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4 de maio de 2023

São Paulo Metal Fest - Carioca Club - São Paulo – SP

Foto: Divulgação


São Paulo Metal Fest  - Carioca Club - São Paulo – SP - 14 de abril de 2023


Por Roberio Lima

Fotos: Roberio Lima / Bruno Felix


Hoje os festivais de música são uma realidade indissociável da agenda cultural  da maior metrópole da América Latina. Basta olhar a quantidade de eventos nesse formato marcados  para o mês de abril para confirmarmos  essa constatação. Nesse sentido  as alternativas atendem a todos os gostos; - desde aqueles eventos em que ter o suvenir tosco ou o carimbo de “eu fui” é o objetivo a ser alcançado, até aqueles em que o fator musical seja efetivamente a tônica predominante. No final das contas, o que vale é a possibilidade de interagir com as mais variadas tribos e costumes que só encontramos por aqui, nessa cidade que abraça todas as tendências e gostos. E apesar de festivais de peso também figurarem entres as opções para o mês de abril, como o já consolidado Monsters Of Rock e o Summer Breeze (que teve sua primeira edição no Brasil, mas que já é bastante prestigiado na Europa – onde ao lado do Wacken Open Air, é o festival mais querido da Alemanha), outros vão surgindo para atender as muitas demandadas que ainda podem ser exploradas. 

Enquanto as expectativas não se materializavam em relação aos festivais mencionados nas linhas anteriores, a primeira edição do São Paulo Metal Fest, que aconteceu no Carioca Club, foi a possibilidade de conferir um cast bem mais interessante e menos previsível dos que aqueles que insistem  em escalar os medalhões cansados de sempre, com seus repertórios requentados e munidos de performances sofríveis.  

Polêmicas a parte, os nomes foram anunciados gradativamente, e é preciso deixar claro que a organização acertou em cheio nas escolhas! Moonspell e Cynic, respectivamente com a missão de ocupar os postos de headliner e co-headliner, foram seguidos por Beyond Creation, Weight of Emptiness, Hatefulmurder e New Democracy. E em uma noite de muito frio e garoa, não arredamos o pé do recinto, até que o último acorde fosse tocado naquele palco. Vejam nas próximas linhas os principais momentos dessa grande festa, que já me antecipo em dizer que torço  para que aconteça uma segunda edição! 

Ainda com um público pequeno e acanhado, o New Democracy de Varginha (MG), deu o pontapé inicial as festividades com um Death Metal cheio de boas intenções, e tiveram como base as canções do último trabalho intitulado “The Plague”, como “Black Blood” e “Creation Of My Skin”, além do cover de “Angels Don’t Kill (Children Of Bodom), para não deixar dúvida das fontes em que a banda buscou inspiração para moldar a sua sonoridade. 

Setlist 

Black Blood

Blood On Nile

Creation Of My Sin

Angels Don’t Kill (Children Of Bodom)

The Way We Die


Em seguida, foi a vez do Hatefulmurder mostrar as suas habilidades no palco. Com um vigor invejável da frontgirl Angélica Burns - os trabalhos foram conduzidos de forma bastante empolgante, e mostram a necessidade de termos mais mulheres protagonizando eventos dessa magnitude. Boas opções não faltam no cenário extremo! Voltando a apresentação, os músicos se preocupavam a todo momento em interagir com o público, seja incentivando os mais afoitos em “circle pit” até o indefectível  “wall of death”, que já é algo tradicional nas apresentações da banda. Os destaques ficaram por conta de “Reborn”, “Silence Will Fall”, a nova composição “Psywar”  e o final arrasador com “Creature Of Sorrow”. 

Setlist 

Reborn

Worshipers of Hatred

Silence Will Fall

Red Eyes

My Battle

Psywar

Creature of Sorrow


A primeira atração internacional da noite, empolgou o público que já se fazia presente em maior número – falo do Weight Of Emptiness, formação proveniente do Chile, e que envolveu os presentes com uma sonoridade obscura e elementos regionais, evidenciando o peso das canções e que desperta o ouvinte para muitas referências do Doom, Black e folk metal. A banda acompanhou o Moonspell em praticamente todas as datas dessa atual turnê sul-americana, tendo seu encerramento justamente no SP Metal Fest. O carismático vocalista Alejandro Ruiz, conduziu a abertura do set list com a “Mutrumtrun (The Calling)” de forma bastante convincente, e a partir daí, foi jogo ganho para os ‘hermanos’, que não escondiam a alegria em participar daquela celebração. Os destaques ficaram para canções como “Chucao” e “Wolves”. No final das contas foi muito bacana conferir a apresentação dos caras, pois confesso que foi a primeira vez que pude testemunhar a perfomance de uma formação proveniente do Chile. 

Setlist 

Mutrumtrun (The Calling)

Defrosting

Chucao

Conquering the Deep Cycle

Wolves

Unbreakable



Uma das atrações mais esperadas da noite, o Beyond Creation tomou de assalto o palco do Carioca Club para destilar o mais puro veneno em forma de música extrema. Com técnica absurda, e sonoridade avassaladora, o frontman Kévin  Chartré compactuou com seus companheiros o mais puro ‘technical death metal’ em forma de petardos como “Fundamental Process” e “Earthborn Evolution”. Difícil apontar uma parte especifica desse show como destaque, pois é preciso evidenciar justamente a apresentação “de cabo a rabo”. Os apreciadores do estilo ficaram boquiabertos com o que estava sendo entregue naquele palco, o baterista Michael Belanger produzia as batidas mais cabulosas e intrincadas, enquanto Kévin Chartré e Hugo Doyon duelavam em uma sequência de ‘tapping’, que me fez  enterrar qualquer pretensão de tocar algum instrumento futuramente. “Coexistence” e “Omnipresent Perception” foram os “tiros de misericórdia” em uma plateia já atônita com o que foi apresentado. O mais afoitos pediram para que os músicos continuassem tocando, mas já não havia mais tempo para nada naquele momento! 

Setlist 

Fundamental Process

Earthborn Evolution

In Adversity

Ethereal Kingdom

Algorythm

Coexistence

Omnipresent Perception


Foto: Reprodução


O Cynic foi a atração mais festejada por uma boa parte do público que compareceu ao Carioca Club. Primeiro por ser a primeira aparição em solo brasileiro, e segundo que tocariam na íntegra o aclamado álbum “Focus”, considerado por muitos a obra prima do metal progressivo. Rodeados de muita expectativa, Paul Masvidal (vocal/guitarra), Matt Lynch (bateria), Max Phelps (guitarra) e Ezekiel Kaplan (teclado), dedicaram a primeira parte da apresentação ao referido álbum, e inevitavelmente promoveram um “transe coletivo” tendo como base o conteúdo sonoro que emanava dos amplificadores, e a projeção da capa do disco no telão, trouxe a tonalidade necessária para que a concepção do álbum fosse vivenciada em toda sua plenitude. A situação é justificada, pois foram mais de 30 anos aguardando esse momento. Houve o momento em que Paul ao acender uma vela, lembrou de seus antigos companheiros de banda Sean Malone e Sean Reiner – que nos deixaram em 2020. Voltando ao show, ainda houve espaço no set para músicas do álbum mais recente – “Ascension Codes” (2021) – inclusive com “In a Multiverse Where Atoms Sing” fechando a apresentação. 

Setlist 

Veil of Maya

Celestial Voyager

The Eagle Nature

Sentiment

I’m But a Wave to…

Uroboric Forms

Textures

How Could I

Kindly Bent to Free

Adam’s Murmur

Aurora

Box Up My Bones

Evolutionary Sleeper

In a Multiverse Where Atoms Sing

Foto: Reprodução


Já se passava da 00h30, quando o Moonspell iniciou o show de encerramento da atual turnê latino-americana - que teve um total de dezoito shows por onze países. Os portugueses são muito queridos em terras brasileiras, e no horário ingrato que subiram ao  palco, haviam ainda um número considerável de seguidores que aguardavam ansiosos para conferir o set da principal atração da noite. “The Greater God” foi o número de abertura, e já era perceptível que o nível de empolgação aumentaria conforme os clássicos fossem executados. E o primeiro grande clássico “Opium” do álbum “Ireligious” (1997) fez a alegria de muitos seguidores. Fernando Ribeiro estava muito feliz por tocar naquela noite, e manteve constante comunicação com o público. Os músicos estavam visivelmente felizes por tocar novamente em São Paulo, e se não bastasse, foram comemorados no palco o aniversário do baixista “Aires Pereira” que foi saudado pela plateia com o tradicional “Parabéns pra você”! Além disso, o Moonspell comemora no final dessa turnê os 31 anos de existência do combo português, e não podemos discutir que as datas em questão representam algo relevante, e que devem ser festejadas. Já na parte final do show, “Em nome do medo” e “Todos os Santos”com suas letras em  português, foram responsáveis pelo encerramento da primeira parte do show. 

Já no Bis, Fernando Ribeiro externou toda a sua indignação, pois tiveram que “limar” canções do repertório devido ao atraso no término do show do Cynic. “Alma Mater” e “Full Moon Madness” foram apresentadas de forma abrupta, pois, nas palavras de seu vocalista, a banda teve que tirar músicas do setlist, devido ao tempo reduzido e a falta de compromisso da banda Cynic. 

O mais importante é que o saldo foi positivo, e mais uma vez, destacamos a escalação das bandas, que fugiu totalmente dos clichês habituais. Já iniciamos nossa torcida para que no próximo ano haja mais uma edição desse que foi um festival muito bem organizado, e que proporcionou uma perspectiva de fugirmos da mesmice dos festivais “tradicionais”. Vida longa ao São Paulo Metal Fest!  


Setlist 

The Greater Good

Extinct

Opium

Finisterra

In and Above Men

From Lowering Skies

Breathe (Until We Are No More)

Nocturna

Scorpion Flower

Em nome do medo

Todos os santos


Bis:

Alma Mater

Full Moon Madness



Um agradecimento especial para Tedesco Comunicação e Midia pelo credenciamento e Carioca Club por toda atenção e suporte.

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