Made In Brazil celebra 58 anos de história em um show nostálgico com um elenco de peso

Foto: João Zitti

Made in Brazil - Sesc Pompeia - São Paulo/SP - 08 de agosto de 2025

Por: João Zitti

Fotos: João Zitti (@joaozitti.work)

Os anos passam e sempre surgem novas músicas, novas vertentes de estilos musicais e novos artistas e bandas que dominam as paradas nas rádios e plataformas musicais, se tornam grandes headliners de festivais ao redor do mundo “da noite para o dia”. Porém, assim como alguns alcançam o sucesso muito rápido, os mesmos podem desaparecer dos holofotes na mesma velocidade. São inúmeros os casos em que isso acontece, assim como são várias as bandas que se encerram sem terem conseguido construir uma história sólida. São pouquíssimos os casos de bandas que, por exemplo, conseguem ultrapassar a marca dos 50 anos de existência, como é o caso de Iron Maiden e Scorpions, com a primeira inclusive fazendo uma turnê mundial em comemoração às 5 décadas de existência. No Brasil, um dos principais exemplos de longevidade é a banda Made In Brazil, que, no mês de agosto, celebrou 58 anos de existência em dois shows especiais no Sesc Pompéia.

A Big Rock esteve presente na primeira data da comemoração, na sexta-feira do dia 08 de agosto, que contou com as participações especiais de Casagrande (sim, o ex-jogador de futebol), Caio Durazzo, Tony Babalu, Frejat, Netinho, Lucinha Turnbull, Andreas Kisser e Thunderbird. O show aconteceu na comedoria do Sesc, contando com um espaço livre para transitar próximo ao palco e com mesas nas laterais para o público sentar e comer. Assim como em outras unidades, como do Belenzinho e do Ipiranga, a iluminação da casa é excelente, com jogos de luzes coloridas que criou um espetáculo visual à parte e uma qualidade sonora excelente, o que possibilitou que o público pudesse assistir ao show com tranquilidade de qualquer local da casa.

Foto: João Zitti

A banda, liderada por Oswaldo Vecchione, iniciou a sua apresentação pontualmente às 21h, com a realização de uma introdução do show pelo Casagrande, que sinalizou estar muito honrado pelo convite e se declarou como um grande fã do trabalho e da história do grupo. Após seu discurso, o grupo iniciou sua apresentação com a música “Anjo da Guarda”, que contou com muita energia e empolgação tanto por parte da banda quanto por parte do público. Algo a se dizer sobre a apresentação foi a excelente escolha do seu setlist, que reuniu as principais músicas da carreira da banda em sua celebração, como “Jack, O Estripador”, “Gasolina” e, claro, “Uma Banda Made In Brazil”, priorizando os discos “Jack, o Estripador”, de 1975, e “Paulicéia Desvairada”, de 1977.

As músicas foram muito intercaladas por momentos nostálgicos, em que Oswaldo contou diversas histórias por detrás de suas criações e de seus relacionamentos com os convidados de honra da noite, como quando o músico e seu irmão compuseram a canção “Os Bons Tempos Voltaram” após assistirem um show do Erasmo. O líder da banda também lembrou com muito carinho de suas histórias com o bairro da Pompéia, local em que a banda foi criada e que é parte essencial de seu DNA, o que tornou a apresentação ainda mais especial e trouxe um ótimo sentimento de volta ao passado durante o show.

Foto: João Zitti

Os momentos com participações dos convidados foram bem distribuídos ao longo da apresentação, tendo ocorrido em 9 das 11 canções do setlist. O guitarrista Caio Durazzo subiu ao palco na segunda e terceira músicas, “O Rock de São Paulo” e “Eu Quero Rock”, sendo esse padrão de duas músicas por convidado algo que se manteve presente na maior parte do show. A participação de Frejat, na minha opinião, foi um dos pontos altos da noite: o músico tocou as faixas “Amanhã é Um Novo Dia” e “Jack, O Estripador”, com ambas as músicas se encaixando perfeitamente nos seus vocais mais graves, além de apresentar uma presença de palco gigantesca nos momentos em que tocou. Frejat estava tão confortável ao tocar essas músicas que pareciam até mesmo que eram composições próprias, e certamente seríamos gratos caso o cantor decidisse regravar essas canções no futuro.

Foto: João Zitti

As outras participações especiais também foram excelentes: Lucinha Turnbull, considerada a primeira guitarrista feminina do Brasil e com nomes de peso em seu portfólio, como Rita Lee, Caetano Veloso e Erasmo Carlos, trouxe uma performance tecnicamente impecável e que ajudou a trazer toda a característica sonoridade da banda e do rock nacional dos anos 70; Andreas Kisser (que creio que dispense apresentações) atuou na apresentação com grande energia, carisma e, assim como Frejat, um grande domínio do que estava fazendo, proporcionando uma camada simbólica extra na música “Uma Banda Made In Brazil”, visto que há quase quarenta anos compartilha com o mundo a sonoridade e a potência do metal nacional juntamente do Sepultura; e Thunderbird, apoiador de longa data de Oswaldo e de Made In Brazil, apresentou uma performance em plena sintonia com o restante dos músicos da banda, o que ajudou a trazer ainda mais o ar de confraternização para a apresentação.

Foto: João Zitti

No final do show, todos os convidados (inclusive figuras inesperadas até então, como Benja e Luiz Carlini) subiram ao palco para, em conjunto, executar a canção “Minha Vida é Rock ‘N’ Roll”, extremamente simbólica para a ocasião e que serviu para fechar com chave de ouro a primeira noite de comemorações. Em um momento emocional, Oswaldo aproveitou para agradecer a todos os fãs e músicos presentes na ocasião, em um momento leve e de celebração que deixou em todos os presentes um sentimento de nostalgia no peito.

Em uma noite memorável na Pompéia, Made In Brazil trouxe uma celebração espetacular ao revisitar e explorar um repertório musical memorável, contando com uma série de convidados que, somados, trouxeram peças únicas que honraram quase 60 anos de uma das bandas mais longevas da música nacional. Vida longa ao Made In Brazil!