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Foto: Beatriz Barbi |
O mais recente episódio do Dharma Sessions recebeu no estúdio de Rodrigo Oliveira uma das formações mais inovadoras da música brasileira contemporânea: PAPANGU, diretamente de João Pessoa, Paraíba. Em uma conversa profunda e esclarecedora com Gastão Moreira, o baixista e vocalista Marco Mayer apresentou a filosofia criativa de um coletivo que desafia todas as convenções musicais tradicionais. Gastão, conhecido por seu olhar aguçado para talentos emergentes, não poupou elogios ao definir PAPANGU como "uma das bandas mais originais dos últimos tempos", destacando a capacidade única do grupo de transcender fronteiras estilísticas e regionais. O episódio rapidamente revelou a complexidade artística de uma formação que redefine o conceito de banda tradicional, apresentando uma proposta coletiva onde a individualidade de cada membro contribui para um mosaico sonoro verdadeiramente revolucionário.
Durante a conversa, Marco Mayer explicou a estrutura não-hierárquica que define PAPANGU, uma formação completada por Hector Ruslan (guitarra/voz), Raí Accioly (voz/guitarra), Pedro Francisco (voz/guitarra/flauta), Rodolfo Salgueiro (voz/teclado) e Vitor Alves (bateria/percussão). "Não temos um frontman. Todos colocam seu próprio estilo," enfatizou Marco, revelando uma filosofia que subverte a tradicional hierarquia das bandas de rock. Com quatro vocalistas regulares e ocasionalmente cinco, PAPANGU opera como um organismo musical democrático onde cada personalidade artística contribui para a identidade coletiva. Essa abordagem se reflete na fusão estilística que caracteriza o som da banda: uma mescla audaciosa de Jazz, Blues, Metal e Música Nordestina que desafia categorizações convencionais.
Atualmente, PAPANGU está promovendo Lampião Rei, seu mais recente álbum conceitual que explora a figura histórica e mitológica do próprio cangaceiro. O projeto representa a materialização madura da proposta estética da banda, onde a narrativa regional se expande através de arranjos complexos e abordagens instrumentais inovadoras. Marco contextualizou a banda dentro da cena diversificada de João Pessoa, onde grupos como Hajem Kunk e Tela Azzu (carinhosamente apelidada de "Mars Volta Paraibano") fogem dos padrões tradicionais. "O lance regional é muito natural para nós," explicou o baixista, descrevendo como histórias do cangaço e tradições do cordel se entrelaçam organicamente com influências do jazz, noise e música progressiva.
A banda que acompanha Marco Mayer nesta proposta inovadora demonstra versatilidade excepcional, com múltiplos instrumentistas assumindo funções vocais e criando texturas sonora sem constante transformação. Essa formação traz energia experimental aos trabalhos e às apresentações ao vivo, que continuam a surpreender audiências através de abordagens não-convencionais da performance musical.
O episódio contou com performances ao vivo que capturaram a essência transformativa da proposta de PAPANGU. Foram apresentadas as faixas ‘Boi Tatá’, que evoca mitologias folclóricas através de texturas sonoras contemporâneas; ‘Maracutaia’, demonstrando a capacidade da banda de criar narrativas musicais complexas; e ‘Rito do Coração’, uma composição que sintetiza a espiritualidade regional com experimentação instrumental. Marco destacou como as versões ao vivo diferem das gravações: "Mudamos algo nos discos quando transferimos ao vivo – há muito improviso, tornando o show mais dinâmico." As apresentações evidenciaram por que PAPANGU representa uma nova geração de artistas brasileiros que não se limitam por fronteiras estilísticas.
A interação entre Marco Mayer e Gastão Moreira evidenciou o reconhecimento crítico que PAPANGU vem conquistando no cenário musical brasileiro. Com sua capacidade de identificar talentos inovadores, Gastão posicionou a banda como representante de uma evolução natural da música brasileira, onde a experimentação não abandona as raízes culturais, mas as recontextualiza através de linguagens musicais expandidas. A conversa revelou como o coletivo paraibano equilibra inovação e tradição, consolidando-se como uma das propostas mais autênticas da música nacional contemporânea.
O Dharma Sessions, mais uma vez, proporcionou um espaço único para apresentar a complexidade artística de uma formação que redefine os paradigmas da música brasileira. O episódio se estabelece como uma poderosa celebração da diversidade criativa que emerge do Nordeste brasileiro.
Assista ao episódio completo abaixo e acompanhe as próximas edições do programa seguindo @kazagastao e @dharma.studios nas redes sociais.
Agradecimento: Franke Comunicação
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