![]() |
Foto: João Zitti |
Slaughter ToPrevail - Vip Station - São Paulo/SP - 29 de março de 2025
Por: João Zitti
Fotos: João Zitti (@joaozitti.work)
Há quem diga que o rock morreu, que o gênero tem entrado em um declínio de popularidade nos últimos anos, especialmente após a onda do Nu Metal, que dominou a mídia entre os anos de 1990 e 2000. Esse é um tipo de declaração que tem sido feita não só por uma parcela de fãs mais saudosistas do gênero, mas também por alguns dos próprios músicos do meio, como o icônico membro do Kiss Gene Simmons (que já deu esse tipo de declaração com diferentes justificativas) e o vocalista Chad Gray, da banda Mudvayne, que alega que “todas as novas bandas soam iguais”. Mas será que isso é verdade mesmo?
Em tempos nos quais estão acontecendo cada vez mais festivais voltados para o gênero, como “Aftershock” e “Louder Than Life”, e que grupos antigos e novos estão fazendo história na mídia tradicional, como o Sepultura encerrando a transmissão do Lollapalooza 2025 e Sleep Token desbancando Selena Gomez e ocupando o Top 1 do iTunes com o single “Emergence”, talvez seja um pouco errôneo falar que o gênero está morrendo. E não só está muito vivo, mas também está apresentando diversos novos nomes com diferentes sonoridades ao público, como o próprio Sleep Token, Spiritbox, Motionless in White e o grupo Slaughter to Prevail, que trouxe pela primeira vez sua sonoridade brutal para o Brasil no mês de março. Surgida no ano de 2014, Slaughter to Prevail é uma banda russa de Deathcore formada por Jack Simmons e Dmitry Mamedov (guitarristas), Mike Petrov (baixista), Evgeny Novikov (baterista) e, claro, Aleksandr Shikolai, mais conhecido como Alex Terrible e que, dentre diversas das funções que exerce na sua vida (YouTuber, lutador de ursos e, mais recentemente, lutador profissional), é o vocalista da banda.
O grupo possui, no total, um disco ao vivo (chamado “Live in Moscow”, lançado no ano de 2023), três álbuns de estúdio (que são: “Chapters of Misery”, de 2016; “Misery Sermon”, de 2017; e “Kostolom”, de 2018) e um EP chamado “Behelit”, lançado em 2024 e que conta com quatro músicas no total, incluindo a já conhecida “VIKING” (que você muito provavelmente deve ter escutado devido aos vídeos virais de Alex dando um grito sem microfone e, depois, batendo com o microfone em sua testa). Esse EP foi o grande responsável pela inédita turnê da banda na América Latina, que ocorreu por praticamente duas semanas e que contou com sete shows distribuídos entre México, Colômbia, Peru, Chile, Argentina e Brasil, encerrando a tour em São Paulo na Vip Station.
A noite se iniciou com o show de abertura da banda brasileira Axty (que recentemente foi headliner do “New Core Fest” no Cine Joia), em uma apresentação com pouco mais de 20 minutos de duração e 9 músicas no total, incluindo os seus últimos singles “dismay” e “fragile”. Ainda que o tempo fosse curto, o quarteto formado por Felipe Hervoso (vocalista), Felipi Grivol (guitarrista) Jonathas Peschiera (baixista) e Gabriel Vacari (baterista) não se conteve em nenhum momento da performance, entregando um show extremamente energético e que, já nos primeiros minutos, foi responsável por abrir os mosh pits em meio ao público, que contou com a presença de figuras ilustres como Jesus, Goku e uma banana (sim, é isso mesmo que você leu). Mesmo eles tendo pouquíssimo espaço físico no palco devido aos equipamentos pré-montados da anfitriã da noite (talvez seja muito chutar que tinham pouco mais de dois metros de profundidade para se locomover durante o show), era nítido o entusiasmo e a alegria que os membros da banda estavam sentindo de se apresentar para aquele público naquela noite, que retribuiu na mesma medida toda a empolgação ao gritar e celebrar a banda no decorrer do show.
SETLIST:
01. Take Me Down
02. fragile
03. Relaxing Nature Sounds
04. Fade Away
05. Fall Again
06. dismay
07. Flowers and Butterflies Lullaby
08. You’ll Find Me
09. Six Feet Under
![]() |
Foto: João Zitti |
![]() |
Foto: João Zitti |
![]() |
Foto: João Zitti |
![]() |
Foto: João Zitti |
![]() |
Foto: João Zitti |
![]() |
Foto: João Zitti |
Algo a ser apontado como um grande ponto positivo da noite foi a pontualidade (e, inclusive, antecipação) em que tudo foi feito, com os shows tendo ocorrido exatamente no horário programado (20h e 21h para o Axty e Slaughter to Prevail, respectivamente) e a casa tendo aberto quase uma hora antes do combinado (18h ao invés de 19h), o que é algo extremamente incomum de acontecer e que, ao meu ver, foi muito positivo tanto para o público quanto para os próprios artistas (que tinham um voo programado de volta para a Rússia às 4 da manhã).
Os pouco mais de trinta minutos que antecederam a apresentação do Slaughter foram de grande empolgação e expectativa no público, que vibrou quando começou a tocar uma música techno-eletrônica russa que servia como um “prólogo” para o show. No momento em que tudo se apagou e as luzes se tornaram vermelhas no palco, todos sabiam o que estava por vir, e a adrenalina aumentava cada vez mais conforme os músicos entravam em cena, chegando ao seu auge quando a faixa “Bonebreaker” finalmente começou a ser tocada. Se há algo que resume o show perfeitamente é a palavra “brutalidade”: o público manteve 100% da energia do início ao fim da apresentação, chegando em um ponto no qual parecia que a pista era um constante mosh pit. Enquanto realizava a cobertura, permaneci no pit durante as três primeiras músicas e, depois, fui para o camarote (que certamente era a melhor opção para quem era baixinho ou quem não queria ficar na muvuca), e foi provavelmente a melhor escolha a ser feita, pois mesmo se quisesse não era possível chegar a entrar na pista de tão cheia que estava a casa, o que foi “inesperado”, de certa forma, devido ao fato de a apresentação não ter tido sold out.
![]() |
Foto: João Zitti |
![]() |
Foto: João Zitti |
![]() |
Foto: João Zitti |
O momento de maior agitação do público foi, provavelmente, quando a banda tocou a música “Bratva”, com o público abrindo um enorme wall of death de ponta a ponta na pista da Vip Station. Já no palco, a situação não era diferente: durante quase uma hora e vinte de show, a banda entregou todo o peso de sua sonoridade exatamente como visto nos seus trabalhos de estúdio, chegando em alguns momentos até a superar essa força. Ainda que o espaço em cima do palco fosse relativamente pequeno, isso não conteve de forma alguma que os músicos entregassem toda a freneticidade exigida pelas canções, chegando a parecer que o palco havia aumentado de tamanho do tanto que eles se mexiam e interagiam com o público. Independente de qualquer opinião que possa se ter sobre o Alex Terrible, não há como negar que o mesmo é um frontman nato, possuindo uma presença de palco gigantesca. Isso se dá tanto pela sua força (vocal e física) quanto pelo seu grande carisma, interagindo constantemente com a plateia e chegando até mesmo a pegar e vestir alguns dos itens que são jogados pelo público, como foi o caso de uma camisa do anime-mangá Berserk (o qual ele já demonstrou diversas vezes ser um grande fã), que ele agradeceu prontamente e usou durante todo o resto do show. O carisma não fica restrito somente a ele, sendo uma constância para todos os membros da banda, chegando até mesmo a jogar palhetas e baquetas para os fãs que estava no camarote (apesar da dificuldade de se fazer isso).
Em um determinado momento, um dos guitarristas até se jogou no meio do público de uma das músicas enquanto tocava sua guitarra, demonstrando o carinho que possuem pelo público brasileiro e afirmando, inclusive, que possuem planos de voltar para o país o quanto antes para futuras apresentações. Dentre os vários pontos positivos do show, é necessário citar a escolha do setlist da apresentação, que foi extremamente acertada ao trazer músicas majoritariamente vindas do seu último EP (tocado inteiramente) e do disco “Kostolom”, ajudando a manter a energia durante todo o show e, principalmente, na sua segunda metade.
Com brutalidade, força e peso constantes, Slaughter to Prevail faz uma estreia marcante no país, reforçando seu nome como uma das principais bandas de rock e metal dessa geração e sendo um dos principais grupos dentre os vários que estão surgindo a mostrar que o rock está extremamente vivo, e se depender dos músicos e do público vai demorar bastante tempo para morrer.
![]() |
Foto: João Zitti |
![]() |
Foto: João Zitti |
![]() |
Foto: João Zitti |
SETLIST:
01. Bonebreaker
02. Baba Yaga
03. Conflict
04. Koschei
05. Viking
06. Bratva
07. Grizzly
08. Hell
09. 1984
10. I Killed a Man
11. Behelit
12. Kid of Darkness
13. Demolisher
Agradecimento a Tedesco Comunicação e Midia, LP Metal Press e Xaninho Diasco pelo credenciamento e Vip Station pela atenção
Nenhum comentário:
Postar um comentário