 24/05/2024

Gravadora: Deck



Tracklist:

Provérbios

Perpétuo

Boom!

Tradução

Fudeu

Promissória

Candeia

Black Book Club

Sem Anistia

Mahoraga

Mete Marcha

A Horda


Charles Gama (guitarra e vocal)

Chaene da Gama (baixo)

Rodrigo "Pancho" Augusto (bateria)


30 de junho de 2025

Album Reviews: Eskröta - Blasfêmea (2025)

Foto: Divulgação


Por: Alexandre Veronesi - Colaborador Big Rock N' Roll  


Poucas são as formações musicais que fazem a diferença dentro de seus respectivos nichos já nos primeiros anos de atividade, e este é sem dúvidas o caso da Eskröta, que vem chacoalhando o cenário Metal / Hardcore praticamente desde sua fundação, em 2017. Conheci melhor o som da banda na época do irretocável "Cenas Brutais" (2020), álbum que particularmente já considero um jovem clássico, e mesmo usufruindo do mesmo somente no âmbito digital, tomarei a licença poética de dizer que 'escutei o disco até furar'. O subsequente EP "T3rror" (2022) manteve o sarrafo no alto, mas então a decepção veio com "Atenciosamente, Eskröta", disponibilizado em Abril de 2023 - que, com certa boa vontade, dá pra classificar como mediano - e com isso posto, naturalmente eu não vinha nutrindo grandes expectativas para o lançamento de "Blasfêmea", ocorrido em 11/04 último nas plataformas de streaming. Ainda assim, a curiosidade fez-me conferir o álbum prontamente, e qual não foi a agradável surpresa que tive ao escutar com atenção os quase 27 minutos deste novo material do trio, que de cara salta aos olhos por meio da belíssima arte da capa, assinada por Nothing Lasts 4Ever (seja quem for o tal pseudônimo, com o perdão de minha ignorância).

A macabra e autoexplicativa introdução "Rito" prepara o ouvinte de forma adequada para o que virá a seguir. Mantendo as contundentes (e sempre importantes) críticas sociais que detém o feminismo como mote central, o power trio composto por Yasmin Amaral (voz e guitarra), Tamy Leopoldo (baixo) e Jhon França (bateria) demonstra aqui, acima de tudo, um elevado grau de maturidade e nítida evolução - digo isso considerando todos os sentidos possíveis da palavra - o que já se faz claro como cristal em "A Bruxa" e "Fogo", composições certeiras e de alto nível, daquelas que grudam em nossas cabeças logo na primeira audição. 

Sem deixar a peteca cair, vem a cadenciada "Mantra" (com participação especial de MC Taya), "Loser" e "+666x", estas com dinâmicas e andamentos bem diversificados, o que torna a audição ainda mais fluída. "Fantasmas Pt. 2" aborda os traumas com um viés bastante pessoal, enquanto a violenta "Misery", única composição em inglês do registro, narra a trama de "Louca Obsessão" (do original, vejam vocês: "Misery"), antológica obra literária do mestre Stephen King.

Adentrando a trinca final, temos a ótima "LBR (Latina, Brasileira, Revolucionária)", rápida, recheada de groove, com um bom refrão 'batucado' e pontuais passagens cantadas em espanhol; e finalmente, "Mulheres Combinam com Sucesso" e "Quanto Tempo", petardos que, embora distintos, possuem em comum um ligeiro e bem vindo flerte com vertentes ditas 'modernas' do Metal - fato este recorrente no repertório do álbum de maneira geral, o que se revelou um grande acerto da banda.

É claro, sei que sequer chegamos ao meio da temporada, e pode ser ato precipitado fazer qualquer afirmação no momento, mas ainda assim me arriscarei a dizer que "Blasfêmea" já conquistou uma posição de destaque em meio aos bons lançamentos que vêm ocorrendo em 2025, e acredito que deva figurar com tranquilidade nas famigeradas e inevitáveis listas de final de ano.

Foto: Dani Moreira


Eskröta - Blasfêmea

Data de lançamento: 11/04/2025

Gravadora / Selo: Deck


Tracklist:

01 - Rito

02 - A Bruxa

03 - Fogo

04 - Mantra

05 - Loser

06 - +666x

07 - Fantasmas Pt. 2

08 - Misery

09 - LBR (Latina, Brasileira, Revolucionária)

10 - Mulheres Combinam com Sucesso

11 - Quanto Tempo


Formação:

Yasmin Amaral - voz e guitarra

Tamy Leopoldo - baixo

Jhon França - bateria



13 de junho de 2025

Album Reviews: King Gizzard & The Lizard Wizard - 'Phantom Island ' (2025)

Foto: Divulgação 


Por: Mayara Abreu 


A essa altura, já sabemos que esperar o inesperado é a única constante quando falamos de King Gizzard and The Lizard Wizard. E ainda assim, Phantom Island surpreende. O novo álbum é um mergulho orquestrado em águas profundas da mente, com arranjos conduzidos pela grandiosa orquestra de 24 músicos liderada pelo maestro Chad Kelly. O resultado é uma obra que respira introspecção, mas que não abandona a identidade mutante da banda.


Logo na faixa-título, somos guiados por pianos e cordas num início quase cinematográfico. “Phantom Island” soa como uma preparação para a jornada, com atmosferas calmas que vão ganhando corpo com a entrada dos instrumentos de orquestra. A viagem ganha calor em “Deadstick”, uma das mais solares do álbum. Guitarras marcantes e sopros que nos jogam direto para um filme dos anos 80 em pleno dia ensolarado. É dançante, vibrante e cheia de vida.

Lonely Cosmos” chega com um quê de nostalgia e um vocal em destaque logo de cara. É uma música que acolhe, com estrutura simples e eficaz, perfeita para quem estiver descobrindo a banda agora. Em seguida, “Eternal Return” dá espaço a uma vibe mais psicodélica. É impossível não lembrar de Tame Impala na introdução. Os vocais se transformam em um coral etéreo, um dos pontos mais marcantes do disco.

Panpsych” vira o jogo de novo, com uma batida mais acelerada, grudenta, daquelas que você pega cantando sem perceber - mesmo sem ter um refrão repetitivo. Já “Spacesick” desacelera e traz uma melancolia suave, guiando o ouvinte por reflexões internas. É uma faixa contemplativa, que convida a desacelerar e sentir.

Foto: Jason Galea


Em “Aerodynamic”, a introspecção aparece ainda mais evidente. As letras soam como confissões sinceras, e mesmo quando a música cresce e ganha energia, o clima permanece aconchegante, quase como um abraço sonoro. “Sea of Doubt” puxa memórias de trabalhos anteriores da banda, mas com um tempero mais nostálgico. É faixa para fechar os olhos e deixar o tempo passar.

Silent Spirit” brinca com sopros e arranjos que beiram o jazz. Os vocais são suaves, flutuantes, criando um clima de pista de dança retrô, com alma e elegância. E aí, quando chega “Grow Wings and Fly”, a sensação é de libertação. O instrumental cresce em camadas, os vocais se misturam com a orquestra e tudo ganha uma dimensão grandiosa. É como se a banda nos convidasse a levantar voo depois de uma travessia profunda.


Phantom Island não é um disco qualquer. É um convite para desacelerar, sentir e se permitir viajar. King Gizzard and The Lizard Wizard mostra mais uma vez que sabe se reinventar sem perder a essência. E dessa vez, fez isso com cordas, sopros, sentimentos e liberdade.



Foto: Jason Galea 


King Gizzard & The Lizard Wizard - 'Phantom Island' 

Gravadora: p(doom) Records / Virgin Music 

Data de lançamento: 13/06/2025


https://open.spotify.com/album/3koVdFrXznL2PQ8WxTYjt7?si=xUxs8MAISaCoPh6YYdHhLg

3 de junho de 2025

Album Reviews: Bob Mould - 'Here We Go Crazy' (2025)

Foto: Divulgação


Por: Mário R. Pescada - Colaborador Big Rock N' Roll 


O incansável Bob Mould segue lançando bons discos e esse ano chegou ao seu 15º trabalho solo, “Here We Go Crazy” (2025), através das gravadoras Granary Music/BMG.

Levando em conta seu primeiro lançamento solo de 1990, dá para termos uma noção do quão prolífera tem sido sua bem-sucedida carreira - não desmerecendo o que foi feito quando estava no Sugar e claro, no influente Hüsker Dü.

Pois bem. Aos 64 anos Bob volta com novo material embasado por letras sobre cotidiano, reflexões, dúvidas e afins. Se “Blue Hearts” (2000) foi um disco marcado pelo angustiante momento que vivíamos por conta da pandemia do Covid-19, “Here We Go Crazy” (2025) traz um Bob Mould querendo se distanciar desse confuso mundo de hoje e olhando mais para dentro de si.

Eu meço minha vida em álbuns. E cada álbum é um ciclo da minha vida. O ciclo começa quando estou reunindo todas as ideias soltas, notas e eu me sento para escrever o disco. Então eu vou para o estúdio e gravo”, disse Bob em uma entrevista. Olhando assim parece uma rotina até simples, mas imagine fazer isso por mais de 40 anos e mantendo uma qualidade acima da média.

“Here We Go Crazy” (2025) não traz mudanças em relação ao que Bob lançou no passado, mas também não é uma cópia da cópia do que já foi apresentado. Há sim algumas coisas mais Hüsker Dü aqui e ali (“Neanderthal” e “Fur Mink Augurs”), mas no geral, seus fãs irão encontrar o que ele faz de melhor: punk rock com melodias cativantes, como na grudenta “Hard To Get” e nas pop punk “When Your Heart Is Broken” e “You Need To Shine”.

Ao todo são onze faixas que duram pouco mais de meia hora. Melódico, barulhento, emotivo, “Here We Go Crazy” (2025) contou com o apoio dos amigos de longa data Jason Narducy (baixo, Superchunk, Verbow) e Jon Wurster (bateria, Superchunk, The Mountain Goats).

Foto: Divulgação


Um disco fácil de se ouvir e que tem um trabalho visual muito legal: todas as faixas ganharam um vídeo clipe personalizo, o que deixou o material mais atrativo ainda.





Formação:

Bob Mould: vocais, guitarra

Jason Narducy: baixo

Jon Wurster: bateria 


Faixas:

01 Here We Go Crazy

02 Neanderthal

03 Breathing Room

04 Hard To Get

05 When Your Heart Is Broken

06 Fur Mink Augurs

07 Lost Or Stolen

08 Sharp Little Pieces

09 You Need To Shine

10 Thread So Thin

11 Your Side


Nota: 8

28 de maio de 2025

Album Reviews: Motorbike - 'Kick It Over' (2025)

Foto: Divulgação


Por: Mário R. Pescada - Colaborador Big Rock N' Roll  


Diretamente de Cincinnati/EUA temos um ótimo representante do punk/garage chegando ao segundo disco, o quinteto Motorbike.

Formado em 2022, já no ano seguinte estrou com seu autointitulado disco e em 2025 solta o intenso “Kick It Over” (2025) através da gravadora/loja Feel It Records.

O que faz o Motorbike ser tão legal é o tom descompromissado das suas músicas, como Stooges, Dictators e New York Dolls fizeram brilhantemente no passado. É como se o disco fosse na verdade um ensaio gravado, sem aquela rigidez que encontramos em alguns lançamentos que por vezes acaba tirando toda a alma do material. Ter sido gravado em um porão ao longo de seis meses, não ter passado por tantos polimentos e contando ainda com os vocais roucos de Jamie Morrison, deixou o material no ponto.

Foto: Divulgação


As dez faixas de “Kick It Over” (2025) misturam rock, proto-punk, garage e barulheiras afins. De curta, mas suficiente duração, temos ótimos temas como a animada “Currency”; a fim de festa “Cold Sweat”; as Stooguinianas “Western Front” e “Jungle Land” e “What Have I Done” fechando de forma barulhenta o disco.

A versão em CD de “Kick It Over” (2025) traz ainda quatro faixas bônus. Infelizmente esse é mais um bom lançamento que não deve chegar por aqui, mas que merece uma audição.




Motorbike - 'Kick It Over'

Gravadora: Feel It Records

Data de lançamento: 21/03/2025




Formação:

Jamie Morrison: vocais, baixo

Dylan McCartney: bateria, guitarra e vocais

Jerome Westerkamp: baixo, bateria e vocais

Dakota Carlyle: guitarra, saxofone, sintetizadores

Philip Valois: guitarra, baixo e vocais

 

Faixas:

01 Scrap Heap

02 Currency

03 Cold Sweat

04 Afraid Of Guns

05 Western Front

06 Gears Never Dry

07 Quite Nice

08 Nie Wrócimy

09 Jungle Land

10 What Have I Done


Nota: 8

26 de maio de 2025

Album Reviews: Yohan Kisser - 'The Rivals Are Fed And Rested' (2024)

Arte: Yohan Kisser



Por: Rodrigo Noé de Souza - Mtb 0090611/SP


Com 12 faixas, o cantor e multi-instrumentista Yohan Kisser lança seu primeiro álbum solo, o The Rivals Are Fed And Rested, explorando seu talento e diversidade musical, que vai de Beatles, Frank Zappa e Mutantes.

Ao lado dele, está Guto Passos, que toca baixo e é o produtor do disco, e Willian Paiva na bateria. O disco foi gravado no Lhama Records/SP.

Pelo que se ouve, a salada musical é extensa, com Yohan cantando tanto em inglês quanto em português. Sem falar que ele foi o artista da capa.

As duas músicas, a Faixa-Título e Membro Fantasma, viraram singles, sendo que a última é uma homenagem à sua mãe Patrícia Kisser. Nesse disco, ele explora sua técnica com o piano e sintetizadores.

Entre as participações, estão Luiz Carlini tocando Lapsteel em A Tábua e o Metro, além das outras músicas adicionar cello e fagote.

Recentemente, Yohan tocou no Blue Note SP para o show de lançamento do disco. E ele fez seu nome ecoar. Não é à toa que seu talento veio de berço.

Foto: Julia Missagia



Yohan Kisser - 'The Rivals Are Fed And Rested'

Data de lançamento: 18/09/2024



Tracklist:

1. The Rivals Are Fed and Rested

2. Membro Fantasma

3. Rosa Fúcsia

4. Não Encontros

5. A Tábua e o Metro

6. Flush If You Must

7. Tall Being

8. Quantas Línguas

9. Loan Shark

10. Passou das Seis

11. To Whom Does Food and Rest Belongs?

12. Os Supérfluos e a Supernova



Yohan Kisser | Voz e Guitarra

Luis Carlini | Guitarra

William Paiva | Bateria


22 de maio de 2025

Album Reviews: Avantasia - 'Here Be Dragons' (2025)


Foto: Divulgação 


Por: Jair Cursiol Filho - Repórter Big Rock N' Roll  


O Avantasia, projeto solo do vocalista alemão Tobias Sammet (Edguy) está de volta com seu décimo disco de estúdio, "Here be Dragons", lançado em 28 de devereiro de 2025. Se engana quem bate o olho na capa e espera o power metal clássico dos anos 2000, pois poucas músicas deste lançamento que caberiam nos primeiros Metal Opera.

A bolacha começa com Creepshow, primeiro clipe e single do álbum, sem participações especiais, algo que já está ficando comum em discos do Avantasia desde que o Edguy parou. Se antes o que diferenciava os dois era que o Edguy era Tobias e a banda, enquanto o Avantasia focava em discos conceituais com histórias onde cada vocalista era um personagem, sem o Edguy o Avantasia tornou-se a banda principal de Tobias e ele está cada vez mais tomando espaço. Dito isto, o hard rock previsível de Creepshow entrega uma música que gruda na cabeça, boa o suficiente para bandas mais populares tocarem em grandes arenas e estádios e com a vantagem (para Sammet) de conseguir tocar ela no seu estado original independentemente de quais convidados tenha em seus shows. Talvez o melhor single desde Lost in Space.

A música-título Here be Dragons, com o ex-Queenryche Geoff Tate fazendo dueto com Sammet é uma das grandiosas músicas de mais de 8 minutos que Tobias sempre coloca em seus álbuns. Uma característica dela que se propaga pelo álbum é que os vocalistas convidados estão colocados exatamente onde você os espera caso conheça suas carreiras. Isso pode ser ótimo ou chato dependendo das suas expectativas e gostos. Para mim, nesta música isso ficou chato, talvez pelo tamanho e serem apenas Tobi e Tate.

Já em The Moorlands at Twilight funcionou maravilhosamente bem em um power metal tipicamente Helloween com a voz clássica do Helloweeen, Michael Kiske. Sem Tobias, caberia em qualquer disco do Helloween com facilidade. É diferente das outras várias músicas de power metal nos outros nove discos? Não. Mas é Kiske fazendo o seu melhor. E foi o espaço que Tobias Sammet encontrou para colocar o guitarrista de turnê Arne Wiegand para fazer uma participação junto com Sascha Paeth, ainda que você seria desculpado por não notar a diferença.

A primeira música completamente inesperada é o segundo clipe e terceiro single, The Witch. Tommy Karevik aparece em em uma música que certamente não caberia no Kamelot ou no prog do Seventh Wonder. O refrão poderia muito bem estar em uma música do Bon Jovi ou do Aerosmith.

Ronnie Atkins aos poucos tomou o espaço que antigamente era de Jorn Lande no Avantasia, com seu vocal rasgado cheio de drives. Phantasmagoria usa e abusa disso num quase-power metal e já é uma das minhas favoritas disco somente pela qualidade vocal do dinamarquês do Pretty Maids. E é mais ou menos isso mesmo. Invoke the Machine já apresentou isso.

Bring on the Night, sexta música de "Here be Dragons", é a quintessência das participações de Bob Catley no Avantasia, com refrões que grudam na cabeça, ideias para serem cantados a plenos pulmões em grandes festivais, como Wacken Open Air, Monsters of Rock ou, porquê não, o Bangers Open Air onde a banda fará um show este ano. Se você ouviu Runnaway Train ou Lavender, não há (de novo) nada de novo aqui. The Story Ain't Over continuará sendo o que quero ver e ouvir ao vivo!

Unleash the Kraken é uma jóia que poderia facilmente estar no disco "Hellfire Club" do Edguy, onde Tobias entrega sozinho uma senhora paulada. Outra favorita.

Avalon tem em seu nome uma curiosidade: a palavra Avantasia nada mais é do que a junção de Avalon, ilha lendária das fábulas arturianas, com fantasia. E é a primeira vez que Avalon aparece em músicas do projeto. Também é Tobias trazendo para o estúdio outra que o acompanha em turnês desde 2018, Adrienne Cowan (Seven Spires e Masters of Ceremony). Curiosamente, a música tem cara de que caberia sem grandes problemas nos Metal Opera 1 e 2.

Against the Wind, o segundo single (que não recebeu clipe) traz Tobias fazendo um duelo com Kenny Leckremo da banda sueca H.E.A.T., outro que apareceu primeiro em turnês. É num power metal clássico, que se diferencia apenas por ter em Kenny uma voz tipicamente hard rock. Se eu pouco gostei das participações dele em músicas antigas nos shows televisionados em 2024, aqui a voz dele caiu como uma luva, mostrando a diferença que faz quando alguém apenas está cobrindo outro músico e quando canta uma música feita para sua própria voz. Não consegui definir se este disco tem uma história por trás ou se é o primeiro lançamento mais tradicional do Avantasia, mas há um pedaço aqui onde Tobias fala diretamente com aqueles que não gostam de seu trabalho mais recente: "if you don't like what I do, then it's not made for you" ("se você não gosta do que faço, então não foi feito para você". Dá pra ficar mais direto? (Sim, dá, mas falamos disso depois).

O disco 1, o álbum propriamente dito, termina com Everybody's Here Until the End, uma balada trazendo o ex-Kamelot Roy Khan, atualmente no Conception. Se Khan é a voz masculina que mais me toca no mundo do metal desde que Andre Matos se foi e a música cai como uma luva para ele, parte de mim apenas queria que Tobias tivesse enfiado ele e Tommy Karevik na mesma música! Era pedir muito?

O álbum em si termina aqui. E é isso que você receberá se comprar a edição lançada no Brasil. É um disco ruim? Não. É um disco bom É. Mas tirando as estreias de Tommy Karevik, Adrienne Cowan e Kenny Leckremo (além de, curiosamente, as que Tobias canta sozinho), o restante são boas músicas que já escutamos outras parecidas e melhores com os mesmos vocalistas. Também perde um pouco para mim que Tobias claramente não quis fazer nenhuma música com mais de um convidado. Não me surpreenderia se em alguns anos Tobias revelasse que queria que este fosse um álbum solo e a gravadora o forçou a chamar convidados e colocar o nome Avantasia.

Nota: 7.5/ 10


Preciso ao menos falar da primeira música do disco 2, Return to the Opera, que seria só um power metal com várias partes que lembram os dois primeiros discos da banda se não fosse sua fantástica letra: Tobias conta na própria música como em 10 de outubro às 9 da noite resolveu fazer a música que vários pediam enquanto toma vinho. A letra inteira é cheia de ironias e passagens divertidas sobre a história original de Gabriel e Anna, os irmãos personagens principais dos dois primeiros discos. E o refrão então? 

"Now it's the time you will get what you want

Seven angels reach out for the light

Now's the time you will get what you want

Then, will you leave me alone please?"


Ou, em tradução livre:

"Agora é a hora de você conseguir o que quer

Seven Angels Reach out for the Light

Agora é a hora de você conseguir o que quer

Então, você pode me deixar em paz, por favor?"


Se dava pra ser mais direto que em Against the Wind? DEU! Fantástica. Minha favorita do álbum todo. Se estivesse no disco 1, como parte do álbum "verdadeiro", subiria minha nota para 8.5 facilmente!

As próximas três músicas do disco bônus são o mais puro reflexo da necessidade mercadológica de você ter que fazer algo bônus: uma versão piano de Against the Wind (sem Keny Leckremo); uma versão anos 1980 de Bring on the Night que talvez seja até mais interessante que a original com pianinhos típicos daquela década tomando a frente da música e guitarras relegadas ao segundo plano; e uma versão estendida de Creepshow com 26 segundos a mais de "OoOoO" e um pedaço de solo de guitarra extra, enquanto lá em 2007 a versão estendida de Lost in Space tinha 50 segundos a mais e a participação de Michael Kiske. Já até saíram da minha playlist do Apple Music.

As quatro músicas seguintes são versões ao vivo de clássicos da banda gravadas no Masters of Rock 2024 na República Tcheca. Reach out for the Light do clássico "The Metal Opera" aparece aqui na voz de Adrienne Cowan depois de já ter versões ao vivo lançadas com Andre Matos em "The Flying Opera" e com Michael Kiske em "Ghostlights". A próxima é Lost in Space que, embora seja uma das minhas favoritas de Tobias (Edguy ou Avantasia), também tem versão ao vivo em "The Flying Opera", e ao não ter convidados, torna esta versão aqui completamente dispensável. Promised Land aparece em uma versão sem convidados enquanto as versões anteriores tinham Jorn Lande, Michael Kiske ou ao menos Jorn. Termina com Farewell, que ao menos serve para ser a única aparição da vocalista Chiara Tricarico (Moonlight Haze, ex-Temperance), que tem acompanhado a banda ao vivo faz um tempo.

Se por um lado eu nunca consigo pular Reach out for the Light ou Lost in Space, por outro todas essas músicas ao vivo aparecem no disco "The Flying Opera" e algumas são repetidas no disco bônus de "Ghostlights". Não dava para pôr algo do mesmo show que nunca ouvimos uma gravação ao vivo? No mesmo show tivemos várias músicas dos discos "Ghostligths", "Moonglow" e "A Paranormal Evening with the Moonflower Society" que nunca tiveram versões ao vivo lançadas.

Nota do disco bônus: 3/10


No final, o disco bônus tem 8 faixas e apenas uma ou duas de real valor. O terceiro disco então cai naquela mania que me parece ter sido criada pelo Nightwish de criar um disco inteiro de versões instrumentais de músicas que não foram criadas para serem ouvidas sem vocalistas. Dispensável mesmo se você for um fã de música instrumental.

Nota disco de versões instrumentais: 1/10

Foto: Kevin Nixon


Avantasia - 'Here Be Dragons'

Gravadora: Napalm Records

Data de lançamento: 28/02/2025


Tracklist:

CD 1:

01    Creepshow

02    Here Be Dragons (com Geoff Tate, vocal)

03    The Moorlands at Twilight (com Michael Kiske, vocal e Arne Wiegand, guitarra)

04    The Witch (com Tommy Karevik, vocal)

05    Phantasmagoria (com Ronnie Atkins, vocal)

06    Bring on the Night (com Bob Catley)

07    Unleash The Kraken

08    Avalon (com Adrienne Cowan, vocal)

09    Against The Wind (com Kenny Leckremo, vocal)

10    Everybody's Here Until The End (com Roy Khan, vocal)


CD 2: Bônus 

01    Return To The Opera    

02    Against The Wind (Piano Version)

03    Creepshow (Extended Version)

04    Bring On The Night (80s Demo Version)

05    Reach Out For The Light (Live, com Adrienne Cowan, vocal)

06    Promised Land (Live)

07    Lost In Space (Live)

08    Farewell (Live, com Chiara Tricarico, vocal)


CD 3: Versões instrumentais do CD 1


Ouça este álbum: 



16 de maio de 2025

Album Reviews: Endrah - Bloodshed And Violence (2025)

Foto: Divulgação


Por: Alexandre Veronesi - Colaborador Big Rock N' Roll  


Surgido na primeira metade dos anos 2000, o Endrah é um grupo paulistano que aposta na interessante e visceral mistura entre o Death Metal e o Hardcore - apenas para evitar confusões, não me refiro ao subgênero Deathcore, e sim uma espécie de híbrido de Cannibal Corpse com Biohazard, exemplificando de maneira a clarear a mente do curioso leitor.

O projeto, encabeçado pelo guitarrista César Covero - cuja formação já teve nomes do calibre de Billy Graziadei (Biohazard), Fernando Schaefer (Korzus, Pavilhão 9, Worst etc.) e Henrique Pucci (Noturnall, Project46) - possui na bagagem dois EP's, uma porção de singles e dois álbuns cheios - "Endrah" (2006) e "The Culling" (2012) - isso antes de 21 de Fevereiro do ano vigente, pois nesta data foi disponibilizado "Bloodshed And Violence", o terceiro e novíssimo full-lenght do agora trio, que além de Covero, conta em seu line-up com Adriano Vilela nos vocais e contrabaixo, e Bruno Santin comandando as baquetas.

Coesão é uma palavra que bem define a bolacha. Seus 10 temas distribuem-se em singelos 33 minutos, fato que torna a experiência auditiva totalmente fluida, sem espaço para sobras ou exageros, onde tudo se encontra no lugar e tempo corretos. A brutalidade, evidente desde a bela arte da capa, dita o tom do repertório, começando por "Betrayal" e "Monstrous Capacity", pauladas que alternam, de forma sagaz, velocidade e cadência, uma característica bastante presente ao longo de todo o registro, e por óbvio, na discografia da banda.

A junção entre os dois estilos mencionados no primeiro parágrafo - que muito embora pertençam a um mesmo espectro, se fazem bastante distintos - funciona demasiadamente bem, e algumas provas cabais disso são faixas violentas e pulsantes como "Gore Infestation", "Vengeance", "Bloody Rampage Unleashed" (provavelmente a mais pegajosa da tracklist), "Hell's Whispers", "The Park Maniac Is Here!" e "Madness", esta última que encerra primorosamente a experiência. Há de se destacar também as ótimas performances individuais dos integrantes, com ênfase aos intrincados 'malabares' de Bruno Santin em seu kit de bateria, e é claro, a agressividade inquietante imposta pelos riffs sujos e cavalares de Covero.

Particularmente, ainda considero imbatível o 'debut' autointitulado, mas "Bloodshed And Violence" é também uma pérola da música extrema tupiniquim, de forma a despertar minha esperança em ver o nome do Endrah ainda mais propagado e conhecido pelos apreciadores do som pesado ao redor do Brasil, afinal, os caras com certeza fizeram por merecer.

Foto: Divulgação


Endrah - Bloodshed And Violence

Data de lançamento: 21/02/2025

Gravadora / Selo: independente


Tracklist:

01 - Betrayal

02 - Monstrous Capacity

03 - Rebellion

04 - Gore Infestation

05 - Vengeance

06 - Bloody Rampage Unleashed

07 - Hell's Whispers

08 - The Park Maniac Is Here!

09 - We'll Never Forget

10 - Madness


Formação:

Adriano Vilela - vocal e baixo

César Covero - guitarra

Bruno Santin - bateria

13 de maio de 2025

Album Reviews: Vukovi - 'My God Has Got A Gun' (2025)

Foto: Divulgação



Por: Mário R. Pescada - Colaborador Big Rock N' Roll  


Exorcizando demônios pessoais, Vukovi chega ao quarto disco, o emotivo "My God Has Got A Gun"

As artes ajudam (e muito) a lidarmos com nossos problemas pessoais. Sabemos de muitos casos de artistas que escreveram músicas ou mesmo discos inteiros em momentos difíceis como forma de exorcizar seus demônios. "My God Has Got A Gun" (2025), quarto disco da carreira do Vukovi, é mais um para engrossar essa lista.

De gravadora nova, a dupla escocesa formada pela vocalista Janine Shilstone e pelo guitarrista Hamish Reilly descarregou em dez músicas o que Janine viveu nos últimos meses durante suas intensas sessões de terapia: “Eu estava encarando algumas coisas muito sombrias que eu não queria falar e isso, para mim, foi uma saída. É um jogo muito perigoso - de novo, nós somos um negócio e esse é nosso sustento - mas "My God Has Got A Gun" me impediu de ficar louca”.

A julgar pelas letras, todas de Janine, essas sessões foram mesmo bem intensas. A vocalista escreveu sobre sua saúde mental, experiências sexuais, amores fracassados, conflitos e outras situações vividas. Ter letras pessoais não é algo novo para o Vukovi. No trabalho anterior, “Nula” (2022), um dos temas foi o diagnóstico que Janine recebeu de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo, um transtorno relacionado a ansiedade).

Quanto ao som, fica difícil rotular a dupla: é rock, rock moderno (seja lá o que for isso) ou post-rock? “Gungho” e “Peel”, por exemplo, tem mais peso do que eu poderia esperar. Mas o que a dupla sabe fazer mesmo é fundir pop melancólico com rock: “Fallen Beyond”, “Fuc Kit Up”, “Misty Ecstasy” e “Bladed” são ótimos exemplos. Reilly fez um bom trabalho nas seis cordas enquanto Janine vocalizou de forma brilhante suas emotivas letras, sobretudo em “SNO” e “Kitty” (problema foi conseguir ler as letras no encarte de tão pequenas). Nem é preciso entendê-las, dá para senti-las e isso é o mais importante em um disco que se propõe a ser pessoal, certo?

Foto: Divulgação


Depois da escrita e do som, chegamos então a capa, outra forma de arte que Janine usou durante suas sessões de terapia para se expressar. Não era a intenção da banda usar tais pinturas para o disco, mas acabou acontecendo. Particularmente, esse foi um ponto que não me pegou muito não.

O Vukovi vem crescendo a cada disco, shows cheios, muitos compromissos e uma exposição que o showbiz exige, mas que a dupla já disse em algumas entrevistas não curtir e que pode até vir a alimentar os traumas de Janine: “Popularidade termina; você pode ser o sucesso do mês e no mês seguinte, ninguém dá a mínima. É meio drástico e eu estava assustada tendo tanta atenção e olhos sobre nós”.

Enfim, uma banda interessante, que sabe fazer aquilo que se propõe. "My God Has Got A Gun" (2025) é um disco intenso que pode vir a agradar ouvintes de rock que estejam dispostos a experimentarem um som diferente dentro do próprio rock. Aproveitem, pois o disco está disponível no Brasil pela Shinigami Records em parceria com a SharpTone Records.


Formação:

Janine Shilstone: vocais

Hamish Reilly: guitarra

Martin Johnston: bateria (convidado)



Faixas:

01 This Is My Life And My Trauma (intro)

02 Gungho

03 My God Has Got A Gun

04 Fallen Beyond

05 Fuc Kit Up

06 Misty Ecstasy

07 SNO

08 Cowboy                 

09 Peel

10 Kitty

11 Bladed


Nota: 7