BEAT - Espaço Unimed - São Paulo/SP - 09 de maio de 2025
Por Roberio Lima
Fotos: Roberio Lima
É provável que no calor da emoção certas reflexões tomem forma com maior fluidez. Ainda assim, precisamos reconhecer que o resultado pode não ser o mais satisfatório a longo prazo. E esse é justamente o caso que fez com que meus pensamentos se tornassem absolutamente imprecisos ao sair do Espaço Unimed no último dia nove de maio. E após ponderar por um algum tempo, entendi que era realmente necessário tomar certo distanciamento dos acontecimentos transcorridos naquele espaço, para que dessa forma, houvesse uma percepção mais apurada dos fatos decorridos nas dependências da renomada casa de shows, onde se deu a tão esperada apresentação do BEAT.
Reconheço que essa introdução pode soar sem sentido para o raríssimo leitor, mas não imagino outra forma de iniciar esse relato, afinal, falarei de uma das experiências mais importantes nessa longa trajetória cobrindo shows dos mais variados estilos. Dessa forma, e para chegarmos ao BEAT, passaremos rapidamente pelo King Crimson, pois sem a existência dessa importante formação da musica inglesa, não haveria a menor possibilidade de repercutirmos a apresentação de Adrian Belew, Steve Vai, Danny Carrey e Tony Levin.
E graças a mente inquieta do mestre Robert Fripp, que nos anos setenta já havia produzido o ‘supra sumo’ do rock progressivo inglês, e chegou aos anos oitenta com uma nova perspectiva, e uma gama ainda maior de experimentações sonoras, teremos mais uma oportunidade de falarmos sobre um evento em que a genialidade do músico é o destaque. A estética visual também foi fator marcante dessa nova fase, onde a trilogia composta pelos álbuns “Discipline” (1981), “Beat”(1982) e “Three of a Perfect Pair”(1984), marcaram a segunda fase da banda, em que a tríade de álbuns, ficou conhecida como a “trilogia das cores”. Adrian Belew (vocais e guitarra) e Tony Levin (baixo elétrico, Chapman Stick e contrabaixo), foram elementos fundamentais nessa período, e tiveram a anuência de Fripp para saírem em turnê com esse projeto.
São Paulo foi a única cidade brasileira a receber o show da banda no giro pela América Latina. E na noite do evento, o entorno do Espaço Unimed, foi aos poucos, sendo ocupado por um público visivelmente aficionado por King Crimson, e essa constatação ficava cada vez mais explícita devido a quantidade de pessoas munidas com camisetas da banda.
Ao adentrar a casa de espetáculo, a experiência foi ficando mais pulsante para os que iam se acomodando em frente ao palco ou nas mesas estrategicamente montadas em uma parte elevada da pista. Enquanto a espera para o início da apresentação se fazia inevitável, muitos buscavam “abastecer os motores” com algum destilado disponível no bar. Até que minutos depois das 22h, os músicos assumiram suas posições no palco, e os primeiros acordes de “Neurotica” emanaram dos auto falantes como uma espécie de cartão de visitas em que o andamento caótico da canção, conduziu o publico ao êxtase absoluto. Estamos falando aqui de quatro músicos com enorme gabarito, e não poderia ser diferente se levarmos em consideração a magnitude da obra que seria apresentada!
As primeiras quatro músicas do set, foram uma sequência de canções do álbum “Beat” (1982) - escolha que agradou em cheio a qualificada audiência, e que serviu para mostrar que Steve Vai não é desse mundo! Seu estilo único e sua técnica afiadíssima, é a prova de que não haveria outro músico mais apropriado para assumir a responsabilidade de reproduzir com perfeição a criação de Fripp. “Model Man” , foi a primeira música do álbum “Three of a Perfect Pair”(1984) a aparecer no set, e se sucederam mais quatro faixas desse álbum, em que “Larks’ Tongues in Aspic (Part III)” foi o numero de fechamento da primeira parte do show.
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Foto: Roberio Lima |
Após um breve intervalo, o início do segundo ato se deu com “Waiting Man”, mais uma faixa do álbum “Beat”, que contou com aquela clássica performance percussiva de Adrian Belew e Danny Carrey, que na versão original, tinha o lendário Bill Bruford! Naquela altura do show, a ansiedade já batia mais forte para ver canções do “Discipline”, e não demorou para que viessem a tona “Frame by Frame”, “Matte Kudasai” e “Elephant Talk” - e confesso que se o show acabasse naquele momento, já seria histórico... No entanto, “Three of a Perfect Pair” do álbum homônimo, abrilhantou ainda mais o que já estava perfeito!
O clima de festa já havia se estabelecido quando tocaram “Red” do álbum de mesmo nome, e que é considerado um dos melhores discos já feitos pela banda. Adrian Belew aproveitou o clima festivo para puxar o coro e celebrar o aniversário do batera Danny Carrey, que completou 64 anos de vida naquele dia.
O número derradeiro veio com “Thela Hun Ginjeet”, para sacramentar o que já se sabia desde o anúncio desse show no país - e aqui o óbvio precisa ser dito; foi perfeito!
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Foto: Roberio Lima |
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Foto: Roberio Lima |
Setlist:
Neurotica
Neal and Jack and Me
Heartbeat
Sartori in Tangier
Model Man
Dig Me
Man With na Open Heart
Industry
Larks’ Tongues in Aspic (Part III)
Set 2
Waiting Man
The Sheltering Sky
Sleepless
Frame by Frame
Matte Kudasai
Elephant Talk
Three of a Perfect Pair
Indiscipline
Encore:
Red
Thela Hun Ginjeet
Agradecimento a Catto Comunicação e Mercury Concerts pelo credenciamento e atenção.
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