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24 de março de 2021

De Papo Com...Simone Simons & Mark Jansen (Epica) - Parte 2

Foto: Reprodução


O repórter Big Rock Jair Cursiol Filho participou da coletiva de imprensa e conversou com o vocalista e guitarrista Mark Jansen e com a vocalista Simone Simons, da banda holandesa Epica, sobre o lançamento do oitavo álbum de estúdio, intitulado 'Ωmega' e sobre o EP 'Omegacoustic', lançados em fevereiro pela Nuclear Blast.

Confira a segunda parte!


Imprensa: De acordo com uma nota, vocês lançaram recentemente uma loja tipo pop-up na Galeria do Rock, em São Paulo. Conte-nos sobre essa iniciativa.

SS: Não sei de quem foi essa ideia, nós apenas descobrimos que teremos nossa própria loja pop-up em São Paulo e o Epica está, claro, honrado com isso - e é a primeira vez que temos uma loja pop-up. Quer dizer, não temos shows no momento, então não podemos vender nosso merchandising e temos uma grande família de fãs do Epica no Brasil, então acho que o Brasil é um bom país para experimentarmos isso. Sinceramente, não tenho ideia de como está indo, se as pessoas estão realmente indo lá para fazer compras. [risos] Mas eu vi fotos, parece incrível e, claro, é uma loja pop-up, não sei por quanto tempo ainda vai ficar lá. Mas acho que antes de tudo é uma grande honra ter uma loja pop-up como essa. Queremos vir ao Brasil em dezembro, então é uma forma de conectar os fãs também. [Nota do editor: a banda tem 5 shows marcados para o país em dezembro de 2021.]

Imprensa: Durante todo o disco "Omega", podemos ouvir muitas partes progressivas junto com partes de metal extremo. Como vocês conseguiram juntar isso de uma forma tão única, porque é algo que me chamou a atenção neste álbum. Como vocês conseguiram juntar todas essas influências nas músicas e ainda fazer com que parecessem tão naturais? Vocês podem explicar isso, por favor?

MJ: Sim claro. Por exemplo, se você pegar uma música como "Kingdom of Heaven", que tem algumas partes progressivas: é um processo muito longo desde o início da composição de uma música até o fim. E se eu pegar essa música, por exemplo, eu comecei junto com o Isaac [Delahaye, guitarrista], nós trabalhamos juntos enviando arquivos um para o outro e então, em um determinado ponto, começamos a trabalhar nela com toda a banda, incluindo o produtor Joost [van den Broek] e então mergulhamos realmente nos detalhes e pesamos cada parte, vemos o que podemos melhorar e como podemos fazer as transições baterem. E então, em um determinado momento, começamos a gravar em uma versão demo com todos os tipos de samples que mais tarde serão tocados pela orquestra, e em um determinado momento gravamos a faixa inteira do jeito que queríamos - e [neste ponto] provavelmente já pareceria bom para muitas pessoas - só então começamos a gravar de verdade. Então, antes de começarmos a gravar de verdade, todos os detalhes já foram discutidos e sabemos exatamente o que vai acontecer. Acho que é por isso que parece tão natural, porque nada mais vai nos pegar de surpresa. Porque no início, às vezes íamos ao estúdio e não sabíamos exatamente em que direção algumas músicas iriam ou o baterista tentaria na hora para fazer algo diferente do que combinamos na sala de ensaio. Às vezes, essas coisas acontecem, mas hoje em dia sabemos exatamente quando começamos a gravar o que será feito. Às vezes, algumas pequenas coisas com os vocais e as letras mudam aqui e ali, mas é basicamente isso. Todo o restante musical já está totalmente fechado.

Imprensa: Simone, durante show em Fortaleza [em março de 2018 na turnê do disco "The Holographic Principle"], faltou energia e você tocou uma música com o Coen [Janssen, tecladista]. Eu queria saber se você já teve alguma experiência como essa antes, se você se lembra do que aconteceu em Fortaleza, quando faltou energia e você cantou apenas uma música - só você e Coen e todo mundo com seus celulares. Gostaria de saber se você já teve alguma outra experiência como essa e poderia compartilhar conosco?

SS:  Foi um momento muito espontâneo. Quer dizer, tivemos um corte de eletricidade, tivemos isso antes e não sabíamos o que íamos fazer. Não havia nenhuma luz. Não é que  uma parte não estivesse funcionando, estava tudo desligado. E então eu tive a ideia: "OK, talvez devêssemos apenas fazer 'Solitary Ground'". Eu sei que é uma balada muito popular do Epica e muitas pessoas sabem a letra também. Então, acabamos fazendo uma versão acapella de  "Solitary Ground'' com o público. E pedi a todos que ligassem o flash do telefone para que pudéssemos ver. [risos] E quero dizer, isso é definitivamente um show ao vivo, eu improvisei e tentei tirar o melhor proveito da situação - e muitos fãs realmente amam isso. Tivemos outra experiência uma vez que foi na Holanda: subimos no palco e durante a primeira música tudo foi desligado por causa da construção do local. Era muito novo e a fumaça no palco estava entrando no elevador ou algo assim e fazendo com que o alarme de incêndio disparasse. Então subimos no palco, energizados, cheios de adrenalina, vem a primeira música e depois [Simone imita um ruído] tudo fica em silêncio e aí tivemos que sair do palco novamente e voltar e nos sentimos como o Spinal Tap [nota do editor : do filme "This is Spinal Tap" ou "Isto é Spinal Tap" no Brasil]. Mas isso acontece. Mas em Fortaleza conseguimos uma solução adequada que funcionou muito bem. E eu gosto desse tipo de momento, porque eles são inesperados, então você tem que ir com a maré.

Foto: Reprodução

Imprensa: Mark, gostaria de saber se, nos shows do Epica, você tem preferência em usar pedais analógicos ou equipamentos digitais como Fractal ou Kemper? E se você tem alguma preferência entre um e outro, por que prefere?

MJ: Sim, antes de mais nada, eu nem sempre fui um fã de amplificadores digitais, mas desde que usamos [amplificadores] Positive Grid, essa foi a primeira coisa que me convenceu. Então, nós usamos Positive Grid, mas devo dizer que quando fazemos um show ao vivo e discutimos com um engenheiro de som e fizemos uma comparação A/B e o engenheiro de som diz que ainda prefere o amplificador real, o som é o que mais conta. Então tocamos com a maior frequência possível na coisa "de verdade". Mas tudo para o nosso próprio sistema de ouvido, o digital é muito estável, então eu prefiro no meu próprio sistema de ouvido, onde ouço o que estou tocando, ouvir o digital. Porque é sempre igual onde quer que tocamos, em qualquer sala, é sempre um som estável. Porque com um amplificador real, em cada sala é um pouco diferente, então quando você usa sua configuração de mixagem para seus ouvidos, você sempre tem que ajustar muito, mas quando você usa um amplificador digital e é sempre… você sabe… você chega e na hora você tem o seu som. E aí só tem que adaptar um pouco a bateria e os vocais, porque os vocais sempre soam diferente também. Portanto, é mais fácil de controlar. Mas eu realmente sou um cara que ama a coisa "de verdade". Então, sempre que a coisa verdadeira ainda é melhor para o engenheiro de som, eu o escuto.

Imprensa: Simone, desde que você entrou na banda aos 17 anos, e agora você é uma mulher mais madura, como você vê a participação das mulheres no metal hoje?

SS: Acho que tem sido mais uma revolução do que uma evolução. Mais cantoras estão no palco - não apenas cantoras, mas também instrumentistas, e eu acho isso ótimo. Quer dizer, para ser músico, seu gênero não deveria desempenhar nenhum papel. É a sua paixão, seu talento e o seu trabalho árduo, eu penso. Quando comecei não havia muitas vocalistas femininas e sou muito grata por cantoras como Anneke [van Giersbergen - VUUR, Ayreon, ex-The Gathering], Tarja [Turunen - ex-Nightwish], Cristina [Scabbia - Lacuna Coil] mas também cantoras na cena do rock que meio que pavimentaram o caminho para as mulheres entrarem na cena do metal. Acho que ainda é meio que uma minoria, mas não me sinto assim, não me sinto desrespeitada, não sinto que não estou sendo ouvida. Eu posso entender por que qualquer outra mulher que queira entrar na cena musical…  Eu acho que a cena do metal é uma das cenas musicais mais seguras e respeitosas que existe para as mulheres, em comparação com se você mergulhasse mais na cena da música pop, definitivamente há mais desigualdade do que na cena do metal.

MJ: Posso acrescentar a isso: Charlotte Wessels, ex-Delain, ela escreveu no Instagram: "Quando foi a última vez que alguém perguntou como foi ser um homem em uma banda de metal?" [risos]

SS: [risos] Sim, é realmente uma pergunta que se faz muito. [em tom irônico]

MJ: Mas eu acabei de ver, tipo, ontem ou algo assim, então me veio à mente.

Imprensa: Daqui a dois anos o Epica completará 20 anos de atividade, e para o 10º aniversário da banda vocês lançaram o notável "Retrospect" gravado ao vivo - eu particularmente considero este um dos maiores momentos da banda. O que eu quero saber é: para este tão esperado aniversário de duas décadas, o que podemos esperar?

SS: Isso parece muito, muito tempo - e isso me faz sentir velha. Começando com 17, agora me sinto com 70 quando você diz que o Epica existe há 20 anos. Mas comecei muito jovem e "Retrospect" foi definitivamente um marco em nossa carreira. 10 anos de Epica e agora serão em breve 20 anos. Mas a pandemia meio que se transformou em muitas coisas para muitas bandas e para nós, então na época em que completamos nosso 20º aniversário, é quando voltamos em turnê para promover o "Omega" - espero. Quer dizer, tudo meio que foi colocado em espera. Mas adoramos comemorar sempre que podemos, a fim de agradecer à nossa incrível família Epica, como com "Design Your Universe" quando aquele álbum completou 10 anos. [Nota do editor: "Design Your Universe" completou 10 anos em 2019 e foi relançado com uma nova capa e um segundo disco chamado "The Acoustic Universe" contendo 5 versões acústicas de músicas do álbum.] Gostaríamos de fazer algo especial, e não temos nada de concreto planejado agora, mas isso pode mudar. É que tudo é meio complicado de planejar no momento por causa da pandemia. Temos que ser flexíveis, meio espontâneos. É muito difícil planejar com muita antecedência no futuro e isso era algo com que não tínhamos problemas no passado. Esta é uma situação estranha e única. Mas não vamos deixar esse momento passar silenciosamente, eu prometo isso.

Imprensa: Mark, você afirmou várias vezes que "Omega" é um álbum mais equilibrado, que você foi muito cuidadoso em colocar os elementos certos na quantidade certa em cada som e tudo mais. Temos datas de turnê para o final deste ano, com sorte - estamos todos torcendo para que isso aconteça - e eu queria saber se com "Omega" sendo mais equilibrado e, talvez, um álbum um pouco menos complexo para tocar ao vivo, se você acha que vai mudar a dinâmica no palco. E como você imagina isso, e se você está planejando trazer outros elementos além da música para o seu show, já que você poderia ter um pouco mais de liberdade para fazer isso talvez, porque a música não está levando toda a sua atenção 100% o tempo durante a apresentação ao vivo?

MJ: Até pode soar mais fácil, mas ainda assim foi difícil de tocar. Devo dizer que estou estudando bastante as músicas ultimamente, estou suando pra caramba nestas músicas e vai demorar um pouco, eu acho, antes que eu possa correr e não ter mais que pensar sobre o que eu estou tocando. Por exemplo, se eu comparar com as músicas de seus primeiros álbuns, para ser honesto, existem algumas músicas simples que são muito fáceis de tocar. Mas desde que Isaac [Delahaye, guitarrista] se juntou à banda [em 2009] ... [risos] Ele é um guitarrista incrível e está usando todas as suas habilidades. Então eu tenho que atingir esse nível hoje em dia para poder tocar todas essas coisas. É um belo desafio e desde que comecei a aprender técnica dele, eu cresci muito também como guitarrista. Estou muito grato a ele por isso. Mas são coisas bastante desafiadoras aqui e ali. Acho que as pessoas que vão descobrir como são as músicas, os guitarristas, vão se divertir nisso.

BIG ROCK: Mark, desde pelo menos "The Quantum Enigma" de 2014, a banda têm usado instrumentos orquestrais reais em contraste com o som sintetizado dos primeiros álbuns. Eu gostaria de saber se isso muda de alguma forma a sua abordagem de composição, já pensando que você vai ter violinos, violas, etc ... ou isso é um pensamento posterior?

MJ: Sim, uma pergunta interessante. Para mim, não faz muita diferença. Eu ainda escrevo minha parte nas músicas do jeito que sempre fiz. E mais tarde começamos a pensar como a orquestra vai tocar. Porque eu nunca estudei música em geral, não tenho ideia do que estou fazendo [risos], sempre faço tudo baseado nos meus sentimentos. Também não tenho ideia quando faço arranjos, se está no alcance de uma flauta ou não. Portanto, há outras pessoas na equipe que assumem essa parte do trabalho. E isso é incrível, porque assim que trouxermos todos os arranjos para a orquestra tocar... São até duas semanas apenas para escrever tudo em pautas musicais, mas aí estará tudo detalhado, preparado para eles tocarem. E então, quando você ouve o seu arranjo que você fez em seu computador ganhando vida com uma orquestra de verdade, posso garantir que é um momento verdadeiramente de arrepiar. [Simone faz um barulho de concordar] Porque quando você está em seu estúdio caseiro com seu pequeno teclado fazendo as coisas, e então você ouve de repente sendo tocado pela Orquestra Filarmônica de Praga, é surpreendente.

Imprensa: Simone, você e Mark são os principais letristas de "Omega". Como escrever juntos neste período pandêmico?

SS: Acho que tudo para "Omega" foi concluído antes de a pandemia chegar. Eu escrevo as letras, não escrevo nenhuma das músicas, mas Mark e eu discutimos quando temos a seleção final das músicas, quem escreve as letras para cada música. É óbvio que Mark escreve as letras das músicas que compõe musicalmente. E desta vez com as sessões demo que tivemos junto com Joost [van den Broek, produtor] na casa, quando estávamos trabalhando nos vocais, já estávamos tentando ir na direção que queríamos com as letras de trabalho. Antigamente, havia um pouco de letras sem sentido, apenas para carregar a melodia. Desta vez, já empurramos na direção que queríamos que as músicas tratassem, em termos de tópicos. E isso é sempre um processo muito natural, nós dois somos muito abertos sobre as idéias que temos para as letras, sem limitarmos um ao outro. É sempre um processo muito natural e fácil fazer isso. O único problema que tivemos por causa da pandemia, foi que Mark e eu éramos os últimos na linha de produção gravando os vocais. Mas felizmente Mark pôde gravar em seu estúdio caseiro e eu encontrei um estúdio por perto também. Portanto, não fomos muito afetados pela pandemia. Se tivesse acontecido mais tarde [Nota do editor: creio que ela quis dizer "mais cedo"] teríamos problemas, não sei se teríamos conseguido terminar - ai meu Deus - por causa da orquestra e do coro. Então, tivemos sorte, quase terminamos a tempo.

Imprensa: Eu fiz uma entrevista com você para a revista Blast!, Simone, e essa é uma pergunta de feedback: você disse que foi fácil para você gravar a música "Abyss of Time" e eu pensei "oh meu Deus, o que foi difícil para ela nesse disco?". Eu estava me perguntando que, se isso era fácil para você, se você estava pensando em procurar algo mais desafiador para sua voz algum dia, como Floor [Jansen, Nightwish, ex-After Forever] fez com o ReVamp, por exemplo?

SS: Existem algumas partes do álbum que eu tive dificuldades em relação ao tempo, como no final das gravações dos vocais principais. É quando eu faço os vocais principais ou vocais de mescla para os corais. Às vezes eu tenho um vocal principal muito claro por cima dos coros, mas eu gravo todos eles para que o Joost [van den Broek, produtor] ainda possa usar o som, a cor da minha voz para se misturar com o coro, para fazer soar um pouco mais como minha voz. Em "Kingdom of Heaven" há uma parte do coro que vem de forma muito abrupta. Eu estava em estúdio e o Joost falava: "não, são tantas batidas". E eu estava tão distraída com a música, não conseguia atingir aquele momento e ele disse, "não, vamos deixar assim". [risos] E não foi um desafio vocal, foi [Simone canta o trecho "balance and harmony / as above so below" fazendo o tempo de música batendo palmas]. Mas o momento da música, eu sempre perdi. Então nós rimos disso, nós pensamos: "nós temos o coral lá, não temos que fazer isso". No geral, para mim, a única parte desafiadora foi o momento e as circunstâncias incomuns de gravar em um estúdio diferente. E eu gravei em muitos estúdios diferentes, mas o estúdio Sandlane, onde Joost está trabalhando, é como minha segunda casa. Foi o início da pandemia, tive meus amigos de outras bandas voltando de turnês, eles tiveram que cancelar turnês, muita gente já estava com problemas financeiros e eu estava muito preocupada com o futuro da música. Isso foi mais um desafio emocional para mim, me desconectar disso e focar na música. Mas, no começo eu estava pensando: "nossa turnê será em outubro [de 2020], o álbum será lançado em setembro [de 2020], estamos seguros". Mas eu fui muito ingênua pensando assim. Passei algumas noites sem dormir, quase tive um pequeno acidente de carro por causa disso. Esses foram os únicos desafios para mim. O canto, a música, as letras, tudo foi do jeito que deveria ser. Fiquei muito feliz por finalmente gravar os vocais. Foi meio desafiador ter que achar um estúdio, também ter meu filho em casa, sem escola, tudo muito esquisito. Mas fiquei feliz por poder cantar as músicas. Ainda para a demo e as sessões de escrita que tivemos, pude sentir, Mark disse: "Este será um trabalho do qual ficaremos muito orgulhosos". Acho que quando você está convencido do que está fazendo, seu trabalho fica mais fácil.

Mediador: Obrigada Simone, acredito que esse momento em que você cantou por dois segundos foi o momento preferido de todos na coletiva. [risos] Todos ficaram maravilhados.

Imprensa: Simone, você acha que o Epica cumpre todas as suas ambições musicais como compositora? O que você acha de ter uma carreira solo e como iria soar essa hipotética carreira solo?

SS: Eu tenho um gosto musical muito amplo, algo pelo qual já enfrentei críticas, que eu mesma não entendo. Eu sou uma pessoa de mente muito aberta e adoro música pelas emoções, não importa que gênero seja. Se eu gosto da melodia, se eu gosto dos vocais, se eu encontro uma conexão com isso. Não há vergonha em dizer que gosto de ouvir cantores no cenário pop, gosto de jazz, adoro filmes da Disney - mas não sou fã de Frozen, vou dizer com franqueza, não é do meu gosto. Eu sou a velha princesa da Disney. Então, cantar para mim em um filme algum dia seria algo que está na minha lista de desejos. Sempre recebo feedback positivo quando fazemos baladas, muitos fãs dizem que esse é o meu ponto forte. Então, eu adoraria fazer um disco solo um dia, mas não sinto que o Epica não esteja me desafiando o suficiente. Eu tento, a cada disco, tirar o melhor de mim para a música. E adoro trabalhar com outros artistas também, algo novo. Eu trabalho bastante com Arjen Anthony Lucassen [Ayreon], o que é muito bom também. Eu tenho tantas idéias do que eu poderia fazer, vocalmente. Venho dizendo há tantos anos que queria fazer um projeto solo e não aconteceu muita coisa. O Epica tem minha principal prioridade, minha família... E eu acredito fortemente que o que deve ser, deve ser e as coisas acontecerão na hora certa. E enquanto eu tiver voz, vou continuar cantando. O metal tem meu coração, mas também pode ser jazz ou clássico. Portanto, veremos o que o futuro trará.

Foto: Reprodução


Imprensa: Minha pergunta é sobre a interpretação da arte conceitual de "Omega". Ela mostra uma mulher segurando uma chave de ouro, uns caras dentro de um labirinto, tem um cara na frente do labirinto que parece que está saindo ou desistiu de entrar. Há um cara em frente ao que parece ser uma árvore morta e parece que está orando. A interpretação da capa do álbum poderia ser como "a vida às vezes é um labirinto e podemos nos perder nele, e há uma chave que esperamos que possa nos tirar de lá e devemos procurá-la"?

SS: Sim, acho que é uma forma de interpretar. Trabalhamos com Stefan Heilemann novamente, ele está conosco desde 2009, desde "The Classical Conspiracy". Ele é um bom amigo meu. O carinha que você vê na capa é uma pequena mulher na verdade, mas é difícil de ver. Essa é na verdade a esposa de Stefan Heilemann, muitas vezes ela também é modelo para sua arte. Um dos versos da letra de Mark é "a vida é um labirinto, encontre seu caminho para casa" [Nota do editor: "life is a labyrinth, find your way home", na música "Omega - Sovereign Of The Sun Spheres"]. Todo mundo tem esse labirinto dentro de si e estamos tentando navegar por ele. Às vezes você se perde na vida. Também como em "Rivers", você sente que está desenhando e tem que lutar, tem que ficar focado, não se distrair, alcançar o outro lado do labirinto, ser iluminado espiritualmente, de certa forma. Claro que há muito simbolismo na arte, mas não gostamos e não queremos dar tudo de graça. Acho que essa é a beleza da arte também: as pessoas podem interpretá-la à sua maneira. Mas acho meio óbvio que você interpretou muito bem.


Agradecimento: Costábile Salzano Jr. - Liberation Music / The Ultime Music - PR

Marcos Franke - Nuclear Blast

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