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28 de setembro de 2019

Setembro Negro Festival - Carioca Club – São Paulo (SP) - 06/09/2019 (Primeiro Dia)

Foto: Bullino.Inc

A décima terceira edição do que pode ser considerado o festival mais extremo do país, vem crescendo a cada ano que passa. A perseverança do destemido Edu Lane, que além de dedicar boa parte de seu tempo ao Nervo Chaos, conduz com absoluto profissionalismo através da Tumba Prod, o Setembro Negro Festival. O evento já havia surpreendido o público no ano passado quando aconteceu em  duas noites no Carioca Club, que também foi o local escolhido para a edição desse ano. 

Razor, At The Gates, Vulcano, Morbid Saint e os veteranos do Coven foram algumas das atrações que protagonizaram o que ficou marcado como a edição mais bombástica do festival até então. O fato é que o ‘comodismo’ jamais fez parte do vocabulário dos organizadores, e agora essa edição foi dividida em três datas! Ou seja, um final de semana exclusivamente dedicado ao metal extremos e todas as suas vertentes. 

A primeira noite do festival contou com um cast para ninguém botar defeito. Exodus (com Gary Holt!), e At War, encabeçaram à noite, que ainda teve Legion Of The Dammed, Gorgasm, Grave Desecrator e Shaytan. A noite com garoa fina ressaltou o frio bem particular que não cessou. Com a programação seguida a risca, os que adentravam ao Carioca já se posicionavam em frente ao palco, enquanto outros se dispersavam entre a “hidratação” e o merchandising. 
Não demorou muito para que as cortinas se abrissem e o Shaytan trouxesse densidade ao ambiente com seu black metal brutal. Diretamente de Mogi das Cruzes, deram o recado com sons do seu EP “Ancient Shadows”, lançado em 2017. O frontman do Shaytan, Daniel “Blasphemoon”, é figura bem conhecida na cena, pois já integrou o Nervo Chaos e gravou álbuns importantes como; “Quarel In Hell” e “Battalion Of Hate”. A segunda atração, seguiu o ritmo do caos. Diretamente do “Hell de Janeiro”, o Grave Desecrator tomou conta do palco com seu black/Death ríspido e certeiro. Dois caixões; um em cada lateral do palco, reforçaram a proposta da banda, que já contava com um público um pouco maior e que assistiam atentos a trilha sonora do apocalipse.  Já na estrada a mais de vinte anos, não deram tempo para que o público respirasse. Os brasileiros até aqui estava fazendo bonito!

Foto: Bullino.Inc

O Gorgasm foi a primeira atração internacional a subir ao palco. Debutando no país, o Death metal brutal com temas de “ótima aceitação” dentre a sociedade puritana, abordam “assuntos corriqueiros” como perversão, assassinato, sexo, tortura e gore em abundância. O show da banda foi muito bem recebido pelo público que já começava a se empolgar com o clima do festival. Os gringos não deixaram por menos e despejaram um set list que fez um pequeno resumo de sua trajetória. Também apresentaram sons de seu último disco; “Destined to Violate”. Anthony Voight (baixo/vocal), além de “debulhar” seu instrumento com técnica apurada, divide os vocais com Damian “Tom” Leski (guitarra/vocal) e Sacha Chrosciewicz (guitarra/vocal), formando uma “massa” de urros absurda. Depois da apresentação avassaladora dos senhores de Indiana (USA), só nos resta esperar o retorno ao país para um show completo. 

Foto: Bullino.Inc

Quando as cortinas se fecharam e o palco começou a ser preparado para os holandeses do Legion Of The Dammed, era possível perceber alguns seguidores mais fanáticos entre  o público presente. Ouvi alguns dizendo em alto e bom som que eles seriam a verdadeira ‘grande atração’ da noite. Exageros à parte... Para quem ousasse duvidar do poder de fogo do quinteto, foi só as cortinas se abrirem novamente para que se testemunhasse uma performance irrepreensível. Maurice Swinkels (vocal) e seus companheiros de banda, foram responsáveis por um dos shows mais insanos de todo o festival. Com um técnica apurada e domínio absoluto do palco, o Mosh Pit comeu solto na pista do Carioca Club. A banda foi a primeira a se utilizar de cada extremidade do palco, o que deu uma boa dimensão do poder de fogo Thrash/Death da banda. “Slaves Of The Shadow Realm” é o mais recente trabalho dos caras, e mantém em alta a biografia dos holandeses. O disco foi incorporado ao set list matador do show, sem sustos.O Legion Of The Dammed certamente saiu do palco com mais fãs do que entrou!

Foto: Bullino.Inc

A primeira noite já ia chegando a sua parte final. O co-headliner, como já mencionado no início dessa matéria, foi At War, que dali a alguns minutos entraria no palco para despejar clássicos de sua carreira e também para saciar a angústia dos que não estiveram na apresentação que os americanos fizeram em 2010, na Fofinho Rock bar. Confesso que sou um desses. Por isso, me mantive na grade! O trio de Virginia (USA), que utiliza temática de guerra para desenvolver sua arte, não  por acaso, mataram a pau com seu speed metal sujo e sem firulas. O som do Power trio, fez os saudosistas ficarem estáticos. Paul Arnold empunhava seu baixo Rickenbacker enquanto não escondia sua satisfação por retornar ao país. Shawn Helsel (guitarra) e Brian Williams (bateria) completam o a formação.  “Ordered to Kill” foi a segunda música do set e confesso que me emocionei pois ouço esse disco desde sempre. Entre muitos clássicos, a banda fechou seu set com a dobradinha “At War” e “Eat Lead”. Dizer que foi bom é chover no molhado...Findada a apresentação, o jeito era juntar o pouco de energia que restava naquele momento e aguardar a grande atração da noite.

Foto: Bullino.Inc

Apesar de já ter visto shows do Exodus outras vezes, nunca havia testemunhado a lenda do thrash metal com Steve “Zetro” Souza  no vocal. Mesmo exausto, decidi permanecer na grade e aprofundar a lesão no meu pescoço...(resultado da empolgação com as bandas anteriores). Fato é que o sábado já era realidade. E pouco depois da meia noite Gary Holt e cia abriam o set com “Bonded By Blood”para delírio coletivo. Difícil lembrar de outra banda que já inicia seu show com um dos maiores clássicos da carreira. A partir daí meus amigos, não houve trégua. “And the There Were None”, “Fabolous Disaster”, “A Lesson In Violence” e  “Toxic Waltz”(como não lembrar no clip, que passava no Fúria Metal da saudosa MTV).
Foram alguns dos grandes clássicos que impulsionaram o “circle pit” e o “crownding surf”. Gary Holt, que retorna ao Brasil em Outubro, para tocar ao lado do Slayer, estava possuído! Sua performance era de alguém muito satisfeito por estar tocando com sua banda em solo brasileiro. Steve “Zetro” é o ‘carisma em pessoa’, interagia o tempo inteiro com o público e abusava de sua voz esganiçada, para cantar os clássicos e os sons mais recentes (que já se tornaram clássicos!), como “Black List” e “Blood In Blood Out”, essa ultima do mais recente trabalho de estúdio. 
A festa ia tomando proporções ainda mais intensas, quando a banda decide comemorar no palco o aniversário de cinquenta anos do baixista Jack Gibson, com direito a bolo e com o público cantando o tradicional “happy Birthday...”. 
O show que todos esperavam, estava chegando ao fim e a dobradinha “Metal Commnad” e “Piranha”, foram  o “Grand finale” de uma noite perfeita! 

Alma lavada, corpo em frangalhos e muitos como eu, já saiam do Carioca Club pensando em uma maneira de chegar em casa e renovar as energias, pois o sábado prometia mais um dia de Setembro Negro!


Por: Roberio Lima

Agradecimento: Luciano Piantonni - Lanciare Comunicação

Fotos gentilmente cedidas por: Bullino.Inc

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