Big Rock N' Roll - Pensou em rock, pensou Big Rock!: Vltimas, Hate e Chaos Synopsis - Burning House

Foto: Alexandre Veronesi

Vltimas, Hate e Chaos Synopsis - Burning House - São Paulo/SP - 02 de outubro de 2025

Por: Alexandre Veronesi

Fotos: Alexandre Veronesi

Quase tão comum quanto o surgimento dos ditos 'supergrupos' (projetos formados por dois ou mais integrantes de renome dentro de seus respectivos nichos), é a frequência com a qual os mesmos simplesmente passam batidos, ou até frustram por completo as expectativas dos fãs - afinal, não importa o quão bons sejam os músicos envolvidos; sem a química necessária, nada acontece. Felizmente, este não é o caso do VLTIMAS, banda formada em 2015 por David Vincent (I Am Morbid, Terrorizer, ex-Morbid Angel), Rune "Blasphemer" Eriksen (Aura Noir, ex-Mayhem) e Flo Mounier (Cryptopsy, este fora do line-up desde 2024), que aportou em nosso país pela primeira vez, acompanhada pelos poloneses do HATE, para um exclusivo giro latino-americano, iniciado na já conhecida Burning House - casa de espetáculos que fica na Zona Oeste da capital paulista - no último dia 02 de Outubro, uma quinta-feira.

19h40, público ainda chegando aos poucos no local, e então entrou em cena o CHAOS SYNOPSIS, atração de São José dos Campos/SP, escalada para a abertura do evento. Com seu Death / Thrash Metal cru e implacável, e completando duas décadas de existência neste ano de 2025, a banda atualmente formada por Jairo Vaz (vocal e baixo), Diego Sanctus (guitarra), Darc Arantes (guitarra) e Friggi MadBeats (bateria) apresentou aos paulistanos um apanhado certeiro de sua carreira, englobando sons dos quatro álbuns de estúdio, mais alguns temas originários de splits e singles. Isso posto, pauladas como "Raising Hell", "Zodiac", "Son Of Light", "Gods Upon Mankind", "Serpent Of The Nile" e "Spiritual Cancer" - executadas com ferocidade, vale mencionar - foram bastante além de um mero aquecimento, até porque, quem conhece o grupo sabe que se trata de um dos grandes nomes do subgênero aqui em terras tupiniquins. Um ato inicial de respeito, para dizer o mínimo.

Setlist:

01 - Raising Hell

02 - Zodiac

03 - Sarcastic Devotion

04 - Son Of Light

05 - Chaos Synopsis

06 - Gods Upon Mankind

07 - Serpent Of The Nile

08 - Spiritual Cancer

Foto: Alexandre Veronesi

Na sequência, tivemos o primeiro show internacional da noite. Adam "The First Sinner" (vocal e guitarra), Domin (guitarra), Tiermes (baixo) e Nar-Sil (bateria) compõem o HATE, grupo fundado em Varsóvia - a capital da Polônia - no comecinho dos anos 90, cuja sonoridade sofreu impactantes transformações ao longo do tempo, passando do Death Metal mais tradicional para um Blackened Death vigoroso, bem aos moldes de ícones consagrados como Behemoth e Belphegor. Caro(a) leitor(a), foi realmente impressionante a robusta parede sônica que se formou na Burning House durante a atuação dos caras, evidenciada por meio de temas sombrios como "Sovereign Sanctity", "Erebos", "Valley Of Darkness", "Rugia" e "Iphigenia", isso sem contar que o quarteto possui uma boa presença de palco; sem tanta movimentação, é verdade, porém firme e imponente.

O set de 60 minutos teve encerramento magistral com a trinca "Wrists", "Resurrection Machine" e "Hex", todas canções da fase 2005-2010 - logo após a transição sonora supracitada - que é possivelmente a mais prestigiada da banda. Ao fim, pudemos constatar que, muito embora não usufrua da mesma popularidade, o HATE não deve em nada aos seus conterrâneos famosos do Behemoth quando o assunto é música, pura e simplesmente - deixando claro que não me refiro ao lado cênico / teatral, pois neste quesito as propostas de ambos são bem diferentes.

Setlist:

01 - Sovereign Sanctity

02 - Erebos

03 - The Wolf Queen

04 - Bellum Regis

05 - Valley Of Darkness

06 - Luminous Horizon

07 - Rugia

08 - Iphigenia

09 - Wrists

10 - Resurrection Machine

11 - Hex

Foto: Alexandre Veronesi

Encabeçando o espetáculo, o VLTIMAS tomou o palco por volta das 22h15 ao som da faixa-título de seu mais recente trabalho, o grandioso "Epic", lançado em Março de 2024. Além dos já mencionados Vincent (vocal) e Blasphemer (guitarra), o grupo hoje conta com João Duarte na segunda guitarra, Ype TWS no baixo, e o monstruoso Paweł Jaroszewicz comandando as baquetas, e mesmo tendo somente dois álbuns cheios no catálogo, o repertório do show foi 100% autoral, consistindo em uma mescla quase que perfeitamente equilibrada entre ambos.

Energia, brutalidade e técnica impecável resumem a apresentação. Amparado por um trabalho instrumental excepcionalmente robusto, o alteroso frontman, trajado com sobretudo, cartola e pintura facial, destilou toda a sua versatilidade através de guturais, drives e uma grave voz limpa, em petardos do calibre de "Praevalidus", "Invictus", "Mephisto Manifesto", "Last Ones Alive Win Nothing", "Scorcher", "Total Destroy!" e "Monolilith" (entoando breves estórias de tom niilista entre eles, sempre em sintonia com as letras), viscerais, e que foram muitíssimo bem recebidos pela diminuta (e sortuda) plateia que compareceu ao local.

Foto: Alexandre Veronesi

Após cerca de uma hora intensa de música, o quinteto mandou "Miserere" (single inicial do novo disco) e "Diabolus Est Sanguis", agradeceu brevemente a audiência e deixou o palco, dando a entender que voltariam para um 'encore' - o baterista Paweł permaneceu em seu posto, inclusive - no entanto, alguns minutos se passaram no silêncio, então o som mecânico mais as luzes da casa trataram de dar a atuação como encerrada, deixando um grande ponto de interrogação nas cabeças dos presentes (este que vos fala incluso). Em suma, e a despeito do final levemente agridoce, o VLTIMAS entregou uma performance sólida, absolutamente irretocável, e isso é o que importa.

PS: "Something Wicked Marches In" e "Everlasting" constavam no setlist impresso, mas não foram executadas (muito provavelmente estariam no bis que nunca aconteceu).