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17 de abril de 2024

Leather Leone - Jai Club - São Paulo/SP

Foto: Paula Cavalcante


Leather impressiona público da Jai Club, em São Paulo, com apresentação enérgica do início ao fim - 12/04/2024


Por Tiago Pereira

Fotos: Paula Cavalcante


Poucos artistas conseguem conciliar a demonstração de carisma, o potencial musical e a energia no palco em todo o show. E depois do que Leather Leone entregou na Jai Club, na última sexta-feira (12), é possível confirmar que ela se encaixa nestas condições facilmente. A artista, que também é vocalista da banda Chastain, retornou ao Brasil para a turnê “We Are the Chosen Brazilian Tour 2024”, que divulgou o último trabalho de sua carreira solo, o álbum “We Are the Chosen”, lançado no final de 2022. São Paulo foi a terceira das cinco cidades que compuseram a turnê – além da capital paulista, Leather passou por Recife (PE), Santos (SP), Limeira (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Leather contou com uma banda de apoio de músicos renomados do Metal brasileiro e, além disso, teve como bandas de abertura Hell on Wheels e Selvageria. O evento teve a Caveira Velha Produções como organizadora.

Apesar da casa não estar completamente cheia – e digo isso por não ter muitas pessoas na rampa de entrada -, o público presente se satisfez com as três atrações da noite, cujos membros, sem exceções, demonstraram entrega tanto nas técnicas instrumental e vocal, quanto nas performances e interações com o público. Parte deles, inclusive, circulava pela Jai e, em alguns momentos, parava para conversar com pessoas conhecidas e/ou tirar fotos. Leather, inclusive, teve destaque por ficar para tirar fotos com fãs após o show, mesmo que já tivesse feito isso horas antes, na London Calling Discos, na Galeria do Rock, situada na região central de São Paulo.

E tal público estava nas melhores representações visuais possíveis: jaquetas com patches ou bordados com logos das mais diversas bandas nacionais e internacionais, jaquetas de couro ou camisas de uma única banda. Além disso, a energia vocal e física, a partir dos cantos das faixas tocadas, headbangings e coros e palmas coordenadas predominaram nos momentos em que o feeling era propício para uma destas ações.


Hell on Wheels

O quinteto é de Guarulhos e apresenta um tributo à banda belga de Speed Metal Acid. Admito que cheguei à Jai Club durante a segunda música do setlist de oito faixas que o Hell on Wheels montou para este evento, baseados nos álbuns “Acid” (1983), “Maniac” (1983) e “Engine Beast” (1985), além do EP “Black Car” (1984). 

Logo de cara, deu para perceber a ausência do baixista que, no caso, é Amilcar Rizk, devido à dengue. Ainda assim, estavam no palco Andressa Castelhando (vocal), Reinaldo Padua (guitarra), Emanuel Ueverton (guitarra) e Glauco Silva (bateria).

A faixa que perdi foi “America”, mas consegui ver a partir de “Lucifera”. Logo de cara, a voz de Andressa impressionou, assim como sua jaqueta vermelha e, junto a ela, a performance de Reinaldo à esquerda – na visão do público -, com poses e danças. 

O grupo seguiu com as faixas "Bottoms Up”, “Ghostriders” e “Lost In Hell”. Emanuel, inclusive, apesar de mais parado, não deixava de fazer balanços de cabeça ao tocar as faixas e isso ficou ainda mais evidente em “Hell on Wheels”, faixa que, claro, serve de referência ao nome da banda tributo.

O grupo finalizou a apresentação muito bem e com as faixas “Max Overload” e “Black Car”, mais rápidas e que geraram mais aplausos da plateia. 

A banda por um todo, claro, superou aparentes erros de som ao longo da apresentação e a ausência de seu baixista. Assim, trouxeram uma abertura de noite em ótimo estilo e entrega musical e performática.

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante


Selvageria

Após os minutos que envolviam o preparo para a segunda apresentação e a circulação do público já presente com a chegada de novas pessoas - o que envolvia as idas para o espaço externo, ao bar local e até às rodas de conversa -, o Selvageria entrou no palco da Jai Club para um setlist de oito faixas que mesclavam músicas de seus dois álbuns: “Selvageria” (2009) e “Ataque Selvagem” (2017). 

O trio é composto por César Capi (guitarra), Tomás Toloza (baixo) e Danilo Toloza (bateria e vocal). O terceiro membro citado foi o que mais me impressionou, pois nunca me passou pela cabeça que haveria um baterista de Speed e Thrash Metal que conseguiria tocar tal instrumento e cantar ao mesmo tempo, ainda mais com trechos de faixas em que a voz é mais aguda.

“Metal Invasor” abriu a apresentação e demonstrou os sinais da força que a banda tem no cenário underground e de sua qualidade sonora. Em seguida, a banda tocou “Selvageria”, “Na Lâmina da Foice”, “Cinzas da Inquisição” e “Águias Assassinas”, faixa na qual Tomás Toloza chegou a tocar agachado, demonstrando o quão enérgico estava no show.

Em “Trovão de Aço”, o publico veio junto na voz, com direito a muitas cabeças balançando com o som da banda. Ao fim da faixa, muitos gritos ao nome da banda e um agradecimento de Danilo Toloza: “Muito obrigado! Vocês são fodas!”. Já em “Cavaleiro da Morte”, as linhas de baixo de Tomás se tornaram mais evidentes e fortes do início ao fim.

Após a apresentação de cada membro – com César Capi muito ovacionado pelo público -, Danilo Toloza anunciou a faixa final, “Hino do Mal”, como “o hino da banda Selvageria”. A velocidade rítmica da banda no início e a condução seguinte se mostraram impecáveis, o que motivou grande parte do público presente a balançar suas cabeças com força ao longo da faixa. Um encerramento mais que enérgico para uma noite que ainda não havia terminado.

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante


Leather

O pré-show contava com uma pista muito bem ocupada pelo público presente. Alguns ainda estavam a circular, outros entrando, mas se posicionando para o show. 

Na frente, alguns dos presentes aproveitavam a playlist para manter o aquecimento, enquanto dividiam espaços com os fotógrafos e repórteres presentes, incluindo uma fã que estava empolgada para o show, pois disse ser muito fã da Leather – inclusive, cedi um espaço à frente para ela, pois eu era mais alto e atrapalharia sua visão no show.

Em meio ao preparo dos instrumentos, a banda de apoio, aos poucos subiu para os últimos ajustes e afinamentos, o que causou a ausência de uma entrada mais coordenada. O primeiro foi Vinnie Tex, guitarrista que tem um elo mais longínquo com Leather e que tocou no álbum “We Are the Chosen”. Em seguida, apareceram Kiko Shred – guitarrista do Viper -, o baixista Fábio Carito e o baterista Marcus Dotta.

Assim que concluídos os preparos, às 20h42, as luzes da Jai Club se apagaram para uma pequena introdução. Leather aguardou momentaneamente o final do som para subir ao palco, com toda a energia possível, para dar início ao setlist de 15 faixas que mesclaram faixas de seu trabalho solo e de sucessos pelo Chastain. O público, que naquele momento lotou grande parte da pista da Jai Club, ficou eufórico com sua chegada, após o início de “Ruler of the Wasteland”, faixa que leva o nome do segundo álbum do Chastain, de 1986. Leather logo interagiu com os fãs mais próximos do palco e seus celulares, que gravavam o momento e, pouco tempo depois, Kiko Shred deu seu primeiro destaque com o solo da faixa. Ao final, uma ovação sincera do público, principalmente de muitas das mulheres fãs da cantora, presentes no local.

Não demorou muito para a segunda faixa, “Black Knight”, ser tocada com um poderoso riff tocado por Vinnie Tex. A faixa é a abertura do primeiro álbum do Chastain, “Mystery of Illusion” (1985). Na sequência e após uma pequena saudação de Leather, houve mais uma faixa do mesmo álbum, justamente a que leva seu nome. Nela, além dos primeiros aplausos rítmicos da plateia, Kiko voltou a se destacar, apesar de ter ficado um pouco mais escondido, próximo à parede e um pouco atrás de Fábio Carito, mas o suficiente para acompanhar a sonoridade de sua guitarra próximo a uma das caixas de som e mostrar sua velocidade e precisão com as cordas ao público presente.

Leather aproveitou mais uma pequena pausa entre as faixas para demonstrar seu carisma em plena Jai Club. Alguns fãs gritavam “FODA PRA CARALHO” e, claro, a vocalista ficou curiosa com o termo. Vinnie Tex logo cochichou em seu ouvido o que provavelmente era a pronúncia e o significado e ela, claro, repetiu a frase de forma muito bem pronunciada, levando os fãs ao delírio.

Em “I’ve Seen Tomorrow”, Leather demonstrou mais de sua disposição no palco, com saltos na medida do que o espaço dava e danças. Além disso, Kiko Shred e Vinnie Tex davam o tom da faixa, seja por riffs, seja pelos solos. Ao final, Leather repete o termo “FUDIDO”, gritado de forma positiva por um fã próximo do palco.

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante


A quinta faixa foi “Shock Waves”, primeira da carreira solo de Leather e que se encontra em seu primeiro álbum, de mesmo nome, lançado em 1989. Nela, o pedal duplo de Marcus Dotta, combinado ao riff tocado pro Vinnie, demonstraram o peso e a velocidade da faixa, além de mais um solo muito bem tocado por Kiko Shred. O resultado final, além de uma faixa muito bem tocada, foi o retorno positivo dos fãs com aplausos mais altos e duradouros ao fim da faixa.

Já em “We Take Back Control”, primeira faxia do disco “We Are the Chosen” (2022) na noite, Leather foi ainda mais potente com sua voz, em trechos cujo grito foi longínquo, no tom e causou impressões positivas dos presentes no local do show. Vinnie Tex solou na faixa e arrancou aplausos.

O tempo de os músicos de cordas afinarem seus instrumentos foi suficiente para Leather discursar e fazer pequenas brincadeiras com aqueles que estavam mais próximos ao palco. Com tudo nos conformes, o grupo tocou “Angel of Mercy”, do segundo álbum do Chastain. A euforia dos fãs levou a um refrão fortemente cantado pelo público, além de gritos de “hey” compassados na parte mais rápida da faixa. A vocalista, claro, não deixou a desejar com gritos longos e poderosos nos momentos exigidos, assim como sua banda de apoio, em que Vinnie e Kiko tiveram tempos para solo. Toda essa combinação levou a quase um minuto de ovações e aplausos e gritos em nome de “Leather” mais que merecidos, devido à entrega de todos no palco.

Não houve muito tempo de descanso e logo veio a faixa “Live Hard”, primeira faixa do álbum “The Voice of the Cult” (1988), do Chastain, tocada nesse show. Parte do público não hesitou em balançar a cabeça e os cabelos com a faixa. Leather seguiu com as interações, pegando nas mãos de fãs da parte da frente. Ao final, Leather ainda perguntou se o público a amava, recebendo um retorno mais que positivo.

Em “The 7th of Never”, única faxia a representar o album de mesmo nome do Chastain, de 1987, Leather voltou a saltar e gesticular por muitas vezes, um grande complemento à performance do show. Ao fim da faixa, sua voz intercalou com as linhas que Kiko Shred tocou, gerando grande ovação e gritos em nome do guitarrista. E ela ainda chamou aqueles que estavam longe da pista para mais perto: “Venham para a festa, filhos da mãe!!”.

Leather e banda voltaram ao álbum novo da vocalista com a faixa “Who Rules the World”, em um forte riff e condicionamento rítmico. Ela chegou a ajoelhar no palco e fazer um rápido headbanging e, ao levantar, pediu palmas do público, que rapidamente respondeu. Ao fim da faixa, a cantora novamente foi ovacionada.

“For Those Who Dare”, faxia que leva o nome do quinto álbum do Chastain, de 1990, deu sequência ao show e, depois dela, veio “We Are the Chosen”, que se destacou por mais um refrão fortemente cantado pelos fãs e com Carito como backing vocal. Vinnie Tex voltou a solar e demonstrou ainda mais suas habilidades com a guitarra.

Na reta final, vieram as faixas “Voice of the Cult” e “The Battle of Nevermore”. Leather, antes da última faxia, ainda teve a ajuda de um fã para abrir uma garrafa de água.

A finalização foi com “The Battlefield of Life”, música não somente bem cantada pelo público, como pelos destaques – por uma última vez – dos guitarristas. Ao fim, Leather agradeceu o público, indicou que voltará em breve para São Paulo e parou para a foto oficial com a banda de apoio.

Até parecia o fim do evento, não fosse Vinnie Tex anunciar no microfone que Leather iria ao banheiro, mas voltaria para tirar foto com os fãs presentes. Eu, infelizmente, não pude ficar por conta do longo trajeto de volta para casa, mas levei uma impressão mais que positiva de todas as apresentações da noite, impressionado com cada detalhe observado em uma Jai Club, numa plena noite de sexta-feira.

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante

Foto: Paula Cavalcante


Agradecimentos à Caveira Velha Produções pelo credenciamento e Jai Club pela atenção.

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