Humberto Gessinger - Tokio Marine Hall - São Paulo/SP - 02 de fevereiro de 2025
Por: Paula Cavalcante
Fotos: Paula Cavalcante (@eyeofodin.photo)
A noite do dia 02 de Fevereiro em São Paulo parecia também ter sido inspirada por uma das composições de Gessinger e essa resenha começou a ser escrita antes mesmo que eu saísse de casa.
Algumas horas antes do horário previsto para o início de mais um show da turnê 'Acústicos Engenheiros do Hawai' uma chuva torrencial caiu na cidade e era impossível não recordar a letra da canção "Alivio Imediato" do próprio Engenheiros do Hawai: "Que a chuva caia, como uma luva, um dilúvio, um delírio, que a noite traga, alívio imediato". Ouvindo a chuva cair lá fora enquanto me preparava para essa cobertura, eu me sentia totalmente nostálgica lembrando do meu primeiro show dos Engenheiros quando eu tinha apenas 12 anos, da importância imensa que as letras do inteligentíssimo Gessinger tiveram e tem em minha vida, do quanto uma pessoa que nem sabe quem eu sou consegue contar minha historia, me motivar e me entender como se fosse meu melhor amigo.
E ironicamente, desta vez não seria diferente…
Sai de casa debaixo de chuva e fiquei presa no trânsito há alguns metros do local do show e vendo o horário se aproximar sem que o carro se movesse, peguei minha mochila , desci do carro e corri 2 quadras ! Podem rir , foi bastante engraçado chegar encharcada mas com um sorriso no rosto. Possivelmente isso daria uma letra de música mas ficará apenas como mais uma história pra contar.
E depois dessa, o alívio imediato para mim e para os fãs que enfrentaram o trânsito e o caos de uma metrópole alagada para lotar a Tokio Marine Hall começou cerca de 40 minutos após o horário previsto.
As minhas roupas e o meu cabelo ainda estavam molhados quando Gessinger pisou no palco usando um terno bege e tênis para "O papa é pop" e o pop não poupou ninguém e a partir dali ninguém mais se importava em como havia chegado lá, o importante era estar lá diante de um dos maiores nomes da nossa música. A inspiradora "Atè o fim" veio na sequência para desbloquear todas as memórias de momentos em que não tínhamos nenhuma outra opção senão seguir em frente. "No meio de tudo você" e "Dom Quixote/Alívio Imediato" foram executadas e recebidas pelo público como se fossem recém lançadas.
Humberto Gessinger consegue envolver e costurar muito bem o lado mental e emocional do seu público. A riqueza de suas composições è notável e no palco se transformam em experiências. A cada faixa, as projeções no palco criavam cenários que transportavam o público pra dentro de cada música e exaltam o estado de origem de Humberto, o Rio Grande do Sul.
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Foto: Paula Cavalcante |
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Foto: Paula Cavalcante |
Na faixa "A montanha" a imagem do monumento ao gaúcho que fica na cidade de Porto Alegre aparece com toda sua altivez cercado por montanhas. O público canta junto com Humberto o tempo todo! Sim, ele tem fãs! E esses fãs estão ali pra fazer cada canção transbordar e revisitam saudosos a história dos Engenheiros do Hawai. "Simples de coração" arranca aquele 'aaaaaaa' da plateia, a faixa do álbum que leva o mesmo nome lançado em 1995 traz um clima nostálgico a Tokio Marine, como se cada um fosse capaz de por alguns instantes resgatar coisas que haviam se perdido no tempo.
"Piano Bar", "Somos quem podemos ser" e "Outras frequências" passeiam pelos anos 88, 91 e 2001 e se unem na metade do setlist para manter a viagem ao passado em seu mais alto nível. Como é possível mesclar tantas épocas diferentes e fazer tudo soar tão atual?
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Foto: Paula Cavalcante |
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Foto: Paula Cavalcante |
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Foto: Paula Cavalcante |
Para Gessinger, sua voz envolvente e seu talento como músico e compositor isso è uma tarefa fácil.
"Quero explodir as grades e voar , não tenho pra onde ir , mas não quero ficar", a letra de "Novos Horizontes" que também já foi um acústico, faz o público cantar a plenos pulmões. É impossível não notar a grandeza de cada composição e como Gessinger sabe colocar no papel o que as pessoas sentem no coração e desfilar um Hit após o outro.
"O preço", "Eu que não amo você", "Vertical" e "3x4" continuaram conduzindo a plateia ao longo de uma apresentação impecável. "Vida real" e "Armas químicas e poemas" pavimentariam a estrada para "Infinita Highway/ A revolta dos dândis I" que encerraria o primeiro bloco mantendo a vibe lá no alto. "Refrão de Bolero" de 1987 é uma canção singular que ainda mexe com o público mesmo tendo sido lançada há mais de 3 décadas. "Rá tá tá! Rá tá tá!" Gessinger então metralha o ponto final de mais uma apresentação majestosa com a clássica "Era um garoto que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones".
Volto pra casa com mais um história com o Humberto Gessinger pra contar e com uma reflexão sobre a nossa música depois deste passeio pelos anos 80, 90 e 2000 - precisamos de mais Gessingers, de mais cabeças pensantes, de mais composições como essas, de mais músicas que nos levem do ponto A para o ponto B. A obra de Humberto merece ser reverenciada e é um orgulho imenso para este país ter um artista como ele. E sim, ele vai continuar lotando todas as casas por onde passar, essa highway é infinita para alguém como ele.
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Foto: Paula Cavalcante |
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Foto: Paula Cavalcante |
Setlist :
O papa é pop
Até o fim
No meio de tudo você
Dom Quixote/ Alívio
Pose/Fevereiro 13
Quebra cabeça
Toda forma de poder
Guantánamo
A Montanha
3a do Plural
De fé
Simples de coração
Piano Bar
Somos quem podemos ser
Outras frequências
Novos Horizontes
O preço
Eu que não amo você
Vertical
3x4
Vida Real
Armas Químicas e Poemas
Infinita Highway/ A revolta dos dândis I
Encore:
Refrão de Bolero
Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones
Agradecimento a Miriam Martinez Assessoria de Imprensa (Felipe Martinez) pelo credenciamento e Tokio Marine Hall pela atenção
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