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23 de setembro de 2025

No aniversário de Bruce Springsteen, relembre como ele fez história com um disco gravado em casa

Foto: Divulgação


Bruce Springsteen é uma lenda que dispensa apresentações. O músico norte-americano segue fazendo sucesso na indústria graças a uma obra memorável que marca gerações. Com uma rica trajetória que passa por milhões de discos vendidos, turnês grandiosas e prêmios no Grammy, Globo de Ouro e até Oscar, não faltam grandes momentos para contar sobre O Chefe. Mas, no aniversário do cantor, decidimos relembrar como ele fez história com Nebraska (1982), um disco gravado em casa que se tornou sua obra-prima.


Em 1981, Bruce Springsteen havia desenvolvido uma relação agridoce com o sucesso. Durante a ascensão que vivia graças ao êxito de 'Born to Run' (1975), 'Darkness on the Edge of Town' (1978) e 'The River' (1980), álbuns gravados com a renomada E Street Band, ele começou a se sentir solitário e desconectado das próprias origens. Isso o inspirou a voltar às raízes e descansar em um rancho na pequena Colts Neck, cidade da zona rural de Nova Jersey.

Nesse local isolado, o Boss passou a rascunhar canções cujas letras vinham tanto de dentro quanto do mundo ao seu redor. Ao mesmo tempo em que refletia sobre a própria infância e juventude, marcadas por solidão e pobreza, e a turbulenta relação com o pai, ele também buscou histórias escritas e vividas pelo povo, indo da ficção na obra da autora Flannery O'Connor até relatos de crimes reais e de memórias de veteranos da Guerra do Vietnã.

Imerso na paisagem rural e cheio de inspiração, Springsteen começou a trabalhar nas faixas em casa. Entre dezembro de 1981 e janeiro de 1982, munido de um violão e uma gaita, ele gravou demos com versões cruas das novas canções para depois gravar as versões finais junto à E Street Band. Um processo que não deu certo, mas cujo “fracasso” deu origem a uma obra-prima.


De um quartinho no rancho para o mundo

O processo de Springsteen e E Street Band no estúdio caminhou por uma estrada tortuosa. O grupo chegou a produzir novas versões com base nas 15 demos do músico, mas o resultado foi misto. Enquanto algumas canções cresceram com o estilo impecável e grandioso do trabalho em grupo, outras perderam a essência crua e íntima que conferiam verdade às composições. O cantor chegou a considerar lançar todas as canções como um álbum duplo, mas abandonou a ideia para que as acústicas não ficassem à sombra das outras – o que se provou uma decisão acertada, considerando que as músicas com a banda culminaram no também clássico Born in the U.S.A. (1984).

O resultado foi Nebraska, disco lançado em 1982, composto apenas pelas demos em voz, violão e gaita, gravadas pelo Chefe sozinho em casa. O álbum caiu instantaneamente nas graças da crítica, que foi pega de surpresa pela mudança de estilo do músico e pela sinceridade das composições. Apesar de não repetir o estrondo dos antecessores, o disco vendeu muito bem e chegou ao número 3 das paradas da Billboard, um sucesso ainda mais impressionante visto que a promoção foi modesta ao ponto de Springsteen sequer dar entrevistas a respeito.

O impacto de Nebraska foi sentido também no mundo da arte. Em 1983, a lenda do country Johnny Cash lançou o álbum “Johnny 99”, que contou com gravou versões da canção homônima e de “Highway Patrolman", que por sua vez também inspirou Unidos Pelo Sangue, filme de 1991 escrito e dirigido por Sean Penn (Entre Meninos e Lobos).

Em retrospectiva, Nebraska marca um ponto alto na carreira de Bruce Springsteen, ao menos para o próprio Chefe. Em entrevista à CBS News, o músico declarou que “se eu tivesse que escolher um álbum e me dissessem ‘isso vai te representar daqui a 50 anos’, eu escolheria Nebraska”.

Agora em 2025, alguns anos antes de completar 50, o álbum será o centro de dois grandes lançamentos. O primeiro é uma versão estendida, chamada Nebraska ’82: Expanded Edition. Além de uma remasterização do lançamento original, o disco terá materiais inéditos que incluem as canções gravadas com a E Street Band que acabaram descartadas e uma apresentação de Bruce Springsteen tocando as faixas na íntegra.

Foto: Divulgação

O segundo é Springsteen: Salve-me do Desconhecido, cinebiografia que trará Jeremy Allen White (O Urso) no papel principal. Com direção de Scott Cooper (Coração Louco), que também escreveu o roteiro com base no livro “Deliver Me from Nowhere”, de Warren Zanes, o filme conta com Jeremy Strong (Succession), Paul Walter Hauser (Cruella), Stephen Graham (Adolescência) e Odessa Young (O Professor) no elenco. A estreia nos cinemas do Brasil está marcada para 30 de outubro.


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