Big Rock N' Roll - Pensou em rock, pensou Big Rock!: Asphyx, The Troops Of Doom e Evilcult - Carioca Club

Foto: André Santos / Roadie Crew

Asphyx, The Troops Of Doom e Evilcult - Carioca Club - São Paulo/SP - 09 de novembro de 2024

Por: Alexandre Veronesi

Fotos gentilmente cedidas por André Santos / Roadie Crew (@andresantos_mnp / @roadiecrewmag )

E a enxurrada de shows internacionais em São Paulo continua a todo vapor, causando ainda mais danos aos já castigados bolsos dos headbangers e entusiastas. No dia 09 de Novembro foi a vez do Carioca Club - tradicional casa de shows localizada na região de Pinheiros, e amplamente conhecida pelo público Metal - receber os holandeses do ASPHYX, formação icônica daquela primeira onda do Death Metal europeu, com a abertura de luxo das tupiniquins THE TROOPS OF DOOM e EVILCULT.

Às 17hs em ponto, com o local ainda bastante esvaziado por conta do horário, foi dado o pontapé inicial ao evento. Originária de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, a banda EVILCULT ficou responsável por fazer as honras através de seu agressivo Speed/Black Metal, e dito isso, o trio composto por Lucas "From Hell" (voz e guitarra), Renato "Speedwölf" (baixo) e Filipe "Stress" (bateria) realizou um curto porém intenso set, contemplando 3 temas de cada um dos seus álbuns de estúdio - os ótimos "At The Darkest Night" (2020) e "The Devil Is Always Looking For Souls" (2023). "Ancient Power", "Drunk By Goat's Blood", "Speed Metal Fire" e "The Witch" foram as mais aclamadas pelo público que aos poucos tomava a pista do Carioca Club, sendo de suma importância frisar que o vigor e a boa presença de palco dos músicos - somados, é claro, à qualidade das composições - foram imprescindíveis para que a apresentação se tornasse um verdadeiro sucesso, deixando nos presentes aquele famigerado 'gostinho de quero mais'.

Setlist:

01 - Ancient Power

02 - Sons Of Hellfire

03 - Drunk By Goat's Blood

04 - Speed Metal Fire

05 - The Witch

06 - Nocturnal Attack

Foto: André Santos / Roadie Crew

O THE TROOPS OF DOOM é o raro caso de uma banda que já nasceu grande, especialmente por se tratar do retorno triunfal de Jairo "Tormentor" Guedz (ex-Sepultura, The Mist, Overdose e Eminence) ao Death Metal 'old school' - subgênero que o guitarrista melhor domina, diga-se - acompanhado por um time de primeira, com Alex Kafer (Enterro e Explicit Hate) no baixo e vocal, Marcelo Vasco (Patria) na segunda guitarra e Alexandre Oliveira (Eminence) comandando as baquetas. Apesar de formado durante a pandemia do Coronavírus, há cerca de 4 anos, o grupo já possui na sua discografia 2 EP's e 2 full-lenghts, sendo o mais recente, "A Mass To The Grotesque", lançado em Maio do ano vigente, muitíssimo bem recebido por público e crítica especializada.

Quanto ao show, foram aproximadamente 45 minutos de pura visceralidade, mostrando um conjunto altamente afiado no palco (que recém retornou de uma extensa tour europeia, vale frisar) e tecnicamente irrepreensível. "Act I - The Devil's Tail", "Chapels Of The Unholy" e "Far From Your God" vieram implacáveis, mas os insistentes pedidos de Kafer por 'mosh pits' foram de fato atendidos somente na quarta música do set, a primeira faixa do registro de estreia do Sepultura, "Bestial Devastation", e não mais cessaram até o desfecho. Em meio às poderosas "The Rise Of Heresy" e "Dawn Of Mephisto", tivemos ainda "Morbid Visions" - a qual Jairo jocosamente descreveu como uma música escrita por ele e seus coleguinhas nos tempos de colégio - e logo após, o 'gran finale' com a porrada que dá nome à banda, nada menos que "Troops Of Doom", executada em versão praticamente idêntica à original de 1986, para o regozijo dos mais saudosistas - ou, para ser realmente sincero, de todos os fãs da maior entidade do Metal brasileiro de todos os tempos.

Setlist:

01 - Act I - The Devil's Tail

02 - Chapels Of The Unholy

03 - Far From Your God

04 - Bestial Devastation [Sepultura]

05 - Act II - The Monarch

06 - The Rise Of Heresy

07 - Morbid Visions [Sepultura]

08 - Dawn Of Mephisto

09 - Troops Of Doom [Sepultura]

Foto: André Santos / Roadie Crew

E então, finalmente, veio o ASPHYX. Iniciado em 1987, o grupo holandês de Death/Doom Metal não possui mais nenhum de seus membros fundadores, mas o frontman e líder Martin Van Drunen pode e deve ser considerado, visto que reina absoluto no posto há tempos, tendo participado de todos os principais registros da banda. Com ele, estão os instrumentistas Paul Baayens (guitarra), Alwin Zuur (baixo) e Stefan Hüskens (bateria, ex-Sodom e Desaster), compondo um line-up consistente que já perdura por uma década.

Em divulgação de seu mais recente álbum, "Necroceros", disponibilizado em 2021, o quarteto performou na ocasião um total de 17 petardos, sendo 4 deles partes integrantes da nova bolacha. Não faltaram, por óbvio, pérolas noventistas como "Vermin", "M.S. Bismarck", "Asphyx (Forgotten War)" e "Wasteland Of Terror", mas o grupo demonstrou que não se escora nas glórias do passado, e algumas singelas provas disso foram "The Quest Of Absurdity" - que abriu o show magistralmente - "Molten Black Earth", as jovens clássicas "Death The Brutal Way" e "Deathhammer", "Scorbutics", "Division Brandenburg" e "Forerunners Of The Apocalypse", fortemente celebradas pelo seleto público que ali compareceu, tudo isso sob uma parede sonora vibrante e de respeito. A empolgação dos músicos era evidente, o que resultou em uma simbiose ímpar com a plateia, sem mencionar as divertidas interações por parte de Van Drunen - em dado momento, o vocalista se declarou apaixonado por futebol, e fez até uma homenagem ao nosso eterno Pelé.

O encerramento desta memorável apresentação se deu com as longas e espetaculares "The Rack" e "Last One On Earth", as faixas-título dos 2 primeiros discos (de 1991 e 1992, respectivamente), ambas portadoras de cadência arrastada e peso descomunal, que fizeram simplesmente apoteóticos os derradeiros 16 minutos da noite.