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5 de dezembro de 2025

Glenn Hughes - Vip Station - São Paulo/SP

Foto: Paula Cavalcante 


Glenn Hughes - Vip Station - São Paulo/SP - 16 de novembro de 2025


Por: Roberio Lima

Fotos: Paula Cavalcante 


Nos últimos anos, temos acompanhado com certa frequência a despedida dos palcos de nomes que foram fundamentais para estabelecer o rock e o heavy metal em patamar de destaque na cena mundial. Mesmo sabendo que essa é uma situação inevitável - ainda assim, é doloroso constatar que nossos heróis também envelhecem. Por isso, em situações como essa, o público se mobiliza de forma massiva em busca de ingressos, merchandisings e em qualquer possibilidade de manter a lembrança derradeira de seu ídolo eternizada. 

Glenn Hughes, está entre as maiores divindades do rock, e é absolutamente desnecessário descrevermos nesse espaço a importância e abrangência de sua obra. O cara é uma ‘lenda viva em atividade’ - e preciso me valer desse clichê para dar a merecida importância ao personagem retratado nesse texto. O público brasileiro teve a chance de dar o seu adeus em duas etapas ao músico inglês. A primeira aparição foi no festival Bangers Open Air, que aconteceu em maio desse ano, e se deu como parte final da uma longa turnê, em que recontava no palco sua fase no Deep Purple, e que ficou mundialmente conhecida como a “Clássic Deep Purple live”, com um set dedicado ao período em que esteve na banda (1973 – 1976). Já a segunda visita do ano, está atrelada com tour de divulgação de seu novo trabalho; “The Chosen”(2025), e que passou pelas principais cidades do país e da América Latina com a turnê “The Chosen Years”. Dessa forma, já poderíamos prever desde o início que esse giro seria um sucesso, e marcaria a lembrança das muitas vidas que foram transformadas pela obra do grande Glenn Hughes, seja em sua já mencionada fase no Deep Purple ou nos seus inúmeros projetos e bandas por onde passou no decorrer de quase sessenta anos de carreira. Definitivamente não é qualquer coisa! 

Essa não foi a primeira vez que musico se apresentou no palco do Vip Station (já havia tocado em 2023 no mesmo espaço), e de forma previsível, podemos afirmar que mais uma vez proporcionou uma performance irrepreensível ao público que encheu o local naquela noite.

Assim como nos demais shows do giro brasileiro, a abertura do evento ficou a cargo do Electric Gypsy - formação que tem "os dois pés fincados" no hard rock, e que carrega o espírito festeiro tão característico desse estilo. Com performance contundente e presença de palco bastante segura, o quarteto deu conta do recado e entregou entretenimento de primeira qualidade para uma audiência já bastante numerosa quando subiram ao palco. O setlist da banda teve como base os seus dois álbuns de estúdio; o autointitulado 'Electric Gypsy' (2021) e o mais recente 'Mothership' (2023). A formação conta com Guzz (vocal), Nolas (guitarra), Pete (baixo) e Robert Zimmermann (bateria). O público já estava totalmente envolvido com o show dos mineiros, e receberam como agradecimento versões de "Hot for Teacher" (Van Halen) e "Shoot to Thrill" (AC/DC). No final das contas, foi um show que já está entre os grandes momentos da história do Electric Gypsy. Garanto que a banda não discordará dessa afirmação! 

Foto: Paula Cavalcante 

Foto: Paula Cavalcante 

Foto: Paula Cavalcante 


A partir daí, era só aguardar o Glenn Hughes entrar em ação, e não demorou para que esse momento finalmente chegasse! Pontualmente as 21h, eis que a grande atração da noite sobe ao palco de forma discreta - e ao mesmo tempo em que é ovacionado - não demora em iniciar o set com "Soul Mover", abertura que veio sob medida para envolver o público que tinha como premissa naquele momento, absorver cada "frame" do que seria a última aparição em um palco paulista da lenda inglesa. Na sequência `"Muscle and Blood" do álbum 'Hughes/ Thrall' lançado em 1982 – fruto de sua parceria com o guitarrista Pat Thrall - e que está entre os grandes momentos da carreira de Hughes, deixou explicita a abrangência do set. Do novo trabalho de estudio, "Voice in My Head" figurou entre os destaques do repertório, vide a tamanha qualidade dessa canção. A banda tocou em formato Power trio, onde contou com Søren Andersen (guitarra) e de Ash Sheehan (bateria). Glenn estava bem comunicativo, e conforme as músicas eram apresentadas, ele reservava um tempo para conversar como público presente. De um total de 15 músicas, um dos destaques absolutos em minha opinião foi a inclusão de "Medusa de uma de suas bandas mais clássicas; o Trapeze. No entanto, o público ainda pôde conferir músicas do projeto Iommi, e do supergrupo Black Country Communion. 

Foto: Paula Cavalcante 

Foto: Paula Cavalcante 

Foto: Paula Cavalcante 


Foram quase duas horas de show, e ninguém arredou o pé do recinto sem que o fim se materializasse em forma de "Burn"- provavelmente a canção com mais aparições no decorrer de sua carreira. E mesmo tendo em vista que a famigerada segunda feira, já estava se aproximando, o Vip Station permaneceu cheio, e os fãs aguardaram pacientemente o encerramento com a celebre canção do Purple. Sabemos das dificuldades que é permanecer na estrada, e o quanto turnês são cansativas, mas quem sabe se essa realmente será a ultima turnê de Glenn? Ao mesmo tempo em que "Burn", a canção escolhida para fechar o show vibrava pelos amplificadores, esse que vos escreve voltava no tempo para relembrar o período em que o álbum ao vivo 'Made in Europe' (1975), era tocado até furar na vitrolinha de muitos jovens, e de muitos aspirantes a roqueiros e afins. Se for realmente a despedida dos palcos, já teremos lembranças suficientes para jamais esquecer os grandes serviços prestados por Glenn Hughes ao rock e a música em geral.  Vida longa ao mestre, com carinho!!!

Foto: Paula Cavalcante 

Foto: Paula Cavalcante 


Setlist Glenn Hughes: 

Soul Mover 

Muscle and Blood 

Voice in My Head 

One Last Soul 

Can´t Stop the Flood 

First Step of Love 

Way Back to the Bone 

Medusa

Grace/Dopamine

Chosen

Mistread

Stay Free

Coast to Coast

Black Country

Burn


Agradecimento à JZ Press e Dark Dimensions pelo credenciamento e atenção 

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