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6 de março de 2025

Black Pantera traz o metal em meio ao carnaval com muita força e atitude no Sesc Ipiranga

Foto: João Zitti


Black Pantera - Sesc Ipiranga - São Paulo/SP - 1° de março de 2025


Por: João Zitti

Fotos: João Zitti (@joaozitti.work)


O mês de março chegou e com ele veio o carnaval, feriado esse que foi extremamente conveniente a todos (creio eu) devido ao calor cada vez mais intenso que tem feito (especialmente em São Paulo, com os termômetros da cidade chegando a registrar 45 graus), o que permitiu a todos descansar, sair na rua um pouco ou, quem sabe, até viajar. 

Esse é um período que, muitas vezes, serve como um tipo de “férias” para alguns artistas, especialmente os músicos de metal e rock, visto que não é a coisa mais comum do mundo você sair no carnaval e escutar tocando Sepultura e Angra (a não ser que você esteja no bloquinho do Carlinhos Brown). Porém, esse é um tipo de situação que tem cada vez mais mudado nos últimos anos, com diversos músicos fazendo apresentações temáticas no feriado, como o Di Ferrero recentemente com o bloquinho “Se Fui Triste Não Me Lembro” (que contou com a presença do Mi, do Gloria, do Badaui, do CPM22, e do Pe Lanza, do Restart), ou apresentações que servem como um tipo de “fuga”, de certa forma, do carnaval, como foi o caso da banda Black Pantera, que levou a “Perpétuo Tour” ao Sesc Ipiranga nos dia 01 e 02 de março. 

Para quem não conhece o grupo de Minas Gerais, o Black Pantera é uma banda-trio de metal formada por Rodrigo Pancho (bateria) e pelos irmãos Charles Gama (vocal e guitarra) e Chaene da Gama (vocal e baixo), possuindo como principais temáticas de seus trabalhos a luta antirracista e contra a discriminação de uma forma geral (como, por exemplo, o machismo e a LGBTfobia, tendo um momento do show em que o símbolo da banda é projetado ao fundo, sendo colorido pelas cores da bandeira LGBTQIAPN+). 

Foto: João Zitti

Foto: João Zitti

Foto: João Zitti


A discografia do Black Pantera conta com um EP (chamado “Capítulo Negro”, de 2020), um álbum ao vivo (chamado “Black Pantera no Estúdio Showlivre (Ao Vivo)”, de 2018) e quatro discos de estúdio, que são: “Project Black Pantera”, de 2015; “Agressão”, de 2018; “Ascensão”, de 2022; e “PERPÉTUO”, lançado em 2024 e que conta com 12 faixas no total, incluindo as músicas “PROVÉRBIOS”, “PERPÉTUO” e “TRADUÇÃO”. 

O trio vem conquistando cada vez mais espaço na cena do metal nacional, tendo feito a abertura de bandas como Sepultura e Living Colour em 2024, além de participar de diversos festivais como Lollapalooza Brasil 2023 e Knotfest Brasil em ambas suas edições, tendo sido a banda de abertura do festival em 2022 e, posteriormente, o headliner brasileiro no segundo dia do festival em 2024, o que escancara ainda mais a projeção que eles têm alcançado. 

Quem conhece a banda pode ter estranhado (e muito) o fato das duas apresentações terem sido realizadas no teatro do Sesc Ipiranga, visto que é meio difícil ficar parado em um show do Black Pantera e é quase uma “regra” que os Mosh Pits surjam durante as apresentações, algo que o próprio público brincou no dia conforme entrava no local e procurava os possíveis espaços nas escadas ou entre a primeira fileira e o palco para fazer as rodinhas. Como era de se esperar, nenhum Mosh ocorreu, mas o público não se acomodou e levantou logo nos segundos iniciais da primeira canção, se aproximando do palco para ter uma melhor visão (algo que foi incentivado também pela própria banda). 

Foto: João Zitti

Foto: João Zitti

Foto: João Zitti


Em relação ao show, não há o que falar a não ser elogiar. Como alguém que só havia assistido a banda no Knotfest de 2024, é muito bom poder ver um show solo deles, justamente por não haver uma pressão toda em relação à cronograma de festivais, setlists mais curtos e uma certa obrigatoriedade de tocar os maiores sucessos (algo que é comum de acontecer com todas as bandas em festivais, a não ser que você seja o Slipknot). Aqui, era muito perceptível o quão tranquilos estavam os músicos, que demonstraram plena sintonia uns com os outros durante toda a performance. 

Creio que essa tranquilidade se deve muito também ao fato de a banda ter uma base de fãs muito fiel: durante a apresentação, foram muitos os momentos em que o trio reconhecia os rostos de seus fãs espalhados na plateia, o que indicava que parte do público era figurinha carimbada nos shows em São Paulo. Diversos foram os momentos em que os integrantes e os fãs faziam várias brincadeiras uns com os outros, se aproximando muito de piadas internas, sendo essa familiaridade tão grande que em um certo momento o vocalista Charles dedicou uma música mais antiga a uma fã na plateia, que marcava presença em grande parte das apresentações. Além disso, algo muito bacana de se ver foi o acolhimento por parte do público e da banda dos novatos no show (que eram muitos, diga-se de passagem). 

Porém, engana-se quem acha que tranquilidade quer dizer suavidade, muito pelo contrário: o trio entregou uma apresentação intensa e frenética do início ao fim, chegando a parecer que o calor do lugar e o suor eram quase que um combustível para amplificar a força da execução das músicas. O setlist da apresentação contou com uma maior presença de faixas dos discos “PERPÉTUO” (o que era de se esperar) e de seu antecessor “Ascensão”, visto que são os dois trabalhos mais conhecidos da banda e que, inclusive, tinham suas cópias em vinil sendo vendidas na banca de merch. 

Foto: João Zitti

Foto: João Zitti

Foto: João Zitti


Músicas como “METE MARCHA”, “PROVÉRBIOS”, “Fogo nos Racistas” e “Padrão é o Caralho” foram algumas das principais responsáveis por intensificar e reforçar a potência e velocidade da apresentação, marcadas por breves intervalos entre as músicas para que os membros da banda e o público pudessem recuperar o fôlego. Além dessas e de diversas outras, duas das principais faixas de “PERPÉTUO” não ficaram de fora: o single “TRADUÇÃO” esteve presente no show, trazendo um momento mais emocional quando Chaene cantou a música composta para sua mãe, enquanto era acompanhado pelas diversas luzes de celulares do público; e, obviamente, a faixa-título do álbum, cuja linha de baixo da introdução já se tornou praticamente um leitmotiv da banda e da turnê, virando um clássico-instantâneo do trio. 

Com pouco mais de uma hora de duração, Black Pantera trouxe um show com atitude, força, carisma e personalidade, agradando desde os fãs mais antigos do trio até os mais novatos, reforçando o seu enorme potencial de se tornar uma das principais bandas do cenário do rock e metal nacional nos próximos anos, algo que já começou a ser cumprido e que, pelo visto, irá cada vez mais se intensificar. 


Agradecimento ao Sesc Ipiranga pelo credenciamento e atenção

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