Joe Satriani já é mais que habitué em terras brasileiras, já se
somam nove vindas ao pais (seja em carreira solo ou com o G3). Nas ultimas
turnês, o Brasil foi praticamente rota obrigatória do guitarrista americano, e
para comprovar minha afirmação, menos de um ano depois, quando esteve no país
com a turnê que comemorava seus trinta anos de carreira, e que levaria o
sugestivo nome de “Surfing To Shockwave Tour 2016” (referência ao aclamado disco
“Surfing With The Alien” e ao mais novo trabalho “Shockwave Supernova”), eis
que o guitarrista volta ao Brasil para encabeçar o festival Samsung Best Of
Blues, que em outras edições já teve em seu casting monstros sagrados do
quilate de Jeff Beck e Buddy Guy. E se a apresentação do guitarrista já seria
um acontecimento especial, dessa vez o evento foi “na faixa” e ao ar livre, no
palco externo do Auditório Ibirapuera. O evento ainda teria Arthur Menezes como
“Open Act”, brasileiro radicado em Los Angeles que tem no currículo a
participação em vários festivais de blues, sempre com grande destaque.
Algumas horas antes do show começar foi realizada uma coletiva de
imprensa, onde os jornalistas puderam obter mais informações sobre o evento e
para que pudessem fazer algumas perguntas para Joe Satriani e Arthur Menezes.
Vale ressaltar que a organização foi exemplar e o tratamento dispensado aos
repórteres e fotógrafos foi digno de nota. E logo depois de uma introdução
sobre o evento, por parte dos representantes do patrocinador oficial do
festival, eis que Andreia Melo – diretora de marketing da Samsung, apresenta
para os jornalistas as atrações do festival - Satriani e Arthur Menezes. E a
coletiva transcorreu muito bem, pois Satriani é extremamente carismático e foi
bastante atencioso e receptivo com os jornalistas. Entre outras perguntas,
Satriani foi questionado sobre o tempo em que quase entrou para o Deep Purple, sobre
sua amizade com Steve Vai e ainda sobre influências de música brasileira em seu
repertório, mais precisamente na música “On Peregrine Wings”, composição
presente no mais recente trabalho e que possui alguns elementos do baião
nordestino. Quando foi questionado a respeito das músicas que seriam
apresentadas no festival, Satriani disse que costuma decidir o repertório
quando está subindo ao palco e quando, ainda do backstage, percebe a reação do
público. Definitivamente o cara não é desse mundo!
Faltava pouco para o início do evento, e as imediações e todos os
espaços próximo ao palco externo do Auditório Ibirapuera, já estavam tomados
por um público bastante diversificado, desde crianças com seus pais até casais
mais experientes aguardavam o início do espetáculo. Já era noite quando Evandro
Mesquita (sim, ele mesmo!), depois de falar sobre o festival e de fazer uma
breve retrospectiva sobre as atrações que já haviam se apresentado em edições
anteriores, finalmente chama ao palco Arthur Menezes. Mesmo não sendo tão
popular entre o público brasileiro, logo de cara já conquistou a todos com seu
blues vigoroso, reverenciando os grandes mestres do estilo. Cada canção
executada tinha o carimbo de autenticidade de suas maiores referencias, no
caso, Steve Ray Vaughan, Johnny Winter e outras lendas. Normalmente quando um
artista precede a atração principal, o público tende a ficar mais impaciente e
acaba sendo deselegante com o artista de abertura. Felizmente não foi o que
aconteceu com Arthur Menezes, e até testemunhei algumas pessoas pedindo para
que o músico estendesse a apresentação. O set foi curto e até o próprio Arthur,
não escondia a ansiedade em poder assistir à atração principal. Na verdade, ele
foi contemplado com algo muito mais especial, mas falaremos disso nas próximas
linhas...
Enquanto eram feitos os últimos ajustes nos equipamentos de
Satriani, Evandro Mesquita sobe ao palco para mais algumas considerações sobre
o blues e para evidenciar a importância do estilo musical que conforme já
sabemos, é à base de todos os outros estilos que conhecemos até hoje. E sem
muita enrolação, o telão inicia uma projeção futurista e depois de alguns
segundos, Joe Satriani se materializa no palco, para já começar com a música
que dá o nome ao seu novo disco. Se em algum momento, tive o receio de
presenciar um show chato, feito de guitarrista para aspirantes a tal função,
quebrei a cara. Pois Joe Satriani e os músicos que o acompanham, possuem uma
energia contagiante e fazem do palco um grande centro de virtuose. Já na
sequencia mandaram “Flying In A blue Dream”, música que dá título ao seu
terceiro trabalho. “Ice 9”, foi a primeira canção do aclamado “Surfing With The
Alien” para um público que naquela altura do campeonato já estava em
êxtase. Clássicos foram se alternando
com músicas dos trabalhos mais recentes e foram festejadas com o mesmo
entusiasmo pelo público que testemunhava cada nota com total cumplicidade.
Houveram ainda os momentos “solo” - de bateria, baixo e teclado. E para muitos que possam pensar que se tratou
de performances para “encher linguiça”, se enganaram redondamente, pois Marco
Minnemann, Bryan Beller e Mike Keneally, trataram seus respectivos instrumentos
com total domínio e suas intervenções só abrilhantaram ainda mais o espetáculo.
Quando a apresentação estava chegando a sua parte final, Joe Satriani manda um
medley de fazer muito marmanjo chorar, onde lembrou referencias como Deep Purple,
Black Sabbath, Led Zeppelin e Jimi Hendrix.
Como mencionei no parágrafo anterior, o último número do
guitarrista foi especial, pois chamou ao palco Arthur Menezes para dividirem as
guitarras e mandou um cover do The Alabama State Troupers “Going Down”. Se o
guitarrista brasileiro já estava feliz em poder participar do mesmo evento que
Satriani, dá até para imaginar como ficou em dividir o palco e os solos com o
ídolo. Chegado ao fim da apresentação, a adrenalina ainda era evidente nos que
testemunharam mais essa apresentação histórica. Certamente muitos irão encarar
a segunda-feira de forma mais leve. Que venha o próximo Best Of Blues!
Setlist Joe Satriani:
1 – Shockwave Supernova
2 – Flying In A Blue
Dream
3 – Ice 9
4 – Crystal Planet
5 – On Peregrine Wings
6 – Friends
7 – If I Could Fly
8 – Buterfly & Zebra
9 – Cataclysmic
10 – Summer Song
11 – Drum Solo
12 - Crazy Joey
13 – Keyboard Solo
14 – Always With Me,
Always With You
15 – Bass Solo
16 – Rock Medley
17 – God Is Crying
18 – Satch Boogie
19 – blues Jam
20 – Surfin With The
Alien
21 – Goin Down (The
Alabama State Troupers cover)
Agradecimento: Luiz Carlos Franco - Primeira Página Assessoria
Por: Roberio Lima
Fotos: Roberio Lima / Tatiane Carriel (colaboradora)
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