Translate

22 de maio de 2024

Hard 'n' Heavy Party - Manifesto Bar - São Paulo/SP

Foto: Divulgação


Hard 'n' Heavy Party - Manifesto Bar - São Paulo/SP - 17 de maio de 2024


Por Alexandre Veronesi

Fotos gentilmente cedidas por Rogério Talarico


A HARD 'N' HEAVY PARTY ganhou forma no início dos anos 2000, fruto da mente inquieta de Carlos Chiaroni (proprietário da tradicional loja Animal Records, na Galeria do Rock), tendo como principal intuito contemplar o "lado B" do Hard Rock/Glam Metal, em outras palavras, aquele grupo de ótimas bandas que, por "N" razões, não alcançaram as mais altas prateleiras do gênero, ficando assim relegadas a um nicho restrito - e há de se considerar também que, no Brasil, o estilo referido não figura entre os mais populares, portanto, tais artistas costumam passar longe do radar dos promotores especializados em música pesada.

Após cerca de uma década e meia em hibernação, o evento finalmente está de volta, com Chiaroni capitaneando a empreitada ao lado de Rodrigo Scelza e Vanessa Rodrigues (da DNA Rock Events), e seu retorno não poderia ser em melhor estilo. No último sábado, dia 11/05, o Manifesto Bar, em São Paulo, foi palco para quatro grandes vocalistas do Hard Rock mundial: ERIK MARTENSSON (Eclipse, W.E.T., Nordic Union), ROBIN MCAULEY (McAuley Schenker Group, Black Swan, Grand Prix), JOHN CORABI (The Dead Daisies, Mötley Crüe, Ratt, The Scream, Union, ESP) e CHEZ KANE.

À exceção de Corabi - que apresentou o seu show solo "voz e violão" - a banda de apoio foi composta pelos talentosos Bruno Luiz (guitarra), Bento Mello (baixo), Bruno Sá (teclado, guitarra e saxofone) e Gabriel Haddad (bateria).


Pontualmente às 21hs, após um breve e emocionado discurso do idealizador da festa - fato este que se repetiria a cada atração anunciada - a noite teve início com CHEZ KANE. Oriunda do País de Gales, no Reino Unido, a carismática cantora parece ter vindo diretamente da década de 80 em uma máquina do tempo, pois absolutamente tudo na moça remete àquela época: sua voz, a forma de cantar, o figurino, e naturalmente, a música: um Melodic Rock/AOR grudento (no melhor dos sentidos) e extremamente agradável. Visivelmente emocionada por conta da calorosa recepção do público brasileiro, Chez apresentou, em igual proporção, canções de seus 2 álbuns de estúdio - "Chez Kane" (2021) e "Powerzone" (2022) - como "I Just Want You", "All Of It', "Better Than Love", "Love Gone Wild" (essas 2 com linhas de saxofone magistralmente executadas por Bruno Sá), "Ball N' Chain" (na qual Chez desceu à pista e cantou junto aos fãs que estavam próximos do palco), "Rock You Up" e "Powerzone", além de uma ótima versão para "Mary On A Cross", do Ghost, disponibilizada como single no ano passado, e tocada ao vivo pela primeira vez. Com o público ganho, e o desejo por um breve retorno, Kane encerrou a participação através de "Rocket On The Radio", música mais popular de sua ainda curta, porém ótima carreira solo.


Setlist:

01 - I Just Want You

02 - Too Late For Love

03 - All Of It

04 - Nationwide

05 - Better Than Love

06 - Love Gone Wild

07 - (The Things We Do) When We're Young In Love

08 - Ball N' Chain

09 - Get It On

10 - Rock You Up

11 - Powerzone

12 - Mary On A Cross [Ghost]

13 - Rocket On The Radio

Foto: Rogério Talarico

Foto: Rogério Talarico

Foto: Rogério Talarico


Chegava então o momento mais intimista da noite. JOHN CORABI tomou o palco sozinho, empunhando o seu violão, e abriu os trabalhos com a ótima "Love (I Don't Need It Anymore)", dos seus tempos de Union - banda que fundou com o guitarrista Bruce Kulick nos anos 90 - mostrando de imediato que se mantém em excelente forma vocal. O repertório foi bastante variado, abrangendo sua pouco prolífica carreira solo, os tempos de Mötley Crüe, The Scream, The Dead Daisies (grupo do qual faz parte atualmente) e o supracitado Union, além de alguns covers, como "Who'll Stop The Rain", do Creedence Clearwater Revival, e a celebrada "Hard Luck Woman", do Kiss. Entre uma canção e outra, Corabi contou algumas histórias, como a sua entrada no Mötley, o divórcio que originou "Robin's Song", e percalços da infância/adolescência, sempre contextualizando a próxima música a ser executada. Durante o set, houve claramente uma certa dispersão na pista do Manifesto, e devo salientar que, ao meu ver, faltou por parte de alguns o respeito ao artista, que entregou grande performance e não merecia tal desprestígio, mesmo apresentando um formato que pode ser menos convidativo do que os demais. Voltando ao show, a trinca final se deu com "Hooligan's Holiday", indispensável, no que o cantor definiu como uma "swamp version" da mesma - referindo-se à música tradicional feita nas regiões pantanosas dos EUA - seguida por "Drive" (hit do The Cars), e mais uma do Scream, a marcante "Man In The Moon", ambas em uma só toada.


Setlist:

01 - Love (I Don't Need It Anymore) [Union]

02 - If I Never Get To Say Goodbye

03 - Who'll Stop The Rain [Creedence Clearwater Revival]

04 - Father, Mother, Son [The Scream]

05 - Dead And Gone [The Dead Daisies]

06 - Misunderstood [Mötley Crüe]

07 - Loveshine [Mötley Crüe]

08 - Hard Luck Woman [Kiss]

09 - Robin's Song [Union]

10 - Set Me Free [The Dead Daisies]

11 - Hooligan's Holiday [Mötley Crüe]

12 - Drive [The Cars]

13 - Man In The Moon [The Scream]

Foto: Rogério Talarico

Foto: Rogério Talarico

Foto: Rogério Talarico


O evento seguiu com o que parecia ser a sua atração mais aguardada: ROBIN MCAULEY. Banda de volta ao palco, e o cantor irlandês chegou quebrando tudo com uma sequência de nada menos do que seis músicas do McAuley Schenker Group, formação icônica que integrou ao lado do virtuoso guitarrista alemão Michael Schenker entre os anos 80 e 90. Petardos como "Save Yourself", "Gimme Your Love", "Rock 'Til You're Crazy" e "This Is My Heart" deixaram a audiência ensandecida, e o simpático vocalista provou que se trata de um ponto fora da curva, pois no alto de seus 71 anos, permanece cantando absurdamente bem - sem contar a presença de palco imponente - e pouco sentiu as marcas do tempo. O set contou ainda com duas músicas do supergrupo Black Swan - no qual participam McAuley, Reb Beach, Jeff Pilson e Matt Star - duas da discografia solo de Robin ("Alive" e "Standing On The Edge"), as aclamadas "We Believe In Love" (em versão acústica) e "Anytime", e finalmente, "Only You Can Rock Me" e "Lights Out", dobradinha arrasa-quarteirões do UFO, responsável por encerrar essa poderosa apresentação. Um grande destaque também para os instrumentistas brasileiros, aqui em especial Bruno Luiz, que teve a ingrata tarefa de reproduzir as linhas de Michael Schenker e Reb Beach, e o fez com maestria.


Setlist:

01 - Save Yourself [McAuley Schenker Group]

02 - Gimme Your Love [McAuley Schenker Group]

03 - Rock 'Til You're Crazy [McAuley Schenker Group]

04 - Love Is Not A Game [McAuley Schenker Group]

05 - This Is My Heart [McAuley Schenker Group]

06 - When I'm Gone [McAuley Schenker Group]

07 - Generation Mind [Black Swan]

08 - Shake The World [Black Swan]

09 - Alive

10 - We Believe In Love [McAuley Schenker Group]

11 - Standing On The Edge

12 - Anytime [McAuley Schenker Group]

13 - Only You Can Rock Me [UFO]

14 - Lights Out [UFO]

Foto: Rogério Talarico

Foto: Rogério Talarico


Por último, mas não menos importante, tivemos a performance de ERIK MARTENSSON. O intenso frontman sueco havia se apresentado com o Eclipse no Summer Breeze Brasil duas semanas antes, e retornou com um repertório bem diferente do que fora mostrado naquela ocasião, deixando isso nítido já nos temas iniciais, que foram "Wylde One", "Hypocrisy" (de seu projeto Nordic Union, ao lado de Ronnie Atkins, o vocalista do Pretty Maids), e "Rise Up" (W.E.T.). É claro, não poderiam faltar sucessos como "Saturday Night (Hallelujah)", "The Downfall Of Eden" e "Viva La Victoria", que foram cantados em uníssono por todos, mas o fã "hardcore" da carreira de Martensson se viu contemplado com pérolas do calibre de "To Mend A Broken Heart", "Big Boys Don't Cry", "Mary Leigh", "Runaways" e "Watch The Fire", em execuções matadoras. Erik interagiu muito com a plateia, sempre feliz e comunicativo, o que sacramentou o clima de festa e descontração que esteve instaurado ali o tempo todo. Atuação de gala, digna de um belíssimo encerramento.


Setlist:

01 - Wylde One [Eclipse]

02 - Hypocrisy [Nordic Union]

03 - Rise Up [W.E.T.]

04 - Saturday Night (Hallelujah) [Eclipse]

05 - To Mend A Broken Heart [Eclipse]

06 - Got To Be About Love [W.E.T.]

07 - Big Boys Don't Cry [W.E.T.]

08 - The Downfall Of Eden [Eclipse]

09 - Mary Leigh [Eclipse]

10 - Runaways [Eclipse]

11 - Watch The Fire [W.E.T.]

12 - Viva La Victoria [Eclipse]

Foto: Rogério Talarico

Foto: Rogério Talarico

Foto: Rogério Talarico


Junte ótimos shows, produção impecável e um público apaixonado, e você terá a receita ideal para um evento de sucesso. Após tal pensamento, afirmo com tranquilidade que esta foi a síntese perfeita da HARD 'N' HEAVY PARTY, celebração que voltou pra ficar e já tem a sua próxima edição confirmada para o segundo semestre de 2024. Aguardemos!


Agradecimentos à Rodrigo Scelza pelo credenciamento e Manifesto Bar pela atenção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário