P.O.D e Demon Hunter – Carioca Club - São Paulo/SP - 13 de dezembro de 2025
Por João Zitti (@joaozitti.work)
Fotos: João Zitti (@joaozitti.work)
O ano de 2025 foi particularmente marcante quando falamos de shows: sejam por estreias monumentais (como foi o caso de Slaughter to Prevail), retornos aclamados (como ocorreu com System of a Down e Oasis), festivais monumentais (como Bangers Open Air, Monsters of Rock e Best of Blues and Rock) e turnês nacionais marcantes (como as protagonizadas por Capital Inicial, Edu Falaschi e Angra), tivemos um excelente ano para os fãs de música. Na reta final, isso não poderia ser diferente, e o público brasileiro teve o enorme prazer de ver o retorno de P.O.D. ao Brasil, juntamente da banda Demon Hunter, em uma série de shows que já pode ser considerada histórica para os fãs nacionais do Nu Metal.
A turnê conjunta, realizada pela Estética Torta, contou com um total de 7 apresentações no país, se iniciando no dia 05 de dezembro e encerrando no dia 13, com ambos os shows ocorrendo em São Paulo. Além disso, as duas primeiras datas contaram com a participação da banda Living Sacrifice. Com praticamente todas as datas esgotadas, a passagem dos grupos pelo país se encerrou no Carioca Club, casa de shows localizada na região de Pinheiros e com capacidade para pouco mais de 1000 pessoas. De muito fácil acesso, o local já contou com diversas apresentações de artistas nacionais e internacionais, como Paul Di’Anno, The Devil Wears Prada e, mais recentemente, Rhapsody of Fire.
Diferentemente da primeira data na capital paulista, as apresentações começaram em um horário relativamente mais cedo (muito por causa de um evento que aconteceria poucas horas depois no mesmo local), algo que o público agradeceu bastante. Com abertura da casa às 16h30, Demon Hunter subiu pontualmente no palco às 17h30, em um Carioca Club já praticamente lotado. Era de se esperar um grande público, mas surpreendeu mesmo assim, com uma lotação que dava a impressão que eles eram os grandes headliners da noite. Liderado por Ryan Clark, que assumiu uma postura muitas vezes mais “ritualística” ao cantar, o grupo foi a melhor escolha possível para a realização das aberturas dos shows, especialmente ao se considerar a temática de rock cristão. Com pouco mais de dez músicas tocadas, o setlist se debruçou bastante na discografia da banda como um todo, contando com músicas mais recentes (como “Sorrow Light The Way”, do disco de estúdio mais recente da banda) e com faixas já mais conhecidas pelo público (como “Collapsing” e, claro, “The Last One Alive”, uma das canções mais famosas da banda e, também, mais cantadas pelo público na noite). Minha única ressalva foi que, infelizmente, não foi executada a canção “My Place In The Dirt”, lançada também no último disco e, na minha opinião, a melhor faixa desse trabalho, mas no saldo final não fez tanta diferença assim, visto que o público se manteve extremamente empolgado do início ao fim e cantou todas as músicas, em uma apresentação que soube equilibrar muito bem o melódico com o lado mais agressivo. Após quase uma hora, a banda encerrou sua apresentação, e fez questão de agradecer o público brasileiro, exaltando as experiências que tiveram na maratona de shows realizados no país.
| Foto: João Zitti |
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| Foto: João Zitti |
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Conforme o tempo passava, a casa (já lotada) recebia cada vez mais fãs das referências do Nu Metal, enchendo o Carioca Club em um nível que, pessoalmente, nunca havia visto antes. A ansiedade e os ânimos do público aumentavam cada vez mais à medida que os minutos se passavam. Quando o relógio marcou as 19h, P.O.D. finalmente subiu ao palco, proporcionando uma explosão de energia encabeçada por “Southtown” que incendiou o local. Esse estado de euforia se manteve ao longo de toda a apresentação (18 músicas no total), que foi encabeçada por Sonny Sandoval (vocal), Traa Daniels (baixo), Marcos Curiel (guitarra) e Zachary Christopher (bateria).
| Foto: João Zitti |
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| Foto: João Zitti |
| Foto: João Zitti |
Vamos começar falando sobre o sentido mais “técnico” do show: a performance dos músicos no ao vivo foi impecável. Instrumentalmente, Traa, Marcos e Zachary trouxeram com sucesso o tão característico peso e groove da banda, com grandes sucessos como “Boom” soando praticamente iguais às gravações de mais de 20 anos atrás. Complementar a isso, o frontman Sonny foi o grande responsável por trazer a energia da apresentação, constantemente se movendo e pulando no palco, batendo cabeça e interagindo com o público, tudo isso com uma grande afinação vocal que, assim como ocorreu com os instrumentos, se mostrou praticamente intocada após tantas décadas.
O setlist escolhido para o show foi certeiro, composto em sua grande maioria por faixas do disco “Satellite” (seu maior sucesso) e “Veritas”, seu último (e excelente) álbum de estúdio e que conta com participações especiais de outros nomes de peso do metal, como Randy Blythe (vocalista do Lamb Of God) na faixa de abertura “DROP”, e Tatiana Shmayluk (da banda Jinjer, que também é considerada nos créditos da música) em “AFRAID TO DIE”. A canção, inclusive, foi uma das mais pedidas pelos fãs durante o show, sendo tocada ao iniciar a reta final da apresentação. O setlist também incluiu faixas de outros discos, como “Rock The Party”, e singles variados, como o recém-lançado cover de “Don’t Let Me Down”, dos Beatles.
| Foto: João Zitti |
| Foto: João Zitti |
| Foto: João Zitti |
O público desse último show pôde se considerar extremamente sortudo, pois teve a oportunidade de conferir a estreia ao vivo de uma das mais marcantes faixas do “Veritas”, a emotiva “Lay Me Down (Roo’s Song)”. Sonny aproveitou o momento para explicar um pouco sobre a história por trás da canção, escrita em homenagem a um grande fã da banda e que, infelizmente, veio a falecer. O grupo também aproveitou para agradecer os fãs da banda, e dizer que, independente de todas as diferenças que eles possam ter, ainda sim são uma grande família, recebendo aplausos em massa do público. Esse sentimento de fraternidade, inclusive, foi o que definiu a apresentação, que se pudesse ser descrita em uma única palavra, provavelmente seria “irmandade”. As interações da banda com o público não se mantiveram apenas em cantar diretamente para eles, mas foi além: desde colocar alguns fãs mirins em seus ombros até ceder o microfone para que o público pudesse, literalmente, assumir os vocais das faixas (como aconteceu com alguns sortudos durante “Murdered Love”, que inclusive subiram no palco nesse momento), se tornou nítido o quanto o grupo adora e apoia seus fãs. O ponto alto do show, inclusive, se deu durante uma dessas interações, quanto Sonny convocou todos os fãs jovens presentes no show para subir ao palco e cantar “Youth Of The Nation”. A comoção foi tão grande que o frontman mal executou os refrões, deixando o público ocupar o posto de vocalista com um coro poderoso e unido, encerrando a passagem do grupo pelo país com chave de ouro.
| Foto: João Zitti |
Em uma passagem histórica pelo Brasil, P.O.D. e Demon Hunter mostraram o porquê são referências em seus respectivos gêneros, conquistando o público brasileiro em todos os cantos do país e ajudando a encerrar o ano de 2025 com excelência.
Agradecimento à Estética Torta e Acesso Music pelo credenciamento e atenção.




