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14 de julho de 2025

Gloria faz o público paulistano (re)nascer em um show intenso e brutal no Hangar 110

Foto: João Zitti 


Gloria - Hangar 110 - São Paulo/SP - 14 de junho de 2025


Por: João Zitti

Fotos: João Zitti (@joaozitti.work)


Nos últimos anos, turnês temáticas de discos memoráveis têm se tornado cada vez mais comuns: tanto no cenário nacional quanto internacional, bandas têm olhado para seus portfólios próprios e, pelos mais diversos motivos, escolhido celebrar o passado, seja por causa de marcos geracionais, como o Ira! (que embarcou em uma série de shows celebrando o seu icônico disco acústico, contando com a cobertura completa da inauguração da turnê aqui na Big Rock), ou pela junção de diferentes períodos temporais, como o Iron Maiden (que viajou o mundo inteiro com a “The Future Past Tour” e juntou os samurais de “Senjutsu” ao futurismo à la Blade Runner de “Somewhere in Time”). A banda Gloria não ficou de fora disso, resolvendo embarcar em uma série de shows por todo o país em celebração ao disco “(Re)Nascido”, lançado em 2012 e considerado por muitos um dos principais trabalhos da banda. 

Atualmente, o grupo-quarteto é composto por Mi (vocal), Leto Ferreira (bateria), Vini Rodrigues (guitarra) e Peres (guitarrista), não contando com baixistas já há alguns anos (algo comentado diversas vezes por Mi em entrevistas e podcasts). 

A apresentação fez parte da “(Re)Nascido Tour”, temática do disco lançado pela banda e que, ao lado do seu disco self-titled, conta com algumas das principais faixas do grupo, como “A Arte de Fazer Inimigos” e “Horizontes”, realizada em parceria com Lucas Silveira (que você muito provavelmente conhece como vocalista e guitarrista da banda Fresno). A banda e o Hangar, casa de shows em que aconteceu a apresentação, são velhos conhecidos um do outro, tendo sido, inclusive, o local em que o grupo se apresentou no início desse ano. 

Se pudesse, espacialmente falando, definir o local, seria um intermediário entre o La Iglesia e a VIP Station, . Localizado na região do Bom Retiro, o Hangar conta com uma pista e um mezanino (destinado, em sua maioria, aos convidados para o show), com algumas pilastras de sustentação ao longo da casa e um palco que, ainda que relativamente pequeno, é de fácil visualização pelo público, especialmente por não ser um palco recuado, o que possibilita que o público possa se aglomerar tanto na parte da frente quanto em suas laterais, trazendo uma proximidade maior com os artistas. A locomoção pelo espaço durante as duas  primeiras apresentações se apresentou como algo muito tranquilo, mas a situação mudou bastante quando Gloria subiu no palco, se tornando praticamente impossível de se mover para qualquer lugar da casa (especialmente de você estivesse mais de frente para o palco). 

A abertura da noite ficou por conta das bandas Relief e Emphuria, cada uma com cerca de meia hora de apresentação. Assim como Gloria, Relief já é um antigo conhecido do Hangar, tendo sido uma das bandas de abertura da recente apresentação do Dead Fish no local, o que fez com que o grupo estivesse muito à vontade durante sua performance. O setlist da apresentação contou tanto com músicas autorais quanto covers, como foi a música “Não Existe Amor Em SP”, um dos maiores clássicos do rapper Criolo e que, nas mãos do grupo, teve uma abordagem mais rock ‘n roll. 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 


Logo em seguida veio a apresentação de Emphuria, que já no início de sua apresentação provocou a abertura do primeiro mosh da noite, agitando (e muito) a plateia que começava a se encorpar cada vez mais. A energia da banda durante toda a apresentação era contagiante, liderada pelos vocais brutais de Guilherme Buxini (muito influenciados por Linkin Park, algo que só foi reforçado ainda mais pela camisa que usava com uma versão alternativa do logo da banda, desenvolvida recentemente por Mike Shinoda). Contando também com Di Sousas (baixo), Matheus Hortencio (bateria), Lucas Tamelini (guitarra) e Gabriel Buxini (guitarra), Emphuria ajudou a construir bases sólidas que aqueceram e prepararam todo o público para a adrenalina e potência que viria a seguir. 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 


Pouco antes de o relógio marcar 22h, Gloria subiu ao palco do Hangar e executou uma das mais pesadas faixas do disco homenageado, “Bicho do Mato” (faixa de abertura do álbum), seguindo com as músicas “A Arte de Fazer Inimigos” e “É Tudo Meu” (terceira e segunda faixas do disco, respectivamente, mas invertidas durante a apresentação). O setlist da banda, então, se desenrolou por outras peças do mesmo disco, como “Pétalas” e “Desalmado”, e também por faixas de outros trabalhos de estúdio do grupo, incluindo canções do self-titled de 2009, como “Vai Pagar Caro Por Me Conhecer” e “Minha Paz” (responsável por fechar a apresentação em um momento emocional que envolveu todo o público). 

Gloria é uma banda já muito consolidada no seu meio, e não é à toa: nos vocais, Mi trouxe uma crueza e aspereza que traduziram toda a brutalidade das músicas executadas, sendo “É Tudo Meu” talvez a música que mais tenha demonstrado isso, deixando claro que o vocalista ainda possui toda a força e domínio que o consagrou no meio a partir dos anos 2000; já Peres trouxe com força e técnica a alma das músicas que marcaram toda uma geração, fazendo com que a nostalgia dominasse o público. 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 


Os destaques da noite, ao meu ver, vão para os dois membros mais recentes da banda: Vini e Leto. No palco, Vini era a personificação de imponência e força, tocando sua guitarra com brutalidade enquanto preservava (e muito) sua técnica. Isso, aliado por um grande carisma, fez com que o músico cativasse todo o público, apresentando vocais extremamente melódicos e que trouxeram novas camadas para as canções executadas. E não podemos falar de brutalidade sem falar de Leto: o músico apresentou um desempenho espetacular ao trazer agressividade e potência enquanto tocava as músicas do grupo, tendo, inclusive, um momento em que executou com precisão um solo próprio na bateria, tirando do público palmas empolgadas e gritos fervorosos em aprovação. 

Com um ótimo setlist e um público engajado, Gloria dominou o Hangar 110 com força, brutalidade e técnica, reforçando ainda mais o porque são tão consolidados no meio e o porquê suas músicas marcaram (e ainda marcam) milhares de rockeiros em todo o país. 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 

Foto: João Zitti 


SETLIST 

01. Bicho do Mato 

02. A Arte de Fazer Inimigos 

03. É Tudo Meu 

04. Pétalas 

05. Presságio 

06. Horizontes 

07. Desalmado 

08. Convencer 

09. Grito 

10. Um Segundo, Um Nunca Mais 

11. Vai Pagar Caro Por Me Conhecer 

12. Só Eu Sei 

13. Metade 

14. Sangue 

15. Renascido 

16. Minha Paz 


Agradecimento a Seven Music pelo credenciamento e atenção

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