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| Foto: Divulgação |
Steven Wilson - Tokio Marine Hall - São Paulo/SP - 17 de outubro de 2025
Por: Marcelo Gomes
Fotos: Divulgação / Kevin Westenberg Photography
Depois de sete anos, Steven Wilson retornou ao Brasil para um show único em São Paulo na última sexta-feira (17), na casa Tokio Marine Hall, em uma apresentação que reafirmou por que ele é considerado um dos artistas mais completos e inquietos do rock contemporâneo. O músico britânico, conhecido por sua versatilidade como compositor e produtor, apresentou um setlist que mesclou faixas novas com clássicos de sua carreira solo e do Porcupine Tree. A turnê marca o lançamento de seu novo álbum, The Overview (2025), e trouxe uma performance que oscilou entre introspecção e catarse, sempre com a precisão cirúrgica e o perfeccionismo que já são sua marca registrada.
Logo na abertura, com “Objects Outlive Us”, o público foi envolvido por uma atmosfera introspectiva e visual. Tocando teclado, violão e guitarra, Wilson mostrou-se completamente imerso em sua criação, conduzindo sua banda com elegância e intensidade. A música, que já se destaca no novo álbum, ganhou ainda mais peso ao vivo, com texturas sonoras cuidadosamente construídas e uma performance vocal carregada de sentimento. O momento preparou o público para o que viria a seguir: um espetáculo de som e emoção em camadas.
Em seguida, veio a faixa-título, “The Overview”, estendendo o mergulho em paisagens sonoras vastas e melancólicas. A performance foi quase uma experiência sensorial, com iluminação minimalista e execução impecável da banda. As duas músicas juntas ultrapassaram os 45 minutos de duração, algo que o próprio Wilson comentou antes de interromper o show para um breve intervalo de 20 minutos — uma pausa necessária após a intensidade desse primeiro ato, denso e hipnótico.
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| Foto: Kevin Westenberg Photography |
A transição para o segundo set trouxe uma mudança notável na dinâmica da apresentação. Sem projeções no telão, o foco permaneceu inteiramente nas músicas e na entrega dos músicos. “King Ghost” abriu esse novo momento com sua mistura de música eletrônica e melancolia pop, seguida por “Home Invasion” e “Regret #9”, que resgataram o poder instrumental e técnico que marcaram os primeiros trabalhos solo de Wilson. Já “What Life Brings”, do álbum The Future Bites, trouxe um respiro mais suave antes de a viagem sonora se aprofundar nos territórios do Porcupine Tree.
Quando os primeiros acordes de “Voyage 34 (Phase I)” começaram, os fãs vibraram. A ausência de projeções visuais foi compensada pelo puro magnetismo da música. “Dislocated Day”, também do Porcupine Tree, manteve o público em transe, mostrando que essas canções ainda possuem o mesmo impacto de décadas atrás. Foi notável como Wilson soube equilibrar sua carreira solo com o legado da banda, transformando o show em uma celebração completa de sua trajetória musical.
A reta final do set trouxe “Pariah”, em um dueto virtual com a vocalista Ninet Tayeb, que emocionou a plateia, seguida pela energia contagiante de “Luminol”, que veio acompanhada da apresentação dos músicos. Nesse momento, Steven não poupou elogios aos colegas de banda e chegou a brincar dizendo que era o pior músico entre eles, em uma cena de leve descontração e cumplicidade. “Harmony Korine” e “Vermillioncore” encerraram o segundo ato com força e densidade, reafirmando a coesão do repertório e a maturidade artística do grupo.
Para o encore, Steven Wilson reservou um clímax à altura. “Ancestral” foi executada com intensidade arrebatadora, culminando em longos trechos instrumentais que fizeram o público aplaudir em diversos momentos. Mas foi com “The Raven That Refused to Sing” que o show encontrou seu desfecho perfeito. Sentado em uma cadeira, Wilson despejou toda sua sensibilidade e dramaticidade em uma canção que sintetiza o bom gosto e a profundidade emocional de sua obra. Merecidamente ovacionado, Steven se despediu com a certeza de ter entregado uma experiência única para uma plateia sedenta por música de verdade, aplaudindo de pé um artista que continua desafiando fronteiras sonoras e emocionais.
Em São Paulo, Steven Wilson não apenas apresentou um concerto, mas uma experiência emocional e artística completa. The Overview Tour mostrou um artista em pleno domínio de sua forma: introspectivo, ousado e cada vez mais conectado com seu público. Um espetáculo que transcendeu o conceito de show de rock e se firmou como um ritual de imersão musical e sensorial. Não à toa, a cada passagem de Steven pelo Brasil, vem conquistando cada vez mais fãs, resultado de sua autenticidade artística, da entrega absoluta em cada performance e da capacidade rara de transformar complexidade musical em emoção pura e compartilhada.
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| Foto: Divulgação |
Steven Wilson setlist:
Setlist 1:
Objects Outlive Us
The Overview
Setlist 2:
King Ghost
Home Invasion
Regret #9
What Life Brings
Voyage 34 (Phase I) (Porcupine Tree song)
Dislocated Day (Porcupine Tree song)
Pariah
Luminol
Harmony Korine
Vermillioncore
Ancestral
The Raven That Refused to Sing
Agradecimentos a Live Nation Brasil e Motisuki PR pelo credenciamento e atenção.
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