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21 de agosto de 2017

CAMISA DE VÊNUS – TOCA RAUL: Uma reunião de família com velhos amigos



A plateia gritava “toca Raul”. Até aí, nada de diferente de tantos outros shows de rock nacional. Mas, dessa vez, não era bem uma sacanagem do público. 


O clima no confortável Teatro Bradesco, nesse sábado (19), era de lembranças e animação. Após um longo hiato de lançamentos e um excelente álbum Dançando na Lua, no ano passado, Marcelo Nova subiu ao palco exatamente 28 anos depois do lançamento de seu álbum Panela do Diabo. O Panela ficou menos conhecido por ser o segundo LP de Nova do que por ser o último de seu parceiro, Raul Seixas. E o vocal, do auge de seus 66 anos, abriu assim o espetáculo:


Nós tínhamos acabado de gravar um álbum chamado A Panela do Diabo e, no dia do lançamento do disco, ele morreu. É uma situação bastante peculiar quando, no dia do lançamento do seu álbum, o seu parceiro morre. Passaram-se décadas e eu acabei não fazendo nenhum tipo de comemoração em relação ao Panela. E agora, 27 anos depois (sic), pensamos que talvez fosse interessante não apenas revisitar o Panela, mas também a obra desse artista que criou o que se chama de ‘texto’ no rock brasileiro. O rock brasileiro passou a ter textos relevantes, mordazes, sarcásticos, irônicos a partir de Raulzito. Hoje é um dia de celebração, de festa, ao trabalho daquele que, como acabei de dizer, é a pedra fundamental de tudo o que se fez depois.” 





Os privilegiados daquela noite ouviram duas setlists. Na primeira, dez canções de Raulzito; na segunda, os onze maiores sucessos da própria Camisa de Vênus. Confira abaixo as coletâneas escolhidas:

1ª Setlist – Raul Seixas
01. Rock ‘n’ Roll
02. Cowboy fora da lei
03. Al Capone
04. Rock das aranhas
05. Não fosse o Cabral
06. Carpinteiro do universo
07. Metamorfose ambulante
08. Aluga-se
09. Muita estrela, pouca constelação
10. Pastor João e a igreja invisível

2ª Setlist – Camisa de Vênus
01. Hoje
02. Deus me dê grana
03. Dançando na Lua
04. A raça mansa
05. Eu vi o futuro
06. Só o fim
07. My Way
08. Bete morreu
09. Gotham City
10. Eu não matei Joana d’Arc
11. Simca Chambord

A primeira metade do show durou cerca de uma hora e meia e intercalava as canções do homenageado com lembranças contadas por Marcelo Nova. Soubemos assim que a primeira impressão do jovem Marcelo diante das letras de Raul foi de espanto (ele fala abertamente de sexo!), ouvimos que Raul não ligava para a recepção crítica de suas músicas, escutamos que era um “maluco genial” que tomava vodca às seis da manhã e questionava a sanidade daqueles que o chamavam de louco...


O clima nostálgico e familiar ficava mais forte à medida em que Marcelo comentava sobre os 37 anos ao lado do Robério Santana, ou deixava transparecer o orgulho por ter como seu guitarrista o próprio filho, Drake Nova. Também estavam no palco Célio Glouster e Leandro Dalle (carinhosamente chamado de “Celinho Cadillac” e “Celinho Carioca” por Marcelo). Teve até bolinho de aniversário e um “Parabéns a você” na guitarra, comemorando o aniversário dos dois Novas no palco.


Após um intervalo rápido de cinco minutos, chegou a hora da seleção de músicas do Camisa. A diferença na plateia foi nítida: antes, estavam todos sentados e “comportadinhos”, salvo um ou outro que se empolgava e dançava em pé, como a filha de Marcelo, Penélope Nova. Já na segunda parte do show, as poltronas do Teatro Bradesco viraram acessórios de decoração. A multidão grudou no palco e gritou por mais uma hora e meia, finalizando com os sucessos Eu não matei Joana D’Arc e Simca Chambord.


E já que foi um show no estilo “memórias de família”, a própria Penélope Nova deixou um beijo para o pessoal do Big Rock and Roll! Valeu, família Nova! Valeu, Camisa de Vênus!



Por: Carlos Daniel Vieira
Fotos: Carlos Daniel Vieira
Agradecimento: Costábile Salzano Jr.

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